Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

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Lorde X
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Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

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https://m.media-amazon.com/images/M/MV5BMTc2NDAyOTc4MV5BMl5BanBnXkFtZTgwNjE4Mjk0NzE@._V1_SY1000_CR0,0,674,1000_AL_.jpg

TÍTULO: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

LINK DO IMDB: https://www.imdb.com/title/tt2049543/?ref_=fn_al_tt_1

SINOPSE:

Jim Beale, um brilhante físico, constrói uma máquina do tempo, suportado pelo investimento do milionário Klaus Meisnwer (Michael Ironside).

A experiência fracassa e Jim desmaia. Quando acorda, depara-se com um frasco com uma rara flor que poderá ter provindo do futuro e com a misteriosa e sedutora Abby, por quem nutre uma forte e imediata atracção.

Abby ajuda-o a convencer Klaus de que a tentativa poderá não ser sido mal sucedida e que se justifica um novo investimento para o comprovar.

Mas será que as intenções de Abby são ajudar Jim ou pretende traí-lo para roubar os seus segredos?

O MEU COMENTÁRIO:

Trata-se de um filme que pertence ao género Neo-Noir, ou Sci-Fi Noir, ou Tech-Noir, ou Fantasy-Noir... Tentei procurar o termo mais apropriado, mas acabei por ficar com muitas dúvidas, pelo que nada seria melhor do que o Samwise esclarecer quais as diferenças entre estes termos e qual o que se adequa melhor ao filme em questão.

Seja qual for o termo mais correcto, certo é que este é o subgénero que mais me fascina e a que pertencem alguns dos meus filmes preferidos de sempre, como o Blade Runner, o Dark City, o The Thirteen Floor…

Assumindo-se o Blade Runner aqui como mais do que uma ténue inspiração… Muitos dos visuais são marcadamente decalcados do filme mítico do Ridley Scott, com veículos voadores a cruzar o céu nocturno emoldurado por imponentes arranha-céus, com muito nevoeiro e jogos de sombras, especialmente nas cenas de interiores.

Embora nem a história, nem o "universo" em que ela se desenrola, apresente qualquer semelhança com a do Blade Runner, há muitas cenas que invocam cenas específicas deste filme.

Além de que ainda temos a presença intensa de uma belíssima banda sonora, que reproduz a sonoridade das obras do Vangelis dos anos 80, com especial ênfase à que abrilhantou e elevou ao estatuto de obra prima o conhecido filme do Ridley Scott…

Quanto à história, temos aqui um "clássico" filme de viagens no tempo, com as usuais linhas temporais cruzadas, e os paradoxos e dificuldade de acompanhamento da narrativa daí resultantes, só que neste caso o enfoque está na relação amorosa entre o cientista (que na verdade é uma espécie de "detective", só que não se dedica a resolver crimes, mas tenta solucionar os mistérios da física...) e a dama fatal (que assume, como é tradicional, uma postura ambígua e motivadora de muita da intriga).

Podem se perguntar porque é que um filme que terá tantos predicados detém uma classificação média tão baixa no IMDB (5.5/10)… Ainda li alguns dos comentários mais negativos para tentar perceber o porquê do descontentamento e são várias as razões adiantadas:

Muitos têm dificuldade em acompanhar a história quando as linhas temporais se começam a entrecortar. Custa-me a compreender que se possa dar nota negativa por este motivo… Um filme sobre viagens do tempo naturalmente vai caminhar sempre nesse sentido. Se alguém não gosta, não percebo porque perde o seu tempo a ver um filme deste subgénero cinematográfico…

Outros criticam os baixos valores de produção e os parcos efeitos especiais. Para mim esta é notoriamente uma mais valia do filme! Prefiro os expedientes visuais que foram usados, muitas vezes de grande beleza e inventividade (ex: gostei muito dos efeitos psicadélicos durante a viagem do tempo, os quais prefiro ao caro mas usualmente também pouco original CGI que normalmente se vê nesse tipo de cena).

Estranhamente, alguns, embora alegadamente fãs do Blade Runner, não apreciaram a forte carga visual e sonora do filme a homenagear esse filme e o cinema dos anos 8o, sendo mencionado que a música e os estilizados visuais se sobrepuseram e distraíram muitas vezes do enredo... Ora a banda sonora é para mim um dos pontos fortes deste filme (tal como também o é no Blade Runner) e notei que ao rever algumas cenas, encontrando-me mais familiarizado com a música, o prazer ainda foi superior...

Eu, em clara contracorrente, mas não sozinho (pois muitos são também os comentários de quem adorou o filme) dou-lhe 10/10, pelo prazer absoluto que me deu visionar e pela urgente vontade de o rever!

Cada vez menos me sucede tropeçar num filme que me apaixona. Mas quando isso sucede, faz com que valham a pena todos os visionamentos frustrantes ou simplesmente indiferentes que se teve de permeio.

Para minha surpresa, sabendo que aqui no nosso fórum há muitos fãs do Blade Runner, após ter efectuado uma pesquisa, constatei que esta “pérola” não foi nunca aqui mencionada… O que me dá um grande prazer em poder ser o primeiro a vir aqui falar dele e recomendá-lo a quem eventualmente o possa vir a adorar como eu. E logo na primeira linha dos potenciais fãs deste filme, está o meu caro amigo Cabeças! salut-)

Cabeças, se não conheces este filme, não adies os momentos de puro deleite que ele te vai certamente proporcionar! ;-) Considerando os visuais nocturnos e sombrios, deve ser visto em alta definição! Eu comprei a edição alemã em Bluray, a qual tem legendas em inglês.

