Film Noir - o Tópico

[Gaspar Garção]

Sou um um grande fã de cinema noir, desde muito jovem (anos 80), quando o meu pai projetava filmes no meu centro popular (entre os grandes clássicos de aventuras, "escapavam" sempre um ou dois noirs, embora seja um género mais adulto), lembro-me de me ter ficado indelevelmente marcado na retina o "Laura", o "The Maltese Falcon/Reliquía Macabra" por exemplo, mas foi a partir dos video-clubes e das rubricas da RTP2 que comecei a ver os grandes marcos do noir, sempre intercalados com as leituras em casa dos livros pulp do Dashiell Hammet, do Raymond Chandler, do John M. McDonald, do James M. Cain,etc.

Agora, muito mais crescido e velhinho, é fácil perceber o que me atraíu tão novo para o cinema noir, não foram apenas as fascinantes femme fatalles e o perigo, a excitação do proibido, do submundo, dos foras da lei e do lado mais "negro" da sociedade, mas também aquele "wish fulfillment" de ser o anti-herói, o justiceiro, aquele que contra tudo e contra todos, armado de charme e inteligência, deita abaixo os poderosos (como nos clássicos do Bogart, o "The Big Sleep/À Beira do Abismo", que é um grande, grande filme, ou como num dos meus favoritos do Lang, o "The Big Heat/Corrupção").

Claro que depois também veio a fase em que me identificava um pouquinho com os elementos mais cinzentos dos filmes, nem um branco imaculado nem um preto sádico, como no "Out of the Past/O Obcecado" (que até é "O Arrependido"!!), e no seu remake, o "Against all Odds/Vidas em Jogo" (ainda tenho suores frios ao lembrar-me de ver no cinema a bela Rachel Ward), ou no "Gilda" e tantos outros filmes intemporais desta época.

Por exemplo, quando revejo o "Sunset Boulevard/O Crepúsculo dos Deuses", as intenções e as razões dos protagonistas estão sempre um pouco difusas, esquecidas, e é um prazer redescobrir outra vez, ao longo do filme, as "motivações" de cada um e porque fazem o que fazem, é como noutro clássico absoluto, o "Double Indemnity/Pagos a Dobrar", as acções dos protagonistas fazem sentido, se pensarmos bem nelas, e entrarmos na psicologia delas, mas o filme é um tal rodopio, uma voragem, que durante esses minutos e horas estamos-nos um pouco nas tintas para a angústia interior, pós-moderna, das personagens, e estamos ali a viver com eles o desenrolar dos acontecimentos, quase que sentimos o perfume delas, e o bafo de uísque deles, o peso da arma na gabardina e... (estou a ver se me lembro de mais algum cliché dos filmes!).

Outro dos clássicos absolutos do noir, um prodígio de técnica cinematográfica, de argumento, de ambiente, de desempenhos, o grande "Touch of Evil/A Sede do Mal", é quase diametralmente o oposto do que eu estava a falar em relação ao "Pagos a Dobrar" e o "Sunset Boulevard".

Revisto à pouco tempo, voltei a ficar fascinado por ele, mas só mesmo na grande interpretação do Orson Welles se vê um pouco de uma das facetas que eu mais gosto do noir, aquelas personagens que tanto podem pender para um lado como para o outro (será a Gilda uma ninfomaníaca, uma sádica, ou é apenas mais uma ruiva de pernas deslumbrantes à procura de amor? Será que o Sam Spade vai mesmo aceitar o suborno n' "O Falcão de Malta", será que o William Holden no "Sunset Boulevard" não tem repugnância de ser gigolo, ou será que é mais ele próprio com a Gloria Swanson, do que com a secretária um pouco...sonsa?).

