Qual foi o último filme que viram ?

[No Angel]

A Clockwork Orange – 10/10



É o quarto filme de Stanley Kubrick que vejo e é sem dúvida o melhor, seguido pelo 2001, e depois pelo The Shining e por fim pelo Eyes Wide Shut, que foram os únicos que vi dele. E é engraçado porque eu não estava nada à espera de gostar tanto deste filme, por ser tão perturbador e violento. Já há bastante tempo que o estava para ver mas fui adiando, porque não parecia o tipo de filme que fosse gostar. E no final, adorei. O ator principal é fantástico, não o conhecia mas fiquei fã dele. A cinematografia e cenários do filme são muito apelativos em termos visuais e extremamente interessantes. E depois a banda sonora é lindíssima. Ah, e claro, o guião foi muito bem escrito. Nota para o dialeto inventado utilizado no filme, mais um fator que torna este filme tão especial e inovador.

[Samwise]

Nota para o dialeto inventado utilizado no filme, mais um fator que torna este filme tão especial e inovador.

O dialecto "nadsat" foi utilizado no filme de forma muito limitada, mas foi inventado pelo escritor Anthony Burgess para o livro.

Para ficares com uma ideia, o início em inglês e em português (tradução de José Luandino Viera):

"What's it going to be then, eh?"

There was me, that is Alex, and my three droogs, that is Pete, Georgie, and Dim, Dim being really dim, and we sat in the Korova Milkbar making up our rassoodocks what to do with the evening, a flip dark chill winter bastard, though dry. The Korova Milkbar was a milk-plus mesto, and you may, O my brothers, have forgotten what these mestos were like, things changing so skorry these days and everybody very quick to forget, newspapers not being read much neither. Well, what they sold there was milk plus something else. They had no license for selling liquor, but there was no law yet against prodding some of the new veshches which they used to put into the old moloko, so you could peet it with vellocet or synthemesc or drencrom or one or two other veshches which would give you a nice quiet horrorshow, fifteen minutes admiring Bog And All His Holy Angels and Saints in your left shoe with lights bursting all over your mozg. Or you could peet milk with knives in it, as we used to say, and this would sharpen you up and make you ready for a bit of dirty twenty-to-one, and that was what we were peeting this evening I'm starting off the story with.

Our pockets were full of deng, so there was no real need, from the point of view of crasting any more pretty polly, to tolchock some old veck in an alley and viddy him swim in his blood while we counted the takings and divided by four, nor to do the ultra-violent on some shivering starry grey-haired ptitsa in a shop and go smecking off with the till's guts. But, as they say, money isn't everything.

«E Agora?»

Estava eu, eu quer dizer Alex, e os meus três drucos, quer dizer Pete, Georgie e o Tapado, totalmente tapado este último, sentados no milquebar Korova, puxando pela rassudoca sem saber que fazer da noite, uma sacana de noite negra de inverno, muito fria mas seca. O milquebar Korova era um desses mestos onde se tomava leite-e-etc., e talvez se tenham esquecido, irmãos, de como eram esses mestos, hoje em dias as coisas mudam muito escorre, toda a gente tem pressa em esquecer, já nem sequer se lêem os jornais. Bom, de qualquer modo, o que lá se vendia era leite com um cheirinho. Não tinham licença para bebidas alcoólicas, mas também não saíra nenhuma lei contra prodar novas vescas, dessas que se usam para misturar no velho molco. Podia-se, portanto, pitá-lo com velocetes ou sintemescla ou drencromol ou outra vesca qualquer e gozar em beleza quinze horroróicos e serenos minutos vendo Teos e Todos os Seus Santíssimos Santos no sapato esquerdo, ao mesmo tempo que toda a nossa mosga era uma explosão de luzes. Ou pitar leite-de-faca, como a gente dizia, e era a maneira de ficarmos afiados e prontos para uma limpezinha de vinte contra um. E isso era o que estávamos a pitar na noite em que a história começa.

Tínhamos os bolsos cheios de denque. Portanto, quanto a carcanhol, não havia necessidade nenhuma de atolchocar um velho veco qualquer num beco, videá-lo a nadar no próprio sangue e a gente a conferir a féria, dividir por quatro, nem de armar em extraduros com uma petiza trémula e estérrica de cabelos brancos, para sair depois da loja a desmecar com as tripas da caixa. Mas, como diz o outro, o dinheiro não é tudo.

[No Angel]

Obrigado. É interessante Samwise, já leste o romance?