Quanto ao TRAILER, em vez de publicar o oficial, prefiro este teaser em que se encontram bem evidentes as referências sonoras e visuais ao Blade Runner:



ALGUMAS CAPTURAS DE ECRÃ:

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Last edited by Lorde X on October 23rd, 2018, 12:10 am, edited 5 times in total.
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Samwise »

Lorde X wrote: October 19th, 2018, 5:17 am
Trata-se de um filme que pertence ao género Neo-Noir, ou Sci-Fi Noir, ou Tech-Noir, ou Fantasy-Noir... Tentei procurar o termo mais apropriado, mas acabei por ficar com muitas dúvidas, pelo que nada seria melhor do que o Samwise esclarecer quais as diferenças entre estes termos e qual o que se adequa melhor ao filme em questão.

Epá... atribuis-me uma sapiência que eu simplesmente não tenho. :wink: Tanto que julgo que não haja fronteiras claramente definidas entre géneros (apenas conjuntos de características que associamos a determinados géneros), nem por outro lado impeditivos de "miscegenação" entre categorias cinematográficas. Ou seja, sou contra o "emprateleiramento" martelado de uma obra. :-)))

Sem ter visto o filme, diria que pode ser isso tudo em simultâneo sem que haja celeuma (mesmo para os radicais da separação entre Fantasy e Sci-Fi, porque podemos ter ambos na mesma obra). salut-)

Mas fiquei agora com muita vontade de conhecer o filme, depois do teu texto "apaixonado". salut-)

EDIT - reparo que há um termo que repetes em todas as "categorizações": "noir" - será se calhar um noir antes de tudo. Resta saber se é "neo" ou é "clássico"... :-))) :-))) :-))) :wink:
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Rui Santos »

Já tenho trabalho para o fim de semana, pesquisar onde o comprar :)

Estou deliciado a ler este resumo, fica a nota.
Acho estranho o Alquimista nunca ter visto o filme... (depois pesquiso melhor o blog dele)
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Lorde X »

Samwise wrote: October 19th, 2018, 11:30 am Tanto que julgo que não haja fronteiras claramente definidas entre géneros (apenas conjuntos de características que associamos a determinados géneros), nem por outro lado impeditivos de "miscegenação" entre categorias cinematográficas. Ou seja, sou contra o "emprateleiramento" martelado de uma obra. :-)))
A mim estes termos ajudam-me muito, não só a ter tudo compartimentado e arrumado na minha estante, mas também a encontrar filmes de que gosto. Já não me recordo do que me fez comprar este, pois já o fiz há algum tempo (estive a verificar e foi no dia 14/05) e ficou à espera que eu arranjasse tempo para o ver. Mas provavelmente encontrei-o nalguma pesquisa online pelo termo Sci-Fi Noir...
Samwise wrote: October 19th, 2018, 11:30 am Mas fiquei agora com muita vontade de conhecer o filme, depois do teu texto "apaixonado". salut-)
Mas não vejas na expectativa de que seja um filme sem falhas... Sabes como é... quando se está apaixonado, desculpa-se tudo!!! :mrgreen:
Samwise wrote: October 19th, 2018, 11:30 am EDIT - reparo que há um termo que repetes em todas as "categorizações": "noir" - será se calhar um noir antes de tudo. Resta saber se é "neo" ou é "clássico"... :-))) :-))) :-))) :wink:
Para mim é claramente noir, mas estou-me a recordar de um comentário brilhante que li sobre este filme, num site brasileiro de cinema (não me recordo qual), rodeado de outros de igual nível, e em que um utilizador dizia que tinha sido enganado pois este não era um filme noir... toda a gente sabe que os filmes noir são filmes a preto e branco e este não é! :lol: Outro dizia que para se ser noir tem se se reunir 70% das características que o definem... :roll:

EDIT: Já encontrei o link (https://observatoriodocinema.bol.uol.co ... r-e-cartaz). O comentário é este :shock: :
wrote: "é bem confuso…mas um detalhe:
Filmes noir (e quadrinhos também) são completamente preto e branco, com alto contraste. As vezes possuem alguma cor, mas a predominancia continua sendo preto e branco.
Sin City é um filme noir. Esse não.
Até porque noir vem do frances “preto” ou “escuro”.
Além disso, tem uma série de outros elementos estão presentes também.
Vale lembrar que para um filme ser genuinamente Noir, precisa responder a 70% de elementos prédefinidos.
Não sei se esse filme se encaixa nesses elementos."
Rui Santos wrote: October 19th, 2018, 12:08 pm Já tenho trabalho para o fim de semana, pesquisar onde o comprar :)

Estou deliciado a ler este resumo, fica a nota.
Acho estranho o Alquimista nunca ter visto o filme... (depois pesquiso melhor o blog dele)
Rui, eu comprei-o na Amazon.de. Foi onde encontrei mais barato,mas agora não sei como andará...

Não me lembrei de pesquisar no blog do Alquimista, mas se encontrares alguma referência, diz pois adoro ler os textos dele!

