Qual foi o último filme que viram ?

[nimzabo]

E mais um bom.
Hoje foi sessão dupla e saíram dois bons filmes.

Shattered Glass
https://www.imdb.com/title/tt0323944/?ref_=ttls_li_tt
https://www.rottentomatoes.com/m/shattered_glass

[mansildv]

www.imdb.com/title/tt7476116/

Vi o Le Grand Bain.
Um homem junta-se a uma equipa masculina de natação sincronizada para combater uma depressão.
É muito simples, mas vê-se bem.

6/10

[mansildv]

www.imdb.com/title/tt3344922/

Este Hungry Hearts tem uma ideia base muito interessante, mas perde-se e lá fui aguentando até ao fim.
A realização é muito fraca e a fotografia é miserável.
Adorei os desempenhos do Adam Driver e da Alba Rohrwacher, estão ambos muito bem e são o ponto alto do filme.

6/10

[technicolor]

La Piscine / A Piscina (1968) Jacques Deray

Era o final da agitada década de 60 e na Cote d'Azur (bem longe da turbulenta Paris do maio de 68), o casal Marianne (Romy Schneider) e Jean-Paul (Alain Delon) passavam férias numa villa mediterrânica (vivenda) magnífica, emprestada por alguns amigos então ausentes. O idílio deles é perturbado pela chegada de Harry (Maurice Ronet), um ex de Marianne e sua filha (Jane Birkin), uma adolescente com aparente inocência. De imediato, fica claro que algo está errado. Marianne ama Jean-Paul mas começa a flirtar com Harry; Jean-Paul sente amizade por Harry no entanto está com ciúmes dele. Harry decide assumir romance / caso com Marianne mesmo consciente de que isso representa uma humilhação para Jean-Paul...

Jacques Deray mostra toda a sua arte neste olvidado La Piscine com precisão cirúrgica, colocando primeiro os sinais de um universo luxuoso e de felicidade cúmplice entre Marianne e Jean-Paul, depois, cria magistralmente um crescendo de tensão dramática recorrendo a um duplo confronto psicológico representado pelo jogo subtil de sentimentos cruzados do trio (Marianne presa entre seu passado com Harry e seu amor por Jean-Paul e Jean-Paul em aproximação à maliciosa adolescente).

É então que Deray dá uma guinada radical ao filme e aquela situação criada explode precipitadamente, quase até o paradoxismo (?) da tensão e da crueldade implacável do drama, de certa forma, completamente inesperada também. E torna-se claro que os fundamentos do casal formado por Marianne e Jean-Paul e que são mantidos em espaços e rotinas bem definidos - a casa no campo, a vida ao redor da piscina, o costume de cozinhar com muito tempero e a amor livre não são tão imutáveis ​​quanto podem parecer à primeira vista. Será também o ócio daqueles dias, juntamente com o atrito dos visitantes que faz surgir a frustração, desconfiança, insegurança e insatisfação patente entre eles e que os faz sofrer. Marianne descobre então um Jean-Paul que ela não conhecia, manipulador e covarde ...

Jacques Deray mostra-nos os rostos dos quatro protagonistas em grandes planos "inquisitivos" que dissecam o conflito interno daquele mundo aparentemente calmo. À beira da piscina (e da encantadora paisagem envolvente), observamos um microcosmos em que as paixões algo sórdidas germinam talvez por causa da calma do local e da serenidade daqueles dias de verão. Mas essa serenidade vai ser abalada por uma morte ...

Sem se perceber bem se é um thriller ou um drama, o que Deray oferece neste seu filme é, pelo menos, um documento importante sobre as mudanças culturais e sociais dos agitados e confusos anos sessenta ( década em que eu nasci ) e fá-lo sem preconceitos. Além disso disso, é também talvez um retrato/análise de quão ambíguos nascemos, apenas porque nascemos humanos (?)

Compõem o charme "vintage" deste filme a música (discreta) de Michel Legrand e a fotografia bela e sóbria de Jean-Jacques Tarbès que se pode apreciar bem na versão restaurada em 4K. 8/10 pela curiosidade que não foi de todo defraudada.

https://www.imdb.com/title/tt0064816/

[José]

La Piscine / A Piscina (1968) Jacques Deray

Era o final da agitada década de 60 e na Cote d'Azur (bem longe da turbulenta Paris do maio de 68), o casal Marianne (Romy Schneider) e Jean-Paul (Alain Delon) passavam férias numa villa mediterrânica (vivenda) magnífica, emprestada por alguns amigos então ausentes. O idílio deles é perturbado pela chegada de Harry (Maurice Ronet), um ex de Marianne e sua filha (Jane Birkin), uma adolescente com aparente inocência. De imediato, fica claro que algo está errado. Marianne ama Jean-Paul mas começa a flirtar com Harry; Jean-Paul sente amizade por Harry no entanto está com ciúmes dele. Harry decide assumir romance / caso com Marianne mesmo consciente de que isso representa uma humilhação para Jean-Paul...

