O Manuscrito de Saragoça* (1965) - Wojciech Has

Discussão de filmes; a arte pela arte.

Moderators: waltsouza, mansildv

Post Reply
JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa
O Manuscrito de Saragoça* (1965) - Wojciech Has

Post by JoséMiguel »

O Manuscrito de Saragoça* / Rękopis znaleziony w Saragossie

Image

Título original: Rękopis znaleziony w Saragossie
*Título português da edição brasileira do filme: O Manuscrito de Saragoça
Título português nacional do livro, em que o filme se baseia: O Manuscrito Encontrado em Saragoça
Data de lançamento: 9 de Fevereiro de 1965 (Polónia)
Realizador: Wojciech Has
Género(s): Mistério, Aventura, Histórico
Duração: 182 min
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0059643/
Wikipédia: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Sarago ... %28film%29


Sinopse:

Adaptação cinematográfica do clássico de literatura, publicado entre 1805 e 1815, por Jan Potocki, que engloba vários géneros literários (e cinematográficos), num conjunto de "histórias dentro de histórias" interligadas. A acção passa-se maioritariamente na Espanha do séc. XVIII. Tal como a boneca russa, que lá dentro tem uma segunda boneca mais pequena, e dentro dessa, uma outra ainda mais pequena, e assim sucessivamente, os contos do filme desdobram-se da mesma maneira. A obra que mais se aproxima do filme (e livro) será porventura As Mil e Uma Noites, obra pela qual o autor possuia grande interesse pessoal.

Trailer:




Curiosidades:

Image
Conde Jan Nepomucen Potocki (1761-1815) - Militar, etnólogo, egiptólogo, linguista e escritor polaco.

Image
Capa de edição polaca de 1847

Ilustrações do manuscrito (julgo que criadas para o filme):

Image

Image

Image

Image

Image

Image

Image
JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa
Re: O Manuscrito de Saragoça* (1965) - Wojciech Has

Post by JoséMiguel »

Obra prima do cinema e da literatura, fruto de uma grande mente racional de um homem do Iluminismo.

Image

Este filme é para todos, independentemente dos gosto cinéfilos. As críticas por pessoas de todo o mundo, tendem a ligar o complicómetro, e esquecem-se de referir que o filme tem uma lógica brilhante e formidável, apesar de eu ter desistido na primeira visualização, aos 25 minutos, pois julguei erradamente tratar-se de um filme da corrente pseudo-intelectual artística da Europa Ocidental. É urgente e essencial que eu esclareça esta questão, já que eu próprio is desistindo, e não li nenhuma crítica que me tranquilizasse.

Nos primeiros 25 minutos os actores apresentam um comportamento pouco credível e natural, porque estão a enganar o personagem principal e o tele-espectador, como parte de uma encenação montada por um Sheik da Tunísia, que viaja clandestinamente a Espanha, em busca do último descendente da sua linha de sangue real, o Capitão Afonso.

À medida que o enredo progride, e que se percebe esta encenação, já vemos os actores, todos, com excelente desempenho credível. Afinal isto é Cinema da Europa de Leste.

Image

Depois de ter ficado maravilhado com o filme, quis perceber que escritor polaco brilhante foi esse, e de que forma ele foi capaz de escrever, tão naturalmente, com conhecimento de causa, das culturas espanhola, moura e arábica, bem como da matemática e filosofia de ponta à época, e ainda o misticismo dos cabalistas.

Encontrei a explicação lógica no wikipedia, realmente só ele teria sido capaz de escrever este livro, e ganhei grande admiração pelo autor.

Image

O conde Jan Potocki, teve a sorte de nascer numa família nobre muito rica, o que lhe permitiu viajar pelo mundo. Ele foi um benfeitor na medida em que criou as primeiras prensas e casas de leitura gratuitas, para dar acesso literário ao povo. Escrevia e publicava relatos das suas viagens, à semelhança do Marco Pólo, e fazia pesquisas históricas das regiões, por onde passava, que depois publicava, como exemplo escreveu a História do Reino de Marrocos. As localidades espanholas genuínas descritas no livro e recriadas no filme, são lugares que ele conheceu.