E chegaste a ver o teaser trailer? Já o revi várias vezes pois está mesmo mágico! (gostei em especial da sequência entre as suas duas últimas cenas que não me recordo se no filme também eram seguidas... mas talvez o seja, pois o filme tem sequências bem criativas)! :-)
Last edited by Lorde X on October 19th, 2018, 5:31 pm, edited 1 time in total.
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by nimzabo »

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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Samwise »

Lorde X wrote: October 19th, 2018, 2:20 pm A mim estes termos ajudam-me muito, não só a ter tudo compartimentado e arrumado na minha estante, mas também a encontrar filmes de que gosto. Já não me recordo do que me fez comprar este, pois já o fiz há algum tempo (estive a verificar e foi no dia 14/05) e ficou à espera que eu arranjasse tempo para o ver. Mas provavelmente encontrei-o nalguma pesquisa online pelo termo Sci-Fi Noir...
Ok, no teu caso é uma questão mesmo prática - de "arrumação" em conformidade com os pares, pelo que sugiro que sigas "o teu coração" e o arrumes nas proximidades de eventuais "irmãos siameses" que para aí tenhas na estante (não devem faltar, imagino). :-)
Para mim é claramente noir, mas estou-me a recordar de um comentário brilhante que li sobre este filme, num site brasileiro de cinema (não me recordo qual), rodeado de outros de igual nível, e em que um utilizador dizia que tinha sido enganado pois este não era um filme noir... toda a gente sabe que os filmes noir são filmes a preto e branco e este não é! :lol: Outro dizia que para se ser noir tem se se reunir 70% das características que o definem... :roll:

EDIT: Já encontrei o link (https://observatoriodocinema.bol.uol.co ... r-e-cartaz). O comentário é este :shock: :
"é bem confuso…mas um detalhe:
Filmes noir (e quadrinhos também) são completamente preto e branco, com alto contraste. As vezes possuem alguma cor, mas a predominancia continua sendo preto e branco.
Sin City é um filme noir. Esse não.
Até porque noir vem do frances “preto” ou “escuro”.
Além disso, tem uma série de outros elementos estão presentes também.
Vale lembrar que para um filme ser genuinamente Noir, precisa responder a 70% de elementos prédefinidos.
Não sei se esse filme se encaixa nesses elementos."
Até fico de boca aberta! :o :shock:
Mas onde é que as pessoas vão buscar essas ideias? Essa do "genuinamente" e dos 70% de "elementos prédefinidos"... como?-) eh-)
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Lorde X »

Samwise wrote: October 19th, 2018, 5:46 pm Até fico de boca aberta! :o :shock:
Mas onde é que as pessoas vão buscar essas ideias? Essa do "genuinamente" e dos 70% de "elementos prédefinidos"... como?-) eh-)
Acho que vão buscá-las ao mesmo sítio daquela do "está cientificamente provado que...!!!" :twisted: :lol:
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Gaspar Garção
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Gaspar Garção »

Filme interessante, talvez mais um pouco confuso do que o necessário, mas definitivamente vale a pena ver (e no meu caso, de o rever, já não me lembro muito bem da história!!!).
Na baliza Jackson, defesa com Scorsese, Coppola, Spielberg e Eastwood. No meio campo, Ridley Scott, Wes Anderson, Pollack e Carpenter. Avançados, Woody, e solto nas alas Tarkovsky. Suplentes: Bunuel, Fellini, Kurosawa, Visconti, Antonioni, Lynch e Burton.
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Samwise »

Vi os primeiros 15 minutos, e ainda que não tenha o panorama geral da fita, arrisco já uma teoria para o Lorde X ter gostado tanto e para ter tão fraca pontuação no imdb: o público actual, ou por outra, as grandes plateias, as massas pipoqueiras da actualidade esperam filmes modernos. Este não tem só um cheirinho do passado - parece ter saído todo ele de alguma cave low-budget e bastante geek, esquecida nos confins dos anos 80. Isto é Sci.Fi eighties por tudo quanto é lado. É encantador e hipnótico para quem viveu espírito, ou para quem adora esse tipo de produto (e que será sempre um nicho muito específico), mas nunca para os pipoqueiros de hoje em dia.

(arrisco também a dizer que vou gostar do filme... )

Têm muita piada de facto as piscadelas de olho (estou a ser um pouco "simpático", aqui) ao Blade Runner. :-D
Last edited by Samwise on October 22nd, 2018, 11:58 am, edited 1 time in total.
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Lorde X »

Gaspar Garção wrote: October 21st, 2018, 12:31 am Filme interessante, talvez mais um pouco confuso do que o necessário, mas definitivamente vale a pena ver (e no meu caso, de o rever, já não me lembro muito bem da história!!!).
Concordo contigo, Gaspar, que as cenas finais são confusas, mas julgo que isso é o que normalmente sucede em todos os filmes de viagens do tempo cuja narrativa contém várias linhas temporais. Este filme até arranja uma solução bem interessante (embora não inovadora, pois já conhecida nos meandros da física) para este "problema"...

Ainda há pouco tempo revi, com a minha filha, a trilogia do regresso ao Futuro e recordo-me que em algumas cenas do segundo ou do terceiro filme, tive alguma dificuldade em não "perder o fio à meada", tendo mesmo de fazer uma ou outra pausa para tentar ordenar mentalmente os acontecimentos...

