Munich (2005) - Steven Spielberg

Discussão de filmes; a arte pela arte.

Moderators: waltsouza, mansildv

Post Reply
Argaroth01
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3178
Joined: August 11th, 2003, 9:00 pm
Location: Portugal

Post by Argaroth01 »

Sunkid wrote:Bem Argaroth01, parece-me que não será bem assim. Pelas criticas que vi até agora, o Spielberg fez um filme completamente isento, sem bons nem maus, e isso tem sido o mais criticado. Já agora, o filme está a ser acusado de ser anti-semita ( :shock: ) e quem mais tem criticado são precisamente os judeus.
Resta esperar então...
User avatar
waltsouza
Moderador
Posts: 3698
Joined: March 19th, 2005, 8:26 am
Location: Sobreda, Terra dos cães e dos gatos
Contact:

Post by waltsouza »

"Munich" relançado por Washington


A nova longa-metragem de Steven Spielberg venceu finalmente os seus primeiros prémios da crítica, conseguindo finalmente bater o imparável "Brokeback Mountain" de Ang Lee e ser eleito o melhor filme do ano pelo Círculo de Críticos de Washington, com Spielberg a arrecadar igualmente o prémio para Melhor Realizador.

No entanto, as coisas não continuam fáceis para o filme que ainda há um mês atrás era visto como o grande favorito na corrida aos Oscars. "Munich" não está presente nos nomeados à categoria de Melhor Filme Dramático nos Globos de Ouro - só para terem uma ideia, o último filme a vencer o Oscar para Melhor Filme sem estar nomeado para qualquer categoria de Melhor Filme nos Globos de Ouro (Drama, Musical/Comédia ou Filme Estrangeiro) foi "The Sting"... em 1974. Por outro lado, esta vitória solidifica a sua eventual nomeação para o prémio máximo da Academia.

Nas categorias de representação, prevalecem os suspeitos do costume: Philip Seymour Hoffman por Capote, Reese Witherspoon por Walk the Line, Paul Giamatti por Cinderella Man e Amy Adams por Junebug. "Capote" arrecadou mais uma vez o prémio para Melhor Argumento (Adaptado).

O outro grande vencedor foi "Crash", que conquistou prémios para Melhor Elenco e Melhor Argumento Original.

Eis a lista completa dos premiados e dos restantes nomeados:

Melhor Filme: Munich

Nomeados: Brokeback Mountain, Capote, Crash e Good Night and Good Luck.

Melhor Realizador: Steven Spielberg por Munich

Nomeados: Ang Lee por Brokeback Mountain, Ron Howard por Cinderella Man, George Clooney por Good Night and Good Luck e Fernando Meirelles por The Constant Gardener.

Melhor Actor: Philip Seymour Hoffman por Capote

Nomeados: Heath Ledger por Brokeback Mountain, David Strathairn por Good Night and Good Luck, Terrence Howard por Hustle & Flow e Joaquin Phoenix por Walk the Line.

Melhor Actriz: Reese Witherspoon por Walk the Line

Nomeadas: Charlize Theron por North Country, Keira Knightley por Pride and Prejudice, Joan Allen por The Upside of Anger e Felicity Huffman por Transamerica.

Melhor Actor Secundário: Paul Giamatti por Cinderella Man

Nomeados: Terrence Howard por Crash, Matt Dillon por Crash, Peter Sarsgaard por Jarhead e Geoffrey Rush por Munich.

Melhor Actriz Secundária: Amy Adams por Junebug

Nomeadas: Michelle Williams por Brokeback Mountain, Catherine Keener por Capote, Taraji Henson por Hustle & Flow e Brenda Blethyn por Pride and Prejudice.

Melhor Elenco: Crash

Nomeados: Good Night and Good Luck, Pride and Prejudice, Rent e Sin City.

Melhor Argumento Adaptado: Dan Futterman por Capote

Nomeados: Larry McMurtry e Diana Ossana por Brokeback Mountain; Doug Wright, Robin Swicord e Arthur Golden por Memoirs of a Geisha; Tony Kushner por Munich; e Deborah Moggach por Pride and Prejudice.

Melhor Argumento Original: Paul Haggis e Bobby Moresco, Crash

Nomeados: George Clooney e Grant Heslov por Good Night and Good Luck; Craig Brewer por Hustle & Flow; Angus McLachlan por Junebug; e Noah Baumbach, The Squid and the Whale.


Melhor Filme de Animação: Wallace & Gromit: The Curse of the Were-Rabbit

Nomeados: Chicken Little, Madagascar, Robots e The Corpse Bride.

Melhor Documentário: Enron: The Smartest Guys in the Room

Nomeados: Grizzly Man, Mad Hot Ballroom, March of the Penguins e Murderball.

Melhor Filme Estrangeiro: Kung Fu

Nomeados: Voces Inocentes, Paradise Now, Schultze Gets the Blues e Lakposhtha hâm parvaz mikonand.

fonte: c7nema.net
User avatar
wavey
Especialista
Especialista
Posts: 1888
Joined: December 1st, 2004, 10:27 am

Post by wavey »

Olá 8)

Acabei agora de ver o trailer do Munich e de facto, o filme parece estar muito aquém das espectativas criadas por muita gente. Sinceramente, pensei que o filme de Spielber abordasse mesmo os acontecimentos de Munique e não o que aconteceu depois, que foi a vingança dos israelitas. Penso que o documentário One day in September é muito melhor ao abordar directamente os acontecimentos horríficos de 1972.
Para quem quer regressar ao esplendor do passado, visite:
http://cinemasparaiso.blogspot.com
Argaroth01
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3178
Joined: August 11th, 2003, 9:00 pm
Location: Portugal

Post by Argaroth01 »

wavey wrote:Olá 8)