Bom, desculpem a seca, mas fico entusiasmado com o tópico, e estou a vingar-me de não ter ido ao almoço, se aqui falo sem parar, então rodeado de amigos, conversa, vinho e leitão, tinham de me amordaçar, como ás vezes eu digo ao Lorde X, a mim, calarem-me a falar sobre filmes, "só quando morrer", como disse o prof. Martelo a propósito do Sócrates. :)

Três notas finais (prometo que são mesmo breves!):

--Tenho uma amiga super fã de noir, a quem eu mais ou menos iniciei no género, e a quem emprestei e/ou ofereci a maioria dos clássicos. Há uns anos, aqui no meu Centro de Artes, começámos um cineclube, duas vezes por mês.
A maneira como os filmes são escolhidos é a seguinte: umas vezes escolho eu, ou outro colega mais cinéfilo, mas geralmente dou a escolher os filmes às pessoas que cá vêm habitualmente. Ora, a essa amiga fanática do noir, pedi-lhe para escolher filmes de três em três meses, e já consegui passar a maioria dos filmes que falo ali em cima, incluindo o genial e muito, muito confuso "The Lady from Shanghai/A Dama de Shangai (faltam-me ainda o "Laura" e também um dos meus favoritos, "O Terceiro Homem").

O que quer dizer que já fiz a minha parte para espalhar o noir pelas massas (embora venha pouca gente ao cineclube, sempre foram umas 15 ou 20 pessoas que, algo insuspeitamente, foram "atacadas" por filmes de sexo, morte e traição num genial preto e branco!).

A minha amiga foi trabalhar para Santarém o ano passado, mas o que é verdade é que os noir continuam a passar aqui no cineclube, e logo que compre a nova edição do "Terceiro Homem", vai-se ouvir alto e em bom som a famosa balalaika no Alentejo profundo!!!

--Tenho de ler com muita atenção o que escreveram ali em cima sobre o Hitch, um dos meus favoritos, mas o epíteto "noir", em termos clássicos, talvez não se aplique bem a ele, ele é mais um cineasta de thrillers, dos desvios, das pulsões, do mal que se abriga inconscientemente no coração dos homens, em cenários menos do submundo e do crime, e mais na aparente normalidade do dia-a-dia.

Mas acho que os códigos e a linguagem do noir não são exactamente utilizadas por ele (o que não tira um milímetro de genialidade ao "Vertigo", ou ao "Intriga Internacional").
Talvez o noir que eu me lembre assim mais de caras seja mesmo o "Shadow of a Doubt/Mentira", embora o "Marnie" (mal-amado mas um dos meus favoritos), também tenha um pouquito de noir...

--Finalmente...
Com a rica idade de 40 anos estou a fazer a tese de mestrado em Jornalismo, e como não podia deixar de ser, é sobre cinema!

Seria tramado pôr o noir no mundo do jornalismo, mas arranjei uma forma engenhosa de utilizar alguns dos meus filmes favoritos: pus o jornalismo, quando possível, no mundo do noir.

Achei girissímo falarem lá em cima do "Sweet Smell of Sucess/Mentira Maldita", e do "The Big Carnival/O Grande Carnaval", são dois dos filmes que vou usar para a tese (depois escolho uns mais óbvios, tipo "Citizen Kane", "Homens do Presidente", "His Girl Friday", etc), mas o importante a reter é que o noir vai ser Mestre, espero eu com distinção!

Desejem-me sorte, que no meio de ver tantos filmes (e falar e escrever tanto sobre filmes), não me tem sobrado muito tempo, ou melhor, a preguiça para escrever a tese tem sido muita (duvido é que o orientador aceite "frequentar o DVD Mania" como uma boa desculpa para a minha demora, eh, eh!). :)

[Samwise]

Belíssimo post, Gaspar Garção! Seca, não é nenhuma, muito pelo contrário, fico sempre imensamente agradado quando leio textos que partilham dos mesmos sentimentos que me invadem em relação aos mesmos filmes - e que foi basicamente o que sucedeu aqui.

A conversa sobre o noir ao almoço não foi nenhuma, mas fui surpreendido no final pelo Ludovico, que me abordou a propósito do Chinatown (pelos vistos uma paixão comum), logo seguido do Paupau a lembrar-me que estava a dever um tópico aqui ao fórum. Nessa altura transmiti-lhes que ainda estava a ver filmes, mas que, dos que tinha visto até então, havia dois que se destacavam dos outros já no olimpo dos melhores (onde figuram coisas como o The Big Sleep, o Double Indemnity e o Laura, por exemplo), pelo domínio absoluto do meio cinematográfico, e pela perfeição e exuberância técnica: o Touch of Evil e o The Third Man.

