Star Trek (2009) - J.J. Abrams
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Concordo que muito deste tipo de cinema tem sido impregnado com comic reliefs que às vezes surgem em momentos totalmente desapropriados.
Pessoalmente não sou grande adepto de ficção científica e nunca vi nada de BSG. Do pouco que vi do Star Trek, a ideia com que fiquei foi que também aí já havia um certo humor por lá, os fãs que me corrijam, que lhe dava uma certa leveza (por favor não interpretem mal isto da leveza), i.e., menos "seriedade".
Quanto à riqueza audio-visual do filme... Bem, era expectável... Algum abuso? Talvez... Mas a mim não me incomodou (but then again, posso ser eu que tenho standards demasiado baixos).
Pessoalmente não sou grande adepto de ficção científica e nunca vi nada de BSG. Do pouco que vi do Star Trek, a ideia com que fiquei foi que também aí já havia um certo humor por lá, os fãs que me corrijam, que lhe dava uma certa leveza (por favor não interpretem mal isto da leveza), i.e., menos "seriedade".
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
You should! Arrisco até dizer que te vais tornar fã de ficção científica, mas certamente com outros parâmetros.brainX wrote:Pessoalmente não sou grande adepto de ficção científica e nunca vi nada de BSG.
Pois, não sei porque também não conheço. Mas lá está, um momento menos sério aqui e ali não tem nada de errado. Aliás é precisamente esse o propósito de um comic relief - ser um relief! Veja-se o Lost, que também os tem, mas quando é suposto e sem qualquer deterimento para a seriedade do todo. Agora, quando se transforma um filme (que suponho se queira levar a sério) numa quase comédia de Domingo à tarde, não há paciência que lhe valha!brainX wrote:Do pouco que vi do Star Trek, a ideia com que fiquei foi que também aí já havia um certo humor por lá, os fãs que me corrijam, que lhe dava uma certa leveza (por favor não interpretem mal isto da leveza), i.e., menos "seriedade".
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Eu podia dizer a mesma coisa sobre o universo Apple, mas creio que alguém provavelmente me viria logo elucidar sobre como eu estou erradoDyingSun wrote:Desconheço praticamente o universo Star Trek, por isso desculpem-me os fãs, mas acho que sofrem todos de uma qualquer ilusão comum.

DyingSun wrote:Este filme é um vazio absoluto de conteúdo, um exemplo do pior que se faz em Hollywood. Efeitos especiais fantásticos a servir um argumento nulo em que há um comic relief a cada 30 segundos. Isto não era suposto ser sério? Ou sou eu que tenho a fasquia demasiado alta depois de Battlestar Galactica?
Eu nunca consegui ver uma série de "Star Trek" completa mas vi todos os filmes, e tenho uma certa ideia do que é a força motriz deste universo, dada a ausência (exceptuando em "Deep Space Nine") daquilo que é actualmente designado por "mitologia" (que começou com "The X-Files"): a relação e entrosamento entre os personagens. De todos os filmes é aquele que mais se centra nos seus personagens (daí eu achar que a maior falha do filme é precisamente a pouca presença do vilão, porque o foco é a formação das relações entre os membros da Enterprise). E não achei que abusasse do "comic relief": a única situação declarada é entre o Kirk e o McCoy, quando ambos entram a bordo da Enterprise. Tudo o resto deriva do choque entre o carácter peculiar dos personagens. Quanto ao "isto não é suposto ser sério", bem... quem já viu os filmes da tripulação original, sabe que o humor está sempre presente (veja-se "Star Trek IV - The Voyage Home"). Esse é o problema de estar a comparar com "Battlestar Galactica", que acho injusto. São duas visões bem distintas de futuro e que desenvolvem caminhos igualmente diferentes. Um lida com um futuro utópico, o outro é o cúmulo da depressão (no bom sentido, atenção). Percebe-se onde é que um deles procura desenvolver um pouco de sentido de humor. E mesmo assim, notam-se certos paralelos com a série original (uma por óbvias limitações orçamentais, a outra por opção), que é também a força maior do filme: os personagens. Em "Battlestar Galactica", não há gadgets futuristas nem nenhum Deus Ex Machina que vai salvar o universo ao fim do dia. Em certa medida, vejo algo do mesmo neste filme (com as óbvias excepções, naturalmente): a tecnologia de ponta é marginal aos personagens, apesar de a terem à sua disposição, um dos planetas principais do universo Trekkie foi destruído, a mãe de um dos personagens morre e, sobretudo, o "status quo" que se conhecia não foi restabelecido. Eu atrevo-me a dizer que se há comparação justa é com os filmes da trilogia original de "Star Wars", porque estes desenvolvem a história a partir dos personagens (ao contrário das prequelas, onde é a história que movimenta os personagens) e da sua interacção. E como isto é, na sua essência, um "reboot", percebe-se que haja maior empenho em voltar a reintroduzir os personagens, dando-lhes primazia, do que atirá-los logo para uma super aventura espacial.DyingSun wrote:Cumpre o quê? Acho que simplesmente muitas pessoas estão querer ver um grande filme onde ele pura e simplesmente não existe. Demasiadas expectativas a precisar de uma qualquer forma de compensação, I'd say...
Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Argaroth01 wrote:Eu podia dizer a mesma coisa sobre o universo Apple, mas creio que alguém provavelmente me viria logo elucidar sobre como eu estou erradoDyingSun wrote:Desconheço praticamente o universo Star Trek, por isso desculpem-me os fãs, mas acho que sofrem todos de uma qualquer ilusão comum.![]()


Anyway, entendo tudo o que dizes e efectivamente eu sou adepto confesso do conceito de "mitologia" (o termo é ridículo, mas foi o que se instituiu). Sinto falta de um propósito, um fio condutor, algo "maior que a própria série ou filme" que me faça pensar "what if?". Mas não é verdade que "mitologia" e um bom desenvolvimento de personagens sejam mutuamente exclusivos! O exemplo que dás (The X-Files), aliás, é paradigmático - é excelente em ambos os aspectos. Tal como Lost. Tal como BSG. E o que me parece que faltou aqui foi precisamente esse algo "maior" que desse alguma coerência ao todo - tudo acontecia ali como se vindo do nada. OK, eu não acompanhei este universo, mas se é um "recomeço", façam lá o favor de contextualizar as coisas! E por outro lado, foi a execução propriamente dita, que como já referi por várias vezes abusa da leveza e comédia para se poder levar minimamente a sério.
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Hoje em dia não há razão nenhuma para se lêr críticas profissionais (às vezes, nem as amadores, que estão a ir pelo mesmo caminho, mas pronto). Devia-se era deixar a maior parte dos críticos profissionais morrer à fome.
E digo isto, não por terem opiniões diferentes das minhas. Não me faz diferença nenhuma que uma outra pessoa deteste um filme que eu adorei, a cada um o seu. Até, já me aconteceu , na altura em que ainda me dava ao trabalho de ler críticas, em que li críticas negativas que me levaram a ver um filme e a adora-lo, e isto simplsmente porque o que o crítico achava mau no filme era exactamente o que eu andava à procura.
Eu digo-o por duas razões.
1ª - A maior parte das críticas estão impregnadas com um pedantismo tal que se tornam inúteis para mim. Ler, como eu ná li inúmeras vezes, críticas a um filme de acção e entretenimento a dizer que as personagens são planas, a histórias simplistica, sem conteúdo e pointless, para mim, é como fazer uma críticas a um frigorífico e dizer que este não presta porque não lava a louça. Não digo que este tipo de críticas não tenham o seu lugar, nem que seja para dizer aos "não iniciados" o que é ou não é um frigorífico. Agora eu já comprei muitos frigoríficos (e máquinas de lavar louça e chaleiras eléctricas) e sei perfeitamente o que são e para que servem. O que eu quero saber é se este modelo em particular vai responder às minhas necessidades, e muitas poucas críticas o fazem (então as do Ìpsilon muito menos).
2ª - Irrita-me que me dêem roda de idiota (de forma mais ou meno velada) porque gostei de um determinado filme, principalmente quando estes insultos vêm de um bando de infelizes que estão tão submersos no seu conhecimento enciclopédico de filmes, na sua visão académica e no seu gosto "muito superior" ao do gado que é o público que nem sequer conseguem descontrair e relaxar para disfrutarem de um filmes simples e sem pretensões. Honestamente, tenho pena, muita pena, deste tipo de pessoas, dúvido que consigam levar uma vida feliz, mas eu é que não tenho culpa disso e não tenho nada que ser insultado à conta. Se são assim tão "cerebrais" e se gostam tanto de usar a cérebro a cada minuto, talvez devessem parar para pensar quando o devem desligar e deixar-se ir.
Repitam muitas vezes o mantra do mst3k "It's just a show, I should really just relax." e depois talvez escrevam umas críticas que valha a pena ler.
E lembrem-se de Shakespear e do final do "Sonho de uma Noite de Verão":
"If we shadows have offended, think but this; and all is mended that you have but slumbered here while these visions did appear and this weak and idle theme no more yielding but a dream. Gentles--do not reprehend if you pardon, we will mend. And, as I am an honest Puck if we have unearned luck. Now to scape the serpents tongue. We will make amends ere long else the Puck a liar call. So--goodnight unto you all. Give me your hands if we be friends. And Robin shall restore amends."
E digo isto, não por terem opiniões diferentes das minhas. Não me faz diferença nenhuma que uma outra pessoa deteste um filme que eu adorei, a cada um o seu. Até, já me aconteceu , na altura em que ainda me dava ao trabalho de ler críticas, em que li críticas negativas que me levaram a ver um filme e a adora-lo, e isto simplsmente porque o que o crítico achava mau no filme era exactamente o que eu andava à procura.
Eu digo-o por duas razões.
1ª - A maior parte das críticas estão impregnadas com um pedantismo tal que se tornam inúteis para mim. Ler, como eu ná li inúmeras vezes, críticas a um filme de acção e entretenimento a dizer que as personagens são planas, a histórias simplistica, sem conteúdo e pointless, para mim, é como fazer uma críticas a um frigorífico e dizer que este não presta porque não lava a louça. Não digo que este tipo de críticas não tenham o seu lugar, nem que seja para dizer aos "não iniciados" o que é ou não é um frigorífico. Agora eu já comprei muitos frigoríficos (e máquinas de lavar louça e chaleiras eléctricas) e sei perfeitamente o que são e para que servem. O que eu quero saber é se este modelo em particular vai responder às minhas necessidades, e muitas poucas críticas o fazem (então as do Ìpsilon muito menos).
2ª - Irrita-me que me dêem roda de idiota (de forma mais ou meno velada) porque gostei de um determinado filme, principalmente quando estes insultos vêm de um bando de infelizes que estão tão submersos no seu conhecimento enciclopédico de filmes, na sua visão académica e no seu gosto "muito superior" ao do gado que é o público que nem sequer conseguem descontrair e relaxar para disfrutarem de um filmes simples e sem pretensões. Honestamente, tenho pena, muita pena, deste tipo de pessoas, dúvido que consigam levar uma vida feliz, mas eu é que não tenho culpa disso e não tenho nada que ser insultado à conta. Se são assim tão "cerebrais" e se gostam tanto de usar a cérebro a cada minuto, talvez devessem parar para pensar quando o devem desligar e deixar-se ir.