Jacques Deray mostra toda a sua arte neste olvidado La Piscine com precisão cirúrgica, colocando primeiro os sinais de um universo luxuoso e de felicidade cúmplice entre Marianne e Jean-Paul, depois, cria magistralmente um crescendo de tensão dramática recorrendo a um duplo confronto psicológico representado pelo jogo subtil de sentimentos cruzados do trio (Marianne presa entre seu passado com Harry e seu amor por Jean-Paul e Jean-Paul em aproximação à maliciosa adolescente).

É então que Deray dá uma guinada radical ao filme e aquela situação criada explode precipitadamente, quase até o paradoxismo (?) da tensão e da crueldade implacável do drama, de certa forma, completamente inesperada também. E torna-se claro que os fundamentos do casal formado por Marianne e Jean-Paul e que são mantidos em espaços e rotinas bem definidos - a casa no campo, a vida ao redor da piscina, o costume de cozinhar com muito tempero e a amor livre não são tão imutáveis ​​quanto podem parecer à primeira vista. Será também o ócio daqueles dias, juntamente com o atrito dos visitantes que faz surgir a frustração, desconfiança, insegurança e insatisfação patente entre eles e que os faz sofrer. Marianne descobre então um Jean-Paul que ela não conhecia, manipulador e covarde ...

Jacques Deray mostra-nos os rostos dos quatro protagonistas em grandes planos "inquisitivos" que dissecam o conflito interno daquele mundo aparentemente calmo. À beira da piscina (e da encantadora paisagem envolvente), observamos um microcosmos em que as paixões algo sórdidas germinam talvez por causa da calma do local e da serenidade daqueles dias de verão. Mas essa serenidade vai ser abalada por uma morte ...

Sem se perceber bem se é um thriller ou um drama, o que Deray oferece neste seu filme é, pelo menos, um documento importante sobre as mudanças culturais e sociais dos agitados e confusos anos sessenta ( década em que eu nasci ) e fá-lo sem preconceitos. Além disso disso, é também talvez um retrato/análise de quão ambíguos nascemos, apenas porque nascemos humanos (?)

Compõem o charme "vintage" deste filme a música (discreta) de Michel Legrand e a fotografia bela e sóbria de Jean-Jacques Tarbès que se pode apreciar bem na versão restaurada em 4K. 8/10 pela curiosidade que não foi de todo defraudada.

https://www.imdb.com/title/tt0064816/

Excelente exposição, obrigado por este tão sólido depurar do filme. Nunca me cruzei com tal obra, apesar de já ter lido coisas muito positivas sobre a mesma.

Apenas vi o A Bigger Splash - Mergulho Profundo, de Luca Guadagnino, que se foi inspirar neste La Piscine.

[technicolor]

Excelente exposição, obrigado por este tão sólido depurar do filme. Nunca me cruzei com tal obra, apesar de já ter lido coisas muito positivas sobre a mesma.

Apenas vi o A Bigger Splash - Mergulho Profundo, de Luca Guadagnino, que se foi inspirar neste La Piscine.

Obrigado José, é sempre agradável ter algum feedback do aqui se escreve.
Digo-te já que não é um grande filme (mas também não será um mau filme de todo) Peguei nele agora porque confesso que era uma das minhas "frustrações" de pré-adolescente lisboeta dos anos 70 (o nunca o ter visto) pois recordo-me bem dos comentários (entre o lascivo e o libidinoso) dos rapazes/homens no café (antiga leitaria) da minha rua a propósito do filme, então em exibição em Lisboa e muito popular entre o público masculino pois mulher séria não ia ver estas "coisas" a uma sala de cinema nem com o marido (que tristeza de país esse), obviamente que passou bastante "retalhado" pela censura. Estará agora um pouco esquecido mas não deixa de ter os seu fãs, quer pela Romy Schneider quer pelo Delon quer até pelo saudosismo que alguns têm da época que retrata...
Esse do Guadagnino que referes ainda não vi mas tomei nota.

[rui sousa]

O teu texto devia estar num tópico dedicado ao filme, technicolor - por aqui é capaz de se perder. Este é um dos que tenho muita curiosidade de ver já há uns anos, e que inicialmente, por causa do título e por envolver "água", confundia com o Plein Soleil, outro filme com o Delon (que entretanto vi e é um filmaço).

[technicolor]

Obrigado pela sugestão Rui, é uma ideia a considerar, mas preciso de recolher informação complementar sobre o filme para fazer algo mais apelativo que justifique a abertura de um tópico dedicado.

O Plein soleil que referes teres visto com o Delon (e também com Ronet ) é como sabes do René Clément, um discreto mas interessante realizador francês que eu considero estar uns degraus acima do Deray (na minha escala pessoal). Também gostei desse filme do Clément mas.... dele o meu favorito é mesmo o Jeux interdits. Tem outros filmes que merecem ser vistos.

Já o Deray, para além deste La Piscine cujo sucesso comercial se deve muito à "química" entre a Romy Schneider e Delon (tinham sido namorados antes) e ousadia (para a época) de algumas cenas mais "tórridas", e isto sem retirar mérito ao realizador, limitou-se a dirigir competentemente alguns poucos "polar" e pouco mais...

