There Will Be Blood (2007) - Paul Thomas Anderson
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A necessidade do PT Anderson explicar que havia realmente dois irmãos é mesmo muito mau sinal. Não seria assim tão complicado colocar alguma cena onde a família fizesse referência ao dito irmão entretanto desaparecido. Eu também confesso que só confirmei que realmente havia dois irmãos na cena final, quando o Daniel fala disso mesmo ao mal envelhecido Eli. Mas porquê gémeos? Ganhou-se alguma coisa com a criação da dúvida no espectador?
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Bem, devo dizer que começo a achar que ou estava a dormir durante o filme ou não fui ver o mesmo filme... Ando a ler coisas que não parecem tiradas do mesmo filme. Afinal o filme talvez consiga fazer mais sentido do que eu achava. Mas ele cativou-me tão pouco que eu a meio já estava meio desligado, simplesmente não consegui manter-me atento àquilo.
Talvez seja demasiado, como direi, "experimental" para mim.
Mas fico contente por ver que há muita gente que adorou o filme, significa que não tem sido uma "mania" de críticos pseudo-intelectuais elevar este filme a patamares de qualidade tão altos.
De qualquer modo, foi uma das maiores desilusões cinematográficas que tive nos últimos meses e sinceramente não o irei voltar a ver.
Talvez seja demasiado, como direi, "experimental" para mim.
Mas fico contente por ver que há muita gente que adorou o filme, significa que não tem sido uma "mania" de críticos pseudo-intelectuais elevar este filme a patamares de qualidade tão altos.
De qualquer modo, foi uma das maiores desilusões cinematográficas que tive nos últimos meses e sinceramente não o irei voltar a ver.
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Como já foi dito acho que o DDL tem uma óptima interpretação mas as comparações com The Butcher são inevitáveis...
Não digo que terá sido uma desilusão completa mas também acho que o filme poderia ter seguido uma linha mais interessante e centrar-se mais nos negócios sujos (literalmente) do petróleo...
SPOILERS!!
Existe pelo menos uma grande incoerência no filme: Na parte final o Plainview afirma que o Paul tem uma pequena empresa de sucesso com três poços em produção... Algo estranho para quem durante todo o filme se mostra tão competitivo e ruthless mesmo com o seu filho...
Off-topic:
Acho que tenho de desistir de ir ao cinema... Já nem falo dos preços porque desde que a TMN acabou com a oferta de bilhetes perdi o meu "ouro negro"... Ontem levei com 2 tiazorras que passaram o filme todo a falar! Quando a conversa foi para os filhos da tiazorra ausente, fiquei a saber que ele estava em farmácia e ela em enfermagem... Tive mesmo de as mandar calar e a coisa lá se compôs até quase ao fim... Até à cena final em que uma delas conseguiu rir às gargalhadas...
Não digo que terá sido uma desilusão completa mas também acho que o filme poderia ter seguido uma linha mais interessante e centrar-se mais nos negócios sujos (literalmente) do petróleo...
SPOILERS!!
Existe pelo menos uma grande incoerência no filme: Na parte final o Plainview afirma que o Paul tem uma pequena empresa de sucesso com três poços em produção... Algo estranho para quem durante todo o filme se mostra tão competitivo e ruthless mesmo com o seu filho...
Off-topic:
Acho que tenho de desistir de ir ao cinema... Já nem falo dos preços porque desde que a TMN acabou com a oferta de bilhetes perdi o meu "ouro negro"... Ontem levei com 2 tiazorras que passaram o filme todo a falar! Quando a conversa foi para os filhos da tiazorra ausente, fiquei a saber que ele estava em farmácia e ela em enfermagem... Tive mesmo de as mandar calar e a coisa lá se compôs até quase ao fim... Até à cena final em que uma delas conseguiu rir às gargalhadas...

Soube-se sim senhor... Não estavas a prestar atenção? Daniel diz a Eli que deu $1000 ou $10000 (não me lembro bem da soma, mas parece-me ser 10 mil) a Paul e que ele fundou o seu próprio negócio com o dinheiro. Não se sabe bem os motivos de Paul, mas ele recebeu uma bela maquia de Daniel e aproveitou e fugiu da família. Um motivo possível é Paul saber que o pai batia na irmã mais nova e não gostava muito de Eli pela sua falsidade.DarkPhoenix wrote:Eu nunca pús a hipótese de ser apenas um irmão.
Ocorreu-me a ideia da dupla personalidade como uma possível tábua de salvação para o filme, já que do Paul ( como tantas outras pontas soltas ) nunca mais se soube nada.
É mau sinal mas não sobre o filme, mais sobre quem o vê...Ao Leo wrote:A necessidade do PT Anderson explicar que havia realmente dois irmãos é mesmo muito mau sinal.
Eu não vou escrever muito mais sobre o filme até porque já começou o Dr House, mas sinto-me mais inclinado a concordar com as opiniões do Borreicho. No entanto, também concordo em parte com o Dark no sentido que o filme perde muito ritmo na segunda parte. Mas não concordo com a demolição completa do filme levada a cabo pelo Dark...
De resto, gostava de ver o filme sem intervalo... Merda dos intervalos quebram por completo o envolvimento num filme.