Repitam muitas vezes o mantra do mst3k "It's just a show, I should really just relax." e depois talvez escrevam umas críticas que valha a pena ler.
E lembrem-se de Shakespear e do final do "Sonho de uma Noite de Verão":
"If we shadows have offended, think but this; and all is mended that you have but slumbered here while these visions did appear and this weak and idle theme no more yielding but a dream. Gentles--do not reprehend if you pardon, we will mend. And, as I am an honest Puck if we have unearned luck. Now to scape the serpents tongue. We will make amends ere long else the Puck a liar call. So--goodnight unto you all. Give me your hands if we be friends. And Robin shall restore amends."
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Eu também. Só que esse é um conceito que funciona melhor em algo com natureza episódica, como uma série, do que propriamente um filme, que é mais truncado. Mesmo se extrapolarmos para incluirmos sequelas, que são a extensão (espera-se, pelo menos) do universo e dos temas do primeiro filme (e não, como é mais habitual, o mesmo filme mas com tudo em excesso) há sempre um problema em fazer isso (em parte porque, como se costuma dizer, um filme tem que valer por si).DyingSun wrote:Anyway, entendo tudo o que dizes e efectivamente eu sou adepto confesso do conceito de "mitologia" (o termo é ridículo, mas foi o que se instituiu). Sinto falta de um propósito, um fio condutor, algo "maior que a própria série ou filme" que me faça pensar "what if?".
DyingSun wrote:Mas não é verdade que "mitologia" e um bom desenvolvimento de personagens sejam mutuamente exclusivos! O exemplo que dás (The X-Files), aliás, é paradigmático - é excelente em ambos os aspectos. Tal como Lost. Tal como BSG.
E não o são. Há muitas séries sustentadas num esquema "stand-alone" que se pautam por bom desenvolvimento de personagens. Esse é que acaba por ser o seu fio condutor: as histórias vão mudando de semana para semana, mas dá-se continuidade às relações a partir do seu posicionamento anterior. Eu normalmente considero como "mitologia" um arco gigantesco de história (the big picture) ao qual se podem ligar os eventos episódicos. Por vezes assiste-se nestes casos ao inverso: a disposição dos personagens, em termos do seu relacionamento, não tem continuidade. A maioria das séries "Star Trek" não possui uma mitologia. Sempre dependeu dos personagens. E mesmo assim, foi algo que entrou em declínio desde "Star Trek - The New Generation", cada vez mais engolida em tecno-chachadas, ao ponto de só uma franja marginal de fãs manter-se fiel.
Para além da pouca presença do vilão, o abuso das coincidências é outro defeito que o filme tem.DyingSun wrote:E o que me parece que faltou aqui foi precisamente esse algo "maior" que desse alguma coerência ao todo - tudo acontecia ali como se vindo do nada.
E as coisas estão contextualizadas. O filme já parte de uma determinada familiaridade com os seus personagens e o seu universo. Aliás, é por isso que se decidiu "recomeçar" ao invés de criar algo do nada. Mas também funciona como algo distinto do restante, do qual não é necessário conhecimento prévio (aliás, essa é talvez a maior razão da presença do Leonard Nimoy, para dar a entender que se trata de um outro universo) e é por isso que é o filme onde o foco maior são os personagens, em detrimento da história. Quanto à leveza da comédia, eu achei que era pontual: aparecia quando devia. No caso do Kirk, faz parte do carácter do personagem olhar o perigo como se não fosse nada de especial. É o oposto do Spock, e é desse atrito que surgem os melhores momentos e a peculiaridade da sua relação. E quanto a este último, menção para a forma eficaz como focaram mais a formação do seu carácter, ao centrarem-se na dualidade entre as suas naturezas divergentes.DyingSun wrote: OK, eu não acompanhei este universo, mas se é um "recomeço", façam lá o favor de contextualizar as coisas! E por outro lado, foi a execução propriamente dita, que como já referi por várias vezes abusa da leveza e comédia para se poder levar minimamente a sério.
Last edited by Argaroth01 on May 10th, 2009, 2:01 pm, edited 1 time in total.
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Agora sou eu que tenho de fazer minhas as palavras do Dying Sun.Se é esse o objectivo, não me deu vontade rigorosamente nenhuma de saber o que iam fazer a seguir...
Repara, eu estou a falar como um espectador assumidamente não-adepto do universo Star Trek... por alguma razão ele nunca me despertou qualquer curiosidade. Tendo sido este filme realizado por quem foi e por se dizer dele um "recomeço" para a série, dei o benefício da dúvida e lá fui ver (aliás, com bastante expectativa depois do trailer que vi!). Ora, este é um daqueles casos em que o trailer bate o filme aos pontos! Porque este não me pareceu mais do que um "extended trailer", uma sucessão ininterrupta de sequências visualmente espantosas, mas sem nenhum nexo aparente e com a absoluta aberração dos comic reliefs que me parece estar a tornar-se um lugar comum dos filmes actuais (e se essa tendência continua, acho que vou perder o gosto por algum do cinema mais mainstream).

De facto, eu também senti que o filme não passou do trailer ( espectacular ) em versão extendida e desinteressante.
Mais focado em aspectos que não interessam ao menino jesus ( passe a expressão ).Discordo em absoluto. Digno ou não (original não é), este é bem provável que seja o filme com o argumento mais focado de todos. A espinha do filme, em detrimento de um maior desenvolvimento do vilão (infelizmente), é toda em torno dos personagens e das suas relações. É através deles que a história se desenrola. Faz lembrar muito a trilogia original de "Star Wars".
A "espinha do filme" foi traçada no prólogo: um vilão poderosíssimo regressa do futuro para ameaçar seriamente a federação.