Foi um homem que teve a sorte de nascer rico, mas pelo menos gozou bem a vida, foi conselheiro do Czar da Rússia, foi o primeiro polaco a voar de balão, mantinha contacto com sociedades secretas, viajou de Espanha à China, etc. Suicidou-se com um tiro na cabeça, doente com sífilis e depressão.

Fica a grande obra de ficção O Manuscrito encontrado em Saragoça, aqui na forma de filme, para encantar a posterioridade.

Image

A história do filme respeita as leis da física, e não é sobrenatural. Os elementos místicos baseiam-se em sociedades secretas que existiram na Europa, e que o autor conheceu, como essa tal história do Cabalismo, eu não sabia o que era e fui ler aqui no wikipédia:

http://en.wikipedia.org/wiki/Kabbalist

Sei que adorei uma discussão entre um matemático, a descrever o infinitamente grande e pequeno, e o tal cabalista, o filme captura muito bem o espírito do iluminismo.

Image

O escritor teve problemas e obstáculos à publicação do livro, devido ao erotismo, e foi acusado de libertinagem. Tal como o livro foi pioneiro no virar do século XVIII-XIX, também o filme assim foi, em 1965, numa altura em que o erotismo era proibido no cinema, em quase todos os países do mundo. Não é nada de especial nos tempos de hoje, lingerie e decotes sexys, mas historicamente correctos e elegantes, uma ou outra cena de topless, nada que justifique o uso do género erótico para este filme.

Image

O filme é todo ele, visualmente deslumbrante, e com uma reconstituição histórica de Espanha muito natural e impressionante, desde a pedra da calçada gasta, à cave em que se vê o pormenor dos pés a passarem na janela, lá fora, ao nível da rua. Acho que é o filme visualmente mais bonito e interessante que eu já vi até hoje.

Image

Como exemplo da beleza visual do filme, gosto muito da imagem seguinte, com destaque para o manuscrito ao centro, a biblioteca-laboratório do castelo espanhol do nobre cabalista ao fundo, à esquerda a actriz simplesmente lindíssima, e à direita o cabalista com o estilo espectacular de místico:

Image

Um filme excelente 10/10, que recomendo a toda a gente. salut-)

Image

Tive conhecimento deste filme, pelo blog do kosmikino, uma pessoa de Inglaterra que divulga Cinema de Leste, ele apresenta o filme como sendo o espírito do blog dele, e confesso que se a recomendação não tivesse sido dele, eu tinha-me ficado pelos primeiros 25 minutos. Recomendo o artigo dele acerca do filme, pois foi ao ler esse artigo, que tomei conhecimento do filme:

http://kosmikino.blogspot.co.uk/

(É o artigo mais antigo do Blog, de 7 de Novembro de 2012)

Image
JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa
Re: O Manuscrito de Saragoça* (1965) - Wojciech Has

Post by JoséMiguel »

Gostaria de partilhar e comentar, um excerto de 2 minutos, com legendas traduzidas por mim, em "bom português".

Esta é a minha cena favorita do filme, que combina o espírito científico do Renascimento com a poesia e arte da mesma era...

O ritmo e velocidade da conversa é muito elevado, de tal forma que com as legendas em inglês (que também carreguei) ainda se consegue acompanhar, mas com as legendas em português feitas por mim, fica difícil mesmo para o cinéfilo portuga altamente experiente em ler legendas depressa.

Traduzir este diálogo inteligente e sofisticado, para a nossa língua deu-me luta. Com a parte científica estou à vontade e até pensei em usar o código Alt 236, para representar o símbolo matemático do infinito, mas tal não seria apropriado na Espanha antiga, em que o cientista explica à donzela que o infinito é um 8 deitado na horizontal. A dificuldade foi literária e artística, pois esta cena combina Arte e Literatura com Ciência.