A propósito do Hitch, penso que o filme que dele se aproxima mais do noir, para além do mencionado Shadow of a Doubt, será mesmo o Strangers on a Train. Mas é muito mais fácil encontrar na obra dele trechos, ou elementos soltos, ou enquadramentos ou estilos de iluminação que estejam próximas do noir, do que dizer que filme X ou Z é noir. Com fotogramas é mais simples de mostrar, mas vamos ter muito tempo pela frente para, aos poucos, abordarmos isso tudo, espero.

Seria tramado pôr o noir no mundo do jornalismo, mas arranjei uma forma engenhosa de utilizar alguns dos meus filmes favoritos: pus o jornalismo, quando possível, no mundo do noir.

Achei girissímo falarem lá em cima do "Sweet Smell of Sucess/Mentira Maldita", e do "The Big Carnival/O Grande Carnaval", são dois dos filmes que vou usar para a tese (depois escolho uns mais óbvios, tipo "Citizen Kane", "Homens do Presidente", "His Girl Friday", etc), mas o importante a reter é que o noir vai ser Mestre, espero eu com distinção.

Aproveito para te recomendar a ti também o Boomerang!, uma vez que aborda o papel da Comunicação Social na maneira como se formula e manipula a Opinião Pública (e como se alimenta, por sua vez, das reacções desta), bem como os mecanismos que controlam as tomadas de decisão nos poderes instalados.

[Gaspar Garção]

Obrigado pela sugestão, Sam, será tida em conta! (inicialmente, tinha uma lista de 10 filmes principais, 20 secundários e uns 30 terciários para analisar, até que o meu prof me disse literalmente que eu estava maluquinho, e que embora pudesse citar de passagem muitos filmes, em profundidade só podiam ser uns 5. Foi o cabo dos trabalhos para os escolher!!!).

E decidi que até maio, quando é suposto começar a visionar os filmes e analisá-los, que não ia entrar muito no campo da tese, de maneira a não me fartar. Solução: tenho andado a ver clássicos de aventura dos anos 50, Ivanhoe, O Prisioneiro de Zenda, Scaramouche, As Minas do Rei Salomão, para "limpar o palato". Mas esse do Boomerang (de que já tinha lido a tua excelente sinopse anteriormente aqui no tópico), não me escapará!

Uma coisa que os noir têm de giro, assim como os policiais, em livro ou filme: quando os estás a ver, se o filme foi bem construído, entras na mente da personagem, e é fácil fazeres a tal transferência para "dentro do filme", mas daí a uns anos (pelo menos comigo isso acontece, e eu tenho uma memória de elefante, como o pessoal daqui sabe), talvez já te tenhas esquecido de maioria de alguns factos, de partes da trama, das motivações dos personagens, de quem é o culpado, etc, por isso é como voltar de novo a fazer uma viagem pela "memória noir".

Sinto muito isso quando vejo clássicos, em pequeno ou grande ecrã, até mesmo se for um filme de trama mais simples, como o "Carteiro", por exemplo, então de filmes labirintícos e de construção intrincada, como a "Dama de Xangai" ou o "Chinatown", já nem se fala.

Eu, por exemplo, da tua lista inicial já devo ter visto 60, 70%, tenho muitos em dvd, mas a maioria foi visto a partir de gravações da TV2. Depois, foram revistos e revistos dezenas de vezes, mas alguns dos títulos trazem-me memórias visuais à mente e pouco mais, actores e atmosfera, mas lembrar-me deles?

Mas acho que isso é bom, é da forma que estarão sempre frescos para nós e são filmes eminentemente revisualizáveis (alguém que aqui consiga fazer uma sinopse de cabeça do Pagos a Dobrar ou do à Beira do Abismo é um Einstein, eh, eh!).