Um argumentista digno de "Star Trek" teria obrigação de focar os aspectos da história relacionados com os mistérios do universo - o lema da série há décadas - que levaram ao surgimento do Nero, caracterizando assim essa personagem de forma decente.
Infelizmente, optou-se pela fórmula apalhaçada que garante o sucesso junto das manadas habitués do blockbuster adolescente.
Focar a história em torno das relações pessoais dos membros, recorrendo ao mais gritante estereotipo e a personagens bidimensionais, longe daqueles ícones que pretendem incarnar.
Existem cenas atrozes, como aquela em que o palhaço Chekov "falha" ao trazer a mãe de Spock para bordo.
Mas que é isto, linchamento público de personagens?
E o outro que é teletransportado para dentro das tubagens? Que "grande" cena de humor inteligente.
E este Spock é uma sombra do clássico, uma prestação de um actor monocórdico e sem expressão risivelmente agravada por um argumento que o coloca aos beijos apaixonados a membros da própria tripulação.
É assim esta nova geração Star Trek, adolescentes à solta no espaço a comandar uma nave espacial de milhões, mais preocupados com os seus tiques e paixões pueris do que em explorar "Where no man has gone before".
"I WAS fire and life incarnate!"
https://www.youtube.com/user/darkphoenixPT
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Também estava quando escrevi os meus e reconheço que generalizei a questão da "malcriação".brainX wrote:alan antes de mais devo confessar que estava um pouco inflamado quando escrevi o primeiro post.
De certa forma aproveitei os "piropos" ao João Lopes, para um desabafo pessoal, pelo facto de ter sido brindado com meia dúzia de piropos indelicados, quando escrevi comentários em relação a alguns filmes, que iam no sentido oposto dos comentários da maioria.
Por isso deixei de escrever comentários sobre filmes aqui no fórum.
Mas voltando ao topic, a discucão sobre o "Strar Trek" vai muito boa, sim senhor
Se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa: haverá na Terra um canalha a menos. Millor Fernandes
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Podem não te interessar a ti, mas interessaram-me a mim. Sim, de facto deviam ter explorado melhor as motivações do vilão e não deixar isso somente para uma prequela em banda-desenhada. Mas mesmo assim, o filme dá-te os elementos essenciais para perceberes como (a matéria-vermelha empregue pelo Spock para criar uma singularidade que engolisse a supernova que destruiu Romulus) e porquê (para se vingar do Spock e da Federação, ainda que não pertençam à mesma realidade) ele está ali. Aquilo que aguenta o filme são os personagens e apesar do que isso sacrifica em termos de história, foi quanto a mim a melhor opção para familiarizar os espectadores com estes novos (velhos) personagens. Tens o exemplo do primeiro filme "Star Trek - The Motion Picture". Eu digo logo que é o meu favorito de todos, mas a fama que ele tem é precisamente a contrária: de ser um dos piores. Já "Star Trek II - The Wrath of Khan" é considerado o pináculo. E porquê ? Pela mesma razão que este. O filme tem uma história simples (vingança) mas isso permite centrá-la mais nos personagens. Apresenta o maior vilão de sempre do universo Trek e pode-se aferir, e com razão, que desenvolve-o bastante bem, ao contrário do Nero. Mas há uma diferença: Star Trek II lida não só com personagens e relações bem estabelecidas como assenta na familiaridade do espectador com esses elementos. Khan já tinha aparecido na série original e pouco havia a desenvolver sobre o porquê dele estar obcecado com um tal desejo de vingança. O mesmo não se pode pedir a um filme cuja principal missão é renovar o filão. Depois de um tiro no pé como o foi "Star Trek - Nemesis", não se podiam arriscar a atirar mais barro à parede para ver se colava.DarkPhoenix wrote:Mais focado em aspectos que não interessam ao menino jesus ( passe a expressão ).
A "espinha do filme" foi traçada no prólogo: um vilão poderosíssimo regressa do futuro para ameaçar seriamente a federação.
Um argumentista digno de "Star Trek" teria obrigação de focar os aspectos da história relacionados com os mistérios do universo - o lema da série há décadas - que levaram ao surgimento do Nero, caracterizando assim essa personagem de forma decente.
Ficas ofendido com um filme que honra muita da estereotipagem existente na série original ? Não me parece de todo que estejas tão familiarizado como dizes com este universo. Sei que às vezes há a tendência de trabalhar na imaginação o que achamos que não funciona, e assumir isso como a realidade, mas a realidade da série sempre foi esta: os personagens sempre foram estereótipos. Este filme ao menos trabalha-os um pouco para lá disso. Não discuto sobre as particularidades da história, se são boas ou más (fica ao critério de cada). Podiam ter sido criadas outras alternativas, claro. Mas isso implicaria sempre uma escolha e a feita, para o melhor e para o pior, foi esta. A razão é simplesmente para operar uma alteração no caracter volátil do Spock, já que aqui se lida com a sua dupla natureza. O Chekov ser palhaço, bem... ele sempre foi palhaço, nem que fosse devido ao muito estereotipado sotaque russo. Quanto ao Spock monocórdico e sem expressividade, estamos a falar de um personagem cuja algumas das particularidades são precisamente essas. Aliás, como já disse este Spock até tem uma dose extra de caracterização psicológica que o original nunca teve. Não o faz melhor nem pior, apenas diferente.DarkPhoenix wrote:Infelizmente, optou-se pela fórmula apalhaçada que garante o sucesso junto das manadas habitués do blockbuster adolescente.
Focar a história em torno das relações pessoais dos membros, recorrendo ao mais gritante estereotipo e a personagens bidimensionais, longe daqueles ícones que pretendem incarnar.
