Tinker Tailor Soldier Spy (2011) - Tomas Alfredson

[jimmy]

Um spy thriller com um grande elenco e bom aspecto. É a adaptação de um livro do John Le Carré , e já teve direito a uma série da bbc (com o alec guinness)

[Giribi]

Tem muito bom aspecto. Apesar de nunca ter lido nada do Le Carre é considerado um mestre do género o que é sempre uma boa fonte para os argumentistas.

[TrinityA]

Só um pequeno comentário (dado o adiantado da hora) para dizer que John le Carré é um dos meus escritores favoritos actualmente. E acho impressionante como alguém que personificou um estilo literário durante toda a guerra fria soube acompanhar as mudanças e escrever hoje em dia romances que mais uma vez reflectem exactamente os tempos que vivemos: desencantados, realistas, e cínicos no bom sentido. Consegue na minha opinião conjugar o prazer de uma escrita fluente e escorreita com uma cultura e uma vivência que não estão ao alcance de todos, por muita pesquisa que se faça.

[dracula]

Este romance é excelente e eu vi a mini-série na TV.
Bons tempos, outros tempos, quando a nossa televisão tinha alguns bons programas, transmissões directas, etc..
Quando vi o "Invictus" de Clint Eastwood lembrei-me muito bem (não foi há muito tempo) que vi alguns jogos da Taça do Mundo de Rugby de 1995, e até me lembro do Nelson Mandela com a camisola do capitão da África do Sul.
Na RTP, claro.
Agora é lixo.

[Pedro Pereira de Carvalho]

Espero com ansiedade este filme. A série de TV foi excelente com o saudoso Alec Guiness, mas o filme promete. Do realizador do Deixa-me Entrar e com um naipe de actores de luxo como Gary Oldman, John Hurt e Colin Firth.
As críticas dizem maravilhas. Vamos a ver!

[ruben]

Estreia hoje.



IMDB


Sinopse:

Durante a Guerra Fria, o agente secreto George Smiley é obrigado a sair da reforma para investigar a
possibilidade de haver uma "toupeira" – um agente soviético infiltrado no topo da hierarquia dos serviços secretos britânicos.

[Samwise]

Ainda ninguém foi ver isto?

Cheguei agora da sala e estou em estado de "WOW!!!"

Excelente filme de espionagem, excelente retrato dos bastidores da guerra /fria (anos 70) e excelente adaptação do livro (pelo menos até à parte que li). Mas fica o aviso: a progressão narrativa é lenta e a informação está bastante dispersa à conta de umas quantas sub-plots e de mais uns tantos personagens secundários (ainda estou a tentar encaixar algumas peças do puzzle), mas o resultado final foi colado com grande sentido de percepção e respeito pelo material. Pode não ser tão pormenorizado como o romance, mas o "cheiro" da escrita está lá todo, com o jogo de espelhos, dúvidas e ambiguidades a passar para o espectador como device narrativo, criando um clima tenso de mistério, paranoia e suspense que chega a ser claustrofóbico. O Alfredson está de parabéns, porque montar uma história destas no cinema sem perder o sentido da intriga não deve ser nada fácil. Nota mais para a criação do Gary Oldman, à cabeça de um elenco de estrelas que encaixam bem nos seus papéis.

Provavelmente o filme de ficção que mais gostei das fileiras de 2011. É um 9/10.

[Salgueiro]

Vi hoje à tarde e adorei.
É um grande filme de espionagem e uma excelente adaptação. Mais uma grande interpretação do Gary Oldman mas também gostei muito da interpretação do Tom Hardy e do Benedict Cumberbatch (série "Sherlock").
Tal como o Samwise disse não é tão pormenorizado como o livro mas acho que 2 horas também não dava para isso. A série da BBC com o Alec Guinness é muito mais pormenorizada. Aconselho a ver a série que é muito boa.

9/10

[Samwise]

A série da BBC com o Alec Guinness é muito mais pormenorizada. Aconselho a ver a série que é muito boa.

Tenho estado a ver. Segue o livro quase a par e passo, embora com a ordem de algumas sequências trocada. É um pouco mais enfadonha do que o filme, já que a intriga é muito parada, quase teatral e o tempo de duração anda perto das cinco horas. O peso do tempo nota-se e a série exibe à superfície os sinais da altura em que foi feita. Não que isto seja mau, é apenas uma constatação; já o filme, embora faça uma rigorosa reconstituição da época, sabe muito a moderno e a digital - o ambiente é completamente diferente e é muito interessante comparar também as coisas desta perspectiva, ver o que significa uma reconstitiução que parece realista (e esforça-se imenso para o conseguir), mas que depois difere tanto (mas tanto) de um produto "original" feito nessa altura.

