Cadernetas de cromos de filmes: Recordar, partilhar... alguém fez? alguém ainda faz?

[Helder Fialho]

Alguém tem cadernetas de cromos de filmes e fez estas colecções? Eu fiz várias quando era miúdo... tenho a do Rei Leão, do Jurassic Park, do The Mask... acho que a do Space Jam também, algures. Em alguns casos nunca tive os cromos todos mas ficam as recordações e as memórias.

Eu pensava que as cadernetas de cromos de filmes tinham aparecido só no meu tempo de miúdo (anos 90) mas descobri há pouco tempo que já se faziam há muitos anos. Algumas delas são bastante bonitas. Vejam esta do "Cleópatra" de 1963:






Ou esta do Ben-Hur (com cromos esmaltados):




Há até uma, ainda mais antiga, não me recordo de que filme... em que cada frame do filme no cromo é pintada.

[siroco]

Ui, havia tanto para dizer sobre isto, há umas mesmo antiguinhas, como:













E também podemos falar de séries de tv míticas, em que os 70s foram pródigos:













Mas os cromos continuam a atrair paixões:





Se houver algum ancião nostálgico como eu que esteja interessado nos pdfs mandem-me PM.

[Luis.Manuel]

As cadernetas de cromos dedicadas ao cinema, surgem (se não estou em erro) no início dos anos 60, publicadas pela extinta, Agência Portuguesa de Revistas, a qual comprava o material original à Editora espanhola Bruguera e traduzia os textos. A primeira foi sobre artistas de cinema, principalmente latinos, americanos e italianos. Depois começou a produzir totalmente as suas colecções concebidas por ilustradores portugueses. A de de maior sucesso, foi a da História de Portugal com ilustrações de Carlos Alberto. De cinema, nunca coleccionei, aliás a única que concluí foi a da "História Natural" da editora Ibis, 500 cromos em 2 cadernetas, foi um sucesso enorme porque os espertalhões variavam as tiragens dos cromos e alguns eram muito raros , isto para que o público continuasse a comprar mais e mais saquetas na esperança de completar a colecção, nessa tive a ajuda do meu pai, que também era um grande fã de cinemae foi ele que me transmitiu o "vício" dos filmes. O meu pai tinha a Colecção Cinema também da APR, toda ou quase e os números especiais da revista Plateia dedicados a grandes filmes. Num tempo em que eu só via western spaghetti, ele emprestou-me a Plateia Especial dedicada ao Lawrence da Arábia, com muitas fotos de combates no deserto e também falava sobre as dificuldades de filmar em locais tão remotos. Passei a frequentar os cinemas dos Bairros proximos, na Lisboa dos anos 70, de Santos o Velho (Cinearte) até Algés (cinema Satadium). Aquilo sim era "the real thing". Penso que até aos anos 90 existia nas portas da estação do Rossio um pequeno grupo de negociantes de cromos em falta, que também faziam trocas. O produto "cromos" foi retomado pela Panini que ainda edita coleções. Só mais uma curiosidade. Os cromos eram colados nas cadernetas com uma cola natural designada como "goma arábica" disponível nas estações dos CTT para os clientes fecharem os envelopes e aplicar os selos. De vez em quando lá estavam 1 ou 2 miúdos (n° max. tolerado pelos funcionários) a colar os seu cromos à custa dos CTT (e assim se leva uma grande empresa pública à beira da falência )

[siroco]

A de de maior sucesso, foi a da História de Portugal com ilustrações de Carlos Alberto.

Esta? :





Há uns anos houve uma exposição na Biblioteca Nacional dedicada a ela. Curiosidade, o Carlos Alberto Santos tinha uma preocupação muito grande com o rigor histórico, dentro do conhecimento da altura, e como não sabia se os cavernícolas usavam sapatos ou andavam descalços optou por não mostrar os pés.

Penso que até aos anos 90 existia nas portas da estação do Rossio um pequeno grupo de negociantes de cromos em falta, que também faziam trocas. O produto "cromos" foi retomado pela Panini que ainda edita coleções.)

Completei aí algumas coleções, um desses negociante, ele próprio um "cromo" andou por lá décadas, num banquinho com uma mala de executivo pejada de cromos e um chapéu russo na tola.