Uma última palavra muito especial para a EXCELENTE banda sonora! Uma música muito corajosa, muito diferente e offbeat. Faz lembrar as composições de György Ligeti usadas por Kubrick em 2001 e Shining. Um score muito corajoso nos tempos que correm. Genial na também genial cena do acidente de HW e o poço a arder. Adorei essa cena, uma das melhores encenações de PT Anderson.
EDIT: Agora que o House tá no intervalo.....
SPOILERS!!
O que tem de estranho ou incoerente? A competitividade dele aqui não tem muito a ver e ninguém diz que está ausente. Ele usa esse facto apenas para martelar mais ainda no Eli. Essa parte final do filme passa-se em 1927, mesmo naquela altura em que a economia dos EUA se foi completamente abaixo (dos EUA ou do mundo inteiro também, não me lembro agora do nome que se dá a esse período da história...Rc Gouveia wrote: SPOILERS!!
Existe pelo menos uma grande incoerência no filme: Na parte final o Plainview afirma que o Paul tem uma pequena empresa de sucesso com três poços em produção... Algo estranho para quem durante todo o filme se mostra tão competitivo e ruthless mesmo com o seu filho...

Nem todos conseguem sacar dos filmes interpretações tão óbvias como:lud81 wrote:É mau sinal mas não sobre o filme, mais sobre quem o vê...Ao Leo wrote:A necessidade do PT Anderson explicar que havia realmente dois irmãos é mesmo muito mau sinal.
lud81 wrote:Eli foi atingido pela queda da economia e segundo parece Paul não foi. Daniel usa isso apenas como arma psicológica contra Eli, que deve ser óbvio que era mesmo um falso profeta, cheio de tangas e falsidades. Daniel diz que Eli falhou porque o verdadeiro escolhido era Paul e não ele. Eu acho mesmo que ele não se dava com Paul, havia ali uma animosidade qualquer, e Daniel sabia, percebeu pela atitude de Paul. Paul também era muito inteligente mas na cena em que apareceu não me pareceu tão sujo.

A necessidade de tantas explicações sobre o que se viu, como se aquela narrativa fosse extremamente rica, sujeita a várias interpretações, é muito mau sinal no caso deste filme. Não o enriquece mas fragiliza-o, sobretudo porque não me parece ter essas ambições psicanalíticas. Se o tem ainda mais falhado será o filme.
Mas, já agora, ajuda-me a perceber a necessidade de gémeos no filme. Poupança no casting? Tentativa de explicar a dualidade embrionária extracorpórea?
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Borreicho e Lud:
Tentar salvar os buracos no argumento recorrendo à adivinhação, não faz parte dos meus talentos.
E se eu quisesse gostar do filme contra tudo e contra todos, também podia estar aqui a inventar razões para desculpar as suas enormes deficiências a nível de argumento e evolução das personagens.
Para mim, o filme mais sobrevalorizado da década.
Tentar salvar os buracos no argumento recorrendo à adivinhação, não faz parte dos meus talentos.
E se eu quisesse gostar do filme contra tudo e contra todos, também podia estar aqui a inventar razões para desculpar as suas enormes deficiências a nível de argumento e evolução das personagens.
Para mim, o filme mais sobrevalorizado da década.
"I WAS fire and life incarnate!"
https://www.youtube.com/user/darkphoenixPT
http://ultrawideangle.blogspot.com/

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Dark, mas quem é que está a inventar seja o que for?
Eu não inventei o que estou a dizer de propósito para contrapor as vossas críticas. Foi assim que eu vi e interpretei o filme e resolvi partilhar. Agora sou acusado de andar a inventar para "salvar" um filme? Como se eu ou o filme precisássemos disso...
Bem, eu tenho vários amigos gémeos... talvez devesse ir perguntar aos pais deles a necessidade deles... O que é engraçado é que, normalmente, pequenas nuances em personagens e diálogos que deixam transparecer motivos de uma forma não óbvia ou aberta a interpretação costumam ser encaradas como coisas de bons filmes, mas parece que neste caso isso fá-lo mau e cheio de buracos. Não estou a dizer que o filme não tem buracos, todos os filmes os terão, mas não vejo buracos em algumas partes em que vocês vêem.
Eu não acho que esteja a sobrevalorizar o filme, até porque não o acho tão bom como Boogie Nights ou Magnolia. Mas também não o subvalorizo assim tanto.
Dark, para um exemplo diferente e recente. Sobre o Cloverfield, eu disse aqui no tópico do filme que era uma autêntica viagem de montanha-russa, um puro filme de monstros onde nada é explicado, apenas é dado a sentir ao espectador. Mais tarde tu viste o filme e viste nele uma grande metáfora para os ataques do 9/11 e uma forma de exorcizar alguns fantasmas de New York. Agora faz-me um favor e vai lá à procura do meu post onde eu te acusei de estares a inventar e a recorrer à adivinhação para elevar um filme de monstros a uma obra transcendental sobre o 9/11. Não encontras porque eu não o fiz. E nem o pensei. Achei a tua interpretação perfeitamente válida, embora eu tenha escolhido ver apenas um filme de monstros.
Se não querem gostar do There Will Be Blood, pois não gostem, não é minha função fazer ninguém gostar de nenhum filme. Apenas achei por bem partilhar alguns dos meus pontos de vista.