Para terminar, que tenho sessão de cinema e vou ver o filme (hoje não é noir, é The Visitor/O Visitante), queria referir uns quantos da tua lista, clássicos absolutos, que também adoraria passar aqui no cineclube (é uma questão de tempo!):

THE NIGHT OF THE HUNTER (atmosfera inigualável)
LES DIABOLIQUES (outro dos tais que só me lembro de que são umas cabr*as, mas tirando isso, lembro-me de muito pouco!)
KEY LARGO/PAIXÕES EM FÚRIA (grande drama, sufocante)
IN A LONELY PLACE (angustiante final)
KISS ME DEADLY (o melhor Mc Guffin de sempre!)
THE KILLERS (top três do noir, sem dúvida)

[paupau]

Já agora quais os são os cinco escolhidos?

Só para despachar a questão do Hitch em duas linhas, aquele que será o mais noir de todos será o Strangers on a Train. A personagem do Bruno funciona como um verdadeiro canto de sereia com a ideia da troca de assassínios. Se fosse gaja era uma femme fatale, o que vai em linha com as insinuações homoeróticas que são apontadas a este filme. Só a exitação e o gozo que a própria ideia lhe transmitem lembram logo algumas das personagens mais sádicas do género. De seguida o Shadow of a Doubt em que uma vez mais a queda do protagonista (neste caso literal mesmo) é provocada pela personagem feminina. Os outros parecem-me esticar um pouco a corda das fronteiras do género.

Vou aproveitar para relembrar um noir entre os noirs, que não se encontra na lista e que considero um dos essenciais, o Nightmare Alley do Edmund Goulding, com o Tyrone Power no papel principal. O que o faz ocupar um lugar cimeiro é o arco do ator principal. Raramente uma personagem do noir subiu tão alto, para de seguida enfrentar um destino quase pior do que a morte.
A trama passa-se num carnival (como o da série) em que uma dupla - O Power e a Joan Blondell - vigarizam os incautos e ingénuos com truques de adivinhação. Eles são bons no que fazem e chegam a tornar-se celebridades e tudo corre bem até descobrirem que não conseguem enganar toda a gente durante todo o tempo. O final é do mais depressivo que existe. Um dos pináculos do género.

Um mais mediano é o Shockproof, em que um agente de liberdade condicional se apaixona pela assassina. Recomendo porque o argumento é do Samuel Fuller e é realizado pelo Douglas Sirk (!!)

[Samwise]

Vou aproveitar para relembrar um noir entre os noirs, que não se encontra na lista e que considero um dos essenciais, o Nightmare Alley do Edmund Goulding, com o Tyrone Power no papel principal. O que o faz ocupar um lugar cimeiro é o arco do ator principal. Raramente uma personagem do noir subiu tão alto, para de seguida enfrentar um destino quase pior do que a morte.

A trama passa-se num carnival (como o da série) em que uma dupla - O Power e a Joan Blondell - vigarizam os incautos e ingénuos com truques de adivinhação. Eles são bons no que fazem e chegam a tornar-se celebridades e tudo corre bem até descobrirem que não conseguem enganar toda a gente durante todo o tempo. O final é do mais depressivo que existe. Um dos pináculos do género.

Vai já para a pilha.

Estou a ver um outro que não está na lista e que também é bastante citado dentro do género - o This Gun for Hire, de Frank Tuttle, que colocou Alan Ladd no mapa e contribuiu para a ascenção da Veronica Lake (Kim Basinger, anyone? )

---

Voltando às "super-produções" dentro do noir, eis alguns exemplos de investimentos avultados por parte dos grandes estúdios, com realizadores e actores de primeira linha:

The Maltese Falcon - 1941 - Warner Bros. Custou $375,000 e foi um sucesso de bilheteira, com 3 nomeações aos oscares.

Double Indemnity - 1944 - Paramount Pictures - Custou $980,000 e fez $5,000,000 nas bilheteiras . Foi um sucesso, com 7 nomeações aos oscares.

Laura - 1944 - 20th Century Fox - Custou $1,020,000. Foi um sucesso, com 5 nomeações aos oscares.

Mildred Pierce - 1945 Warner Bros. - Custou $1,453,000 e fez $5,638,000 nas salas. Grande sucesso, com 5 nomeações aos oscares.

The Postman Always Rings Twice - 1946 - Metro-Goldwyn-Mayer - Custou $1,683,000 e fez $5,086,000.

