The Adventures of Tintin (2011) - Steven Spielberg

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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Giribi
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Re: Re:

Post by Giribi »

alan_smithee wrote: Isto é de um simplismo atroz.
Claro que existe essa faceta em Hollywood, mas tambem existe a outra que te esqueces-te de mencionar. A que produz obras como (e falando apenas do século XXI):

Os Outros
O Barbeiro
Relatório Minoritário
O Pianista
As confissões de Schmidt
Kill Bill
Colateral
Batman o início
Os Tres Enterros de um homem
Uma História de Violência
Uma Família a Beira de um Ataque de Nervos
Pecados Intimos
Prova de Morte
Sweeney Tood
Este País Não é para Velhos
Wall-e
Donnie Darko
Antes de Anoitecer
Munique
Eu Tu e Todos os que Conhecemos
Toy Story II
Inteligência Artificial
Lost in Translation
A Última Hora
Embriagado de Amor

Fiquei por 25, mas poderia facilmente arranjar outros 25.
Mais uma vez, não passa de uma opinião tão arbitrária quanto a que o Ricardo Ribeiro expressou e eu subscevi. Dessa lista eu riscaria uma série de titulos e adicionaria outros que fossem do meu gosto pessoal, o que não invalida que estejamos a passar a fase mais estéril do cinema que me lembre. Começa a ser complicado assistir a um filme que não seja uma sequel, prequel, remake, ou adaptação de comics.
Pelo amor de Deus, que nunca façam um remake, prequel, sequel, reboot, whatever do Blade Runner, e nem sou católico...
Update: Ridley Scott, estás oficialmente na minha shitlist!
alan_smithee
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by alan_smithee »

Rocha wrote:Como vês, isto da qualidade é uma questão de gostos e eu tenho de dar alguma razão ao Ricardo Ribeiro, é muito raro aparecer 1 filme original vindo de Hollywood... e quando aparecem são (por norma) terriveis. Hollywood vive neste momento de adaptações e remakes, nada escapa, tudo serve e... já cansa!
Giribi wrote: Mais uma vez, não passa de uma opinião tão arbitrária quanto a que o Ricardo Ribeiro expressou e eu subscevi. Dessa lista eu riscaria uma série de titulos e adicionaria outros que fossem do meu gosto pessoal, o que não invalida que estejamos a passar a fase mais estéril do cinema que me lembre. Começa a ser complicado assistir a um filme que não seja uma sequel, prequel, remake, ou adaptação de comics.
No entanto, eu quase que apostaria, que nas vossas listas "dos melhores do ano" (deste ou de anos anteriores), 80% a 90% serão filmes americanos (made in Hollywood). Ou que provavelmente a maior parte dos filmes que vão ver ao cinema tem a mesma proveniencia.
Se o cinema made in hollywood é tão medíocre, como é que se explica esta aparente contradição?
Se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa: haverá na Terra um canalha a menos. Millor Fernandes
Von Paulus
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Re: Re:

Post by Von Paulus »

Giribi wrote: Mais uma vez, não passa de uma opinião tão arbitrária quanto a que o Ricardo Ribeiro expressou e eu subscevi. Dessa lista eu riscaria uma série de titulos e adicionaria outros que fossem do meu gosto pessoal, o que não invalida que estejamos a passar a fase mais estéril do cinema que me lembre. Começa a ser complicado assistir a um filme que não seja uma sequel, prequel, remake, ou adaptação de comics.
É verdade.
alan_smithee wrote: No entanto, eu quase que apostaria, que nas vossas listas "dos melhores do ano" (deste ou de anos anteriores), 80% a 90% serão filmes americanos (made in Hollywood). Ou que provavelmente a maior parte dos filmes que vão ver ao cinema tem a mesma proveniencia.
Se o cinema made in hollywood é tão medíocre, como é que se explica esta aparente contradição?
Não é tudo, mas a percentagem é cada vez maior. De década para década (a partir dos anos 80) vai ficando cada vez mais medíocre. De vez em quando lá aparece um filme que é interessante. Eu pessoalmente vejo hoje em dia cada vez mais os filmes da década 40, 50, 60 e 70 que os desta década. Com mais facilidade encontro um filme interessante. Dir-se-á que é mais uma questão de gosto, mas eu acho que é mesmo mais uma questão de qualidade.
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Re: Re:

Post by alan_smithee »

Von Paulus wrote:Não é tudo, mas a percentagem é cada vez maior. De década para década (a partir dos anos 80) vai ficando cada vez mais medíocre. De vez em quando lá aparece um filme que é interessante. Eu pessoalmente vejo hoje em dia cada vez mais os filmes da década 40, 50, 60 e 70 que os desta década. Com mais facilidade encontro um filme interessante. Dir-se-á que é mais uma questão de gosto, mas eu acho que é mesmo mais uma questão de qualidade.
Mas não é isso que está em questão Von Paulus. Eu também concordo que a qualidade média do cinema americano actual, é muito inferior a qualidade média das décadas de 30, 40 ou 50 (em particular estas).
A questão é que neste fórum, de uma forma geral, os foristas criticam imenso o cinema actual "made in Hollywood". No entanto, quando por ex., alguém abre um topic sobre um filme europeu, ninguém participa. O mesmo acontece com os chamados filmes "independentes" americanos. Aparentemente quase ninguém os vê.
E por outro lado os topic's sobre sequelas, remaques, adaptações de bd´s têm dezenas (centenas?) de participações. Se este cinema é tão mau, porque é que as pessoas o vão ver, porque é que perdem tempo a discuti-lo?
Há algo de contraditório por aqui.
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by Gollum »

Eu acho que o que devia estar em discussão não é a qualidade do cinema norte americano, que tem muitas excelentes ofertas todos os anos. O maior problema é os filmes que nos chegam às salas e que estão mais disponíveis.

Há excelentes filme que ou passam rapidamente pelas salas ou nem por lá passam, mas daí a dizer que Hollywood é estéril vai um bocado grande. Estéril é o cinema português; tudo o que sai ou está meio morto ou já está a apodrecer.

E já agora....hoje passa Lawrence das Arábias no canal 1. Aí está o tipo de filme que nunca mais se há de fazer(Hollywood , Bollywood, ou Lisbowood)
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by Von Paulus »

Mas alan, lá por os tópicos dos remakes, adpatações de BD terem mais intervenções aqui no forum não significa que este cinema seja de melhor qualidade. Por alguma razão os senhores de Hollywood andam apostar nestes mercados. Em Hollywood quase tudo se resume a números (hoje mais do que nunca) e aí é que está o busilis da questão. A taxa de risco é menor se se usar fórmulas e tramas que já tiveram sucesso. E depois algo mais grave que acontece é aquilo que tem haver com a "surdez" mental (superior hoje em dia) do mercado base. Isto acaba por ser um círculo vicioso, porque quanto mais usam material ensurdecedor mais as pessoas ficam surdas.
Mas tudo bem até podem existir os vários tipos de cinema, só que a mediocridade está a roubar recursos e espaço ao material mais criativo.
Agora criticar tudo o que é feito em Hollywood, isso não critico.
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Re: Re:

Post by Ricardo Ribeiro »

alan_smithee wrote: Isto é de um simplismo atroz.
Era bom que as pessoas compreendessem de uma vez por todas:

a) A impossibilidade de haver raciocinio sem generalização;

b) O significado intrínseco de uma generalização.

c) Que manipular a lógica de um argumento empilhando excepções não leva a lado nenhum numa conversa entre gente que não é parva de todo.

alan_smithee wrote: A questão é que neste fórum, de uma forma geral, os foristas criticam imenso o cinema actual "made in Hollywood". No entanto, quando por ex., alguém abre um topic sobre um filme europeu, ninguém participa. O mesmo acontece com os chamados filmes "independentes" americanos. Aparentemente quase ninguém os vê.
E por outro lado os topic's sobre sequelas, remaques, adaptações de bd´s têm dezenas (centenas?) de participações. Se este cinema é tão mau, porque é que as pessoas o vão ver, porque é que perdem tempo a discuti-lo?
Há algo de contraditório por aqui.
Não sei se anda mais alguém, a criticar imenso o cinema actual "made in Hollywood". Eu critico. E basicamente só abro tópicos sobre cinema europeu ou cinema americano afastado dos grandes circuitos comerciais. Adicionalmente, não gasto uma vírgula nesses tópicos com dezenas de páginas sobre o filme com dezenas de furos abaixo do padrão médio de qualidade para tudo o que tiver mais que dois dedos de testa. Eu, que criei esta mini-polémica, contraditório não sou.