Bem, eu tenho vários amigos gémeos... talvez devesse ir perguntar aos pais deles a necessidade deles... O que é engraçado é que, normalmente, pequenas nuances em personagens e diálogos que deixam transparecer motivos de uma forma não óbvia ou aberta a interpretação costumam ser encaradas como coisas de bons filmes, mas parece que neste caso isso fá-lo mau e cheio de buracos. Não estou a dizer que o filme não tem buracos, todos os filmes os terão, mas não vejo buracos em algumas partes em que vocês vêem.
Eu não acho que esteja a sobrevalorizar o filme, até porque não o acho tão bom como Boogie Nights ou Magnolia. Mas também não o subvalorizo assim tanto.
Mais uma vez, mas qual "necessidade"? Quem foi que me explicou a mim? Foi o que eu tirei do filme, ora essa! Se não queres pensar no filme e queres tudo entregue em bandeja, tudo bem, mas não me critiques e nem me acusem de inventar, como fez o Dark de maneira óbvia e tu de maneira menos óbvia, quando eu encontro motivações escondidas por detrás de palavras e acções. Afinal não é isso que se faz quando se vê um filme?"A necessidade de tantas explicações sobre o que se viu"
Dark, para um exemplo diferente e recente. Sobre o Cloverfield, eu disse aqui no tópico do filme que era uma autêntica viagem de montanha-russa, um puro filme de monstros onde nada é explicado, apenas é dado a sentir ao espectador. Mais tarde tu viste o filme e viste nele uma grande metáfora para os ataques do 9/11 e uma forma de exorcizar alguns fantasmas de New York. Agora faz-me um favor e vai lá à procura do meu post onde eu te acusei de estares a inventar e a recorrer à adivinhação para elevar um filme de monstros a uma obra transcendental sobre o 9/11. Não encontras porque eu não o fiz. E nem o pensei. Achei a tua interpretação perfeitamente válida, embora eu tenha escolhido ver apenas um filme de monstros.
Se não querem gostar do There Will Be Blood, pois não gostem, não é minha função fazer ninguém gostar de nenhum filme. Apenas achei por bem partilhar alguns dos meus pontos de vista.
- DarkPhoenix
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Lud, vá lá....
O "Cloverfield" tem 9/11 escrito por todo o lado.
Não é preciso ser-se um génio para perceber isso, e o filme nem precisa dessas analogias, vale por si próprio.
Um exemplo da tua tentativa em explicar o "There Will Be Blood":
E depois começas com teorias infundadas acerca dos problemas familiares, baseando-te em migalhas...
O TWBB é uma série de sketches, elaborados para o Daniel Day-Lewis mostrar os seus dotes.
Ao som de uma boa BSO e com um realizador competente aos comandos.
Nada mais, lamento.
O "Cloverfield" tem 9/11 escrito por todo o lado.
Não é preciso ser-se um génio para perceber isso, e o filme nem precisa dessas analogias, vale por si próprio.
Um exemplo da tua tentativa em explicar o "There Will Be Blood":
Então, achas que uma reles alusão nos últimos segundos do filme chega para "se saber alguma coisa do Paul"?Soube-se sim senhor... Não estavas a prestar atenção? Daniel diz a Eli que deu $1000 ou $10000 (não me lembro bem da soma, mas parece-me ser 10 mil) a Paul e que ele fundou o seu próprio negócio com o dinheiro. Não se sabe bem os motivos de Paul, mas ele recebeu uma bela maquia de Daniel e aproveitou e fugiu da família. Um motivo possível é Paul saber que o pai batia na irmã mais nova e não gostava muito de Eli pela sua falsidade.
E depois começas com teorias infundadas acerca dos problemas familiares, baseando-te em migalhas...
O TWBB é uma série de sketches, elaborados para o Daniel Day-Lewis mostrar os seus dotes.
Ao som de uma boa BSO e com um realizador competente aos comandos.
Nada mais, lamento.
"I WAS fire and life incarnate!"
https://www.youtube.com/user/darkphoenixPT
http://ultrawideangle.blogspot.com/

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Que são teorias, reconheço que são, mas que são infundadas não posso aceitar. Eu trabalho com o que lá está e não com cenas que invento. E quando digo "um motivo possível" isso em nenhum aspecto pretende ser ou pode ser usado como um defeito ao filme.
É que o que eu vejo a ser criticado no filme nem sequer é a quebra de ritmo que este sofre na segunda metade (sim, eu também acho que a segunda parte perde um pouco de embalagem), mas sim a ausência de uma explicação clara e única incorporada no filme. E não aceito que se critique isso. O filme mostra actos e diálogos que constróem os personagens e dão pistas sobre certas coisas. Essas certas coisas podem ser interpretadas e/ou deduzidas. O facto de o filme requerer dedução fá-lo mau? Querias um flashback para tudo?
No final nesses tais reles segundos aprendemos finalmente que Paul é um homem de sucesso. Ora, ele nunca mais contactou com a família, mais uma vez o que é que isso te diz sobre as relações entre ele e a família? Nada?
Tu é que escolhes considerar estes pedaços de informação "migalhas", de um modo pejorativo. "Tentativa de explicação do filme", "necessidade", "tantas explicações"... Pois, seja.
