Only Lovers Left Alive (2013) - Jim Jarmusch
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Only Lovers Left Alive (2013) - Jim Jarmusch

(Nota: lembrei-me de colocar a estátua do gato um pouco em homenagem à "Eve", que claramente é felina. Quanto à edição nacional, é pelo que sei muito, muito difícil já de arranjar.)
Andava para ver este filme há imenso tempo, e confesso que me surpreendi. O filme é sobre um casal de vampiros que tem uma relação de há séculos, mas que sobrevive graças ao suborno de médicos que lhes arranjam suprimentos de sangue. Não querem problemas, são praticamente reclusos voluntários nas suas casas e vivem, embora aparentemente jovens de corpo, num estado meio de repouso meio de contemplação e interesse pela música, pela literatura, pela Arte.
Muito boa interpretação (como sempre) da Tilda Swinton, que faz uma vampira calma mas absolutamente espetacular, que se espera que a qualquer momento deixe sair a fera. O trabalho feito com os olhos (de autêntico gato) está espetacular. Ela assusta com a presença apenas. Já o Tom Hiddleston (Adam), foi giro vê-lo neste papel, mas não consegui sentir propriamente "perigo" com ele. Basicamente o interesse dele é a música, garantir o suprimento de sangue e que o deixem em paz. Mas sim, fazem um casal giro.

O John Hurt aparece aqui 4 anos antes de partir, no papel de um vampiro muito velho e nada assustador, também já muito cansado, e muito referenciado sobretudo pela "Eve".
Gostei muito de ver o muito tristemente desaparecido Anton Yelchin, num papel de "facilitador" de várias coisas que o "Adam" lhe vai pedindo. Se gostam dele e de filmes de Terror/Fantástico, não percam o "Odd Thomas", um filme de terror, mas com muito sentido de humor, que adorei ver há uns anos.
A Mia Wasikowska faz de "Ava", irmã da "Eve", num papel rebelde mas muito giro. Não tinha reparado que ela entrava e nem a reconheci quando a vi. Quando este filme foi feito tinham passado apenas 3 anos sobre a "Alice in Wonderland" do Tim Burton, mas digamos que... ela cresceu muito desde aí!

O filme é muito calmo mesmo, quase contemplativo. É para apreciadores, para pessoas que se identifiquem com a música e o ambiente, o que aconteceu logo comigo. É tudo decadente, sombrio, as imagens de carro à noite pelas ruas abandonadas de Detroit... adorei, fizeram-me lembrar algumas imagens até dos filmes do David Lynch, pela solidão, pelo abandono, por serem muito sombrias. Eles vão à noite de passagem ver edifícios da cidade outrora icónicos e muito bonitos a agora abandonados. Um pouco como aconteceu com eles, grande parte da magia desapareceu. Fez-me lembrar um pouco um excerto de um poema de Yeats, "Second Coming", curiosamente citado na obra magna "The Stand", que reza assim:
...Turning and turning in the widening gyre
The falcon cannot hear the falconer;
Things fall apart; the centre cannot hold;
Mere anarchy is loosed upon the world,
The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere
The ceremony of innocence is drowned;
The best lack all conviction, while the worst
Are full of passionate intensity.
Comecei ontem a ver o filme tarde e não fui capaz de parar, vi-o até ao final. Não será de certeza um filme para todos. Eu como apreciador de filmes de Terror e de Vampiros, gostei muito desta abordagem decadente e calma, contemplativa e em modo de sobrevivência enquanto procuram aproveitar o que gostam e que a "vida" lhes proporciona ainda.
É um filme com um encanto muito próprio, sombrio, romântico, encantador, muito calmo e triste e "diferente" dentro da temática vampírica. Pessoalmente, gostei muito.
https://www.imdb.com/title/tt1714915/?r ... ly%2520lov
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