Personal Shopper (2016) - Olivier Assayas

[waltsouza]

Revolves around a ghost story that takes place in the fashion underworld of Paris.

http://www.imdb.com/title/tt4714782/?ref_=nv_sr_1

TRAILER

«Personal Shopper» por Hugo Gomes



Kristen Stewart é uma "personal shopper", Maureen, uma mulher que se dedica às compras de quem possui um "profile" discreto. Porém, ela é mais que uma mera servente, é uma médium. Os seus "talentos", consideramos assim, sempre a levaram para os mais inesperados encontros com o outro mundo, um lado espiritual que todos duvidam a existência, mesmo ela própria, mas que providenciam fascínio. Quando o seu irmão gémeo - que também partilhava o dom - morre, Maureen adquire uma nova rotina com base numa promessa feita entre os dois. O primeiro a morrer teria que enviar uma mensagem a declarar se existe ou não vida para além da morte, mas para a receber terá que passar as noites na antiga e abandonada casa.

Depois do fabuloso estudo da natureza da interpretação em As Nuvens de Sils Maria, a dupla Olivier Assayas / Kristen Stewart aposta num thriller sobrenatural que navega impreensionatemente no território autoral. Com um pé sobre esse mesmo registo já estabelecido pelo cinema de Assayas e outro nos lugares-comuns do cinema de terror mainstream, Personal Shopper explicita um cinema diversificado, sem géneros, sem categorias nem audiências definidas.

É uma ode à transgressão e nesse sentido o desempenho de Stewart eleva tal definição. Será este o melhor filme de terror dos últimos anos? Para responder a isso teria que seguir tudo aquilo que a obra desaprova (a categorização), não é nem nunca será um terror de estúdio, nisso estamos certos, e os elementos desse mesmo território são reproduzidos por uma técnica repercussiva. Os clichés tem consequências e é sob essas mesmas que Personal Shopper faz todo o sentido, para além de Assayas ser um conhecedor do medo interior do espectador.

Existem sequências assustadoras, aparentemente vulgares, todavia glorificadas por um impressionante conhecimento no uso e na simbiose do som, da escuridão e por fim, com a sua atriz. Por outro lado, a atração quase adolescente pela espiritualidade, onde um iPhone serve de tábua de ouija em contato com os mais aterrorizantes espíritos ou os "não-vivos", conforme quiserem apelidar.

Essa referência da tecnologia e da comunicação sempre estiveram ligados ao Cinema de Terror nos mais recentes anos, desde as maldições invocadas em Ringu, de Hideo Nakata (recuso a falar da vendida versão norte-americana com Naomi Watts) ou no veia umbilical entre vitima e agressor de um Gritos, de Wes Craven. Essa remodelação dos códigos, que com o prazo de validade expirado passaram a se denominar de clichés, desafiam Stewart no seu método interpretativo, à constante improvisação da sua perfomance e ao naturalismo do seu ego. Será este o empenho mais ousado da atriz? Só o tempo dirá!

Por enquanto, este é um dos filmes mais entusiasmantes de Cannes. Vale a pena ignorar os apupos.

O melhor - terror, drama, mistério, clássico, autor e Kristen Stewart
O pior - ser abordado como o grande fracasso de Cannes


**** em *****
http://www.c7nema.net/critica/item/4526 ... gomes.html

O outro lado da "medalha"...


"Personal Shopper" é vaiado em Cannes
http://www.folhape.com.br/cultura/2016/ ... -0228.html

Kristen Stewart e diretor de 'Personal shopper' minimizam vaias em Cannes
http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/not ... annes.html

[waltsouza]

Este filme vai passar no MoteLx 2016.

[PanterA]

Um pouco longe da qualidade que o Olivier Assayas já nos habitou, principalmente com o seu brutal penúltimo trabalho (Sils Maria). Este aqui vagueia por caminhos que sinceramente, e no principio achei bastante esquisito por não estar mesmo nada à espera. Entrar pelo sobrenatural da coisa não é uma das características do realizador (do que conheço). Tanto que não parece, que a momentos sente-se que faltam ali pedaços de informação para criarem outro tipo de clima e desenvolvimento. Fizeram ali falta mais 20/30 minutos de filme para culminar inclusive num final mais emocionante.

7/10

[José]

Gosto. Gosto muito. O lado sobrenatural da fita, que é o que menos me empolga no todo, é o gancho automático para aquele universo, contudo reside aqui um thriller psicológico metafísico muito bem oleado, embora triste, sobre o processo de luto e como lidar com a possibilidade de crença (ou não) em qualquer hipótese de transcendência.

Kristen Stewart está espantosa; a sua composição, em conjugação com a austeridade da mise-en-scène e até mesmo com a opção a nível de fotografia, alimenta aquele clima perene de tristeza, solidão e desamparo existencial. Não é um título perfeito, longe disso, e precisaria ali de um ou outro retoque mais incisivo, mas, tal como está, agrada-me bastante.

[PanterA]

Por acaso ainda me fascina a quantidade de hate que ela recebe sempre com aquele cliché constante de ela só ter uma cara e forma de representar. Eu sei que o Twilight é asqueroso e a fama seguiu-a durante anos por causa disso, mas caramba, só quem não viu os seus trabalhos recentes é que pode afirmar isso. Aliás, quem fala dela fala do Robert Pattinson. Só o show que deu no Lighthouse é sensacional e sem palavras.

[José]

Por acaso ainda me fascina a quantidade de hate que ela recebe sempre com aquele cliché constante de ela só ter uma cara e forma de representar. Eu sei que o Twilight é asqueroso e a fama seguiu-a durante anos por causa disso, mas caramba, só quem não viu os seus trabalhos recentes é que pode afirmar isso. Aliás, quem fala dela fala do Robert Pattinson. Só o show que deu no Lighthouse é sensacional e sem palavras.

A mim também muito me espanta a quantidade de críticas negativas que a cercam há já tanto tempo. Ela até antes da fama-Twilight já tinha dado provas do seu talento num filme modesto, mas muito eficaz, da área dos independentes, chamado Speak (2004). Também gostei muito dela no Into the Wild - O Lado Selvagem (2007) e no In the Land of Women - No Mundo das Mulheres (2007).

O Pattinson é outro - para além do conjunto do seu trabalho mais recente, e de ter sido o melhor do The Lighthouse, juntamente com o Dafoe, tem uma composição excelente num filme que muito admiro que é o Cosmopolis (2012), do David Cronenberg.