Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
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Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick

Se «Dr. Strangelove» é a sátira bélica por excelência, e se «Nascido para Matar» pode ser vista como uma das melhores e mais duras críticas cinematográficas à guerra do Vietname, «Horizontes de Glória» é mais um filme ímpar de Stanley "realizador dos 7 ofícios" Kubrick, por não ser nem uma coisa nem outra. Surgiu antes dessas duas outras obras primas e foi a obra que primeiramente definiu o cineasta como um dos nomes mais sonantes do panorama cinematográfico da sua época. Sendo anti-guerra, o filme não chega ao ponto de ridicularizar todo o sistema militar e político que envolve os conflitos armados e devastadores à escala mundial, como no caso do "homem que decidiu amar a bomba", nem decide atacar ferozmente todo um sistema que visa preparar soldados para uma guerra que não conseguem entender, como no caso de «Full Metal Jacket». Menos histérico e menos violento (pelo menos fisicamente), «Horizontes de Glória» torna-se aos nossos olhos num filme de guerra contra a guerra, mas que marca a sua posição de forma mais suave, utilizando uma ímpar delicadeza narrativa e uma história onde a ambição, a reputação e os interesses das elites do exército põem em causa a vida de três soldados inocentes, mas que têm como única culpa o facto de não serem os maiores adeptos da guerra em que estão a combater, e que serão injustamente acusados de covardia perante um tribunal militar para satisfazer as necessidades de um dos grandes chefes daquela área de batalha. «Horizontes de Glória» é um filme americano, sobre o lado francês na Primeira Guerra Mundial (mais precisamente, durante o ano de 1916), e que é mais um testemunho brilhante da mente tão criativa e extraordinária de um dos maiores realizadores de sempre. Kubrick soube abordar cada assunto de várias perspetivas, e aqui encontramos uma visão mais triste e profunda do que a dos seus outros filmes "bélicos", não sendo tão gráfico ou complexo. É na simplicidade de uma situação tão banal como é a relatada no filme que encontramos o pior do Homem e o destino cruel dos fracos sobre os seus superiores, que nada querem saber daqueles que estão a controlar. Mas no meio da vulgaridade, sobressai o Coronel Dax (interpretado por Kirk Douglas - que regressaria, três anos depois, às mãos imaginativas de Kubrick com o dispendioso épico «Spartacus»), que tenta mudar a situação e salvar os três homens que parecem ter os dias contados. Dax pretende defender os soldados em julgamento, o que lhe poderá arruinar toda a sua carreira no exército, por causa do General que não quer desistir do seu desejo cego e livre de preocupações cívicas e morais. Num ambiente onde um pode prejudicar milhares (utilizando o seu poder), e acompanhado por cenas extraordinárias dentro do trágico cenário do combate armado, «Horizontes de Glória» fala da capacidade que a hierarquia do poder e do status possuem para influenciar todo um sistema e as pessoas que dele dependem. Num mundo onde "os grandes comem os pequenos" (estas palavras do Padre António Vieira nunca estiveram tão atuais), haverá espaço para marcar a diferença?