[Samwise]

O filme do Guadagnino é bom, e ganha relevância e textura sobretudo através do trabalho magnífico do elenco. Acho, contudo, que se vai "abaixo nas canetas" perto do final. Não vi o "original", mas estou "consciente" de que existe, pois lembro-me de ter feito o trabalho de casa depois de ter visto o remake.

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Vi um filme do Costa-Gavras chamado L'aveu - The Confession, e achei excelente. Fui surpreendido não tanto pela força e horror do caso que lá se mostra, mas por verificar que houve quem se interessasse por documentar visualmente, até aos limites do suportável, um dos muitos casos de processos políticos movidos durante a ditatura de Estaline contra camaradas do próprio partido, neste caso num dos "países-satélite" da patria comunista. Envolve a prisão e processo de tortura e interrogatório de um alto quadro do partido na Checoslováquia, para o levar a "confessar" que era "simpatizante Trotsquista" e que conspiraava junto dos EUA contra a União Soviética. Depois falarei com mais calma desta obra baseada num caso real, mas é coisa bem pesada e arrepiante.

[mansildv]

https://www.imdb.com/title/tt0102849/
https://en.wikipedia.org/wiki/Scenes_from_a_Mall

Segue um casal durante um passeio ao centro comercial, no dia do 16º aniversário de casamento, e a coisa escala num instante!
O filme é muito, muito simples mas dá para divertir.
É uma espécie de guilty pleasure

6/10

[Samwise]

https://www.imdb.com/title/tt0102849/
https://en.wikipedia.org/wiki/Scenes_from_a_Mall

Segue um casal durante um passeio ao centro comercial, no dia do 16º aniversário de casamento, e a coisa escala num instante!
O filme é muito, muito simples mas dá para divertir.
É uma espécie de guilty pleasure

6/10

Este por acaso nunca vi - mas o título é a gozar com o "Scenes from a Marriage" do Bergman - tal com o plot, a uma escala menor. Os actores que escolheram parecem-me ajustados para os papéis, mas mais pelas suas personalidades fora do filme, e pela junção engraçada que daí poderia resultar. Ou seja, não dá para não pensar que aquele é o Woody Allen, e no gozo que ele deve estar a ter a interpretar o papel. Talvez uma escolha a pensar num target de audiência mais particular.

[drakes]

Os Irmãos Willoughby

https://www.imdb.com/title/tt5206260/

Outro acerto da netflix em termos de animação, simples e diverte em tempos de covid.

[nimzabo]

Mrs. Palfrey at the Claremont
https://www.imdb.com/title/tt0421229/?ref_=ttls_li_tt
https://www.rottentomatoes.com/m/mrs_pa ... _claremont
É a história de uma mulher idosa que vai viver para um hotel e faz amizade com um rapaz mais novo.
É uma história 100% british cheia de amor e doçura e com alguma graça.
Gostei bastante. Foge um bocado ao normal.

[technicolor]

O mestre do cinema chinês regressa ao seu género favorito, o wuxia, no qual se sente verdadeiramente à vontade e dá-nos mais uma das suas obras primas, novamente com um esplêndido domínio da cor recorrendo a uma paleta com predominância quase total de preto, branco e respectiva gama de cinzentos sendo as únicas excepções os tons de carne (pálidos) e o vermelho do sangue dos ferimentos ...

As coreografias dos combates, a criatividade dos adereços e cenários são inigualáveis ... a história bastante original conta o papel decisivo do "sombra" (duplo) de um general do império encarregue de uma difícil missão na qual ele, o duplo, se aplica com total empenho e risco.

Cenas de batalha absolutamente espectaculares em cenários sombrios e dominados pela chuva e onde os guarda-chuvas, pouco convencionais, se transformam em armas mortíferas e as tradicionais intrigas palacianas que levam tempo a desvendar, tudo concebido com um expoente máximo de primor técnico e estético assombrosos.

De "uma sumptuosa festa sensorial repleta de espetáculo, surpresa e loucura" ou "um Shakespeare visual" até "um extravagante e requintado tour visual" os elogios tem sido imensos de toda a parte.

Enfim um "pitéu" imperdível para os apreciadores do género ...e da obra deste realizador. 8/10

[mansildv]

https://www.imdb.com/title/tt0102849/
https://en.wikipedia.org/wiki/Scenes_from_a_Mall

Segue um casal durante um passeio ao centro comercial, no dia do 16º aniversário de casamento, e a coisa escala num instante!
O filme é muito, muito simples mas dá para divertir.
É uma espécie de guilty pleasure

6/10

Este por acaso nunca vi - mas o título é a gozar com o "Scenes from a Marriage" do Bergman - tal com o plot, a uma escala menor. Os actores que escolheram parecem-me ajustados para os papéis, mas mais pelas suas personalidades fora do filme, e pela junção engraçada que daí poderia resultar. Ou seja, não dá para não pensar que aquele é o Woody Allen, e no gozo que ele deve estar a ter a interpretar o papel. Talvez uma escolha a pensar num target de audiência mais particular.

Sim, também me pareceu um filme para um publico muito específico!
Há cenas em que parece que ele está na maior! E tem um panteado alternativo

É estranho vê-lo num filme que não é dele