Qual foi o último filme que viram ?

[Samwise]

Eu revi a trilogia há poucos meses e penso que o 3 é um digníssimo sucessor que em nada envergonha os 2 primeiros. Sinceramente, não compreendo as críticas tecidas ao filme.

Penso que as principais críticas são devido à prestação da Sofia Coppola.

Lê a opinião do Darkphoenix, uns posts mais atrás, e volta cá para comentar...

[lud81]

Eu revi a trilogia há poucos meses e penso que o 3 é um digníssimo sucessor que em nada envergonha os 2 primeiros. Sinceramente, não compreendo as críticas tecidas ao filme.

Penso que as principais críticas são devido à prestação da Sofia Coppola.

Coisa que também não compreendo. Ouçam o comentário do Coppola ao filme e pode ser que o vejam com outros olhos.

[DarkPhoenix]

Palavra que se eu não tivesse mais nada que fazer senão martirizar-me, fazia uma crítica completa, cena por cena da aberração que é a parte 3.
Não somos todos iguais e temos sensibilidades diversas, isso está sempre na génese da apreciação individual.

Mas neste caso dou-me ao ao luxo de ser arrogante e prepotente ( desculpem, mas é mesmo assim ) ao ponto de não acreditar que alguém minimamente apreciador e conhecedor de cinema, alguém que tenha visto os três filmes de seguida em condições óptimas, possa achar que o terceiro é mais do que um filme humilhante para a saga, mercenário e involuntariamente ridículo e anedótico.

Os problemas na produção da parte III explicam parte do descalabro, mas exigia-se que Coppola não pensasse apenas nos $$$$ e respeitasse a sua própria obra bem como a memória do cinema.
O certo é que anos mais tarde, vários membros da equipa, desde o editor até ao Pacino vieram a público revelar o fracasso ( relativo, no sempre cuidadoso discurso de quem fez parte daquele circo ) do filme, em grande parte devido à alteração radical do argumento original, já que o Robert Duvall fincou ( e muito bem ) o pé aos gananciosos da Paramount, destruindo assim o que seria uma potencialmente grandiosa terceira parte.

Para quem não sabe, a ideia do Coppola na altura de se lançar ao terceiro filme, era fazer com que em cada capítulo da saga Godfather morresse um dos filhos de Vito Corleone.
Na terceira parte, iria ser o Tom Hagen, assassinado por um inimigo desconhecido durante as negociações com o Vaticano, que o próprio tinha proposto ao Michael.
Nada desta merda de Michael Corleone a procurar redenção....

É uma vergonha o que Mario Puzo e Coppola fizeram à sua criação original.

[rui sousa]

Les triplettes de Belleville

Hoje revi este filme. Gosto tanto deste como do mais recente deste realizador (Sylvain Chomet) , «L'illusioniste».

Em relação à questão de qual das duas películas é a melhor... Eu acho que os dois filmes têm características diferentes, que os fazem ter o mesmo nível de qualidade. O «Belleville rendez-vous» é uma grande história repleta de acção e com um humor extraordinário, em que ficamos a conhecer Madame Souza, o cão Bruno, e tantas outras personagens. O «Illusionniste» conta uma história mais simples, sobre a relação de um mágico à procura de público e de uma rapariguinha adolescente que encontra durante o seu percurso, com argumento de Jacques Tati, e com humor meio Tati meio Chomet. E que também me fez lembrar, em certa medida, o grande «Limelight - Luzes da Ribalta», de Charlie Chaplin
Quem gostou do «L'illusioniste» (ou mesmo quem não gostou), deveria ver este filme.

9/10

Como referi no tópico dedicado ao problema da legendagem do «L'illusioniste», o DVD das «Triplettes» é uma coisa de malucos! Na contracapa refere a existência de legendas. Na parte interior já diz que o filme, como não tem diálogos, não necessita de qualquer legenda. Depois no menu do DVD existe a opção de «legendas ON/OFF», que depois não existem no filme, mas sim nos variados extras, incluindo o trailer do filme, que está legendado. Enquanto que o «L'illusioniste» tem menos diálogos, este tem um pouco mais e alguns significam muito... Como por exemplo a última fala, que só no imdb é que consegui finalmente perceber o que é que o Champion, já velhinho, diz! Enfim...