É que o que eu vejo a ser criticado no filme nem sequer é a quebra de ritmo que este sofre na segunda metade (sim, eu também acho que a segunda parte perde um pouco de embalagem), mas sim a ausência de uma explicação clara e única incorporada no filme. E não aceito que se critique isso. O filme mostra actos e diálogos que constróem os personagens e dão pistas sobre certas coisas. Essas certas coisas podem ser interpretadas e/ou deduzidas. O facto de o filme requerer dedução fá-lo mau? Querias um flashback para tudo?
Sim. Fica-se a saber o que aconteceu ao Paul, não é preciso uma cena a mostrar, qual o teu problema aqui? Paul não é o personagem principal e nem tão pouco um secundário. A informação que temos dele é suficiente para o que ele contribui. Agora vou "inventar" mais um pouco: achas que não se repara na cena dele que ele não nutre assim grande afecto pela sua família? Não me lembro do diálogo específico, mas ele dá a informação a Daniel sabendo que este se irá apropriar dos terrenos e fica com dinheiro para ele próprio. No diálogo ele diz qualquer coisa sobre a ignorância ou incompetência da família. O que é que isto te diz? Nada? Daí sabemos que ele se queria afastar, nada ambíguo ou inventado aqui. Depois ao longo do filme vamos conhecendo sobretudo Eli, que é falso e interesseiro, e aprendemos que o pai deles bate na irmã. Ok, isto pode ajudar a compreender mais Paul, pois o mais provável é ele ser o oposto daquilo de que fugiu. Onde é que estou a inventar? Estou simplesmente a interpretar pistas do filme.Então, achas que uma reles alusão nos últimos segundos do filme chega para "se saber alguma coisa do Paul"?
No final nesses tais reles segundos aprendemos finalmente que Paul é um homem de sucesso. Ora, ele nunca mais contactou com a família, mais uma vez o que é que isso te diz sobre as relações entre ele e a família? Nada?
Tu é que escolhes considerar estes pedaços de informação "migalhas", de um modo pejorativo. "Tentativa de explicação do filme", "necessidade", "tantas explicações"... Pois, seja.
Primeiro que tudo , ver quase de seguida o No Country for Old Men e o There Will Be Blood é uma grande ensaboadela de cinema dificil de repetir pela sua qualidade.
Falando do filme eu fico um bocado sem palavras para o descrever , e acho que é dificl sair da sala de uma forma indiferente para o que se acabou de ver. Eu concordo com muitas das criticas e muitos dos elogios
Se a estrutura narrativa do filme é mesmo uma "big mess" , o filme assenta no percurso do Daniel durante várias decadas e por isso aceito perfeitamente por vezes a pouca articulacao entre cenas. Tecnicamente nao á nada a apontar , uma cinematografia deslumbrante , uma banda sonora fantastica , minimalista quando necessaria e em muitos momentos a contribuir para o aumento do estado de tensao (como ja referiram isto soa mesmo a Kubrick e nao é so neste ponto , toda a direccao do filme fez me lembrar Kubrick) , um Daniel Day Lewis a encher a tela com a sua presenca de uma forma fulgorante numa interpretacao "bigger then life".
Tirando a tal falta de articulacao narrativa , o problema do filme é ser apenas e só sobre Daniel Plainview e os seus conflitos (o mais interessante para mim foi sempre a sua relacao com o "filho") que em alguns momentos provoca algum desgaste. Um pequeno pormenor que nao gostei foi na cena final o Paul Dano estar igualzinho , situacao que de certeza que nao passou ao lado do P.T.Anderson e que tem alguma carga simbolica que me passou completamente ao lado.
A Teatralidade que o Day Lewis apresenta e é de certa forma acusado existe claramente mas acho que assenta muito bem na personagem e é claramente um elemento bem caracteristico para comecarmos a entender afinal quem era Daniel Plainview. Nao acho é que seja o seu melhor trabalho , dentro do estilo gostei mais do Billy the Butcher no Gangs , onde a natureza da personagem estava lado a lado com a interpretacao do DDL e nao sofre tanto desgaste pois nao aparece em todas as cenas (que ocorre no Blood) ...My Left Foot , In the name of Father (belissimo filme) , Last Mohicans ou Age of Innocence sao bons exemplos de trabalhos tao bons ou melhores que esta composicao do Plainview. O que eu tenho a certeza , é que ele é claramente um dos expoentes máximos do chamado "actor de método".
É verdade que apesar de acompanharmos várias decadas da vida do Plainview , acabamos sempre por nunca o conhecer verdadeiramente e ai talvez os conflitos existentes sejam por vezes dificl de racionalizar mas mesmo assim nao concordo que ele nos seja um estranho e as suas accoes incompreensiveis , nem tao pouco algumas interpretacoes que alguns espectadores fazem acerca de alguns acontecimentos. Por exemplo a ideia de nao serem 2 irmaos nunca me passou sequer pela cabeca e logo que se percebeu a base e o excesso religioso existente na familia Sunday , a brutalidade perante a filha e urgencia do Paul ganhar rapidamente dinheiro foi mais do que suficiente para perceber que o filho nao queria estar de forma alguma ligado ali.
Se o filme dos irmaos Coen era um trabalho controlado e realizado ao "milimetro" onde nada falha , este There Will Be Blood é um filme de sensacoes á flor da pele , de grande carga dramatica e de uma dimensao épica mas muito mais cru e com muitos cantos por limar.