The Big Sleep - 1946 Warner Bros. - Gostava de saber quanto custou, mas fez $3,000,000 nas salas.

Crossfire - 1947 - RKO Radio Pictures - Custou $678,000 e gerou $1,270,000 de receits. Obteve 5 nomeações aos oscares.

Sweet Smell of Success - 1957 - Hill-Hecht-Lancaster Productions - Custou $3,400,000 e foi um flop nas bilheteiras.

[Gaspar Garção]

Já agora quais os são os cinco escolhidos?

Só para despachar a questão do Hitch em duas linhas, aquele que será o mais noir de todos será o Strangers on a Train. A personagem do Bruno funciona como um verdadeiro canto de sereia com a ideia da troca de assassínios. Se fosse gaja era uma femme fatale, o que vai em linha com as insinuações homoeróticas que são apontadas a este filme. Só a exitação e o gozo que a própria ideia lhe transmitem lembram logo algumas das personagens mais sádicas do género. De seguida o Shadow of a Doubt em que uma vez mais a queda do protagonista (neste caso literal mesmo) é provocada pela personagem feminina. Os outros parecem-me esticar um pouco a corda das fronteiras do género.

Vou aproveitar para relembrar um noir entre os noirs, que não se encontra na lista e que considero um dos essenciais, o Nightmare Alley do Edmund Goulding, com o Tyrone Power no papel principal. O que o faz ocupar um lugar cimeiro é o arco do ator principal. Raramente uma personagem do noir subiu tão alto, para de seguida enfrentar um destino quase pior do que a morte.
A trama passa-se num carnival (como o da série) em que uma dupla - O Power e a Joan Blondell - vigarizam os incautos e ingénuos com truques de adivinhação. Eles são bons no que fazem e chegam a tornar-se celebridades e tudo corre bem até descobrirem que não conseguem enganar toda a gente durante todo o tempo. O final é do mais depressivo que existe. Um dos pináculos do género.

Um mais mediano é o Shockproof, em que um agente de liberdade condicional se apaixona pela assassina. Recomendo porque o argumento é do Samuel Fuller e é realizado pelo Douglas Sirk (!!)

Os cinco escolhidos, Paupau, são:

HIS GIRL FRIDAY
CITIZEN KANE
THE BIG CARNIVAL
ALL THE PRESIDENT'S MEN
STATE OF PLAY (talvez o menos consensual, mas gostei muito do filme, e além disso vai-me permitir dizer algumas coisas que quero, falando no anti-herói, no papel da mulher, nas relações com o poder, etc.)

O Kane escolhi-o um pouco mais por "peer pressure", ou seja, iam-me logo perguntar na defesa porque não o escolhi, assim pronto, já está, mas não lhe vou dar um grande destaque (é um grande filme, só demasiado "grande" para a minha tese!).

Depois ficam alguns só falados ao de leve, mas que eu gostaria de analisar melhor:

NETWORK
SHATTERED GLAS
GOOD NIGHT AND GOOD LUCK
FROST/NIXON
SWEET SMELL OF SUCCESS
IT HAPPENED ONE NIGHT
THE KILLING FIELDS
THE YEAR OF LIVING DANGEROUSLY
THE PELICAN BRIEF
SALVADOR
TRUE CRIME
THE GIRL WITH THE DRAGON TATOO


Ou seja, filmes de qualidade e que me permitiriam gizar umas jogadas interessantes sobre o tema, mas tive que escolher, e que fosse uma escolha equilibrada, não só com "maus" jornalistas, e principalmente sobre a imprensa escrita, e em termos cronológicos, dos anos 30/40 até agora.

Sugestões aceitam-se e pagam-se! :)

Em relação ao Hitch, concordo absolutamente contigo, o Strangers não me veio mesmo á mente, mas é um clássico (e um belíssimo livro), e até o facto de ser passado quase todo à noite, e num estado de suspense psicológico, com personagens na linha ténue entre o Bem e o Mal, o leva para o noir.

E como dizes, há muitos bocados de filmes que têm influências do noir, no Rope, no Frezy (que grande filme!), no Vertigo, no Saboteur, etc.