[Samwise]

Mas neste caso dou-me ao ao luxo de ser arrogante e prepotente ( desculpem, mas é mesmo assim ) ao ponto de não acreditar que alguém minimamente apreciador e conhecedor de cinema, alguém que tenha visto os três filmes de seguida em condições óptimas, possa achar que o terceiro é mais do que um filme humilhante para a saga, mercenário e involuntariamente ridículo e anedótico.

Mas com avalias tu o que é alguém "minimamente apreciador e conhecedor de cinema"? Espero que não seja alguém que considere O Padrinho III uma M...

[DarkPhoenix]

Mas com avalias tu o que é alguém "minimamente apreciador e conhecedor de cinema"? Espero que não seja alguém que considere O Padrinho III uma M...

Já reconheci que a minha posição acerca da parte III corre o risco de ser radical, arrogante e prepotente, o que queres mais?
Não vou alimentar guerrinhas infantis...


E a Sofia Coppola não é mais do que uma vítima no meio desta trapalhada.
A Winona Ryder cancelou em cima da hora, e depois de todo o desgaste na pré-produção, o Francis Coppola deve ter pensado:
"Que se lixe, afinal isto já vai ser uma merda, e eu quero é dinheiro... vou enfiar aqui a Sofia!"

A culpa é do seu pai, que precisava de voltar a cair nas boas graças do estúdio, cedeu onde nunca deveria, e depois realizou desmotivado em piloto automático, qual tarefeiro mercenário.
Um realizador mais motivado poderia ter extraído muito mais da Sofia e camuflado as suas fragilidades com a devida técnica.
Pelo contrário, o Francis Coppola atirou a filha aos leões em planos idióticos, dignos do mais principiante dos principiantes, realçando a fraca capacidade de interpretação da Sofia e até os seus irritantes tiques labiais e ar de lesma mimada!

Com excelentes realizadores no comando, não há maus actores secundários ou figurantes, que arruinem os filmes ou a si próprios.


Outra vítima é o Andy Garcia, a interpretar uma personagem demasiado ridícula para ser verdade.
Promovido em pouco mais de uma hora, de simples bandido de rua a Don Vicenzo...
Ohh pá, mas alguém acredita nesta merda?!?!?!?

[lud81]

Nada desta merda de Michael Corleone a procurar redenção....

Eu até acho que essa merda resulta muito bem.

[Samwise]

Mas com avalias tu o que é alguém "minimamente apreciador e conhecedor de cinema"? Espero que não seja alguém que considere O Padrinho III uma M...

Não vou alimentar guerrinhas infantis...
Já reconheci que a minha posição acerca da parte III corre o risco de ser radical, arrogante e prepotente, o que queres mais?
Bom fim de semana.

Lamento, mas essa táctica não pega comigo - fazes um reconhecimento prévio dos defeitos de carácter e serves-te dele depois para não aceitares que alguém critique uma expressão tua (e aponte um raciocínio circular de que não há saída) sem levar a seguir com a ideia de estar a criar uma "guerrinha infantil" e com o teu amuanço. Isso, sim, é ser infantil. Se escreves as coisas da maneira que escreves e ainda por cima o admites, aprende também a aceitar críticas com frontalidade.

Outra coisa: eu não estou a criticar a tua posição em relação ao filme (apesar de não concordar minimamente com ela, como já disse em post anterior), estou a criticar a forma como tentas fazer passar a ideia de que quem não concorda com a tua posição não é nem apreciador nem conhecedor de cinema (como, claro, tu te auto-proclamas). Percebes a diferença? E não é só neste excerto que vejo escarrapachada essa ideia - é antes algo a que recorres frequentemente aqui pelo fórum para menorizar as opiniões dos outros (vou só ali ao tópico do HEAT buscar esta frase para exemplificar: "Não leves a mal, mas ainda tens muito que aprender acerca do cinema, nem tudo pode ser relativizado ao gosto individual na apreciação de uma arte."). Pois, é isso, nem tudo pode ser relativizado ao gosto individual na apreciação da arte, a não ser que o gosto seja o teu.

Gostava mesmo de saber como reagirias se alguém te respondesse desta forma à tua avaliação do Padrinho III. Ora deixa cá testar:

«AHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHHAAHAHAHAAH!!!!!!!!!!!!!!!!!