Filmado num luxuoso preto e branco e construído com uma fotografia sensacional, que dá ao filme muito do seu "charme" único, «Horizontes de Glória» pode também ser visto como um filme existencial, que nos inquieta em relação às grandes questões da Humanidade (e não ao existencialismo de Sartre, Camus e companhia). É a primeira grande obra kubrickiana, onde vemos nascerem muitos dos temas e das preocupações que o realizador voltaria a filmar nas suas obras primas posteriores tão ricas e diversificadas, aqui inseridos na temática da fita com grande inteligência e originalidade. São poucos os filmes de guerra que nos podem perturbar tanto como este, que não é dos mais longos (tem pouco mais de oitenta minutos) nem dos mais "épicos" ou cinematograficamente gigantes. E tanto pode ser falado em inglês como poderia ter sido gravado noutra língua qualquer: a qualidade humana e tão universal que «Horizontes de Glória» abrange todas as culturas e estilos de vida. Quem não quer ver a injustiça ser combatida? Existe alguma alminha cinéfila que anseia por um mundo cada vez mais demagogo e "logicamente" bizarro, onde os bons não triunfam e o mal prevalece sempre? Devemos pensar que nunca haverá espaço para a inteligência tocar nalguma mente superior, fazendo com que esta se perceba que há coisas impossivelmente impossíveis de serem concretizadas, mesmo que vão contra os interesses dessa pessoa? Dax é o exemplo do homem leal a si próprio e aos seus valores, que não hesita em agir sempre que pode em prol dos que precisam dentro da hierarquia militar. Para ele, a injustiça é mais preocupante do que a submissão aos seus superiores, e a sua atitude é admirável. Kubrick filma-o não numa perspetiva de heroicidade, e coloca-o sim numa espécie de "pequenez" junto dos grandes que, no fim de contas, não possuem nenhuma grandeza (a não ser o número de "crachás" que têm estampados nas fardas oficiais). Ninguém é enaltecido em «Horizontes de Glória». Só os valores defendidos pelas personagens e a forma como a guerra estraga as vidas daquelas pessoas. O filme questiona a existência de humanidade e humildade em tempos de conflito de uma maneira fascinante, quando a justiça não abunda nos tempos mais difíceis e onde tudo parece estar na base de cumprir cegamente um conjunto de estranhas e insensatas ordens, provenientes de estrategas de guerra que mal sabem os prejuízos do seu controlo descontrolado, e é com eles que vemos o papel do poder e o que o seu uso condiciona neste clima de tensão e de constante preocupação. Sendo um filme mais experimental de Kubrick na técnica, «Horizontes de Glória» não deixa de ser uma peça cinematográfica espetacular e, por isso, é mais uma das grandes obras do cineasta, onde a crítica ao ser humano prevalece sobre a crítica à guerra através do exemplo deste coronel idealista, que ousa enfrentar o sistema que o "criou" profissionalmente. Mais do que na guerra, era essencial que esta postura humana e verdadeira se mantivesse em todos os parâmetros da vida social.
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Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
O wikipedia francês (que inclui links dos acontecimentos históricos em que o filme é semi-baseado) é uma mina de ouro.
Estou muito interessado em ver este filme e escrever uma crítica.
O que me chamou a atenção, não foi o escândalo da podridão das atrocidades cometidas pelo exército francês, que já seriam espectáveis, mas sim o "cover-up" na década de 1950, em que o governo de França recorre a canais oficiais diplomáticos para bloquear o filme, com truques sujos, não apenas em França, mas também interferiu com a política externa da Bélgica. Para mim isso foi muito pior do que a atitude de uma ditadura como Espanha, que apenas censurou o filme.
Ou seja, as atrocidades do exército francês na década de 1910 são uma coisa, mas o governo francês da década de 1950, comportar-se igual ou pior que as ditaduras de Portugal e Espanha da época, é algo muito mais vergonhoso.
Fotografia histórica do general Géraud Réveilhac, que cometeu as atrocidades e crimes contra a humanidade, nas quais o filme se baseia. Foto tirada em 1915:

Le général Réveilhac remettant la Médaille militaire au soldat Derrien qui sauva la vie d'un officier
(publié dans la revue Le Pays de France, no 27, 22 avril 1915).
Atenção que ainda não vi o filme, mas estou muito curioso em ver o que causou terror ao governo da república francesa, para proibir o filme em 1958, utilizando tácticas de ditaduras.
Estou muito interessado em ver este filme e escrever uma crítica.
O que me chamou a atenção, não foi o escândalo da podridão das atrocidades cometidas pelo exército francês, que já seriam espectáveis, mas sim o "cover-up" na década de 1950, em que o governo de França recorre a canais oficiais diplomáticos para bloquear o filme, com truques sujos, não apenas em França, mas também interferiu com a política externa da Bélgica. Para mim isso foi muito pior do que a atitude de uma ditadura como Espanha, que apenas censurou o filme.
Ou seja, as atrocidades do exército francês na década de 1910 são uma coisa, mas o governo francês da década de 1950, comportar-se igual ou pior que as ditaduras de Portugal e Espanha da época, é algo muito mais vergonhoso.
Fotografia histórica do general Géraud Réveilhac, que cometeu as atrocidades e crimes contra a humanidade, nas quais o filme se baseia. Foto tirada em 1915:

Le général Réveilhac remettant la Médaille militaire au soldat Derrien qui sauva la vie d'un officier
(publié dans la revue Le Pays de France, no 27, 22 avril 1915).
Atenção que ainda não vi o filme, mas estou muito curioso em ver o que causou terror ao governo da república francesa, para proibir o filme em 1958, utilizando tácticas de ditaduras.
Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
Não sabia dessa história de censura José! Mas acho que o filme não "merecia" tanto...
Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
Provavelmente a cobardia e a subverviencia mostradas pelos generais do filme fizessem lembrar o entao recente regime Vichy, e agitasse alguns sentimentos pos WWII, mas so pesquisando realmente. O filme tem uma forte componente de questionamento da autoridade e qualquer regime nao aprecia isso.
CC - 174 MoC - 73 BFI - 21
Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
Eu vi ontem e adorei! E um filme tao emocionalmente poderoso e honesto, pois Kubrick nao se resguarda de mostrar a vulnerabildiade dos homens, e tendo em conta a altura em que o filme foi feito penso que foi bastante avançado nesse aspeto.
O unico "defeito" que tenho a apontar e na cena da batalha: parecia que os homens caiam do nada, sem se ver balas ou sangue. Mas como havia muito fumo na zona ate pode passar
E confesso que nao percebi muito bem a reaçao dos soldados a cançao alema no final...
O unico "defeito" que tenho a apontar e na cena da batalha: parecia que os homens caiam do nada, sem se ver balas ou sangue. Mas como havia muito fumo na zona ate pode passar

E confesso que nao percebi muito bem a reaçao dos soldados a cançao alema no final...
Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
É um bom filme, sem dúvidas, mas está longe de ser um grande filme na carreira de Kubrick.
É claro que ele nunca fez um filme mau ou razoável, como é o caso de Spielberg também, mas este filme é claramente inferior ao que Kubrick foi capaz de fazer a seguir. Aliás, este filme e os filmes de que ele fez na década de 50 foram o "laboratório" do que iria fazer a seguir sem dúvidas.
É um bom filme mas está muito longe de ser um filme perfeito.
6/10
É claro que ele nunca fez um filme mau ou razoável, como é o caso de Spielberg também, mas este filme é claramente inferior ao que Kubrick foi capaz de fazer a seguir. Aliás, este filme e os filmes de que ele fez na década de 50 foram o "laboratório" do que iria fazer a seguir sem dúvidas.
É um bom filme mas está muito longe de ser um filme perfeito.
6/10
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Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
Ja eu acho este dos melhores, juntamente com o Shining e o Clockwork Orange (dos 6 que vi dele).Ludovico wrote:É um bom filme, sem dúvidas, mas está longe de ser um grande filme na carreira de Kubrick.
É claro que ele nunca fez um filme mau ou razoável, como é o caso de Spielberg também, mas este filme é claramente inferior ao que Kubrick foi capaz de fazer a seguir. Aliás, este filme e os filmes de que ele fez na década de 50 foram o "laboratório" do que iria fazer a seguir sem dúvidas.
É um bom filme mas está muito longe de ser um filme perfeito.
6/10
Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
É para mim um dos melhores do Kubrick, e o primeiro filme em que ele se estabeleceu como autor no literal sentido da palavra. É um dos filmes mais arrasadores sobre a Guerra.
Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
Também o considero como uma grande obra, e bem melhor do que o outro filme de guerra, o Full Metal Jacket. Este último cada vez mais me parecem duas metades de dois filmes diferentes muito mal marteladas. A última vez que o vi, desliguei mal acabou a parte da recruta. Nunca apreciei a segunda metade da mesma forma.
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Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
Pois, para mim, é ao contráriopaupau wrote:Também o considero como uma grande obra, e bem melhor do que o outro filme de guerra, o Full Metal Jacket. Este último cada vez mais me parecem duas metades de dois filmes diferentes muito mal marteladas. A última vez que o vi, desliguei mal acabou a parte da recruta. Nunca apreciei a segunda metade da mesma forma.