Sabes que idade é suposto ter o Alex? Eu li na net que no romance eles dizem a idade dele, cerca de 15 no início. No entanto, no filme eles não explicitam isso, apesar de se poder deduzir que seja um adolescente pela referencia à escola. Enfim, o que eu te queria perguntar era com que idade se pode ser responsabilizado pelos nossos atos. Porque se ele tivesse 15 anos, não sei se teria idade suficiente para ser condenado. Mas posso estar enganado, e não sei como é que as coisas são em Inglaterra, muito menos nos anos 70.

[kubrick]

Eu ando há imenso tempo para ler, mas sou muito preguiçoso para ler.
É para mim um dos dez melhores filmes de todos os tempos!
Tenho um enorme postar emoldurado no meu quarto, tenho várias edições do filme...
Ando tentado para fazer um vídeo como os do Ricardo. Não como os do Cabeças, porque são demasiado profissionais, tem de facto muita classe.

Eu tenho a edição nacional em VHS, uma snapper britânica, uma caixa metálica de 2 discos (DVD, ed. Espanhola), em HD DVD de 2 discos (Ed. nacional), vou ter de arranjar a edição em "bolo rei".

E se tiver de fazer uma tatuagem, terá de ser algo assim...

[grayfox]

o livro vale sem duvida a pena, é para mim uma obra prima da literatura e é até curtinho, mas exige do leitor outro tipo de empenho devido á linguagem própria, que acabou por aumentar o meu prazer em le-lo. sendo livro e filme duas formas de arte completamente distintas, neste caso ambas mostram a genialidade dos respectivos autores: conhecendo vários livros em que o Kubrick se baseou para os seus filmes, este é para mim, aquele que apresentava já de raiz o trabalho mais genial, e também aquele em que Kubrick conseguiu de forma mais arrebatadoramente distinta traduzir para o cinema.

[PanterA]

8.2/10


Este não engana. Tem o dedo do Scorsese. Posso dizer que foi uma bela surpresa.
Conhecia o livro assim por alto, e já andava há algum tempo para ver aquilo que o Scorsese conseguia fazer com tanta polémica. O resultado foi deveras positivo. Uma história que sendo ficção, é contado de uma maneira convincente e adulta onde ainda nos leva a questionar por alguns detalhes da real história. Ainda assim, aquela 1º hora, teve uma narrativa demasiado lenta. Deu a sensação que aquilo que podiam contar em 5 contavam em 10 minutos.

O resto é aquilo que o conhecemos do realizador. Casting muito bom, interpretações ainda melhores, OST linda e tecnicamente irrepreensível.

[grayfox]

não achei nada a primeira hora lenta, acho que progrediu ao ritmo certo. não querendo entrar pelo lado polémico do filme até o achei muito convergente com o Novo Testamento apesar de mostrar um lado humano e pecador de Jesus.
em relação à OST também discordo de ti, não é nada atroz mas é um carimbo "anos 80" dos maiores que já vi em qualquer filme, sendo este filme relativo a 2000 anos atrás, ter uma OST do Peter Gabriel que data tanto quando foi feito é um desafio à suspensão de descrença.

[Samwise]

Obrigado. É interessante Samwise, já leste o romance?

Sim. Concordo na generalidade com o que o grayfox disse. Podes ler a minha apreciação aqui.

Sabes que idade é suposto ter o Alex? Eu li na net que no romance eles dizem a idade dele, cerca de 15 no início. No entanto, no filme eles não explicitam isso, apesar de se poder deduzir que seja um adolescente pela referencia à escola. Enfim, o que eu te queria perguntar era com que idade se pode ser responsabilizado pelos nossos atos. Porque se ele tivesse 15 anos, não sei se teria idade suficiente para ser condenado. Mas posso estar enganado, e não sei como é que as coisas são em Inglaterra, muito menos nos anos 70.

Não sei que idade tem (não me lembro se referem no livro ou não - o provável é não), mas o assunto da imputabilidade não tem qualquer importância para o caso, e nem qualquer necessidade de fidelidade em relação à realidade na Inglaterra desse tempo ou de qualquer outro tempo ou local. A universalidade e intemporalidade do tema e das questões que coloca está acima desses pormenores. (Xiiiii, tantos "ades" )

em relação à OST também discordo de ti, não é nada atroz mas é um carimbo "anos 80" dos maiores que já vi em qualquer filme, sendo este filme relativo a 2000 anos atrás, ter uma OST do Peter Gabriel que data tanto quando foi feito é um desafio à suspensão de descrença.

Há que copiar dos melhores...