Desculpa, mas Coppola e "M..." não cabem na mesma frase.
Nem para ti, nem para o menino zezus...

Não leves a mal, mas ainda tens muito que aprender acerca do cinema, nem tudo pode ser relativizado ao gosto individual na apreciação de uma arte.
Como por exemplo, a técnica de um realizador, de um pintor ou de um músico.

Com o tempo, perceberás o quão distorcida foi essa classificação de um filme como o Padrinho III, que não sendo o "melhor do mundo" está a um universo ( e meio ) de distância de "M...".

É natural, todos crescemos e as opiniões connosco.
Seja como for, os meus parabéns pela infâmia! »

---

Pronto, usei as tuas próprias palavras, com algumas adaptações, a propósito de algo que disseste.

Tenta agora não ser infantil e responder decentemente (ie: sem amuanços, sem arrogâncias, e sobretudo sem ataques dirigidos apenas à pessoa que está aqui a escrever) a este comentário.

[DarkPhoenix]

Já vieste tarde.....

Samwise, eu já disse que não queria guerrinhas, mas lá foste tu em busca das minhas palavras, a tentar provar sei lá o quê....
São manobras que não considero dignas ( misturar tópicos e andar à caça das bruxas ), mas pronto, vou-te conceder esta audiência :


Tudo o que está aí nesse comentário ao "Heat", aplica-se na perfeição neste caso.

Há demasiados erros clamorosos no "Godfather part III" para que sejam desculpados pelo gosto individual.
Erros técnicos, má realização, má gestão de um orçamento, más interpretações, mau casting, mau argumento,....
Uma cena mal filmada é uma cena mal filmada, não há volta a dar...
Eu até posso dizer que gosto, mas isso não quer dizer que ela não seja uma cena mal filmada!

Isto está para além de gostos individuais, isto é a realidade que até vários membros da equipa têm vindo a reconhecer, que a terceira parte foi um filho que a dada altura se tornou indesejado.





PS:
...e agradeço que seja a última vez que teças juízos de valor acerca da minha pessoa, baseado no que tu depreendes dos meus posts.
Aprende por favor a limitares os teus comentários aos objectos das discussões e não aos intervenientes nas mesmas.
Psicologia de pacotilha não fica bem a ninguém, muito menos a um forista como tu que mostra algumas capacidades argumentativas e uma cultura cinéfila acima da média.
Tenho todo o gosto em discutir acerca de cinema, mas não venho para aqui ouvir tretas ou ser analisado/insultado.
Não queria que tu ingressasses a minha ( escassa ) ignore list, mas se tiver que ser não penso duas vezes.
Espero que estejamos entendidos.
Adiante.

[Samwise]

Já vieste tarde.....

Samwise, eu já disse que não queria guerrinhas, mas lá foste tu em busca das minhas palavras, a tentar provar sei lá o quê....
São manobras que não considero dignas ( misturar tópicos e andar à caça das bruxas ), mas pronto, vou-te conceder esta audiência :

Tudo o que está aí nesse comentário ao "Heat", aplica-se na perfeição neste caso.

Há demasiados erros clamorosos no "Godfather part III" para que sejam desculpados pelo gosto individual.
Erros técnicos, má realização, má gestão de um orçamento, más interpretações, mau casting, mau argumento,....
Uma cena mal filmada é uma cena mal filmada, não há volta a dar...
Eu até posso dizer que gosto, mas isso não quer dizer que ela não seja uma cena mal filmada!

Isto está para além de gostos individuais, isto é a realidade que até vários membros da equipa têm vindo a reconhecer, que a terceira parte foi um filho que a dada altura se tornou indesejado.

O resultado de não se ler e/ou perceber as coisas é este: uma resposta completamente ao lado. Admito que o erro de comunicação possa ter sido meu, pelo que desta vez vou explicar mais devagar.