Existem cenas atrozes, como aquela em que o palhaço Chekov "falha" ao trazer a mãe de Spock para bordo.
Mas que é isto, linchamento público de personagens?
E o outro que é teletransportado para dentro das tubagens? Que "grande" cena de humor inteligente.
E este Spock é uma sombra do clássico, uma prestação de um actor monocórdico e sem expressão risivelmente agravada por um argumento que o coloca aos beijos apaixonados a membros da própria tripulação.
Se a intenção do filme é reintroduzir os personagens (e não os mistérios do universo), acho pouco sensato atirá-los para uma aventura espacial (depois da forma como "Star Trek - Nemesis" deixou a série). Porque o filme trabalha sobre uma realidade alternativa, tem que se investir mais nas particularidades que a diferenciam e na forma como estes personagens divergem das suas encarnações anteriores, para posteriormente deixar uma história evoluir com maior naturalidade.DarkPhoenix wrote:É assim esta nova geração Star Trek, adolescentes à solta no espaço a comandar uma nave espacial de milhões, mais preocupados com os seus tiques e paixões pueris do que em explorar "Where no man has gone before".
Last edited by Argaroth01 on May 10th, 2009, 3:35 pm, edited 2 times in total.
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Se calhar não estarei na posição correcta para fazer esta observação porque não tenho grande conhecimento para poder dar profundidade à sua defesa, mas já repararam que há meia dúzia de fenómenos da história do cinema/entretenimento que se tornaram como que endeusados de tal forma, seja porque surgiram numa época em que a oferta eram incomparavelmente inferior e portanto as pessoas olhavam como novidade e se calhar até com menos sentido crítico ou por outra razão qualquer, que se torna difícil olhar objectivamente para eles em termos retrospectivos?
Se calhar estou a dizer grande disparate mas parece-me que é o que acontece com isto, com o Star Wars, etc. Qualquer coisa relacionada com a saga ficará sempre, para alguns, aquém do original, mesmo que mantenha alguns dos mesmos traços, a mesma filosofia. O original será (quase) sempre supremo... E no entanto se novas gerações forem olhar para esses fenómenos (e digo elementos não acéfalos destas novas gerações) facilmente apontarão defeitos quer ao antigo quer ao novo, ou até se calhar preferirão as novas interpretações.
Não sei, o que acham?
Se calhar estou a dizer grande disparate mas parece-me que é o que acontece com isto, com o Star Wars, etc. Qualquer coisa relacionada com a saga ficará sempre, para alguns, aquém do original, mesmo que mantenha alguns dos mesmos traços, a mesma filosofia. O original será (quase) sempre supremo... E no entanto se novas gerações forem olhar para esses fenómenos (e digo elementos não acéfalos destas novas gerações) facilmente apontarão defeitos quer ao antigo quer ao novo, ou até se calhar preferirão as novas interpretações.
Não sei, o que acham?
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Concordo, embora seja precisamente também por isso que gostei tanto deste filme. No meu entender enriquece extraordinariamente o passado das personagens, mostrando-nos o início da saga (neste caso um dos inícios possíveis), mas oferecendo uma visão "fresca" do mesmo.brainX wrote:Se calhar não estarei na posição correcta para fazer esta observação porque não tenho grande conhecimento para poder dar profundidade à sua defesa, mas já repararam que há meia dúzia de fenómenos da história do cinema/entretenimento que se tornaram como que endeusados de tal forma, seja porque surgiram numa época em que a oferta eram incomparavelmente inferior e portanto as pessoas olhavam como novidade e se calhar até com menos sentido crítico ou por outra razão qualquer, que se torna difícil olhar objectivamente para eles em termos retrospectivos?
Se calhar estou a dizer grande disparate mas parece-me que é o que acontece com isto, com o Star Wars, etc. Qualquer coisa relacionada com a saga ficará sempre, para alguns, aquém do original, mesmo que mantenha alguns dos mesmos traços, a mesma filosofia. O original será (quase) sempre supremo... E no entanto se novas gerações forem olhar para esses fenómenos (e digo elementos não acéfalos destas novas gerações) facilmente apontarão defeitos quer ao antigo quer ao novo, ou até se calhar preferirão as novas interpretações.
Não sei, o que acham?
Vai ser sempre impossível agradar a toda a gente. Mas segundo parece, os apreciadores tradicionais da série estão a gostar bastante e isso parece-me esclarecedor. Muito mais do que a crítica do João Lopes...

Bolas, cada vez que me lembro! Um "1"!? Está a insultar todo o meu imaginário de infância e de adulto!
João Lopes para a fogueira já!!! Off with his head!
Cabeças


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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Ficas ofendido com um filme que honra muita da estereotipagem existente na série original ? Não me parece de todo que estejas tão familiarizado como dizes com este universo. Sei que às vezes há a tendência de trabalhar na imaginação o que achamos que não funciona, e assumir isso como a realidade, mas a realidade da série sempre foi esta: os personagens sempre foram estereótipos. Este filme ao menos trabalha-os um pouco para lá disso. Não discuto sobre as particularidades da história, se são boas ou más (fica ao critério de cada). Podiam ter sido criadas outras alternativas, claro. Mas isso implicaria sempre uma escolha e a feita, para o melhor e para o pior, foi esta. A razão é simplesmente para operar uma alteração no caracter volátil do Spock, já que aqui se lida com a sua dupla natureza. O Chekov ser palhaço, bem... ele sempre foi palhaço. Quanto ao Spock monocórdico e sem expressividade, estamos a falar de um personagem cuja algumas das particularidades são precisamente essas. Aliás, como já disse este Spock até tem uma dose extra de caracterização psicológica que o original nunca teve. Não o faz melhor, apenas diferente.
Como já disse, não sou fanático.