Muito Recomendado porque é mesmo uma grande experiencia.
Falando do filme eu fico um bocado sem palavras para o descrever , e acho que é dificl sair da sala de uma forma indiferente para o que se acabou de ver. Eu concordo com muitas das criticas e muitos dos elogios

Tirando a tal falta de articulacao narrativa , o problema do filme é ser apenas e só sobre Daniel Plainview e os seus conflitos (o mais interessante para mim foi sempre a sua relacao com o "filho") que em alguns momentos provoca algum desgaste. Um pequeno pormenor que nao gostei foi na cena final o Paul Dano estar igualzinho , situacao que de certeza que nao passou ao lado do P.T.Anderson e que tem alguma carga simbolica que me passou completamente ao lado.
A Teatralidade que o Day Lewis apresenta e é de certa forma acusado existe claramente mas acho que assenta muito bem na personagem e é claramente um elemento bem caracteristico para comecarmos a entender afinal quem era Daniel Plainview. Nao acho é que seja o seu melhor trabalho , dentro do estilo gostei mais do Billy the Butcher no Gangs , onde a natureza da personagem estava lado a lado com a interpretacao do DDL e nao sofre tanto desgaste pois nao aparece em todas as cenas (que ocorre no Blood) ...My Left Foot , In the name of Father (belissimo filme) , Last Mohicans ou Age of Innocence sao bons exemplos de trabalhos tao bons ou melhores que esta composicao do Plainview. O que eu tenho a certeza , é que ele é claramente um dos expoentes máximos do chamado "actor de método".
É verdade que apesar de acompanharmos várias decadas da vida do Plainview , acabamos sempre por nunca o conhecer verdadeiramente e ai talvez os conflitos existentes sejam por vezes dificl de racionalizar mas mesmo assim nao concordo que ele nos seja um estranho e as suas accoes incompreensiveis , nem tao pouco algumas interpretacoes que alguns espectadores fazem acerca de alguns acontecimentos. Por exemplo a ideia de nao serem 2 irmaos nunca me passou sequer pela cabeca e logo que se percebeu a base e o excesso religioso existente na familia Sunday , a brutalidade perante a filha e urgencia do Paul ganhar rapidamente dinheiro foi mais do que suficiente para perceber que o filho nao queria estar de forma alguma ligado ali.
Se o filme dos irmaos Coen era um trabalho controlado e realizado ao "milimetro" onde nada falha , este There Will Be Blood é um filme de sensacoes á flor da pele , de grande carga dramatica e de uma dimensao épica mas muito mais cru e com muitos cantos por limar.
Muito Recomendado porque é mesmo uma grande experiencia.
" Listen, you fuckers, you screwheads. Here is a man who would not take it anymore. A man who stood up against the scum, the cunts, the dogs, the filth, the shit. Here is a man who stood up." Travis Bickle in Taxi Driver
Só tive oportunidade de ver "There will be blood" há uns dias e após uns bons dois meses de jejum cinematográfico. E o engraçado é que já há bem mais tempo que filme algum me ficava na memória como este. Durante um dia ou dois tive cenas literalmente a tocar na minha cabeça.
É sempre complicado(para mim pelo menos) de explicar exactamente qual a atracção ao filme, mas ao ler os comentários deste tópico veio-me à ideia que poderá ser exactamente o contrário do que é desejado por alguns.
Por exemplo:
Este filme tornou-se-me interessante precisamente porque em todos os pontos em que a maior parte dos realizadores utilizaria "ploys and tricks", PTA decidiu surpreender fazendo a mais simples escolha; poder-se-ia dizer até a mais realística. A questão é: nos comentários, não haverá uma procura no argumento de algo como um palhaço a saltar de uma caixa de surpresas?
Veja-se as dúvidas sobre o irmão que, sendo nada mais que um irmão gémeo, tanto confundiu alguns mesmo apesar de o próprio Eli à mesa com o pai referir-se ao irmão(Paul?) e uma procura incessante sobre os contornos específicos, um estereótipo no qual remeter o nosso protagonista. A verdade é que eu próprio procurei durante o filme "a transformação" e porque ela nunca vem, o filme é sem dúvida o melhor que já vi nos últimos anos(sim, melhor que "No country for old men").
PTA puxa as fronteiras do cinema da mesma maneira de Korosawa, Hitchcook ou Kubrick, tornando as suas experiências em conquistas cinematográficas.
Uma olhada pelos filmes dos anos 70, 80 é fácil ver que os filme não são voltas e reviravoltas à-la-Sixth Sense, mas antes apoiam-se num conceito original(falo dos filmes de qualidade, claro), mas para o espectador que já viu que tudo pode aparecer no ecrân, maravilhar já não é possível e é tudo sobre o choque e a surpresa.
"There Will Be Blood" é um filme incaracterístico com uma apresentação simples e um argumento que, ao contrário do que já aqui foi dito, é totalmente consistente. Tudo o que não é apresentado directamente, como motivações e sentimentos é deixado ser guiado ou extrapolado pelo espectador, que na sua percepção poderá pensar num irmão gémeo ou que Plainview perdeu a cabeça com a tragédia do filho e o falso irmão.