Uma das razões que me levam a gostar deste tipo de filmes são mesmo os puzzles que se nos apresentam e a necessidade de aplicarmos máxima concentração e raciocínio para os decifrar! :wink:

Mas o que é curioso é que, uma das críticas que li sobre este filme, de um dos muitos experts sobre cinema que espalham a sua sapiência pela internet fora, foi a de que o enredo era simplista e que o filme se reduzia basicamente à estética visual... :roll: E com este comentário não pretendo, de forma alguma, desrespeitar quem possua uma opinião diferente da minha, mas escrevem-se muitos disparates sem qualquer sustentação... e que não contribuem em nada para ajudar (aliás até tem o efeito contrário) quem os lê a decidir se deve ou não perder o seu tempo com um filme...

Confesso que as cenas finais deixaram-me perdido... ainda pensei que tal resultasse do facto de me ter esquecido de algum pormenor e de não ter memorizado devidamente a ordem temporal das cenas, mas já cheguei à conclusão que não...

Este link "https://taylorholmes.com/2016/01/24/syn ... explained/") contém um texto muito interessante, o qual, com bastante rigor, tenta ordenar e analisar as cenas do filme, avançando mesmo com várias teorias, já que não haverá uma solução clara e inequívoca...

Vou copiar para aqui o texto, com receio de, por algum motivo, ele deixar de estar disponível, uma vez que se afigura muito útil a quem quiser aprofundar o significado da história:
It’s a pretty rare occurrence for really good – mind blowing – sci-fi movies to come out. There is a sub-genre of movie-dom that makes the viewer think hard about what is happening in order to keep up with the movie. These movies are sort of like grifter movies for the sci-fi genre, only their tools are time travel, parallel universes, dopplegangers and the like. When you think about movies like this you might think, Time Crimes, Coherence, The Signal, Upstream Color, Dark City, Time Lapse, and Primer obviously. Sure, there are a million more – but we are talking about movies that seem fairly simple at first, and then quickly devolve into mental pilates and cerebral wind sprints.

I first became aware of the movie Synchronicity a couple of months ago when a number of articles starting hitting the interwebs talking about how Synchronicity was a modern Primer… which if you haven’t seen or didn’t like, please, just pull the ripchord on this article. Because it’s just going to frustrate you I’m thinking. But whenever anyone invokes the Grand Priest of mind-blowing science fiction, Shane Carruth, I stand up and take notice. So yesterday, when the movie was released in a limited theatrical release I knew I had to see it right away.

Spoiler Free Synchronicity Overview

The movie deals with a trio of guys working in a low-budget lab, attempting to open a wormhole five days backwards in time. At first it appears that the experiment was a failure but then we start to get subtle hints that the test may in fact have succeeded. An investor that has been providing both financial support as well as the radioactive component that fuels the reaction and makes the entire experiment possible, seems hell-bent on taking ownership of the invention. And to top it all off, there seems to be a woman that is possibly building her own machine, or more likely, steal the ideas necessary to replicate the experiment.

Everyone seems sure that this is a modern Bladerunner that we are seeing. Which is funny, because Blade Runner couldn’t be any more different than Synchronicity. The production design and cinematography definitely take their queues from Bladerunner… think dark rooms, spinning fans with light coming through, lots of dark city-scapes, and external elevator shots. But, let’s be clear, Blade Runner this is not. The movie that this is most like is a short film called Burnt Grass by Ray Wong. (You can jump over and see that film on my interview page with Ray). Basically the story of Burnt Grass, was about a burnt hole in the ground found in a couple’s backyard. And whatever life form was put into the hole was duplicated. And they proceed to duplicate a plant, and a dog… and then ultimately, the wife duplicates herself… and the rest of the movie is about the resulting chaos coming from the decisions to duplicate the things in question. I won’t delve too deep into how that movie spirals out of control – and I actually wouldn’t watch Burnt Grass until after you see Synchronicity if you don’t want the plot to be spoiled at all. The movies are so similar, that I reached out to Ray Wong to ask if he was somehow involved with Synchronicity even though I didn’t see his name in the credits.

Synchronicity is a good movie. It isn’t a Hollywood made film in the least. It was a low low budget film – I’m guessing you’d consider it a micro-budget – but it does a lot with what it has. Most people will not enjoy this film, but that’s mainly because most people do not want to think while watching a movie. They’d prefer to experience the visuals and the emotions of a film, and just avoid using their brain. But for those of us who love a challenge, Synchronicity will be a fun ride as we try and figure out the ins and outs of the plot twists and the right hook of an ending which came as an interesting (though not completely surprising) revelation. Still unsure? Check out the trailer and decide for yourself.

Synchronicity Time Travel Movie Reviewed and Explained

So here’s where everyone who hasn’t seen the movie yet, needs to exit the train. It is a worthwhile film, but not if you know the twists and turns inherent to the movie. I’m guessing it’ll come off as soulless and devoid of passion if you know the inner-workings of the film itself, and thereby rendering the whole enterprise pointless. So shoo. Watch the film (which you can do right here, right now) and then swing back through and join us in the conversation below in the comments.

Synchronicity Overview and Timeline

When it comes to time-travel movies I find that it is extremely helpful to walk through a quick overview of the timeline and to make sure we have the basics squared away first. The movie utilized a naming convention for the overlaps that started with – prime. But as that will get extremely bulky (as you will see further down the timeline) with secunde, tertie etc. The movies naming convention of the Dahlia’s are also jacked up, with one being 014Terminus and the other just being named KMZ014. So, I’ve chosen to abandon the movie’s naming conventions of prime and terminus and am instead going to go with superscripts, Jim1, Jim2, Dahlia1, Dahlia2, etc. Make sense? Basically, at some point I’m just going to go into a fetal position, cry uncle, and start referring to the Jims as Jimx and Jimx+1. But it’ll make sense when we get there.