[Luis.Manuel]

Esta? :





Há uns anos houve uma exposição na Biblioteca Nacional dedicada a ela. Curiosidade, o Carlos Alberto Santos tinha uma preocupação muito grande com o rigor histórico, dentro do conhecimento da altura, e como não sabia se os cavernícolas usavam sapatos ou andavam descalços optou por não mostrar os pés.

Essa mesmo

Completei aí algumas coleções, um desses negociante, ele próprio um "cromo" andou por lá décadas, num banquinho com uma mala de executivo pejada de cromos e um chapéu russo na tola.

Acho que me recordo desse personagem, sentado num banquinho desdobrável em lona, e com a preciosa mala sobre os joelhos

As pessoas levavam anos, da infância à idade adulta a completar essas colecções.

O Carlos Aberto passou uma vida com dificuldades a trabalhar como ilustrador para essa editora a troco de pagamentos irrisórios. Quase no fim da sua carreira artística descobriu que poderia ter uma vida mais confortável, pintando enormes painéis nos átrios das câmaras municipais, alusivos a factos históricos e lendas do respectivo Concelho, pagos pelo justo valor do seu talento. Contratei-o para fazer algumas capas para a editora Europa-América, nunca recusou um trabalho e convidou-me para visitar o seu atelier em Lisboa, Campo de Ourique, uma honra raramente concedida pelo mestre.

Nota: com a idade vou perdendo a capacidade de escrever correctamente, mas depois ao voltar a ler o que escrevi (conselho em vez de concelho) até fico... vermelho. Peço desculpa.

[Helder Fialho]

Incrível... a dos Dez Mandamentos é lindíssima. Acho curioso o facto de que nestas cadernetas de cromos mais antigas havia sempre uma legenda com um texto relativamente grande que explicava o fotograma do cromo e contextualizava-o na cena do filme a que pertence, algo que não faz muito sentido. Deveria ser expectável que, quem comprasse a caderneta e os cromos de um filme, já conhecesse e já tivesse visto esse filme antes.

Li uma entrevista há uns anos a Carlos Alberto Santos a propósito dessa exposição da colecção de cromos da História de Portugal na Biblioteca Nacional. Só o conhecia por ter sido o autor de uma ilustração de 1975 mais ou menos conhecida sobre o 25 de Abril mas que não deve ter sido incluída como cromo na colecção porque o último ano da caderneta da História de Portugal acho que é 1973. Foi vendida na altura em passepartout para emoldurar pela Agência Portuguesa de Revistas que o Luís Manuel referiu. Por acaso gostava de ter uma mas actualmente só se deve encontrar em 2ª mão nos OLX e Custos Justos desta vida.




Isto relembrou-me de uma colecção de cromos que ainda está na casa dos meus pais, cujo público-alvo imagino que fosse as crianças do sexo feminino, mas que a minha mãe, que na altura já não era criança, achou muito engraçado e fez a colecção. Chamava-se "As Minhas Casinhas e os seus Habitantes", é de 1976 e era composta por cromos com ilustrações das casas tradicionais e dos trajes tradicionais típicos masculinos e femininos de todas as regiões de Portugal e de vários países do mundo. Esta colecção tinha várias particularidades que a distinguem das outras. A caderneta tem formato horizontal em vez de vertical e o formato das páginas é exactamente o mesmo do da capa, com a silhueta, o recorte de uma das casas. Para além disso, os cromos eram peças em cartão, de forma irregular e a própria forma de colar os cromos era diferente do normal. Eles só podiam ser colados pela base. Para tal tinham em baixo uma aba inferior que era dobrável. O objectivo era que, em cada página, eles pudessem ser colocados na posição vertical, semelhante ao que vemos nos livros para crianças do estilo "pop-up". Uma das páginas da caderneta tem até instruções detalhadas sobre como colar os cromos. A minha mãe não colou dessa forma. Colou-os a todos na horizontal, portanto "deitados", e acho que fez bem porque não me parece que o conceito fosse funcionar muito bem e as páginas não iriam ficar assentes ao virar porque, ao passar as páginas da caderneta, as figuras na vertical estariam a obstruir a passagem para a página seguinte. As cadernetas não são livros de "pop-up", em que as figuras aparecem e "acordam" do seu "sono" quando a página seguinte é virada (se já folhearam, por exemplo, o livro de "pop-up" do Principezinho, saberão a que me refiro).