[Lorde X]

Para quem gosta dos Film Noir, este livro é obrigatório:



Tem 206 páginas e compila as frases mais marcantes não só de filmes noir clássicos, mas também de neo-noir.

Está muito completo! É um prazer lê-lo e, em simultâneo, ir relembrando muitos dos nossos filmes preferidos. Por outro lado, já mais do que uma vez fui pesquisar um filme, depois de a minha curiosidade ter ficado espicaçada com o que nele li.

[Samwise]

Ou seja, filmes de qualidade e que me permitiriam gizar umas jogadas interessantes sobre o tema, mas tive que escolher, e que fosse uma escolha equilibrada, não só com "maus" jornalistas, e principalmente sobre a imprensa escrita, e em termos cronológicos, dos anos 30/40 até agora.

Sugestões aceitam-se e pagam-se! :)

Dentro do território noir, tens pelo menos a "trilogia temática" do Lang sobre o jornalismo:

The first installment of Lang's "newspaper noir" movie trio — with While the City Sleeps and Beyond a Reasonable Doubt (both 1956) — The Blue Gardenia offers a somewhat negative look at newspaper coverage of a sensational murder case.

Destes, ainda só vi o Beyond a Reasonable Doubt, e achei razoável/bom, mas funciona mais como uma denúncia contra os perigos da pena de morte (com um twist pelo meio) do que como um filme sobre os malefícios da manipulação de informação.

Mais recentes, e fora do noir, tens o excelente The Insider - O Informador (Michael Mann) e o mediano The Ides of March - Os Idos de Março (G. Clooney, que fez muito melhor no Good Night and Good Luck)

[nimzabo]

https://www.google.com/search?q=noir+mo ... ies+poster

[waltsouza]

Eu tive há uns tempos uma ideia para esta seção de cinema que deve encaixar que nem uma luva para este tópico do cinema noir (como outros do género ou de épocas semelhantes). Era escolher filmes da década de 20 do século passado para a frente em "Public Domain", e a minha responsabilidade seria trazer toda a documentação histórica do filme, para além de proporcionar a sua visualização direta (link de Youtube ou outros). Ainda se devem conseguir encontrar uns quantos filmes noir em "public domain". Mas quem diz noir, diz gangster, legal dramas, Mob films, Heist ou Capper films, Mystery films enfim, felizmente dentro dos filmes policiais/criminais existem muitos sub-géneros.

[Samwise]

Para quem gosta dos Film Noir, este livro é obrigatório:

Tem 206 páginas e compila as frases mais marcantes não só de filmes noir clássicos, mas também de neo-noir.

Está muito completo! É um prazer lê-lo e, em simultâneo, ir relembrando muitos dos nossos filmes preferidos. Por outro lado, já mais do que uma vez fui pesquisar um filme, depois de a minha curiosidade ter ficado espicaçada com o que nele li.

Não conhecia, mas fiquei interessado. Vou ver se encomendo. (já agora, a citação que dá o nome ao livro vem daqui)

Dos livros sobre noir em que peguei recentemente, há uma edição da Taschen traduzida para português que se encontra por aí facilmente (pelo menos penso que ainda se encontra bem) - esta aqui. Longe de ser exaustiva, é no entanto uma óptima introdução ao género, com textos bastante informativos e uma infinidade de imagens de encher o olho.

Depois, recomendo também aos amantes do género o Encyclopedia of Film Noir, muito mais completo e exaustivo, com artigos de opinião mais extensos e com uma boa dose de investigação histórica a sustentar. Como é uma enciclopédia, tem depois entradas para os principais nomes de escritores, argumentistas, directores de fotografia, realizadores e estrelas do meio. Não tem muitas imagens, mas os textos são do melhor. Este é cinco estrelas.

Finalmente, e pegando na sugestão dos posters do Ninzabo, comprei na FNAC há uns meses atrás o The Art of Noir, um compêndio sobre os posters que promoveram algumas centenas de títulos (trezentos e tal, segundo a contracapa) que invadiram os cinemas americanos nas décadas 40 e 50. A capa que mostra no site da FNAC curiosamente é do filme que o Paupau sugeriu mais acima (o Nightmare Alley), mas a capa do meu traz um poster do The Big Sleep. Logo à noite coloco umas fotos para ficarem com uma ideia do aspecto absolutamente delicioso deste livro.