O filme é tão simples que se torna complexo e tudo o que tem de complexo tem uma apresentação genialmente simples.
Deixo só última nota para a excelente prestação de DDL que junta em alguns momentos drama com contornos de comédia e mantendo sempre tudo no limite entre o real e o ireal que torna as personagens memoráveis e que é um balanço ao alcance de muito poucos actores.
Após tamanha imensidão de palavras, peço moderação quando esquartejarem o meu post para lhe responderem já que lhe podem retirar a lógica e entrar numa discussão de "Headlines".
É sempre complicado(para mim pelo menos) de explicar exactamente qual a atracção ao filme, mas ao ler os comentários deste tópico veio-me à ideia que poderá ser exactamente o contrário do que é desejado por alguns.
Por exemplo:
Claramente, tendo eu uma apreciação positiva do filme, não concordo com a "sopa confusa" e muito menos "3 horas mal aproveitadas", mas na parte dos "sem encadeamento que tornem perceptíveis[...] as várias alterações que a personagem sofre", já me parece que é a maior força do filme e suponho que alguns comentários negativos provenham de uma mente já preparada para um certo tipo de entrega cinematográfica.DarkPhoenix wrote:Não há fio narrativo porque o argumento é um falhanço absoluto.
A história poderia ter potencial, mas as 3 horas mal aproveitadas resultam numa sopa confusa, sem encadeamentos que tornem perceptíveis e verosímeis as várias alterações que a personagem central sofre e a sua relação com o mundo.
Este filme tornou-se-me interessante precisamente porque em todos os pontos em que a maior parte dos realizadores utilizaria "ploys and tricks", PTA decidiu surpreender fazendo a mais simples escolha; poder-se-ia dizer até a mais realística. A questão é: nos comentários, não haverá uma procura no argumento de algo como um palhaço a saltar de uma caixa de surpresas?
Veja-se as dúvidas sobre o irmão que, sendo nada mais que um irmão gémeo, tanto confundiu alguns mesmo apesar de o próprio Eli à mesa com o pai referir-se ao irmão(Paul?) e uma procura incessante sobre os contornos específicos, um estereótipo no qual remeter o nosso protagonista. A verdade é que eu próprio procurei durante o filme "a transformação" e porque ela nunca vem, o filme é sem dúvida o melhor que já vi nos últimos anos(sim, melhor que "No country for old men").
PTA puxa as fronteiras do cinema da mesma maneira de Korosawa, Hitchcook ou Kubrick, tornando as suas experiências em conquistas cinematográficas.
Uma olhada pelos filmes dos anos 70, 80 é fácil ver que os filme não são voltas e reviravoltas à-la-Sixth Sense, mas antes apoiam-se num conceito original(falo dos filmes de qualidade, claro), mas para o espectador que já viu que tudo pode aparecer no ecrân, maravilhar já não é possível e é tudo sobre o choque e a surpresa.
"There Will Be Blood" é um filme incaracterístico com uma apresentação simples e um argumento que, ao contrário do que já aqui foi dito, é totalmente consistente. Tudo o que não é apresentado directamente, como motivações e sentimentos é deixado ser guiado ou extrapolado pelo espectador, que na sua percepção poderá pensar num irmão gémeo ou que Plainview perdeu a cabeça com a tragédia do filho e o falso irmão.
O filme é tão simples que se torna complexo e tudo o que tem de complexo tem uma apresentação genialmente simples.
Deixo só última nota para a excelente prestação de DDL que junta em alguns momentos drama com contornos de comédia e mantendo sempre tudo no limite entre o real e o ireal que torna as personagens memoráveis e que é um balanço ao alcance de muito poucos actores.
Após tamanha imensidão de palavras, peço moderação quando esquartejarem o meu post para lhe responderem já que lhe podem retirar a lógica e entrar numa discussão de "Headlines".
Re: There Will Be Blood (2007) - Paul Thomas Anderson
«Haverá Sangue» pode ser, em parte, como que um complemento ao clássico «O Tesouro da Sierra Madre» (e que constituiu uma grande influência para a elaboração deste clássico contemporâneo), no que respeita ao tema da riqueza e a toda a mudança económica, política e social que a mesma traz a quem a possui. Uma das mais extraordinárias obras cinematográficas modernas, este filme realizado pelo incontornável Paul Thomas Anderson (responsável por poucos - mas grandes! - filmes, como o inesquecivelmente bizarro «Magnolia» e o mais recente «The Master - O Mentor», uma reflexão mais profunda sobre a vida que foi um filme injustamente esquecido dos Oscares deste ano, nomeadamente no que diz respeito ao Melhor Filme), uma das vozes cinematográficas mais originais do nosso tempo e que tem marcado território entre os Grandes Mestres da História da Sétima Arte. Com influências dos clássicos americanos mas trazendo ao mesmo tempo a sua perspetiva inovadora, complexa e perturbadora da Arte das Fitas, Paul Thomas Anderson mostra como ainda há espaço, nos dias de hoje, para se fazer a diferença e se trazer a inovação no Cinema. Cada novo filme que realiza é esperado com muita ansiedade, e «Haverá Sangue» não foi exceção, arrecadando diversas nomeações para os Oscares desse ano, conquistando duas, a de Melhor Fotografia e a de Melhor Ator para Daniel Day-Lewis, o segundo prémio da Academia de um artista que este ano conquistou a terceira estatueta da sua carreira (tornando-se o ator mais premiado de sempre pela Academia) pela sua magnífica prestação em «Lincoln».