Uma fotografia de como os cromos ficam, colados pela base (o dono / dona desta caderneta optou por não colocar na vertical todos os cromos. Obviamente cada pessoa fazia da forma como queria)

[Luis.Manuel]

Temos que abrir um tópico sobre "nostalgia" . Afinal este fenómeno do vintage, não era algo simplesmente passageiro, está mesmos a atingir o nível do absurdo nos preços praticados por objectos antigos. E eu tenho bastante "material" nesta velha memória para participar nesse tema.

Há uma década, mais ou menos, comecei a recuperar, antigas colecções de banda desenhada "vintage" que fez as delícias da minha geração E sobre este assunto, sei de pelo um membro "sénior" deste fórum que tem algumas preciosidades muito bem guardadas no seu espólio. Pode ser que ele queira partilhar connosco... que tal Sr. JV?

[Luis.Manuel]

Temos que abrir um tópico sobre "nostalgia" . Afinal este fenómeno do vintage, não era algo simplesmente passageiro, está mesmos a atingir o nível do absurdo nos preços praticados por objectos antigos. E eu tenho bastante "material" nesta velha memória para participar nesse tema.

Há uma década, mais ou menos, comecei a recuperar, antigas colecções de banda desenhada "vintage" que fez as delícias da minha geração

[Helder Fialho]

Temos que abrir um tópico sobre "nostalgia" . Afinal este fenómeno do vintage, não era algo simplesmente passageiro, está mesmos a atingir o nível do absurdo nos preços praticados por objectos antigos. E eu tenho bastante "material" nesta velha memória para participar nesse tema.

Concordo. Peço até desculpa aos moderadores por eu estar a começar ao fugir do tópico (que, ainda por cima eu próprio criei) mas uma coisa leva a outra e faz relembrar outra ainda e as conversas são como as cerejas.

[Rui Santos]

Sem problema. Estamos aqui para conversar... é um prazer ver este tópico.

Já agora o teu interesse é sobre Cadernetas de cromos (antigas) ou é mais só focado nas de filmes/séries?

[Mandalorian]

Ui, havia tanto para dizer sobre isto, há umas mesmo antiguinhas, como:













E também podemos falar de séries de tv míticas, em que os 70s foram pródigos:













Mas os cromos continuam a atrair paixões:





Se houver algum ancião nostálgico como eu que esteja interessado nos pdfs mandem-me PM.

Já mandei PM.

[Helder Fialho]

Sem problema. Estamos aqui para conversar... é um prazer ver este tópico.

Já agora o teu interesse é sobre Cadernetas de cromos (antigas) ou é mais só focado nas de filmes/séries?

As de filmes/séries, independentemente de serem antigas ou não, embora eu estivesse mais a pensar nas antigas, daí eu ter aberto o tópico aqui no Geral, uma vez que tem a ver com Cinema.

[Helder Fialho]

Actualmente não parecem haver tantas cadernetas de filmes como havia. Segundo o site da Panini, têm uma do Inside Out 2 (Divertida-Mente 2), do Stitch (do filme Lilo & Stitch de 2002 mas para "encaixar" com a versão live action) e do Encanto. As restantes são da Patrulha Pata, Porquinha Peppa, Bluey, Hello Kitty, Naruto Shippuden e de uma coisa chamada Rainbow High que nem sei o que é. Eles agora parecem focar-se mais nas cadernetas dos jogadores de Futebol, que ainda têm muito sucesso. Ainda assim, é bom ver que vão resistindo. Num tempo em que muito do que eles têm é digital, sempre é alguma coisa física que os miúdos, se não se desfizerem delas, terão para recordar mais tarde.

Li algures que as saquetas dos cromos já não se vendem nas papelarias e que são todas vendidas online. Será verdade? Se assim for, é muito mau. É mais uma gesto físico que desaparece... que bom que era ir com os nossos pais - ou sem eles - à loja mais próxima comprar mais uma saqueta de cromos para a caderneta...

https://www.paniniportugal.com/shp_prt_pt/