Na série, fiquei agradavelmente surprendido com a relocalização da intriga de Hong-Kong (no livro) para Lisboa, e o segundo episódio é praticamente todo passado na nossa capital. É estranho ver a Lisboa dos anos 70 (pós 25 de Abril) retratada numa produção destas: mostram algumas zonas históricas como Alfama e o Bairro Alto, as casas de fado, os escritórios desse tempo, até se vê o estaleiro da Lisnave através de uma janela, e também a Serra da Arrábida e o convento de freiras aí localizado. Para a questão da "ameaça comunista" que o Circus combate, nada como ums "grafitis propagandisticos" que o PCP e o MRPP com tanto carinho pintaram nalgumas fachadas de prédios - sim, isto aparece na série!

[Salgueiro]

Não que isto seja mau, é apenas uma constatação; já o filme, embora faça uma rigorosa reconstituição da época, sabe muito a moderno e a digital - o ambiente é completamente diferente e é muito interessante comparar também as coisas desta perspectiva, ver o que significa uma reconstitiução que parece realista (e esforça-se imenso para o conseguir), mas que depois difere tanto (mas tanto) de um produto "original" feito nessa altura.

Também concordo. Há uma diferença muito grande entre o filme actual e série. Penso que isso também acontece com os filmes actuais da 2º guerra mundial que são diferentes dos filmes feitos nos anos 60 e 70. Neste aspecto podes comparar o "L'armée du crime"(2009) e o "L'armée des ombres"(1969) de Melville e muitos outros filmes. O "L'armée du crime"(2009) sabe muito a moderno e a digital tal como tu disseste em relação ao Tinker Tailor.

[Samwise]

Não vi o L'armée du crime, mas o outro deixou-me com um amargo na boca que ainda hoje não passou - e digo isto da forma mais abonatória possível, porque o Melville fez um excelente filme (de todos os que vi dele, ainda é o que mais gosto).

Quanto ao Tinker..., o que posso dizer que é que com esta "modernização" estética, o filme do Alfredson inventa todo um espaço (e uma forma de o captar) que acrescenta uma dimensão extra à narrativa. Este espaço, os seu recantos e "sabores" (que mudam conforme as localizações/nacionalidades), a forma como é filmado/"observado" (numa espécie de misé-em-scene que também "espia" em vez de se limitar a "sugerir"), e mais a representatividade conceptual das ideias (a forma como acolhem e espelham o que se passa no interior da mente das personagens e também o seu raciocínio), são inovações que nem o livro nem a adaptação para televisão sequer sonham. Acho que foi mesmo esta faceta que me fez gostar tanto do filme (ou melhor, foi o ingrediente que me fez gostar mais do que o "normal"). Só aquela sala/casulo de paredes forradas e com uma mesa vidro que reflete os bustos, onde os chefes se reúnem - algo que parece quase saído um filme de FC...

[Salgueiro]

Quanto ao Tinker..., o que posso dizer que é que com esta "modernização" estética, o filme do Alfredson inventa todo um espaço (e uma forma de o captar) que acrescenta uma dimensão extra à narrativa. Este espaço, os seu recantos e "sabores" (que mudam conforme as localizações/nacionalidades), a forma como é filmado/"observado" (numa espécie de misé-em-scene que também "espia" em vez de se limitar a "sugerir"), e mais a representatividade conceptual das ideias (a forma como acolhem e espelham o que se passa no interior da mente das personagens e também o seu raciocínio), são inovações que nem o livro nem a adaptação para televisão sequer sonham. Acho que foi mesmo esta faceta que me fez gostar tanto do filme (ou melhor, foi o ingrediente que me fez gostar mais do que o "normal"). Só aquela sala/casulo de paredes forradas e com uma mesa vidro que reflete os bustos, onde os chefes se reúnem - algo que parece quase saído um filme de FC...

Concordo com tudo.

[jimmy]

Todo o mérito para o Alfredson e o ambiente que ele cria no filme. As cores , a direcção dos actores , a musica , a edição , o desenrolar da história entre diferentes espaços...tudo no mesmo comprimento de onda. É um estilo que assenta maravilhosamente na paranoia nos bastidores da guerra fria. Precisamos de mais Carré em cinema com esta qualidade.

E um grande exemplo de optima utilização de cgi não instrusivo .