O texto que começa com o "AHAHAHAHA..." tem duas ou três particularidades de que não te apercebeste:

1 - Não é meu, é teu. Fui buscá-lo ao tópico do Heat. É uma resposta tua (que não tem outra coisa lá dentro sem ser "ad hominem"s - o que acaba por ser hilariante face ao que me acusas depois de fazer no teu P.S - , isto para além de uma completa vacuidade argumentativa) a um post do Net_Holer, alguém com muito mais capacidade de aceitação do que tu, como poderás perceber se leres, com atenção, as palavras dele.
2 - Eu não usei esse texto para tecer uma crítica ao filme O Padrinho III, usei-o antes para tecer uma crítica à tua crítica do Padrinho III.
3 - Para o efeito que expliquei no ponto 2, substitui, no teu texto, o nome "Michael Mann" por "Coppola", e a expressão "bem medíocre" por "M...",
4 - Não te estava a pedir, pois, que repetisses resumidamente aquilo que já tinhas exposto anteriormente, com mais palha pelo meio, acerca do Padrinho III

Percebeste agora?

...e agradeço que seja a última vez que teças juízos de valor acerca da minha pessoa, baseado no que tu depreendes dos meus posts.
Aprende por favor a limitares os teus comentários aos objectos das discussões e não aos intervenientes nas mesmas.
Psicologia de pacotilha não fica bem a ninguém, muito menos a um forista como tu que mostra algumas capacidades argumentativas e uma cultura cinéfila acima da média.
Tenho todo o gosto em discutir acerca de cinema, mas não venho para aqui ouvir tretas ou ser analisado/insultado.
Não queria que tu ingressasses a minha ( escassa ) ignore list, mas se tiver que ser não penso duas vezes.
Espero que estejamos entendidos.
Adiante.

Tu pareces daquelas crianças a quem foi dado demasiado espaço durante demasiado tempo e quando alguém finalmente vem apontar erros se torna ainda mais birrenta e mimada e tenta inverter a situação fazendo-se de vítima ("Ai, estão-me a insultar..., Ai, estão-me a tecer juízos de valor..."). Não sei o que é que é pior, se o não te dares conta da forma infantil com reages quando alguém se te opõe de alguma maneira, se é "apenas" a falta de capacidade de encaixe. Porta-te com um adulto, pá!

Não queria que tu ingressasses a minha ( escassa ) ignore list, mas se tiver que ser não penso duas vezes.

Esta é muito boa. É do melhor. Não ouvia algo assim desde os meus tempos de pré-primária, seguramente. As palavras são outras, mas o conteúdo é igual: "se tu continuas a chamar-me nomes feios eu não te empresto mais os meus carrinhos". Para além da forma estrutural da expressão ser a mesma de uma situação de chantagem/ameaça ("se não fizeres X eu faço-te Y"), o melhor da ideia é mesmo o não teres ponderado devidamente a força do "castigo" envolvido. Entrar para uma "ignore list" que aparentemente mantens? Passar a ser ignorado por ti aqui no fórum? Mas onde é que isso é mau? Onde é que isso é mau para mim ou para qualquer outro forista que se veja em situação de poder vir a sofrer tamanho infortúnio?

O risco maior que corres com intervenções desta índole não é o de seres insultado ou o de veres os outros fazerem juízos de valor acerca da tua honorável personalidade, é antes o de seres fortemente gozado e de nem te aperceberes desse facto.

Por mim estamos perfeitamente entendidos.

[DarkPhoenix]

Estamos, sim senhor.
Continuas na mesma imbecilidade de levar esta discussão para o campo pessoal, porventura o maior vício de quem não sabe estar...
É uma pena para ti, mas eu não aturo canalha na vida real e muito menos num fórum da internet, onde participo porque quero.
Não vou perder nem mais um segundo com a tua imaturidade, fiz-te um aviso educado que optaste por desvirtuar e ridicularizar.
Sendo assim, volta lá para o recreio e não me aborreças mais com as tuas teorias ridículas, infelizes e degradantes.

[Samwise]

Dark, fiquei com a ideia de que me ias incluir numa "ignore list".

[Enigma]

Sinto-me à vontade para falar de Godfather III, muito porque Godfather é um dos meus filmes de sempre, e no geral é um mundo, uma trilogia, que me diz bastante.

Muito rapidamente: Godfather e Godfather II são um marco na história do Cinema. Aparecem na emergência do talento de Coppola, de um sucesso estrondoso de Puzo, nos ombros de um Brando e na revelação de um De Niro, e numa época onde levar a cabo uma produção daquelas era muito facilitada em determinados aspectos e contextualizável noutros. São talvez dos duas últimas verdadeiras produções "clássicas" do cinema americano.