Daqui:

The score of the film is eclectic, ranging from Johann Sebastian Bach (e.g. Mass in B Minor and St Matthew Passion) to Odetta ("Sometimes I Feel Like a Motherless Child") and the "Gloria" from the Congolese Missa Luba. The look of the characters is also eclectic and, in some cases, anachronistic, resembling artistic depictions of different eras (the costumes of the Roman soldiers and the Pharisees, for example, are influenced by Renaissance art, whereas Jesus has been likened to Byzantine art as well as the work of Expressionist artist Georges Rouault).

[grayfox]

não percebi a comparação com o filme do pasolini, sam, mas também ainda não vi esse filme.

[Samwise]

não percebi a comparação com o filme do pasolini, sam, mas também ainda não vi esse filme.

A banda sonora utiliza pelo Pasolini também é assim como que... anacrónica e avant-garde...

(nota: eu não gostei do filme nem da abordagem ao material)

[No Angel]

Obrigado. É interessante Samwise, já leste o romance?

Sim. Concordo na generalidade com o que o grayfox disse. Podes ler a minha apreciação aqui.

Sabes que idade é suposto ter o Alex? Eu li na net que no romance eles dizem a idade dele, cerca de 15 no início. No entanto, no filme eles não explicitam isso, apesar de se poder deduzir que seja um adolescente pela referencia à escola. Enfim, o que eu te queria perguntar era com que idade se pode ser responsabilizado pelos nossos atos. Porque se ele tivesse 15 anos, não sei se teria idade suficiente para ser condenado. Mas posso estar enganado, e não sei como é que as coisas são em Inglaterra, muito menos nos anos 70.

Não sei que idade tem (não me lembro se referem no livro ou não - o provável é não), mas o assunto da imputabilidade não tem qualquer importância para o caso, e nem qualquer necessidade de fidelidade em relação à realidade na Inglaterra desse tempo ou de qualquer outro tempo ou local. A universalidade e intemporalidade do tema e das questões que coloca está acima desses pormenores. (Xiiiii, tantos "ades" )

Já tive a ler o link que me indicaste, e fiquei bastante interessado no livro. Parece muito bom. Vou ver se o requesito na biblioteca.

Aqui diz a idade dele:
http://en.wikipedia.org/wiki/Alex_(A_Clockwork_Orange)

E achei interessante a questão da imputabilidade penal por isso é que perguntei. De qualquer forma, e pelo que eu vi aqui ele já teria atingido a maioridade penal, e essa questão já não se poria...

[PanterA]

não achei nada a primeira hora lenta, acho que progrediu ao ritmo certo. não querendo entrar pelo lado polémico do filme até o achei muito convergente com o Novo Testamento apesar de mostrar um lado humano e pecador de Jesus.
em relação à OST também discordo de ti, não é nada atroz mas é um carimbo "anos 80" dos maiores que já vi em qualquer filme, sendo este filme relativo a 2000 anos atrás, ter uma OST do Peter Gabriel que data tanto quando foi feito é um desafio à suspensão de descrença.

Começando pela OST, sinceramente achei-a bastante conseguida. Pode não ser nenhuma mastepiece, mas foi bem introduzida nas sequências do filme concordo ou não, com a sua produção para o estilo de filme em questão.
Lembro-me daquele momento em que o Jesus está a entrar no templo em cima do burro, e posso afirmar que fiquei completamente estupefacto com ela.

Relativamente á 1º hora ser lenta. Esse foi o sentimento que tive. Visto que era um filme de 2h40 é certo que tem que ter a sua quota parte de caracterização de personagens, espaços, etc etc etc mas caracterização essa que não apreciei de todo. A verdade é que isto de dizer que foi ou não lento, é muito subjectivo, a verdade, é que me senti aborrecido. Passado essa mesma hora, já não consegui desligar mais.

[Net_Holer]

The Hunger Games (2012)
http://www.imdb.com/title/tt1392170/


Aqui está um excelente exemplo do que uma boa dose de marketing aliado a uma quantidade enorme de fãs dos livros (digo desde já que os livros têm de ser muito bons, mas também não vou descobrir) podem fazer à opinião geral acerca de um filme.



É basicamente uma fórmula vista e revista, foi pegar em Battle Royal e filmes do género, adicionou-lhes o típico romance que dá milhões "à lá Crepusculo" e voilá. Embora a autora diga que teve a ideia para a saga ao fazer zapping pela TV e estar a dar num canal um reality show e noutro um documentário acerca de crianças que se matavam umas às outras (penso que em África), a mim ninguém me tira da ideia de onde veio o conceito.
O filme é claramente apontado para as massas jovens, os níveis de violência são baixos, muito ao contrário do que por aí se dizia (sim, tem mais violência que o Crepusculo...) e o argumento é bastante basico. O universo criado também deixou bastante a desejar.