Movie opens with Jim1, Chuck & Matty rehearsing for opening the wormhole
Klaus Meisner arrives to witness the time travel attempt
The experiment fires, and Jim1 blacks out to scenes of auras
Meisner leaves, thinking it a failure, but a dahlia is found
Jim1 runs into Abby, smoking, they both find Meisner and are invited to dinner
At dinner Abby and Helen spar over inventors vs salesmen (Tesla vs. Edison)
Jim1 goes with Abby to her apartment
And Jim1 finds a very similar dahlia in Abby’s apartment
Jim1 gets a call from Chuck telling him to leave Abby’s right away
Jim1 goes to lab, and then finds Matty and Chuck being weird
Jim1 gets the auras again and blacks out – sleeps for 8 hours
Jim1 goes back to Abby’s – unidentified male (Jim2) answers
Abby says to Jim1 – “The man who gave me the dahlia, gave me everything I ever wanted except a minute of his time.”
Abby and Jim1 go to the bar for “breakfast” and to talk.
Jim1 gives the dahlia back to Abby and leaves it up to her about what will happen next.
Klaus Meisner finds out about Jim’s and Abby’s relationship, and wants to charge him 99%.
Abby comes with Klaus to the experiment
Jim1 runs the dahlia into the machine saying “You may own the dahlia, but you don’t own me.”
Enter Jim2 into the story and chats with Abby before Jim1 arrives
Jim2 watches from the bathroom as Jim1 passes out
Jim2 heads to Abby’s apartment and sees her notebook
Abby wants Jim2 to apologize for how Jim1 acted (she still doesn’t know)
Jim2 falls asleep on the bed, Abby goes to get coffee
Intercom goes off and Jim2 answers and talks to Jim1
Jim2 finds box of coasters with a pile of coasters with notes
Jim2 heads to the bar to steal the coaster she wrote on while the had been talking
“Time is our only currency”
This is when Jim2 decides he can’t be without Abby, and he’s going to beat Jim1
Jim2 goes to Abby’s to get her diary, Jim2 begins throwing up violently
Jim1‘s migraines stop simultaneously
Chuck sees that “dahlia-terminus” is dying
Chuck & Jim2 explain to Abby what is happening
Jim2 take’s Chuck’s place in his suit during the next experiment test
Chuck, Matty and Jim2 finish process to send Jim2 back once again
But Matty screws up the directions and goes RIGHT instead of LEFT
Cut to Jimx standing outside, trying to figure out what has happened
Chuck meets Jimx and asks him, “You are still chasing after her?” – “I don’t realize I’m doing it until I do it.”
Jimx heads out of the city at random, picks a hotel, and is told he’s already staying there.
Jimx enters the hotel room and sees a dead Jimx+1 on the bed.
Abby finds Jimx on the bed and she is with him at the end.
Cut to another jump, this time he reads the notebook end to end.
Abby tells of another time traveler named John who’s lab exploded in fire.
“That’s a coincidence, my name is John.”

Some will say that this overview was way too verbose, and many of you desperately trying to understand the movie might say I didn’t include half of the really important stuff that mattered! But this will at least give us a single frame of reference to refer back to as we begin to start dissecting this complicated double (double nothing! triple, quadruple) helix of a movie.
Important Synchronicity Revelations & Rules

Throughout the course of the movie there were a number of really critical revelations. But there was no bigger revelation than what it was exactly that Abby was doing. As the movie played out we see that Abby is actively taking notes, and thoroughly listening to every word that all of the Jims are saying to her. She is compiling notes and she is doing something. In the movie summary for Synchronicity, it states that Jim needs to stop a woman that is intent on stealing his plans. And as the movie progresses we see that she definitely is stealing everything he is saying to her. But the purpose becomes clear as the movie winds down. Abby is solely trying to get any assistance for future Jims possible so that he can beat the temporal sickness that is invoked every time he time travels. She has only the purist of intentions in her actions throughout the movie. And she might actually be seen as the real hero of this entire movie after viewing it from that perspective.

The second equally big revelation that occurs at the end of the movie is that the Time Machine isn’t actually a Time Machine at all – but instead is in inter-dimensional hopper of sorts. Instead of going backwards 5 days, Jim is actually leaping into another parallel dimension with similar (but decidedly not the same) appearances. This is important in that we see that the details of each loop is slightly different. I wonder, does that leave one parallel universe devoid of Jims as it is doubling up another? But we will talk more about this in the theories section I’m thinking.

The other important rule or effect, is that we learn is that whenever two duplicated lifeforms occupy the same timeline, one of them (most likely the first to travel, or the terminus identity) will become sick and die. We see this first in the movie as a result of the dahlia getting sick and browning. This sickness also manifests itself more acutely when two identical subjects become closer in proximity… remember the auras? They all happened as they got closer to one another. And these symptoms could include, “lightening between the temples”, nausea, vomiting, passing out, etc. This is an important tell for our knowing when he was near himself before his actually having time traveled yet.