Mas já vi muitos episódios da série original ( que é a única que interessa aqui discutir ) e conheço perfeitamente as personagens e os seus comportamentos.
O problema é que na série, as relações entre a tripulação e as suas personalidades foram sendo cultivadas e cimentadas ao longo de muitos episódios, ao passo que no filme o argumento básico e sem garra quer a toda a força instalar essas mesmas relações e respectivas personalidades em duas horas, o que resulta numa caracterização primária, pouco credível e involuntariamente hilariante.
E convém lembrar que estamos a falar de uma série com várias décadas, certos maneirismos e humor campy já não têm lugar no cinema actual.
Mesmo assim, o argumento desastrado quer juntar tudo numa sopa confusa cozinhada à pressão, para tentar agradar a gregos e troianos.
Destaco pela positiva, o desempenho de Chris Pine pela vitalidade e paixão que confere ao novo Kirk.
Não tenho dúvidas em afirmar que prefiro este ao desempenho mediano, muitas vezes banal, do clássico William Shatner.
Infelizmente, pedia-se que existisse um equilíbrio aceitável entre este Kirk apaixonado e o resto da tripulação, mas o argumentista optou por juntar um grupinho de meninos radicais.
A pior cena de Kirk é aquela idiótica em que ele atira o previsível clássico V8 USA ( mais um chavão estereotipado que temos que levar em TODOS os blockbusters ) pela ravina.
Este filme tem muitas cenas más, mas entre esta e a "feliz coincidência" de encontrar o Spock numa caverna perdida num planeta deserto e gelado, venha o JJ Abrams e escolha...

Quanto ao Spock, eu referi que o maior problema da sua caracterização neste filme é que a prestação monocórdica de Zachary Quinto ( um actor que não sabe fazer mais nada até prova em contrário, é o Sylar outra vez... ), algo que até estaria de acordo com a personalidade do Spock, não cola com um argumento que o coloca a tomar decisões e a agir de forma contrária às linhas que primariamente o tentam definir como personagem.
Existe uma contradição grosseira patente em demasiadas cenas, que resulta numa inconsistência do perfil psicológico da personagem Spock.
Logo na cena em que o mesmo se apresenta ao conselho, é notória a falta de classe do argumento, ao expôr a personagem a uma evolução fast-food, e a proferir afirmações ridículas num tom desadequado à sua caracterização clássica e mesmo prévia do filme em questão.
Digamos que o teen angst não fica bem ao Spock, embora seja o desejado pelo público actual.
E as cenas de paixão com a Uhura são uma blasfémia.
Pois aqui está a grande questão, que divide as opiniões em relação ao resultado final.Se a intenção do filme é reintroduzir os personagens (e não os mistérios do universo), acho pouco sensato atirá-los para uma aventura espacial (depois da forma como "Star Trek - Nemesis" deixou a série, boa sorte com esse desejo). Porque o filme trabalha sobre uma realidade alternativa, tem que se investir mais nas particularidades que a diferenciam e na forma como estes personagens divergem das suas encarnações anteriores, para posteriormente não haver a necessidade de os definir em grande extensão e deixar uma história evoluir com maior naturalidade.
Este Star Trek quer fazer tudo, ser fiel ao clássico ao ressuscitar os estereotipos, e quer ao mesmo tempo estabelecer uma nova dinâmica para o franchise, assente numa caracterização mais comercial das personagens.
Na minha opinião, não resulta.
Acho que é necessária coragem para um recomeço de um franchise, coragem para eliminar definitivamente aspectos datados e desfasados da realidade actual.
Estas tentativas cobardes de agradar a todos ( Superman Returns, o maior exemplo desta praga ) resultam em produtos plásticos, dependentes apenas da gigantesca máquina dos efeitos especiais e trailers promissores para encontrar e marcar o seu lugar nos escaparates da indústria.
Pssstttt, então se a Enterprise já tem o sistema de teletransporte ( um daqueles aspectos ridículos a que faltou força para eliminar neste reboot ), qual a razão do embarque ter sido feito através da panóplia de vaivéns e confusão inerente?
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Acertaste em cheio com o martelo na cabeça do prego. É por isso exactamente, pela pouca oferta existente na altura (ou pelo menos, pela pouca oferta de qualidade), que hoje em dia, nesses tempos super-rápidos que se vivem, é raro encontrar-se (ou produzir-se) um fenómeno assim, que operasse uma revolução tal que redefinisse a experiência para novos paradigmas. Dou o exemplo da própria invenção do cinema: o que é que hoje em dia, no campo audio-visual, consegue operar uma revolução a tal nível ? Nenhuma. Podem falar das televisões, dos plasmas, lcds, dvd´s, blu-rays, sistemas surround e bugigangas afins. Isso são apenas apetrechos que intensificam uma experiência, mas que não operam nenhuma revolução ao mesmo nível. Passar de imagens fixas para uma ilusão de movimento, essa sim foi a grande revolução, que operou nos sentidos algo grandioso. Porque é que o novo "Star Wars" quando saiu em 1999, não agarrou a imaginação popular, como o Episódio IV o fez em 1977 ? Porque, descontando qualquer embirração com a história e actores, em cerca de 22 anos, serviu como paradigma para um certo tipo de cinema. Os avanços que se foram operando desde então e empregues em outros tantos filmes ("Jurassic Park", por exemplo) retiraram muito do efeito "wow". Não foi um filme tão "revolucionário" como os seus antecedentes.brainX wrote:Se calhar não estarei na posição correcta para fazer esta observação porque não tenho grande conhecimento para poder dar profundidade à sua defesa, mas já repararam que há meia dúzia de fenómenos da história do cinema/entretenimento que se tornaram como que endeusados de tal forma, seja porque surgiram numa época em que a oferta eram incomparavelmente inferior e portanto as pessoas olhavam como novidade e se calhar até com menos sentido crítico ou por outra razão qualquer, que se torna difícil olhar objectivamente para eles em termos retrospectivos?