Há que perceber que, naturalmente, perante o feito de conseguir uma obra-prima descomunal do primeiro filme e o ainda superior feito de conseguir uma sequela tão boa (ou em certos aspectos, melhor), que uma terceira parte da história seria sempre uma tarefa ingrata. A terceira parte arriscava-se sempre a ficar num patamar inferior (como acontece em muitas trilogias emblemáticas do Cinema), tal como ficam muitos outros (alguns também grandes) filmes, quando comparados com os dois primeiros filmes ou mesmo com a dita terceira parte.

Entre 1974 e 1990 passaram 15 anos, a novidade Mafia esbateu-se (andava um tal Pileggi nas bocas do mundo e estreava nesse mesmo ano um tal Goodfellas), sociedade/público evoluiu, o Cinema modernizou-se. A produção de Godfather III de qualquer forma já não aconteceria nem aconteceu nos mesmos termos dos anteriores, a que se junta, admita-se, problemas inesperados a nível do argumento, ainda que outros projectos já tenham passado pelo mesmo e mesmo assim tenham dado bons filmes. Apesar de várias coisas terem desde logo entortado o projecto Godfather III, junto-me aos que acham que mesmo assim o resultado final é um bom filme (obviamente inferior aos dois predecessores), que de alguma forma encerra o caminho do Michael Corleone.

Olho para Godfather III como a queda, desassombrada e sem tréguas, de um personagem que havia sido elevado a uma categoria mitica, quase sobrenatural do Mal, no final de Godfather II. Guess what, ele não era afinal um super-homem, completamente sem sentimentos, sem doenças, sem remorsos, sem pretensão à redenção. Sim, é um homem mau, mas não deixa de ser um homem. Ascendeu e caiu. Com estrondo. Como um mortal. De resto, como muitos mafiosos na realidade, que morrem sozinhos, mas em prisões reais. Tentou limpar a sua imagem, a imagem da familia, afastar parte de si (a sua filha) para longe de um mundo que destrói almas, mas não conseguiu. Com ferros matou e com ferros lhe tiraram o que mais amava na vida. Uma tragédia grega com personagens de carne e osso.

Para além de aproveitar boas deixas (por exemplo, a morte suspeita do Papa da época é um belo toque) acho a última meia hora do filme absolutamente formidável, e o que justamente mais se aproxima, em estilo formal, dos dois filmes anteriores, ainda que a reboque da montagem last vendetta do primeiro filme. O cenário da ópera é tão certeiro quanto de certa forma expectável. Aquela imagem do grito surdo de Michael (seguida do luto da Connie, decalcando o mesmo gesto da personagem da ópera momentos antes) é um dos planos mais emblemáticos do cinema americano contemporâneo.

Claro, também algumas falhas. Não acho que o problema seja o Vincent, porque acho-o a representação perfeita do "novo mafioso", menos classe, o sangue bastardo, que simbolicamente interrompe a linhagem Corleone (as únicas raizes são do Sonny, a quem o Vito nunca augurou um bom Don). Altobello é a personificação do declinio da velha Mafia. Zasa é um vilão menor, mais um "alcoviteiro". Resta a personagem da Mary, que considero de facto, a grande falha do filme, devido a um evidente erro de casting (também vi algures as explicações de Coppola, mas lembro-me de não ter ficado convencido), porque não credibiliza a sua relação com o Vincent e arruina grande parte das interacções e empatia que é suposto criar com as restantes personagens... e com o público.

[DarkPhoenix]

Percebo as tuas razões, mas eu não consigo ser condescendente quando o objecto em causa faz parte do meu rol de paixões.

E acho que foi precisamente essa condescendência que arruinou a parte III, a ideia de que mesmo após tantos revezes na pré-produção, seria respeitável embarcar numa conclusão pouco digna para a série Godfather.

O Coppola bem tenta tapar o sol com a peneira, que o Michael Corleone é um homem diferente no terceiro filme, blá, blá...
Mas simplesmente, não cola Francis...
O fosso é demasiado largo, não existe uma ligação plausível entre a segunda e terceira partes.
No making-of até se nota que o Pacino nem percebe bem quem é este novo Michael que o Coppola pretende.
É embaraçoso...