Oh! Já agora... cinema americano é uma coisa, cinema de Hollywood, outra. Tenho lido por ai alguma indefenição que urge corrigir.
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Re: Re:

Post by Thanatos »

alan_smithee wrote:(...)A questão é que neste fórum, de uma forma geral, os foristas criticam imenso o cinema actual "made in Hollywood". No entanto, quando por ex., alguém abre um topic sobre um filme europeu, ninguém participa. O mesmo acontece com os chamados filmes "independentes" americanos. Aparentemente quase ninguém os vê.
E por outro lado os topic's sobre sequelas, remaques, adaptações de bd´s têm dezenas (centenas?) de participações. Se este cinema é tão mau, porque é que as pessoas o vão ver, porque é que perdem tempo a discuti-lo?
Há algo de contraditório por aqui.
Precisamente! Coisa que sempre me fez espécie é o pessoal ir ver os blockbusters, queixar-se que é uma grande banhada e um dia depois já andar a dizer que está ansioso por ver Babylon A.D. (quem diz este diz outro qualquer, foi um exemplo). Quer dizer se fizéssemos uma analogia com um restaurante seria equivalente a passar a vida a dizer mal do fast food mas nunca meter os pés num restaurante típico regional.

Quase todas as semanas estreiam filmes fora do circuito mais comercial (para adoptar uma expressão que nem sempre é consensual mas que enfim, poupa tempo). Para quem é de Lisboa a Cinemateca é uma verdadeira fonte de pérolas quase esquecidas. E mesmo que eventualmente nem nos cinemas nem nos festivais se encontrasse bom cinema longe do tão maldito circuito comercial hollywoodesco há sempre a hipótese de procurar boas edições em DVD ou Blu-ray. No entanto o que se vê por aqui e noutros lugares é o constante choradinho da falta de imaginação de Hollywood, dos remakes, disto e daquilo mas o certo é que tópicos do Batman e do Hellboy contam com centenas de participações e o último filme de François Ozon (novamente pegando num exemplo ao calhas) que por acaso até cá estreou, mereceu o silêncio.

Como diz e muito bem o Alan há aqui algo que não bate certo.
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by Ricardo Ribeiro »

E não será que bate tudo certo? Que aqui há uns e outros? Escapou-vos essa possibilidade primária ou deram-se ao trabalho de andar a investigar participações de uns e de outros?
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by Thanatos »

Ricardo Ribeiro wrote:E não será que bate tudo certo? Que aqui há uns e outros? Escapou-vos essa possibilidade primária ou deram-se ao trabalho de andar a investigar participações de uns e de outros?
Vê lá tu que por acaso até me dou ao trabalho.

Se há coisa que tenho é uma certa tendência para ter boa memória, o que poderá ser até uma maldição, mas a verdade é que conheço bastantes foristas que constantemente se queixam da falta de qualidade dos blockbusters e depois são dos mais participativos nos tópicos sobre esses filmes, tendo zero participações noutros tópicos. Penso que não será necessário mencionar nomes. Como soi dizer-se, eles sabem quem são.

A mim o que me parece é que de certa forma também a ti te escapa a compreensão da impossibilidade de estabelecer um raciocínio sem generalização.
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by Giribi »

Eu posso servir de exemplo. Sou dos que mais se queixa da qualidade geral do cinema made in Hollywood, mas confesso que não sou grande consumidor de cinema não anglo-saxónico. Vejo bastantes filmes britânicos, algum cinema asiático, mas custa-me estar hora e meia a ouvir francês por exemplo, é uma lingua que me irrita profundamente (é um defeito meu que assumo sem problemas).
No entanto, não faço parte do grupe que critica, o que em minha opinião, é um excesso de sequeals, prequeals, remakes e adaptações de comics, e depois paga para os ver só para dizer mal, contribuindo para o sucesso comercial dos mesmos e garantir a continuidade dessa politica de investimentos dos estúdios. Por norma, nem participo dos tópicos desses filmes e muito menos gasto dinheiro a ir vê-los ao cinema. Fiz no entanto recentemente duas excepções, o Batman Begins porque a minha mulher queria ver e a Zon me mandou 2 convites para uma qualquer sessão Lusomundo à minha escolha, e o Hellboy 2 porque estreou no meu aniversário e inclusivé me pagaram o bilhete. Não acho coerente, andar a criticar sequeals e depois não falhar uma nas salas. Enquanto a teta der leite vai continuar a ser mugida.