O meu vídeo (escolham legendas CC em PT-PT):




O actor que aqui protagoniza o cientista do Renascimento, é o mesmo que protagonizou o alcoólico no "Pętla". Também criei um clip com legendas em "bom português" desse filme, que podem ver aqui:

http://forum.dvdmania.org/viewtopic.php?f=11&t=47692

Este homem é um actor genial, que tanto faz de alcoólico como de cientista do iluminismo... salut-) yes-)
nimzabo
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 4933
Joined: July 16th, 2013, 9:16 pm
Re: O Manuscrito de Saragoça* (1965) - Wojciech Has

Post by nimzabo »

A obra que mais se aproxima do filme (e livro) será porventura As Mil e Uma Noites, obra pela qual o autor possuia grande interesse pessoal.
Não vi o filme mas li o livro e fez-me lembrar um bocado foi o D. Quixote.
Apesar das diferenças é um cavaleiro honrado e várias histórias de cavalaria, passado na Espanha.
As Mil e Uma Noites nunca li.
JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa
Re: O Manuscrito de Saragoça* (1965) - Wojciech Has

Post by JoséMiguel »

Image

Estive hoje a rever pela segunda vez esta magnífica obra-prima do Cinema e Literatura. Fiz também um trailer (dentro do que é possível com o AVIDEMUX, visto eu ainda não ter o Windows Movie Maker de volta), e tirei muitos screenshots novos (já sabem o que aconteceram às minhas imagens do Photobucket?).

Image

Mas antes de comentar o filme, venho "iluminar" os leitores do fórum com uma descoberta à Zé que eu fiz este verão de 2017, precisamente em Saragoça, cidade espanhola que dá o nome ao filme e livro. A minha "descoberta" é uma coincidência e brincadeira, que por (mero) acaso se torna pertinente para este filme polaco de 1965 muito avançado a nível de sensualidade e nudez (o cinema norte-americano era uma desgraça do 3º mundo, quando comparado com este filme).

Quando pernoitei na região de Saragoça, descobri o seguinte doce típico da região de Saragoça (que nunca vi à venda em Badajoz ou noutras províncias espanholas):

Image

Eu fiquei encantado com o design da caixa das "Maminhas de Freira" (Tetillas de Monja) e já tinha a carteira na mão para a comprar (custava 7 euros, um abuso de preço) e oferecer ao café do meu bairro em Lisboa, para me divertir com a reacção dos clientes ao verem esta caixa na prateleira.

Reparem que esta freira parece uma actriz porno dos anos 80, estilo Tracy Lords, e enquanto em Espanha a caixa está à venda na prateleira de um Hotel-Restaurante, provavelmente se eu a trouxesse para Portugal, o dono da tasca do meu bairro lisboeta teria vergonha de a por na prateleira, com medo de ofender alguma cliente (velhotas que vão comer torradas).

Só não comprei a caixa de tetas de freira, porque estava fora de validade (eu disse à moçoila espanhola que "queria mirar la fecha en el envase", e mesmo assim ela ainda me queria vender o doce artesanal fora de prazo). Eu ainda não desisti deste meu projecto de experiência social em observar a reacção dos portugueses e portuguesas mais retrógados e conservadores, a fazerem queixa de verem as Tetillas de Monja em exposição num café lisboeta... :twisted: :lol:

Image

A propósito, este filme polaco de 1965 também tem tetinhas ao léu. yes-) Eu sou um cinéfilo anti-censura moral-religiosa do Cinema e por isso o cinema do bloco soviético está aqui de parabéns com um thumbs up meu! yes-) salut-)

O meu trailer pode agora ser carregado no You Tube, mas eu não o faço porque "sou velho" e já estou traumatizado com os directores dos estúdios polacos TOR e KADR (expliquei isto com asneiras e palavrões, no meu último comentário no tópico do You Tube), até já anda a malta espanhola e russa a carregar versões completas do filme, com dobragem áudio em castelhano ou russo, no You Tube. Daqui a pouco alguém carrega lá a versão polaca original, com legenda inglesas (versão a ver igual à da Criterion Collection), aproveitando a estupidez da mudança de director geral idiota do estúdio polaco, que volta com a palavra atrás, destrói o meu antigo canal do You Tube, vende o copyright a um puto com negócio em casa, que depois foge sem pagar e deixa o filme sem copyright no You Tube...