Synchronicity Movie Theory Explanations

One of the biggest outstanding questions of Synchronicity, and it’s timeline, is based around Jim2‘s jump to Jim3, that I have denoted as Jimx in the timeline. The reason I did that, is mainly because it cannot be Jim2 jumping backwards as normally occurred. There are too many differences. Jumping backwards to when the portal was first opened can’t have happened. So what are the most likely theories to explain what actually happened when Matty accidentally went to the right with the dial, instead of going left?

Synchronicity Theory – Situation Normal All F@#$ Up

The first theory is that Jim2‘s jump was just like the others… except, we know that he isn’t jumping in time, he’s jumping dimensions. So maybe the time was right, but that dimension was jacked up? It would explain why he has someone ahead of him (dying in bed at the hotel), and it would explain most everything else that the other theories have issue with. But the setup of the movie during the beginning scenes show that very clearly, Matty almost ended the world by sending the dial the wrong way. So for nothing to have happened seems a little off base. The night time is also meant as a clear indication that something different has happened. And then there is the Chuck scene, where he seems to show us that this has been going on for a very long time… “Still looking for her eh?”

Synchronicity Theory – Flash Forward

This theory is diametrically opposed to the first, SNAFU theory, in that instead of jumping backwards Jim2‘s jump sent him forward instead of backwards. The jump most likely sent him forward a couple days. But there’s more that has to happen in this theory than just that, because there are some pretty large inconsistencies here otherwise. For example, if it is Jim2 that we are following through to Jim3 then how the heck did he already checkin to the hotel and die there? From our perspective, Jim2 is the first one here. So who the heck is dead in the bed? So this theory also has to posit that not only did we jump forward a couple days, but we also jump number shifted to Jim28 or something like that. We get evidence for that later when we see Abby trying to help him and we see in flashback form that Jim’s came and went and she was still struggling to help him by giving him the notebook, etc.

Synchronicity Theory – Ongoing Sisyphean Cycles

Another theory, is that my timeline is 100% wrong, from beginning to end. Instead of starting with Jim1 the movie is actually not starting at the beginning. Here, let’s revise the time opening couple points to explain what I mean:

Movie opens with Jim142, Chuck & Matty rehearsing for opening the wormhole
Klaus Meisner arrives to witness the time travel attempt
The experiment fires, and Jim142 blacks out to scenes of auras

There is ample evidence for this theory, but there are problems here too. How is it that Abby has a box full of coasters of quotes from various Jim’s if our Jim1 really is the first one? Can’t have happened. There has to be something more going on. There is tons of precedent for this within the time travel movie world. Primer is the perfect example of this, wherein the beginning is actually the middle, and there were already multiple time machines running before the movie even started. Right?

But the biggest problem with that theory is that, Jim clearly seems to be experiencing the time travel experiments for the very first time. He’s obviously clueless about the need to open another doorway backwards, he’s clueless about Abby, and is honestly shocked to see her there smoking. Right? So where is this selective Amnesia coming from? Some would say the answer here is easy, like 12 Monkeys, time is locked in, and destined to repeat our past. Many different time travel movies espouse this view. My favorite recent one that takes that view is Time lapse – which you HAVE to see if you haven’t already. Regardless, the biggest defense of this Sisyphean theory is that we see Abby trying and trying and trying to solve the sickness. But this Sisyphean theory doesn’t preclude theory one or theory two being true as well.

Synchronicty Happily-Ever-After Theory

First, thanks to Adam for pointing out the fact that I’m a dork. I completely missed the fact that when Abby said that she knew someone named John who died tragically in a lab fire accident, Jim142 responded with, “That’s a coincidence, that’s my name” to Abby. Which makes him not Jim142, but John2, or, John27, but it can’t be John1, right? He died in a fire?

So this theory basically is the Disney, Happily Ever After theory, which basically means that John27, was finally the John Abby was looking for. The one who didn’t die in a fire, oh and by the way, the one who will (did? – getting to that in a second) resolve the Temporal Sickness that has been killing all the other parallel universe versions of himself. And if that is the case, then we saw a million different failures and then finally, we see that Abby is with the man she has been looking for from the beginning. But maybe not?

Synchronicty Chaos-Ever-After Theory

This theory is a shoot off of the Happily-Ever-After theory… but instead of Abby finally finding her one true love, the one named John, the one that was able to not only solve both time travel as well as it’s sickness side effects, she finds another John, in a long line of Jims and Johns. This John read the notebook of all the various research and pontifications by all the various versions of himself. And this theory believes that he is just one more doomed attempt after all the others. I never promised you a rose garden.
Synchronicity Movie Explanation Overview

Personally, I believe that Synchronicity is a very tightly wound time travel movie that is actually a really good love story at the end of the day. It sets itself up as a corporate espionage movie – but it turns out to be a love story, in search of a cure. The failed flip by Matty most likely is a jump forward, and we are finally seeing what has been going on all along… that this time jumping has been going on for a long time outside our blindered view of reality. That Jim352 was still in this locked cycle of time jumping and then dying, time jumping and dying. And the only ones able to see beyond this endless boulder rolling up hill over and over again is Chuck and Abby. “I don’t realize I’m doing it until after I’ve done it.” is the quote of the movie. And ultimately maybe Abby finally found her “John”, the one she had been looking for all along? Or maybe she just found yet another variation on a failed theme… ? What are your thoughts? Is it a happy ending?