Toda a primeira parte de "Nascido para Matar" põe num canto todo o "Horizontes da Glória".
Mas numa coisa concordo, a segunda metade do "Nascido para Matar" apesar de ser magnifica é algo que Platoon fez muito melhor na mesma temática.
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Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
Concordo contigo!paupau wrote:Também o considero como uma grande obra, e bem melhor do que o outro filme de guerra, o Full Metal Jacket. Este último cada vez mais me parecem duas metades de dois filmes diferentes muito mal marteladas. A última vez que o vi, desliguei mal acabou a parte da recruta. Nunca apreciei a segunda metade da mesma forma.
A 2ª parte para mim não tem qualquer interesse.
Mas a 1ª parte marcou-me, numa época em que eu ainda não sabia se iria conseguir escapar do Serviço Militar Obrigatório. A 1ª parte desse Full Metal Jacket era puro filme de terror
Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
O "Platoon" é o melhor filme que jamais foi feito sobre a guerra do Vietnam.Mas numa coisa concordo, a segunda metade do "Nascido para Matar" apesar de ser magnifica é algo que Platoon fez muito melhor na mesma temática.
Mesmo considerando o "The Deer Hunter" mais profundo, e o "Apocalipse Now" mais intenso, nenhum dos dois consegue superar a grande dose de realismo que Oliver Stone incutiu no filme.
Este "Paths of Glory" foi dos poucos do Kubrick que ainda não vi.
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
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Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
Só uma nota...
A minha concordãncia com o Paupau, é só acerca do Nascido Para Matar, porque este "Paths of Glory" ainda não tive oportunidade de ver. Mas quero muito vê-lo, quadno estiver com o estado de espírito certo.
A questão que o THX levanta acerca de "filmes de Vietnam", que era um género muito popular na miudagem quando eu tinha 10-15 anos, merece um tópico dedicado. Por exemplo eu lembro-me de chegar à escola C+S e no intervalo falar do gore do último "filme de vietnam" que aluguei, e vir logo outro puto interromper a dizer que viu uma cena "mais fixe" em que o chuck Norris espeta um lança-granadas dentro do estômato de um vietcong, dispara, e com o impacto o soldado cai do 1º andar com a granada armada embebida dentro do estômago a segundos de detonar.
Trata-de de outra classe de "filmes de vietnam", esse "puto" referia-se ao "Desaparecido em Combate III" que eu ainda não tinha visto, ele também é membro do DVD Mania, embora também já tenha mais um quarto de século de idade em cima, e não páre por cá muito.
Mais tarde se calhar envio-lhe um email para ele vir aqui espreitar o meu comentário e rir-se.
Na altura nós achávamos que filmes estilo Platoon eram filmes para senhoras e velhotes, muito aborrecidos em que não se passava nada...
O que a malta queria eram porcarias séries B cliché direct-to-video.

A minha concordãncia com o Paupau, é só acerca do Nascido Para Matar, porque este "Paths of Glory" ainda não tive oportunidade de ver. Mas quero muito vê-lo, quadno estiver com o estado de espírito certo.
A questão que o THX levanta acerca de "filmes de Vietnam", que era um género muito popular na miudagem quando eu tinha 10-15 anos, merece um tópico dedicado. Por exemplo eu lembro-me de chegar à escola C+S e no intervalo falar do gore do último "filme de vietnam" que aluguei, e vir logo outro puto interromper a dizer que viu uma cena "mais fixe" em que o chuck Norris espeta um lança-granadas dentro do estômato de um vietcong, dispara, e com o impacto o soldado cai do 1º andar com a granada armada embebida dentro do estômago a segundos de detonar.
Trata-de de outra classe de "filmes de vietnam", esse "puto" referia-se ao "Desaparecido em Combate III" que eu ainda não tinha visto, ele também é membro do DVD Mania, embora também já tenha mais um quarto de século de idade em cima, e não páre por cá muito.


Na altura nós achávamos que filmes estilo Platoon eram filmes para senhoras e velhotes, muito aborrecidos em que não se passava nada...