Sendo assim carreguei o meu trailer no Vimeo:



Com tudo isto, fiquei sem tempo e energia para comentar o que achei do filme, na minha 2ª visualização... :-(
JoséMiguel
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3076
Joined: August 30th, 2011, 9:33 pm
Location: Lisboa
Re: O Manuscrito de Saragoça* (1965) - Wojciech Has

Post by JoséMiguel »

A minha opinião na 2ª visualização

Image

Ao contrário da primeira vez que vi este filme em 2013 (quando criei este tópico), em que estava muito atento a tentar encaixar as peças do puzzle desta grande obra secular de mistério, com mais de 200 anos; Agora revi-o mais descontraidamente para apreciação artística audiovisual, desta excelência cinematográfica de grande poesia para os sentidos.

Image

O resultado é que me perdi por completo, no acompanhamento do grandioso puzzle com histórias interligadas, pois o filme até é longo com uma duração de 3 horas, mas o ritmo e velocidade com que a história se desenrola, é vertiginoso para o intelecto do espectador, pelo que essa vertente só deverá ser apreciada por um cinéfilo, a um sábado de manhã, bem dormido e descansado, após estar bem desperto com o café matinal. Aliás foi assim a primeira vez que eu vi o filme.

Image

Quatro anos depois, fui rever o filme ao fim da tarde, enquanto petiscava uns queijos extremeños de sabor apurado, acompanhados por um bom vinho tinto Tempranillo de La Mancha (ando com a mania dos petiscos espanhóis), e assim já não consegui acompanhar bem a interligação entre as cenas em Eras diferentes.

Image

Mas adorei apreciar, de forma descontraída, o lado artístico da poesia áudio-visual desta grande obra do cinema polaco, sem estar em modo atento "Matrix"/"The Twilight Zone".

Considero esta obra prima um filme vertiginoso muito sui generis, que não permite a um homem espectador (o cérebro das mulheres é diferente, lá com o multi-tasking neuronal físico do cérebro delas, comprovado pela Biologia) apreciar os dois modos (artístico/poético vs. puzzle de lógica) em simultâneo. Se eu fico tão baralhado a encaixar as diferentes sub-histórias no todo, já não aprecio a beleza audiovisual poética desta grande obra de Cinema.

Image

Este é sem dúvida um filme único na História do Cinema, baseado num livro também único, na História da Literatura. Eu penso que toda a gente deverá ver este filme, pela sua originalidade, independentemente de gostarem ou não do conceito soviético de Cinema! Até o realizador americano Martin Scorcese, agora já velhote, dedicou-se a promover este filme, por motivos meramente pessoais.
In December 2011, filmmaker Martin Scorsese travelled to Poland to accept an honorary degree from The Polish National Film, Television and Theatre School in Lodz. During his stay in Poland, he met with Jedrzej Sablinski (a digital restoration expert, now DI Factory CEO), and discussed the digital restoration in Poland achieved within the KinoRP project. In the months following this visit, with the help of The Film Foundation executive director Margaret Bodde and The Digital Film Repository CEO Maciej Molewski (now with all DOTS), the idea of a North American tour of a series of restored Polish classics came together. From an extensive catalogue, Martin Scorsese chose twenty-one masterpieces.

Premiering in New York City at the Film Society of Lincoln Center on February the 5th, 2014, the series featured films from some of Poland's most accomplished and lauded filmmakers, spanning the period from 1957-1987. Each film has been brilliantly restored and digitally remastered to 2K resolution, and brought to the standards of DCP distribution. The program was created by Martin Scorsese's non-profit organisation The Film Foundation, organised in partnership with the National Audiovisual Institute of Poland, and with the support of the Ministry of Culture and National Heritage of the Republic of Poland, the Polish Film Institute as well as Kadr, Tor and Zebra film studios.