Isto não implica que não exista bom cinema americano, e até bom cinema de Hollywood. Agora é inegável que começa a reciclagem de conteúdos é cada vez mais a norma. Já chegámos ao ridículo de remakes do mesmo titulo serem feitos com 2 ou 3 anos de intervalo (vide o Hulk). Em breve vamos necessitar de ter sempre o ano à frente do titulo porque nos arriscamos a só assim conseguir reconhecer o filme.
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by Argaroth01 »

Acho que este Verão, de uma vez por todas, deveria desmistificar a ideia de que o "blockbuster" não tem que ser um produto acéfalo, isento de qualidade.

Fala-se na falta de ideias do cinema americano, de Hollywood ou que mais termos conseguirem arranjar para não se sentirem intelectualmente envergonhados, mas alguém já pôs a hipótese de haver realmente um limite para a "originalidade" ? Uma finidade para as histórias que se possam contar ? Gabamos o cinema extra-americano, mas se os despirmos até à sua base primordial, não assentam eles em pressupostos já utilizados ? O cinema é uma enorme indústria de reciclagem, seja em que país for. Compensa-se é a variedade dos temas com a variação nos temas. No fundo, que é um cliché senão uma novidade completamente esgotada ?

Pode-se dizer o que se quiser do processo de produção dos grandes estúdios americanos, as fórmulas do suposto sucesso, mas isso não vai resolver o problema do esgotamento de ideias novas. O que pode ser sintomático da produção desenfreada que se vive nos dias de hoje que esgota a paciência e imaginação dos espectadores.

E depois admiramos-nos com a utilização de efeitos especiais. Em grande parte, acho que são uma não questão, na medida em que assumir que se cria um filme para vender nova tecnologia de ilusão óptica é um disparate. Um filme nunca terá mais conteúdo se a técnica for a mais avançada do mundo. Mas pode desviar a atenção de detalhes mais subtis e por conseguinte, iludir o espectador na sua asserção de que ali não existe nada para além de fogo de vista. Mas os efeitos especiais, acabam por ser uma salvação pela panóplia que abrem aos criadores, de poder revestir velhas fórmulas com novas roupagens (para além de darem mais liberdade criativa e independência).

De certa forma, passa por aí alguma da "salvação" do cinema. A eventualidade do 3D apresentado em "Beowulf" é um novo marco (que quanto a mim só sofre devido à necessidade de querer criar uma sensação de interactividade com o espectador, por vezes sacrificando tempo narrativo) e um universo de possibilidades. Mas só se nunca se tentar mais do que uma aproximação ao real. Não desejo ver no ecrã um Anthony Hopkins real, um clone digital indiferenciável do seu congénere de carne e osso. Quero uma aproximação, um sentimento de quase realidade, uma sensação de deslumbramento de parecer quase. Porque se me dão uma cópia exacta, que é que torna isto então algo de novo ?

Isto no fim acaba por vir ligar a este projecto. A mim pouco me interessa se ele fala francês ou não. Por mim, até podiam inventar um dialecto completamente distinto que não me importaria (também não ajuda o facto de não gostar lá muito do personagem - a sua adolescência retardada eternamente e aparente misoginia das suas histórias, acabam por se tornar algo aborrecidas após um bocado) mas tenta-se pegar numa história estafada com recurso a novos engenhos de encenação e por muito que doa aos velhos do Restelo, grande potencial advém daí. Convém lembrar que nos últimos tempos do mudo, já se falava do apocalipse do cinema. E no entanto foi um avanço tecnológico que deu às mesmas histórias, novas possibilidades de se exprimirem.
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by Ricardo Ribeiro »

Thanatos wrote: A mim o que me parece é que de certa forma também a ti te escapa a compreensão da impossibilidade de estabelecer um raciocínio sem generalização.
Não há qualquer questão envolvendo generalização neste segmento do tópico, e não percebo o apontamento descabido. Se de facto é comum "foristas" terem esses dois pesos e duas medidas, é lamentável. Não sendo excepções, é generalizar como deve ser feito e cascar na incongruência.