[Samwise]

Eu tive há uns tempos uma ideia para esta seção de cinema que deve encaixar que nem uma luva para este tópico do cinema noir (como outros do género ou de épocas semelhantes). Era escolher filmes da década de 20 do século passado para a frente em "Public Domain", e a minha responsabilidade seria trazer toda a documentação histórica do filme, para além de proporcionar a sua visualização direta (link de Youtube ou outros). Ainda se devem conseguir encontrar uns quantos filmes noir em "public domain". Mas quem diz noir, diz gangster, legal dramas, Mob films, Heist ou Capper films, Mystery films enfim, felizmente dentro dos filmes policiais/criminais existem muitos sub-géneros.

Walt, parece-me uma óptima ideia. Sem pesquisar muito, dei com este site que aparentemente tem alguns noir que estão em public domain. Ainda não fui investigar se de facto é verdade que estejam, mas dados os títulos, não me parece situação descabida.

[Samwise]

Só para ficarem com uma ideia. Pelas fotos não dá para ter a noção exacta, mas o livro é grandito, não só em número de páginas (cerca de 300), mas em tamanho de página - ocupa algures entre um A4 e um A3.

[Gaspar Garção]

Ou seja, filmes de qualidade e que me permitiriam gizar umas jogadas interessantes sobre o tema, mas tive que escolher, e que fosse uma escolha equilibrada, não só com "maus" jornalistas, e principalmente sobre a imprensa escrita, e em termos cronológicos, dos anos 30/40 até agora.

Sugestões aceitam-se e pagam-se! :)

Dentro do território noir, tens pelo menos a "trilogia temática" do Lang sobre o jornalismo:

The first installment of Lang's "newspaper noir" movie trio — with While the City Sleeps and Beyond a Reasonable Doubt (both 1956) — The Blue Gardenia offers a somewhat negative look at newspaper coverage of a sensational murder case.

Destes, ainda só vi o Beyond a Reasonable Doubt, e achei razoável/bom, mas funciona mais como uma denúncia contra os perigos da pena de morte (com um twist pelo meio) do que como um filme sobre os malefícios da manipulação de informação.

Mais recentes, e fora do noir, tens o excelente The Insider - O Informador (Michael Mann) e o mediano The Ides of March - Os Idos de Março (G. Clooney, que fez muito melhor no Good Night and Good Luck)

Sam, estou a ver que ainda tenho de te dar um ou dois pontos da nota final. :)

Os três que falas do Lang, tinha-os gravados em VHS, mas já os vi há muitos anos, e não me recordo bem deles, terei de os rever, mesmo que não seja para a tese (o Fritz Lang é um dos meus realizadores favoritos, mudo, na Alemanha, drama, a cores, FC, policial, de pernas para o ar...Vi dezenas de filmes dele e sou um grande admirador, e aqueles filmes com o grande Edward G. Robinson, são geniais, The Women In the Window, Scarlet Street...)..

O Insider já está guardadinho em fotocópias, vou falar dele a propósito das diferença entre o cinema e a realidade: ou seja, houve queixas da parte dos protagonistas da história real, que o Mann adulterou um pouco os factos, e a minha tese (entre aspas) neste ponto, é que são linguagens diferentes, e que é inevitável haver mudanças, alguma distorção e até mesmo contradição entre o que se passou na realidade e o que se vê no ecrã...

É um tema porreiro, não é? :)

Ides of March gostei mesmo muito, e vou comprá-lo agora com o Público, na colecção PSH, só o vou mencionar de passagem, porque já tinha muitos exemplos de jornalistas "maus" e manipuladores, mas ando com uma vontade enorme de o rever!!!

[paupau]

Sobre jornalistas, o Park Row do Samuel Fuller e muito bom. O Sam julgo julgo que comecou como ardina, por isso e profissional da poda.

Tambem escreveu o argumento do Power of the Press, este mais mediano mas vale a pena mesmo assim.