A história principal do filme envolve mouros expulsos de Espanha, por Decreto-Real, que foi uma combinação de Nazismo de extrema-direita, percursora do 3º Reich Alemão, com o Estalinismo Soviético. No entanto o conde Jan Potocki, quando escreveu isto em 1815 não poderia adivinhar os efeitos extremos dos nacionalismos e patriotismos no futuro século XX.

Para um homem do tempo dele, as barbaridades espanholas (e também portuguesas, em menor escala) da perseguição político-religiosa aos judeus e muçulmanos (não era compreensível o ateísmo, pelos "Powers that be" de então) eram coisas de um passado remoto e longínquo. Ainda assim ele não foge ao tema.

Nas diversas sub-histórias secundárias desta teia complexa de argumento, o filme mostra grande sabedoria e conhecimento de Espanha, e aborda o sistema dos banqueiros agiotas, sociedades secretas da maçonaria, comunidade cigana, prostitutas, assaltantes de estrada, religião, misticismo, matemática, e Física.

Sobre este último aspecto, a Física, detectei um problema no filme vs. livro. Eu vi o filme e não li o livro de 1815, enquanto o Nimzabo leu o livro e não viu o filme, e talvez mais tarde ele possa comentar o seguinte pormenor no clip abaixo, com legendas portuguesas escritas por mim:

O problema será detectável por qualquer rapazinho que tenha frequentado o 9º ano de escolaridade, e tenha estado atento às aulas de Físico-Química, no capítulo acerca da História do Átomo. Dica: Em 1815 o Mórmon religioso John Dalton ainda estava vivo, e a Teoria do Átomo desse gajo era o melhor que existia, durante a vida do escritor do Manuscrito de Saragoça.



Solução e resposta para o meu desafio:

O erro muitíssimo grave da equipa polaca do filme, foi querer abrilhantar a história do livro de 1815, com a conversa científica do meu clip acima, que é pura macacada e palhaçada, pois o matemático fala em átomos divisíveis, descoberta nunca feita no tempo de vida do autor do livro. Segundo o wikipedia e o meu livro de Físico-Química do 9º ano:

"Atoms were thought to be the smallest possible division of matter until 1897 when J.J. Thomson discovered the electron through his work on cathode rays.

Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Atomic_theory"

Isto é um erro grave e grosseiro dos cineastas polacos a tentarem abrilhantar a história do livro de 1815, mas eu sempre ouvi dizer que se "apanha mais depressa um mentiroso, do que um coxo". Não aceito esta estupidez e falta de competência da equipa polaca que fez o filme, pois o escritor de 1815 não poderia saber que o átomo era divisível.

Apesar desta macacada idiota, continuo a achar que este excelente filme merece 100% de classificação, pelo restante pioneirismo e qualidade. Eu confesso que em 2013, quando eu traduzi as legendas desta cena para português, nem reparei no erro científico. Só agora em 2017 reparei nisso... o-( :oops:

Este clip estava no meu antigo canal do You Tube, e recarreguei-o agora no Vimeo, enquanto escrevia este comentário.

Image

Uma coisa que eu acho incrível, é como os polacos de 1965, em plena guerra fria, conseguiram recriar tão bem a Espanha do antigamente, enquanto português e vizinho dos espanhóis, fico mesmo intrigado com a precisão do cinema polaco de 1965.

No screenshot abaixo está o perito polaco, que serviu de consultor histórico:

Image

Trata-se de um tal de Dr. Zdzisław Żygulski (os malabarismos que eu fiz para escrever o nome do homem com letras que não existem no meu teclado português: "ł" "Ż").

Eu julgo que qualquer português, enquanto vizinho de Espanha, saberá apreciar o rigor cinematográfico cultural de uma produção polaca da guerra fria, sobre Espanha. Só de pensar nas barbaridades de Hollywood e do exército de fãs que as defendem com o argumento "It's just a movie!, If you want realism, go watch a fucking documentary!" no IMDB, fico doente com os Homer Simpson's que comentam filmes no IMDB.

Enfim...

Um grande filme que recomendo mais uma vez... :-)

Isto é o "The Matrix" da literatura do século XIX, "I kid you not"! :p

Image

Post Reply