Li o post do Giribi, e acho que tenho algo a dizer no que toca às sequelas. É que há sequelas e sequelas. Algumas, são perfeitamente aceitáveis, quer porque a obra original foi concebida com essa intenção, de forma harmoniosa, ou porque se trata de uma série de filmes, como os filmes Bond e MI. Outras são feitas a martelo. Ainda há pouco tempo comecei a ver o Phone Boot... estava porreiro... quando chega aquele final descabido com um letreiro a dizer: "Ah! Então e nós não iamos fazer uma porcaria destas e perder a oportunidade de enfiar uma sequela se os estudos de mercado o proporcionarem?". Parece que os augúrios posteriores não foram positivos.
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by Von Paulus »

Argaroth01 wrote:Fala-se na falta de ideias do cinema americano, de Hollywood ou que mais termos conseguirem arranjar para não se sentirem intelectualmente envergonhados, mas alguém já pôs a hipótese de haver realmente um limite para a "originalidade" ? Uma finidade para as histórias que se possam contar ? Gabamos o cinema extra-americano, mas se os despirmos até à sua base primordial, não assentam eles em pressupostos já utilizados ? O cinema é uma enorme indústria de reciclagem, seja em que país for. Compensa-se é a variedade dos temas com a variação nos temas. No fundo, que é um cliché senão uma novidade completamente esgotada ?
Não sei qual é o limite e duvido que alguém saiba. Mas estás a anunciar o fim da literatura também?
É que segundo alguns, só existem mesmo 7 plots (outros subdividem em 20 ou 36). As estórias que lemos, que vemos no cinema, são as mesmas que foram escritas ou contadas desde o princípio da civilização, desde Gilgamesh, os Gregos, Velho Testamento, etc, etc. No fundo as limitações foram sempre as mesmas. O que torna diferente é a maneira como é contada, como é expressa. E acho que a esse nível não há tantos limites assim a não ser aqueles que são impostos pelo sistema dos números ou seja o retorno financeiro.
Volto a dizer que acho que estamos cada vez mais surdos, privilegiando o ritmo à melodia, esquecendo por completo a necessidade da harmonia.
Quando da passagem do mudo para o sonoro ou do P/B para as cores, o que estava em causa não era a falta de criatividade. Algumas das melhores obras a P/B são produzidas já quando o cinema colorido já era mais a norma que a excepção. Pessoalmente não sou avesso às alterações tecnológicas, mas sinceramente, não se é por aí que as coisas vão melhorar.

P.S. Também vejo alguns blockbusters. Não tenho qualquer problema em o afirmar. Vejo muito cinema na vertente do DVD e TV. Agora ir ao cinema e ver um blockbuster isso é mais difícil de acontecer. Aí o critério é outro.
Last edited by Von Paulus on August 25th, 2008, 2:04 pm, edited 1 time in total.
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Re: Tintin (2009) - Steven Spielberg, Peter Jackson

Post by Argaroth01 »

Von Paulus wrote:Não sei qual é o limite e duvido que alguém saiba. Mas estás a anunciar o fim da literatura também?
É que segundo alguns, só existem mesmo 7 plots (outros subdividem em 20 ou 36). As estórias que lemos, que vemos no cinema, são as mesmas que foram escritas ou contadas desde o princípio da civilização, desde Gilgamesh, os Gregos, Velho Testamento, etc, etc. No fundo as limitações foram sempre as mesmas. O que torna diferente é a maneira como é contada, como é expressa. E acho que a esse nível não há tantos limites assim a não ser aqueles que são impostos pelo sistema dos números ou seja o retorno financeiro.
Volto a dizer que acho que estamos cada vez mais surdos, privilegiando o ritmo à melodia, esquecendo por completo a necessidade da harmonia.
Quando da passagem do mudo para o sonoro ou do P/B para as cores, o que estava em causa não era a falta de criatividade. Algumas das melhores obras a P/B são produzidas já quando o cinema colorido já era mais a norma que a excepção. Pessoalmente não sou avesso às alterações tecnológicas, mas sinceramente, não se é por aí que as coisas vão melhorar.
Tudo isso foi o que acabei de dizer. Por isso, não será estranho dizer que concordo :mrgreen:

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