Se calhar estou a dizer grande disparate mas parece-me que é o que acontece com isto, com o Star Wars, etc. Qualquer coisa relacionada com a saga ficará sempre, para alguns, aquém do original, mesmo que mantenha alguns dos mesmos traços, a mesma filosofia. O original será (quase) sempre supremo... E no entanto se novas gerações forem olhar para esses fenómenos (e digo elementos não acéfalos destas novas gerações) facilmente apontarão defeitos quer ao antigo quer ao novo, ou até se calhar preferirão as novas interpretações.
Não sei, o que acham?
Quanto a este "Star Trek", muitos fãs têm ficado rendidos ao novo filme, mas há aqueles outros que gostam de se exibir em letras capitais (e que acabam por dar mau nome aos restantes que mantêm um interesse saudável na série) como TRUE FAN, que encontram sempre algo que os deixa com urticária crónica. Acho que a sátira feita pela The Onion foi certeira: este é um filme de "Star Trek" que todos podem ver e apreciar e não só um grupo restrito (que foi uma das razões porque a série a cada nova encarnação vinha a entrar em declínio). Mesmo com a intenção de renovar, o J.J. mantém muitas das características originais, mas dá-lhes um "boost" para uma nova era. O argumento não é perfeito, mas quanto àquilo que pretende, que é reestabelecer os personagens (e só assim faz sentido para depois os pôr a explorar o universo), fá-lo muito bem.
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Errr... és sim.DarkPhoenix wrote:Como já disse, não sou fanático.

E, caso o filme tenha sucesso, as relações poderão fluir para outros patamares na sequela. Esqueces-te que na série original já partias com a tripulação formada, com um conjunto de relações definidas que se iam desenvolvendo durante os episódios. Aqui tens um período pré-formativo. Ninguém se conhece quando começa o filme e só lá para o final é que há mais familiaridade. O filme procura mostrar como é que toda esta família se forma e algumas das suas caracteristicas base. O resto naturalmente fluirá dependendo de proximas aventuras. Isto, para bem ou mal, é quase um pré-requisito dos filmes de "origem".DarkPhoenix wrote:Mas já vi muitos episódios da série original ( que é a única que interessa aqui discutir ) e conheço perfeitamente as personagens e os seus comportamentos.
O problema é que na série, as relações entre a tripulação e as suas personalidades foram sendo cultivadas e cimentadas ao longo de muitos episódios, ao passo que no filme o argumento básico e sem garra quer a toda a força instalar essas mesmas relações e respectivas personalidades em duas horas, o que resulta numa caracterização primária, pouco credível e involuntariamente hilariante.
E o humor, pelo menos para mim, não o achei campy. Muito dele deriva da interacção dos personagens, como acontecia muitas vezes nos filmes da tripulação original.DarkPhoenix wrote:E convém lembrar que estamos a falar de uma série com várias décadas, certos maneirismos e humor campy já não têm lugar no cinema actual.
Mesmo assim, o argumento desastrado quer juntar tudo numa sopa confusa cozinhada à pressão, para tentar agradar a gregos e troianos.
Aí já somos dois.DarkPhoenix wrote:Destaco pela positiva, o desempenho de Chris Pine pela vitalidade e paixão que confere ao novo Kirk.
Não tenho dúvidas em afirmar que prefiro este ao desempenho mediano, muitas vezes banal, do clássico William Shatner.

O trio Kirk-Spock-McCoy sempre foi quem mais beneficiou em termos de desenvolvimento. Os restantes acabavam quase sempre por ser paisagem. Aqui, pelo menos, noto que houve preocupação em expandir o leque: a Uhura deste filme tem uma exposição que nunca a original teve e mesmo os restantes 3, ainda que breves, tiveram os seus momentos para brilhar. Quanto à cena do carro, fica ao critério de cada um. Não é de todo original, mas serve o seu propósito: traçar o carácter destemido do Kirk desde uma jovem idade. Quanto ao encontro entre este Kirk e o outro Spock, concedo que é esticar um pouco demais o efeito coincidência, mas nem por isso é um salto de lógica tremendo.DarkPhoenix wrote:Infelizmente, pedia-se que existisse um equilíbrio aceitável entre este Kirk apaixonado e o resto da tripulação, mas o argumentista optou por juntar um grupinho de meninos radicais.
A pior cena de Kirk é aquela idiótica em que ele atira o previsível clássico V8 USA ( mais um chavão estereotipado que temos que levar em TODOS os blockbusters ) pela ravina.
Este filme tem muitas cenas más, mas entre esta e a "feliz coincidência" de encontrar o Spock numa caverna perdida num planeta deserto e gelado, venha o JJ Abrams e escolha...![]()
Daí que isso acaba por ser precisamente um dos elementos chave do filme: o facto dele resvalar para um estado de completo descontrolo emocional que não o permite manter a sua posição.DarkPhoenix wrote:Quanto ao Spock, eu referi que o maior problema da sua caracterização neste filme é que a prestação monocórdica de Zachary Quinto ( um actor que não sabe fazer mais nada até prova em contrário, é o Sylar outra vez... ), algo que até estaria de acordo com a personalidade do Spock, não cola com um argumento que o coloca a tomar decisões e a agir de forma contrária às linhas que primariamente o tentam definir como personagem.