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Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
(1ª parte da minha análise)
Cinema de intervenção

Jean-Julien Chapelant (1891-1914). Soldado francês ferido com uma bala na perna, fuzilado enquanto amarrado à sua maca, que foi atada a uma macieira, pelo crime de se render aos alemães. Um dos casos verídicos em que este filme se baseou. (https://fr.wikipedia.org/wiki/Jean-Julien_Chapelant)
Este excelente filme é bastante mais poderoso e inteligente do que aparenta ser à primeira vista. Fiz uma pesquisa sobre a história dos eventos, ocorridos durante "A Grande Guerra", suas ramificações até ao ano de 2012, com pedidos oficiais de desculpa e indemnizações aos familiares, pelas atrocidades e violações aos direitos humanos, cometidas por antigos governos de França. Aprendi também a razão do governo francês violar a liberdade de expressão e censurar o filme em 1957, recorrendo também a técnicas fascistas, para incitar protestos políticos subversivos na Bélgica, através de agentes infiltrados na sala de cinema. O desgraçado do Stanley Kubrick nem sonhava que estava a remexer o proverbial cocó de cão no passeio, cocó esse que por fora aparenta estar seco, mas não convém remexer a caca, porque o seu interior cheira muito mal.

René Coty. Presidente da França entre 1954-1959.
O que terá assustado tanto o regime francês em 1957?
Tentarei responder mais tarde...
Para já fiz um trailer muito bonito, mas antes de o verem quero explicar uma coisa. O filme utiliza uma canção alemã (bonita e triste) chamada "Der treue Husar", muito bem escolhida e que causa grande impacto emocional na cena do filme em que é usada. Para o meu trailer usei uma versão mais recente com idioma em italiano, alemão e inglês. Só por esta versão da canção, valerá a pena verem o meu pequeno (tem a duração da canção) trailer musical, que criei com muito gosto, enquanto uma homenagem que faço ao trabalho do Stanley Kubrick e às vítimas das violações dos direitos humanos.
Cinema de intervenção

Jean-Julien Chapelant (1891-1914). Soldado francês ferido com uma bala na perna, fuzilado enquanto amarrado à sua maca, que foi atada a uma macieira, pelo crime de se render aos alemães. Um dos casos verídicos em que este filme se baseou. (https://fr.wikipedia.org/wiki/Jean-Julien_Chapelant)
Este excelente filme é bastante mais poderoso e inteligente do que aparenta ser à primeira vista. Fiz uma pesquisa sobre a história dos eventos, ocorridos durante "A Grande Guerra", suas ramificações até ao ano de 2012, com pedidos oficiais de desculpa e indemnizações aos familiares, pelas atrocidades e violações aos direitos humanos, cometidas por antigos governos de França. Aprendi também a razão do governo francês violar a liberdade de expressão e censurar o filme em 1957, recorrendo também a técnicas fascistas, para incitar protestos políticos subversivos na Bélgica, através de agentes infiltrados na sala de cinema. O desgraçado do Stanley Kubrick nem sonhava que estava a remexer o proverbial cocó de cão no passeio, cocó esse que por fora aparenta estar seco, mas não convém remexer a caca, porque o seu interior cheira muito mal.