[Samwise]

Tenho estado a ler o livro e a acompanhar a par e passo com a série da BBC. Vou mais ou menos a meio e noto uma grande fidelidade da série em relação ao romance, a ponto de passar por vezes os mesmos diálogos, ipsis-verbis. Estou a gostar bastante mais de ler o livro desta feita, agora que já sei quem são as personagens e não me perco na infinidade de nomes, pormenores, relações e sobretudo motivações, e entre duas realidades temporais que às tantas são colocadas em "rolamento paralelo" pela mente do Smiley. O le Carré escreveu um livro bastante denso e minucioso, que é complicado para adaptar a cerca de duas horas de fita.

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Esse edifício do registo/arquivo que é mostrado no filme dos efeitos especiais serve para demonstrar como esta adaptação do Alfredson virou do avesso (com sucesso) a lógica toda do disposição do espaço em função do significado da (ocultação da) informação. Tanto no livro como na série, o espaço é estreito, apertado, desarrumado, cheio de divisórias e compartimentos, recantos e corredores "às curvas" onde não passam duas pessoas ao mesmo tempo, a fazer lembrar os gabinetes decrépitos de uma repartição pública que passou para lá do prazo de validade (o que corresponde grosso modo à verdade, afinal de contas). No filme, pelo contrário, reina a ideia de modernidade, de open-space interdepartamental e fachadas vidradas transparentes, de organização funcional, e embora isto possa parecer contra-producente enquanto conceito (tendo em conta o material que lhe está subjacente), na prática resulta em cheio - deixa de haver lugar para alguém se esconder ou ocultar o que quer que seja, está tudo sempre à mostra, mesmo entre edifícios. A sensação de suspense e claustrofobia passa por inteiro para a mente dos intervenientes, e para o modo como num espaço destes conseguem praticar o seu jogo de ocultações. Claro que depois há os gabinetes especiais que podem ser hermeticamente fechados ao exterior, que pertencem à chefias, e que parecem de vez em quando serem bolhas fechadas que o mundo "normal" não consegue penetrar, com tudo o que de bom e de mau a situação acarreta para quem lá está dentro - quando o verniz estala e não se sabe em quem confiar, o clima é de autêntica paranóia!

--- EDIT --- A cena em que o Tarr espia a chegada de Irina ao Hotel, dentro desta mesma lógica, faz lembrar a perspectiva de olhar do Hitchcock no Rear Window.

[Pedro Pereira de Carvalho]

Finalmente vi este filme adquirido em DVD naquelas promoções da Zon Leve 2 Pague 1.

O que posso dizer?
Brilhante pura e simplesmente.

Há quanto tempo não via um filme inteligente, mas envolvente, sem as típicas perseguições e explosões que parecem ser o dia a dia dos filmes de acção, sem piadas a distrair a atenção, sem sequer o casal de namorados que triunfa sobre tudo e todos.
Talvez a única coisa que me evita dar a nota máxima seja o facto de ser um filme a cores. Este filme pedia mesmo uma película a preto e branco - ou deverei dizer - em tons de cinzento como tudo o que se passa no filme.

Inteligente, não tenta dar tudo ao espectador - embora cheguemos lá aos poucos e poucos - e como diz numa entrevista o realizador sobre um comentário sobre o ritmo do filme - "É como ver neve a cair". Não sei até que ponto a geração dos tiros e acção conseguirá digerir este filme, mas para mim é uma obra de arte, algo para ser apreciado lentamente numa noite chuvosa ou quente, sem pressas ou atropelos, diria mesmo sozinho e solitário tal como George Smiley.

E o que dizer do elenco de luxo? Britânico até ao âmago, com os veteranos como John Hurt, Gary Oldman ou Colin Firth - para mencionar alguns mais sonantes, acompanhados pelas novas estrelas como Benedict Cumberbatch ou Tom Hardy.

O director Tomas Alfredson que já nos tinha trazido Deixa-me Entrar - "Låt den Rätte Komma In / Let The Right One In", consegue a proeza de reinventar algo que era icónico na brilhante série de TV com o mesmo nome, consegue em 2 horas fazer jus ao espírito do livro e da série de TV.
Gary Oldman com muito pouco diálogo consegue trazer vida nova ao personagem principal - George Smiley - e quase nos faz esquecer o mito que foi Alec Guiness no mesmo papel. Olhares, gestos, são os elementos deste actor para nos levar numa viagem ao interior da espionagem no período da Guerra Fria.

E para rematar o DVD traz ainda além do comentário áudio do actor principal e do realizador, uma curta série de fragmentos de entrevista com vários intervenientes, das quais destaco a com Colin Firth, uma mente absolutamente brilhante e certeira.

A quem não tenha visto este filme e que não se importa de ver um filme a um ritmo pausado e sem a pirotecnia habitual dos tempos de hoje, a minha recomendação é que não percam este DVD, até porque para quem não conheça a história pode ser necessário várias visualizações para apanhar todos os detalhes.