«Haverá Sangue» inicia-se de uma maneira invulgar e comprometedora que não nos diz muito do que poderemos esperar de todo o seu enredo posterior. E ainda bem, porque esta se trata de uma história que desde o princípio se mostra original, complexa e identificável com qualquer período da História humana. Mesmo que as circunstâncias se alterem, nunca deixarão de persistir nas sociedades a ganância, a ambição e a procura de Poder nas almas dos indivíduos que as constituem. A partir da história de Daniel Plainview (Day-Lewis), um magnata do petróleo em constante ascensão profissional (e queda em termos de humildade e de humanidade) na América de princípios do século XX, dominada por uma onda de progresso e mudança que caracterizariam o país durante as primeiras décadas e que hoje são aprofundadamente estudadas e conhecidas pelo grande público, «Haverá Sangue» traça a história do país, de um período de transição entre Eras de desenvolvimento, e da sua busca constante por riqueza, que tornou os EUA numa das grandes potências do mundo atual. O filme trata-se também de uma crítica aos valores atrasados e retrógrados da sociedade americana e da forma como, em muitas circunstâncias, não se soube adaptar devidamente às alterações que foi verificando na sua estrutura económica, social e política. Relatando também em paralelo a história de Eli Sunday, um homem que ascende também a um lugar dentro da diversa religiosidade abrangentemente presente na cultura da América, criando a sua própria seita (a "Igreja da Terceira Revelação") que caracteriza todos os fanatismos e incongruências de muitos cultos do género em Terras do Tio Sam, que assiste a uma contínua e imparável propagação em massa de profetas e de seitas que defendem diversas ideias, muitas delas aparentemente absurdas para quem pretende possuir uma visão mais normal e menos fanática das coisas.
Outro dos pontos altos de «Haverá Sangue» é a relação de Daniel Plainview com o seu filho adotivo H.W. Plainview (que não saberá, durante muito tempo, de que ele não é o seu Pai biológico), que com ele estabelecerá laços muito fortes de companheirismo e também de negócios, visto que H.W., quando criança, ajudará muito o seu "progenitor" na compra de terrenos propícios à exploração de petróleo e noutras coisas que envolvem este negócio. Contudo, com o passar dos tempos e a cada vez que Daniel enriquece mais e mais, a sua relação com o filho deteriora-se a cada passo. E aí ficamos a pensar que será que toda a ligação que ele estabeleceu com H.W. não passou apenas de uma oportunidade aproveitada pelo petroleiro para melhorar a sua vida económica e profissional... Talvez se possa, a partir destes dados, fazer-se uma comparação de «Haverá Sangue» a «Citizen Kane», vulgarmente considerado o Melhor filme de todos os tempos. Talvez o filme de Paul Thomas Anderson possa ser visto como uma versão moderna, em termos técnicos, e mais aprofundada, a nível psicológico, das ideias do clássico realizado, escrito e protagonizado por Orson Welles, comparação feita por vários críticos especializados aquando a estreia de «Haverá Sangue». Contudo, tratam-se de dois filmes distintos, incomparáveis e Grandes à sua maneira. Mas este filme ganha mais pela forma menos direta e mais tocante como aborda a ligeireza das relações humanas e da condição do Homem no meio que habita. Mas repito: são duas fitas inigualáveis e obrigatórias! Contudo, as semelhanças com «O Tesouro da Sierra Madre», confessadas pelo próprio Paul Thomas Anderson, são as mais notórias, e por isso penso que «Haverá Sangue» deve ser visto depois do filme de John Huston, que aborda alguns dos mesmos temas e da mesma forma, negra e profunda.
«Haverá Sangue» tornou-se, merecidamente, um dos filmes mais influentes e aclamados deste vigésimo primeiro século. Outros cineastas da formidável geração de Paul Thomas Anderson, como Quentin Tarantino, expressaram a sua admiração por este magistral filme, que apenas merece aplausos de quem dele gostou, como foi, obviamente, o meu caso. Uma reflexão moderna sobre a vida, apesar da narrativa se centrar no princípio do século passado, que mostra como as coisas mudam, mas o ser humano e as suas características psicológicas permanecem iguais. Um filme perfeito a nível técnico (a fotografia magnífica, os fabulosos planos de câmara e perspetivas dos ambientes e das personagens, a banda sonora, minimalista mas inesquecível...), narrativo e representativo (grande leque de atores, encabeçado pelo Mestre Daniel Day-Lewis), que mostra a força que o Cinema contemporâneo pode ter, se quiser. Muitos apressam-se a dizer que tudo já foi inventado na nossa época e que não existe nada de novo para se elaborar, não só no Cinema como também noutras áreas culturais e tecnológicas. Mas «Haverá Sangue», e o seu realizador, mostram como essa frase não faz nenhum sentido.