So who knows if my Synchronicity Time Travel Movie Reviewed and Explained post really did it for you. But hopefully it helped you understand it a little better? Don’t buy what I’m selling? I’d love to hear about it in the comments. We have a long history of great conversations here. All ideas and theories are welcome. Just jump in and let it rip.
Também gostei muito desta review, a qual realça aspectos bem interessantes que me passaram desapercebidos, como o facto de o uso de uma dália na experiência de viagem do tempo ser uma referência ao clássico filme noir "Blue Dhalia" de 1946:

http://cinegnose.blogspot.com/2016/10/u ... ir-em.html
Samwise wrote: October 21st, 2018, 10:26 am Vi os primeiros 15 minutos, e ainda que não tenha o panorama geral da fita, arrisco já uma teoria para o Lorde X ter gostado tanto e para ter tão fraca pontuação no imdb: o público actual, ou por outra, as grandes plateias, as massas pipoqueiras da actualidade esperam filmes modernos. Este não tem só um cheirinho do passado - parece ter saído todo ele de alguma cave low-budget e bastante geek, esquecida nos confins dos anos 80. Isto é Sci.Fi eighties por tudo quanto é lado. É encantador e hipnótico para quem viveu espírito, ou para quem adora esse tipo de produto (e que será semore um nicho muito específico), mas nunca para os pipoqueiros de hoje em dia.

(arrisco também a dizer que vou gostar do filme... )

Têm muita piada de facto as piscadelas de olho (estou a ser um pouco "simpático", aqui) ao Blade Runner. :-D
Acho que fizeste uma leitura perfeita! A partir daí, sem querer fazer spoiler, o que se vai passar é que a narrativa irá se tornar mais complexa, com o cruzamento de várias linhas temporais...

Se aprecias filmes sobre viagens do tempo, então acho que vais gostar deste filme! E aqui este tema ainda beneficia de uma estética neo noir que, julgo, te agradará...

Eu adorei porque, não só na substância (viagens no tempo + romance) como na forma (visuais noir + banda sonora na onda do Vangelis + revivalismo de um filme e de uma época cinematográfica que me marcaram) vai inteiramente de encontro aos meus gostos! :-)
Last edited by Lorde X on October 22nd, 2018, 12:45 pm, edited 2 times in total.
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Cabeças »

Já percebi que vou gostar muito de ver!!! :-D
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Samwise »

Lorde X, eu gostei muito da atmosfera criada naqueles primeiros 15 minutos, porque me meteram literalmente numa máquina do tempo regulada para os anos 80.

Isso e a rapariga ter chamado "dick" ao Thomas Edison... :-))) :-))) :-)))

Hoje devo ver o resto do filme.
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Samwise »

Vi todo, já.

Apreciei muito esta pequena pérola escondida nos recônditos do cinema de FC contemporâneo (será que posso pensar que haja tal "gaveta"?). Os argumentos deste filme não lhe permitem "competir" com os seus irmãos pipoqueiros "blockbuster", com orçamentos talvez centenas de vezes acima, mas permitem-lhe antes criar um pequeno culto de "seguidores anónimos" que se interessam por outras matérias, outros modelos, outra "ordem de importância" dos factores narrativos. Neste caso, tais elementos estão centrados em redor de uma engenhosa história de curtas viagens no tempo, com uma galeria de personagens "underdog" de quem no início desconfiamos, mas que, com o passar do tempo, nos levam a afeiçoar por elas sem apelo nem agravo, e ainda um ambiente bastante atmosférico, quase onírico, que mistura as características físicas e espaciais do cinema noir, em todo o seu denso e ameaçador jogo de luzes e sombras, com um modelo "nocturnal" pós-modernista, ou pós-futurista, quase a fazer lembrar os takes de Michael Mann quando debruça o olhar sobre a arquitectura citadina. Agora que já o vi todo, tenho alguma dificuldade em associá-lo ao Blade Runner, embora perceba o que possa gerar essa noção, nomeadamente a nível de "visuais" e da música.

É coisa de baixo orçamento, e isso nota-se, mas tal característica é contornada por uma realização consistente, menos "simplória" do que se poderia pensar, que não nega a falta de recursos, mas antes contorna e passeia eficazmente entre as suas limitações. É fácil perceber os porquês deste filme não ter entrado no goto do público em geral (assumindo que chegou a esse "público em geral"), com a complexidade dos paradoxos time-travel e as colisões entre linhas temporais (que se vão acumulando) em primeiro plano, e uma certa "apatia" na exposição das emoções e motivações das personagens (também não havia elenco para alcançar mais...), mas o facto é que não se trata "desse tipo de filme", nem a plateia-alvo seria também essa à partida.

Em todo o caso, vou ter de ver isto outra vez - não encaixei as peças todas do puzzle à primeira...
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Lorde X »

Samwise wrote: October 28th, 2018, 1:00 am Vi todo, já.