O ponto positivo que consigo destacar no meio disto tudo é a actriz Jennifer Lawrence. Tem futuro (e presente! hehe).

Não é que seja um mau filme, é um filme de digestão leve que se "papa bem". Fico completamente fulo é com o hype criado em volta destas sagas e como isso influência a opinião geral, mesmo de quem não era fã das sagas (e digo isto porque a grande maioria das pessoas que vi a comentarem sobre o filme nos fóruns que frequento deram notas bastante altas, tipo "8" e "9").
Quando comecei a ouvir falar do filme, há uns 2 ou 3 meses, pensei para mim (e estava certo) "aí vem mais uma banhada à Crepusculo".
Fui vê-lo devido às várias opiniões positivas, conforme fui lendo estas coisas pelos fóruns comecei a mudar de ideias e baixei a minha defesa baseada em preconceitos, mas o meu pensamento inicial acabou por revelar-se certo.

PS: Não sei mesmo como vão conseguir fazer uma (ou duas) sequelas disto, mas já nada de admira.

Nota: 6/10 (quem der mais que isto, mesmo sendo fã, perde já toda a credibilidade que possa ter para aceitar sugestões para filmes )

[paupau]

Também vi A Última Tentação de Cristo há uns dias e achei umas das melhores adaptações da história que vi até hoje, muito por culpa do argumento, em quase todas as cenas mais famosas há pormenores que são abordados de forma diferente da maioria destes filmes. Jesus não é assumido por quem o ouve como o Messias, alguém digno de ser de ser seguido aos confins da Terra, mas sim como um humano mais, muitas vezes mal interpretado nas suas palavras, como o caso do Sermão da Montanha, que decorre de tal forma que só me apercebi do que era já depois de acabar a cena. Há o discurso inspirador que acaba por ser distorcido e acaba por dar em porrada e a multidão dispersa-se. Pior só na Vida de Brian.

E acaba por acontecer o mesmo em muitas outras cenas. A personagem é falível, é mais humana, por assim dizer, e muita da metragem é dedicada às tentações e das tentativas de fuga ao seu destino, como o fazer cruzes para os romanos, por exemplo. E mesmo o discurso é muitas vezes ligeiramente diferente, não tenho propriamente a Bíblia à cabeceira, mas dá para reconhecer pequenas nuances, que imagino devem vir do livro. Mas a polémica que rodeou o filme deve-se não diretamente a ideia da tentação, mas pelo visual que rodeia a cena final, que para os grupos mais fundsmentalistas devia soar a afronta. Mas hoje isso passou e resta um filme muito bom e tremendamente pessoal, algo difícil nesta história.

A OST em algumas partes é realmente o pior dos naos 80, mas normalmente resulta bem.

Revi também o Leopardo, magnífico, é o Tudo o Vento Levou italiano, o terminar de um modo de vida aristrocático devido a grandes mudanças na sociedade, neste caso a unificação do país no Resurgimento. Apenas o Leopardo previu a sua queda quando ouve o sobrinho afirmar que para tudo ficar na mesma, tudo deve mudar. Há que acomodar a vontade do povo de evolução para manter o poder. Estamos sem dúvida perante um épico, cenários, OST, guarda-roupa, e ainda temos a Claudia Cardinale mais bela do que nunca!

Encontro do André Téchiné

Este não apreciei por aí além, as personagens são extremamente brutas umas com as outras, melhora bastante quando uma personagem desaparece e entra o Jean Louis Trintigant, um Senhor!

As Praias de Agnés, de Agnés Varda

Este achei delicioso, é um falso documentário com a realizadora a contar a sua bio e filmografia, tudo misturado numa salgalhada que achei refrescante. Apesar de uma vida cheia e interessante ( China na Revolução Cultural, Cuba na Revolução, Panteras Negras, conviver com Jim Morrison ou Warhol, etc, etc...), como muito do filme mostra a relação com o marido Jacques Demy e clips dos filmes de ambos, convém ter algum contacto com a autora para apreciar completamente o filme.

[PanterA]

7.5/10


Diferente do que tenho visto do Polanski. E verdade seja dita, até que foi um bom ensaio da parte dele.
4 personagens que deram tudo em meia dúzia de metros quadrados, com as suas discussões paralelas. De realçar apenas os planos usados, que deram muito ênfase a cada cena.