René Coty. Presidente da França entre 1954-1959.
O que terá assustado tanto o regime francês em 1957?
Tentarei responder mais tarde...
Para já fiz um trailer muito bonito, mas antes de o verem quero explicar uma coisa. O filme utiliza uma canção alemã (bonita e triste) chamada "Der treue Husar", muito bem escolhida e que causa grande impacto emocional na cena do filme em que é usada. Para o meu trailer usei uma versão mais recente com idioma em italiano, alemão e inglês. Só por esta versão da canção, valerá a pena verem o meu pequeno (tem a duração da canção) trailer musical, que criei com muito gosto, enquanto uma homenagem que faço ao trabalho do Stanley Kubrick e às vítimas das violações dos direitos humanos.
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Re: Paths of Glory (1957) - Stanley Kubrick
Se gostaram da música do meu trailer, aqui fica o tele-disco oficial.
Roma Amor "Der treue Husar" Official video
Como desabafo, chamo a atenção para o paralelismo entre o cinema e a música, no que diz respeito às técnicas vis do governo norte-americano de impôr a sua música e cinema sobre os outros povos (como o povo português), com recurso a esquemas sinistros do estilo o ex-presidente Obama ir à Coreia do Sul para obrigar os coitados dos sul-coreanos a mudarem as leis, para mostrarem mais cinema americano, em troca da continuação da protecção militar americana contra a Coreia do Norte e a tentativa do Acordo de Comércio Livre entre a UE e os EUA que procurava "foder" (perdoem-me a expressão) o cinema europeu, num acto de "bullying" pela super-potência militar dos EUA, contra o cinema europeu.
O resultado é que o povo português conhece bem a música e cinema dos EUA, mas conhece mal a música e cinema dos seus vizinhos da UE.
O meu comentário aqui é apenas um desabafo pessoal, mas preparem-se porque esta questão foi levantada pela imprensa francesa, a propósito do escândalo da censura deste filme do Stanley Kubrick. Os franceses em 1957 estavam com medo que isto fosse um filme americano da onda do actor racista xenófobo de extrema-direita, apoiante de genocídios, John Wayne. O Stanley Kubrick não era ainda conhecido e os franceses não sabiam que ele era um homem de bom carácter, por isso alguma imprensa francesa ficou alarmada com medo que o filme americano do Kubrick, fosse alguma xenofobia de estrema-direita do John Wayne ou imperialismo americano político contra os outros povos, também defendido pelo John Wayne.
Roma Amor "Der treue Husar" Official video
Não conheço a cantora italiana, mas isto foi feito para comemorar o centenário da entrada da Itália na "Grande Guerra".Roma Amor - Der Treue Husar
1915-2015 love lost on the Italian front
Directed by Arnaldo di Carrara III
video shot in the trenches of the Great War (The Cadorna Line) for the First World War Italian Centenary
This version of the song will be issued in Roma Amor forthcoming album "Una Torbida Estate"
Como desabafo, chamo a atenção para o paralelismo entre o cinema e a música, no que diz respeito às técnicas vis do governo norte-americano de impôr a sua música e cinema sobre os outros povos (como o povo português), com recurso a esquemas sinistros do estilo o ex-presidente Obama ir à Coreia do Sul para obrigar os coitados dos sul-coreanos a mudarem as leis, para mostrarem mais cinema americano, em troca da continuação da protecção militar americana contra a Coreia do Norte e a tentativa do Acordo de Comércio Livre entre a UE e os EUA que procurava "foder" (perdoem-me a expressão) o cinema europeu, num acto de "bullying" pela super-potência militar dos EUA, contra o cinema europeu.
O resultado é que o povo português conhece bem a música e cinema dos EUA, mas conhece mal a música e cinema dos seus vizinhos da UE.
O meu comentário aqui é apenas um desabafo pessoal, mas preparem-se porque esta questão foi levantada pela imprensa francesa, a propósito do escândalo da censura deste filme do Stanley Kubrick. Os franceses em 1957 estavam com medo que isto fosse um filme americano da onda do actor racista xenófobo de extrema-direita, apoiante de genocídios, John Wayne. O Stanley Kubrick não era ainda conhecido e os franceses não sabiam que ele era um homem de bom carácter, por isso alguma imprensa francesa ficou alarmada com medo que o filme americano do Kubrick, fosse alguma xenofobia de estrema-direita do John Wayne ou imperialismo americano político contra os outros povos, também defendido pelo John Wayne.
Por acaso planeio falar seriamente do John Wayne (pela sua ideologia que manchou a reputação do cinema americano) e do Stanley Kramer (por causa do seu filme de 1954 "The Caine Mutiny", obrigatório para entender a abordagem do Kubrick), na segunda parte da minha análise. Mas isto aqui foi apenas um desabafo pessoal e por isso não liguem muito.I believe in white supremacy, until the blacks are educated to a point of responsibility. I don't believe giving authority and positions of leadership and judgment to irresponsible people ... I don't feel we did wrong in taking this great country away from [the Native Americans] ... Our so-called stealing of this country from them was just a matter of survival. There were great numbers of people who needed new land, and the Indians were selfishly trying to keep it for themselves.
John Wayne.
https://en.wikipedia.org/wiki/John_Wayn ... ical_views