A evolução do Spock foi a necessária para estabelecer a dualidade entre as suas naturezas contraditórias, que é a pedra de toque a que se propõe este filme. Este foi precisamente o elemento de que mais gostei nesta caracterização do personagem, algo que nunca foi muito bem explorado anteriormente mas que sempre fez parte da sua história (se não me engano, foi no 5º filme onde num flashback se refere que o Spock era algo descriminado pela sua dupla natureza). E gosto desta nova variação, porque deixa-nos um Spock mais à vontade com a sua dualidade. É um Spock diferente, nada mais e que funciona bem neste novo universo alternativo.DarkPhoenix wrote:Existe uma contradição grosseira patente em demasiadas cenas, que resulta numa inconsistência do perfil psicológico da personagem Spock.
Logo na cena em que o mesmo se apresenta ao conselho, é notória a falta de classe do argumento, ao expôr a personagem a uma evolução fast-food, e a proferir afirmações ridículas num tom desadequado à sua caracterização clássica e mesmo prévia do filme em questão.
Digamos que o teen angst não fica bem ao Spock, embora seja o desejado pelo público actual.
E quem é que disse que não era fanático ?DarkPhoenix wrote:E as cenas de paixão com a Uhura são uma blasfémia.

Pronto, isso fica ao teu critério. Mas para mim, conjuga bem ambas as coisas.DarkPhoenix wrote:Pois aqui está a grande questão, que divide as opiniões em relação ao resultado final.
Este Star Trek quer fazer tudo, ser fiel ao clássico ao ressuscitar os estereotipos, e quer ao mesmo tempo estabelecer uma nova dinâmica para o franchise, assente numa caracterização mais comercial das personagens.
Na minha opinião, não resulta.
O problema do "Superman Returns" foi unicamente de se colar em demasia ao universo concebido por Richard Donner nos dois primeiros filmes, porque conseguiu ser uma fantástica exploração do personagem, onde ele foi consideravelmente humanizado. Sim, poderia ter mais um pouco de acção e uma história que não fosse praticamente uma colagem do primeiro filme, mas o que ficou patente é que do personagem só queriam precisamente aquilo pelo qual mais o criticam. E também para o terem só à porrada. Este Star Trek faz um "reboot" sem fazer "reset", mantendo traços familiares dos personagens mas dando-lhes algo novo para as novas gerações. De certeza que houve quem proclamasse a morte do cinema quando explodiu o primeiro "Star Wars". Quando começamos com este tipo de juízos geracionais, é que vemos o quanto estamos a ficar demasiado velhos e cabotinosDarkPhoenix wrote:Acho que é necessária coragem para um recomeço de um franchise, coragem para eliminar definitivamente aspectos datados e desfasados da realidade actual.
Estas tentativas cobardes de agradar a todos ( Superman Returns, o maior exemplo desta praga ) resultam em produtos plásticos, dependentes apenas da gigantesca máquina dos efeitos especiais e trailers promissores para encontrar e marcar o seu lugar nos escaparates da indústria.

Pssstttt, para além de que eu não percebo qual o sentido de vir à baila com algo tão irrelevante e apesar de eu não ser um trekkie, a razão pela qual não desapareceram os teletransportadores foi porque já eram tecnologia vigente naquela altura (já o usavam na série original, na mesma cronologia do filme), antes do aparecimento do Nero. Estabelece-se que o evento que altera a realidade para lá daquela que se conhece da série e filmes da tripulação original, é o aparecimento desse personagem. Agora, não sei que sentido faria, nem que explicação haveria, não existirem teletransportadores. A única Enterprise que não possuia teletransportadores, pelo menos que o tenha mostrado em alguma série, era o modelo da série "Enterprise". Porque razão utilizam os transportes ? Pela mesma razão que em outras séries do universo e na maioria dos filmes, eles dispõem da mesma tecnologia, mas também usam vaivéns: porque lhes apetece. E para além disso, porque não ? Uma das cenas chave dos filmes é precisamente a chegada de vaivém e a contemplação da Enterprise com um grande tema épico como pano de fundo.DarkPhoenix wrote:Pssstttt, então se a Enterprise já tem o sistema de teletransporte ( um daqueles aspectos ridículos a que faltou força para eliminar neste reboot ), qual a razão do embarque ter sido feito através da panóplia de vaivéns e confusão inerente?
Eu não estou a querer dizer que não se possa sentir desiludido com qualquer filme, mas que podem haver leituras divergentes dos mesmos eventos.

Peace... ou então... Live long and prosper

Last edited by Argaroth01 on May 10th, 2009, 5:35 pm, edited 1 time in total.
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Re: Star Trek (2009) - J.J. Abrams
Só mais uma achega em relação ao João Lopes. Apesar de eu às vezes implicar com o senhor, até é bem provável que seja dos melhores críticos em Portugal. A atenção que ele dá ao cinema dito mais "popularucho", seja com resultados bons ou maus, não é sempre algo que se vê dos outros e como se disse por aqui, ele dá a cara. Dito isto, também é verdade que mesmo que a certa altura ele fosse visto como "popularucho", agora, invariavelmente, ele acaba por se posicionar um pouco nos antípodas. Mas isso é um traço geracional que atinge-nos a todos. Os revolucionários do passado tornam-se nos reaccionários do futuro.
Eu não sei se fico estúpido, ou se sempre o fui
, mas quase sempre quando tento ler algumas críticas do João Lopes, não percebo nada. Daí eu dizer que o homem às vezes escreve para o umbigo. Nem tanto pela terminologia, mas mais pela linguagem. Pode até ser só problema meu, mas chateia-me que às vezes o possa injuriar com base nalguma falha de comunicação. Um comunicador de nada serve se não consegue transmitir a sua visão e não vejo o problema de uma linguagem simples. Simples não é o mesmo que simplório.
Eu não sei se fico estúpido, ou se sempre o fui