Apreciei muito esta pequena pérola escondida nos recônditos do cinema de FC contemporâneo (será que posso pensar que haja tal "gaveta"?). Os argumentos deste filme não lhe permitem "competir" com os seus irmãos pipoqueiros "blockbuster", com orçamentos talvez centenas de vezes acima, mas permitem-lhe antes criar um pequeno culto de "seguidores anónimos" que se interessam por outras matérias, outros modelos, outra "ordem de importância" dos factores narrativos. Neste caso, tais elementos estão centrados em redor de uma engenhosa história de curtas viagens no tempo, com uma galeria de personagens "underdog" de quem no início desconfiamos, mas que, com o passar do tempo, nos levam a afeiçoar por elas sem apelo nem agravo, e ainda um ambiente bastante atmosférico, quase onírico, que mistura as características físicas e espaciais do cinema noir, em todo o seu denso e ameaçador jogo de luzes e sombras, com um modelo "nocturnal" pós-modernista, ou pós-futurista, quase a fazer lembrar os takes de Michael Mann quando debruça o olhar sobre a arquitectura citadina. Agora que já o vi todo, tenho alguma dificuldade em associá-lo ao Blade Runner, embora perceba o que possa gerar essa noção, nomeadamente a nível de "visuais" e da música.

É coisa de baixo orçamento, e isso nota-se, mas tal característica é contornada por uma realização consistente, menos "simplória" do que se poderia pensar, que não nega a falta de recursos, mas antes contorna e passeia eficazmente entre as suas limitações. É fácil perceber os porquês deste filme não ter entrado no goto do público em geral (assumindo que chegou a esse "público em geral"), com a complexidade dos paradoxos time-travel e as colisões entre linhas temporais (que se vão acumulando) em primeiro plano, e uma certa "apatia" na exposição das emoções e motivações das personagens (também não havia elenco para alcançar mais...), mas o facto é que não se trata "desse tipo de filme", nem a plateia-alvo seria também essa à partida.

Em todo o caso, vou ter de ver isto outra vez - não encaixei as peças todas do puzzle à primeira...
Samwise, estava bem expectante em ler o teu comentário! :wink: Julgo que no segundo visionamento, irás te afeiçoar mais, já que muito te vai soar bem mais familiar, entre o qual, desde logo, a banda sonora!

Sim, aparentemente apenas na forma (visuais e banda sonora) este filme parece invocar o Blade Runner, mas li algures um comentário muito interessante que fazia o seguinte paralelismo entre os dois filmes, o qual me tinha escapado:
Enquanto no Blade Runner temos replicants de seres humanos, aqui temos réplicas, não só do Jim e dos restantes seres humanos, mas do próprio universo. Por outro lado, em ambos há dúvidas sobre quais são as réplicas e quais são os originais. No Blade Runner, não sabemos quem é humano. No Synchronicity, não sabemos qual é o "verdadeiro" Jim (na verdade são todos verdadeiros, já que não há universo 0 e o que pensamos que assim o era, aquele onde se iniciou a narrativa, afinal não é pois para ele viajou o Jim 1 de outro universo...)

Ainda não fiz um novo visionamento completo, mas revi muitas das suas cenas chave e, com a ajuda de muitas teorias, publicadas em vários sites e mesmo no youtube, cheguei a algumas conclusões:
A chave para se compreender este filme está no facto de que as viagens no tempo não o são ao passado, mas sim e sempre a um universo paralelo alternativo, o qual, relativamente àquele do qual se partiu, apresenta algumas diferenças, por vezes pouco notórias. Ou seja, aquelas teorias que pretendem explicar o filme numerando os vários Jim dos diversos lapsos temporais como Jim1, Jim2, Jim3, falham logo porque se esquecem que em cada um dos universos paralelos existe um Jim1, um Jim2 e que o Jim 1 de cada universo quando se cruza com outros "eu", são sempre de outros universos e não do dele. Ou seja, quando o Jim 1 volta atrás no tempo e se torna o Jim 2, é o Jim 2 do, digamos, universo 1, a presenciar o Jim 1 de outro universo paralelo, que não o universo de onde ele proveio...

Só que há diferenças de universo para universo e julgo que na última ou numa das últimas cenas, em que o Jim (já perdi as contas a qual... :lol: ) fala com a Abby numa cafeteria, apercebe-se que naquele universo, o Jim1 nem sequer se chamava Jim, mas sim John e que ele morreu num incêndio do seu laboratório. Esta cena é muito importante e revela-nos que afinal não é preciso um emissor e um receptor para se efectuar a viagem no tempo, pois naquele universo, não havia recetor, já que o Jim1 (que lá tinha o nome de John) tinha morrido sem a abrir e a viagem se fez na mesma.

Mas mais importante ainda é que, finalmente, naquele universo, ele e a rapariga conseguem ficar juntos. O obstáculo a que isso pudesse suceder era o facto de o Jim 2 adoecer (e acabar por morrer) por não poder coexistir com outro "eu" no mesmo universo. Ora, naquele universo já não havia outro "eu" (pois o Jim 1 tinha morrido) e por isso, temos um final feliz (o que muito me agradou!) :-)

Quanto à parte das anotações e do livro que a certa altura a Abby coloca no bolso do Jim1 antes de ele viajar no tempo, tenho de rever para perceber melhor. Julgo que o livro mostra que a Abby não andava a tentar trair o Jim, mas que mesmo antes de se ter encontrado pessoalmente com ele, o admirava e que tinha a ideia de escrever um livro sobre ele. Vai se apaixonar por ele e tentar arranjar uma forma de poderem ficar juntos. Por isso é que colocará o livro no bolso dele antes da viagem no tempo...
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Re: Synchronicity (2015) - Jacob Gentry

Post by Lorde X »

Rui Santos wrote: October 19th, 2018, 12:08 pm Já tenho trabalho para o fim de semana, pesquisar onde o comprar :)
Já o compraste, Rui?
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