Aliás o embaraço é uma constante, logo na primeira cena da festa se nota que algo está errado.
Onde está a riqueza da produção que imortalizou as cenas de festa na abertura dos capítulos anteriores?
Nítidos problemas ao nível do orçamento, ali expostos logo nos primeiros minutos.
Mas já houve dinheiro para o capricho ( interminável ) que foi a cena da ópera...

E eu encontro um sem fim de cenas risíveis, com deixas mal afinadas, imperdoáveis nódoas num projecto que todos queríamos digno.
A já clássica ( por ser tão ridícula ): "When I thought I was out, they pull me back in!"..... lol
Pá, é mau demais, o verdadeiro Michael Corleone nunca diria tal coisa e muito menos daquela forma.

Antes, a cena no gabinete entre o Vincent e o Zasa é demasiado infeliz, forçada...
Desde quando é que o Michael poderia permitir semelhante comportamento a um bastardo?

E o papel inconsequente da Bridget Fonda, mas o que é isto? Tacho?

...até o guarda-roupa da Connie é enervante, tão forçada é a intenção de a caracterizar como a matrona da família...
Hey, mas não é preciso andar vestida como uma personagem de uma ópera, nós já percebemos que as mulheres Italianas são sempre o derradeiro suporte das famílias.

Tanto mais haveria para dizer, podia estar aqui o dia todo...

Este é daqueles filmes que seria muito interessante revermos em grupo, analisá-lo cena a cena.
Visto que o rol de opiniões é tão variado, valeria bem a troca de ideias!

Será que não existe aí pelos youtubes um "Godfather, Part III best of ( so bad it's good )" ?
Poupava-me trabalho...


E cá está um que já me fez rir meia dúzia de vezes e ainda nem cheguei a meio:



"I say we hit back and take Zasa OUT!" - diz o burro do Vincent numa reunião de cozinha ( lá fora, troveja, ohhh que subtileza... ) em que participa a Connie ( sim, uma mulher numa reunião de negócios da família........ ) ... mas quem é que escreveu isto?
Atente-se no ridículo vestuário da Connie ( e respectiva franjinha ), depois a arrumar os pratos...

[Enigma]

Eu não acho que Coppola quer passar a ideia que Michael é um homem diferente, mas sim, mostra que Michael, com a morte a aproximar-se (a eterna busca do "pelo que serei recordado?") procura mudar alguns aspectos, mais pela familia, mais pela filha, procura a redenção embora fique claro que a maldição omnipresente, mais tarde ou mais cedo, vai reclamar com juros as decisões escabrosas que Michael tomou no passado.

E por acaso acho a relação entre Michael e a irmã bastante interessante ao longo dos 3 filmes. A forma como é a noção familiar, os remorsos pela morte de Fredo, a lealdade, a submissão tudo conjuga para que, velhos e sozinhos, o casal de irmãos esteja mais unido que nunca, de tal forma que Connie reste como das únicas pessoas em quem Michael ainda confia, e que, percebamos, sem Vincent e com a morte de Michael, certamente tomaria ela as rédeas da familia (Vito não permitia discussão de negócios á mesa, mas não há "lei" que impeça a mulher de presenciar/aguentar a liderança da familia se for caso disso - na lógica dos maridos que vão para a guerra e até porque na tradição italiana/latina/mafiosa a figura da matriarca é muitissimo respeitada).

De resto, atravessa todo um filme uma (para mim) notável sensação de declinio, descrença, de modo irónico, já que a história colateral (mesmo que martelada na pré-produção) é feita através dos meandros da Igreja (fazendo ponte, basta recordar, mais uma vez, a icónica cena final do primeiro filme onde o baptismo do afilhado de Michael coincide com a série de assassinatos por si orquestrados).

Desse modo, insiro a sequência da confissão de Michael num rol de memoráveis cenas, a juntar ao massacre do jantar (não está no youtube) - num inimigo que não é visivel, apenas ouvido, pelo helicoptero - e ao final que já referi, que, não elevando aos calcanhares do dois primeiros filmes, mantêm Godfather III como um registo filmico acima da média (falta a parte da ópera antes, e ignore-se os melosos subtitulos iniciais):