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«Haverá Sangue» inicia-se de uma maneira invulgar e comprometedora que não nos diz muito do que poderemos esperar de todo o seu enredo posterior. E ainda bem, porque esta se trata de uma história que desde o princípio se mostra original, complexa e identificável com qualquer período da História humana. Mesmo que as circunstâncias se alterem, nunca deixarão de persistir nas sociedades a ganância, a ambição e a procura de Poder nas almas dos indivíduos que as constituem. A partir da história de Daniel Plainview (Day-Lewis), um magnata do petróleo em constante ascensão profissional (e queda em termos de humildade e de humanidade) na América de princípios do século XX, dominada por uma onda de progresso e mudança que caracterizariam o país durante as primeiras décadas e que hoje são aprofundadamente estudadas e conhecidas pelo grande público, «Haverá Sangue» traça a história do país, de um período de transição entre Eras de desenvolvimento, e da sua busca constante por riqueza, que tornou os EUA numa das grandes potências do mundo atual. O filme trata-se também de uma crítica aos valores atrasados e retrógrados da sociedade americana e da forma como, em muitas circunstâncias, não se soube adaptar devidamente às alterações que foi verificando na sua estrutura económica, social e política. Relatando também em paralelo a história de Eli Sunday, um homem que ascende também a um lugar dentro da diversa religiosidade abrangentemente presente na cultura da América, criando a sua própria seita (a "Igreja da Terceira Revelação") que caracteriza todos os fanatismos e incongruências de muitos cultos do género em Terras do Tio Sam, que assiste a uma contínua e imparável propagação em massa de profetas e de seitas que defendem diversas ideias, muitas delas aparentemente absurdas para quem pretende possuir uma visão mais normal e menos fanática das coisas.
Outro dos pontos altos de «Haverá Sangue» é a relação de Daniel Plainview com o seu filho adotivo H.W. Plainview (que não saberá, durante muito tempo, de que ele não é o seu Pai biológico), que com ele estabelecerá laços muito fortes de companheirismo e também de negócios, visto que H.W., quando criança, ajudará muito o seu "progenitor" na compra de terrenos propícios à exploração de petróleo e noutras coisas que envolvem este negócio. Contudo, com o passar dos tempos e a cada vez que Daniel enriquece mais e mais, a sua relação com o filho deteriora-se a cada passo. E aí ficamos a pensar que será que toda a ligação que ele estabeleceu com H.W. não passou apenas de uma oportunidade aproveitada pelo petroleiro para melhorar a sua vida económica e profissional... Talvez se possa, a partir destes dados, fazer-se uma comparação de «Haverá Sangue» a «Citizen Kane», vulgarmente considerado o Melhor filme de todos os tempos. Talvez o filme de Paul Thomas Anderson possa ser visto como uma versão moderna, em termos técnicos, e mais aprofundada, a nível psicológico, das ideias do clássico realizado, escrito e protagonizado por Orson Welles, comparação feita por vários críticos especializados aquando a estreia de «Haverá Sangue». Contudo, tratam-se de dois filmes distintos, incomparáveis e Grandes à sua maneira. Mas este filme ganha mais pela forma menos direta e mais tocante como aborda a ligeireza das relações humanas e da condição do Homem no meio que habita. Mas repito: são duas fitas inigualáveis e obrigatórias! Contudo, as semelhanças com «O Tesouro da Sierra Madre», confessadas pelo próprio Paul Thomas Anderson, são as mais notórias, e por isso penso que «Haverá Sangue» deve ser visto depois do filme de John Huston, que aborda alguns dos mesmos temas e da mesma forma, negra e profunda.
«Haverá Sangue» tornou-se, merecidamente, um dos filmes mais influentes e aclamados deste vigésimo primeiro século. Outros cineastas da formidável geração de Paul Thomas Anderson, como Quentin Tarantino, expressaram a sua admiração por este magistral filme, que apenas merece aplausos de quem dele gostou, como foi, obviamente, o meu caso. Uma reflexão moderna sobre a vida, apesar da narrativa se centrar no princípio do século passado, que mostra como as coisas mudam, mas o ser humano e as suas características psicológicas permanecem iguais. Um filme perfeito a nível técnico (a fotografia magnífica, os fabulosos planos de câmara e perspetivas dos ambientes e das personagens, a banda sonora, minimalista mas inesquecível...), narrativo e representativo (grande leque de atores, encabeçado pelo Mestre Daniel Day-Lewis), que mostra a força que o Cinema contemporâneo pode ter, se quiser. Muitos apressam-se a dizer que tudo já foi inventado na nossa época e que não existe nada de novo para se elaborar, não só no Cinema como também noutras áreas culturais e tecnológicas. Mas «Haverá Sangue», e o seu realizador, mostram como essa frase não faz nenhum sentido.
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Re: There Will Be Blood (2007) - Paul Thomas Anderson
Resumindo, para mim, o filme "There Will be Blood" é um filme que tem a sua história contada no seu titulo, tão simples como isso. Mais do que uma história sobre um homem com uma forte ambição material é um filme sobre emoções e sentimentos humanos durante um determinante periodo dos USA. Um homem poderoso, determinado e arrogante, que demonstra muita inteligência no campo dos negócios mas que por outro lado apresenta uma certa dificuldade em lidar com determinadas situações, incluindo com o seu filho adoptivo.. Um homem, que ajudado pelo vicio do alcóol, corta os laços com a pessoa de quem mais gosta (o seu filho) e mata a pessoa que mais detesta (o profeta Eli).
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
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