Acabei agora de ver o trailer do Munich e de facto, o filme parece estar muito aquém das espectativas criadas por muita gente. Sinceramente, pensei que o filme de Spielber abordasse mesmo os acontecimentos de Munique e não o que aconteceu depois, que foi a vingança dos israelitas. Penso que o documentário One day in September é muito melhor ao abordar directamente os acontecimentos horríficos de 1972.
Pois eu acho que um filme baseado nos acontecimentos só ia beneficiar a carreira de actores como Chuck Norris ou Steven Seagal e outros semelhantes, porque creio que só podia resultar num banal filme de acção como os dos anos 80. A complexidade moral da questão tem mais ressonância posteriormente, pelo menos na abordagem que o filme poderá fazer dela, porque implica ainda mais factores.
Elliot
Especialista
Especialista
Posts: 1026
Joined: November 7th, 2005, 11:42 pm

Post by Elliot »

Interessante crónica sobre o Munique de Spielberg.


Matar como missão

"Munique", de Steven Spielberg, mostra que o terrorismo contemporâneo começou com o atentado na Olimpíada de Munique em 1972. Na raiz do problema, está a luta entre palestinos e judeus. O fim do conflito seria capaz de enterrar para sempre os atos terroristas?

Por Luís Antônio Giron



O filme “Munique” (“Munich”), de Steven Spielberg, que estréia mundialmente no dia 23 de dezembro, me faz lembrar o que um historiador já disse – se não me engano, Arnold Toynbee: o homem ingressa na História sempre de costas. Em verdade, o ser humano não é capaz de perceber as conseqüências de seus atos quando os toma em determinado ponto da série de acontecimentos. Terá a medida do que fez muito depois.

A História pode ser explicada como o saber que lê os acontecimentos “de frente”, à medida que eles vão tomando um sentido maior. Daí o caráter muita vezes fabuloso da historiografia, pois os historiadores são capazes de criar um lógica de eventos que talvez não se verificassem no decorrer físico dos eventos. Os profissionais da História, também eles, ingressam nos tempos “de costas”, olhando em direção do passado. A diferença entre eles e nós, simples cidadãos, é que esses sábios do tempo são capazes de simular que interpretam os fatos, enfrentando-os. No entanto, eles são passíveis das mesmas leis do engano que todos os outros sujeitos da História. Isso é inevitável.


Curiosamente, alguns eventos sacodem historiadores e o restante da humanidade de tal forma que temos a sensação de estar de frente para a História, olhos nos olhos daquilo que será um dia reconhecido como uma data notável. O Onze de Setembro (já é possível redigi-lo assim mesmo, em capitulares, como faz por merecer a efeméride) é um exemplo do que estou falando. A gente entrou no século 21 e no novo milênio cara a cara com a História em 11 de setembro de 2001, com o atentado que abateu as Torres Gêmeas de Nova York e matou cerca de 2 mil pessoas.

O forte impacto emocional daquele ato de terror não disfarçou a impressão coletiva de déjà vu. De algum modo, a coletividade planetária já intuía que algo assim ocorreria. Bastaria ter recuado um pouco naquele momento para oito anos antes, o ano de 1993, quando aconteceu o primeiro atentado ao World Trade Center, cometido por um sheik egípcio que pode ser considerado o guru do líder terrorista saudita Osama Bin Laden. Ou teria sido suficiente recuar ainda mais, para detectar as origens destes tempos horríveis que já mostravam as garras muitos anos antes do final do milênio.


Já virou lugar comum perguntar onde você estava quando aconteceram os atentados. Eu voltava da academia, passei numa locadora de vídeo e pensei que o Pentágono abatido não passasse de um novo thriller de Tom Cruise. Só depois de voltar para casa e ver minha filha mais nova alarmada é que me dei conta pela telinha da TV de que uma nova turbulência global estava principiando com força arrebatadora. Um pouco de costas, mas logo estava eu de frente para o crime. Se as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki (6 e 9 de agosto de 1945) tivessem acontecido agora, o efeito teria sido igualmente avassalador. Mas em 2001 o logotipo da civilização (a “cabeça da serpente”, como definiu cruelmente Osama) havia sido abatido. Das carcaças de metal e vidro era parido o Ground Zero – local onde constroem hoje a chamada Torre da Liberdade – o marco totêmico in absentia do terrorismo planetário.

Quando Osama justificou o ataque, num vídeo que mandou para a rede de TV Al Jazira, do Catar, tempos depois do atentado, o líder da Al Qaeda disse que se tratava de um recado para o Ocidente, para que os “cruzados” sentissem na carne aquilo que os povos islâmicos estavam passando havia décadas – especialmente o povo palestino, oprimido por Israel. Ora, ninguém deu ouvidos à mensagem, Osama foi despolitizado e transformado em simples criminoso. Seu alerta, porém, é real.


Veja-se a cena final de “Munique”. Convém relatá-la aqui porque é um detalhe sensível que não interfere na trama: mostra o protagonista do filme, o agente secreto israelense Avner Kauffman (interpretado pelo australiano Eric Bana, que viveu o infeliz Hulk no passado), conversando com um político de seu país em Nova York. Ao fundo, vêem-se as Torres Gêmeas. Os dois não se entendem. Kauffman completou a missão que lhe havia sido dada pela primeira-ministra israelense Golda Meir: eliminar, um a um, cada terrorista palestino sobrevivente do atentado de 5 de setembro de 1972 na cidade de Munique.

Ali, em plena Olimpíada, 11 atletas da delegação de Israel foram capturados e mortos, numa ação de uma organização terrorista denominada Setembro Negro – na verdade, um braço da organização Fatah, liderada por Yasser Arafat. Durante as negociações com a polícia federal alemã ocidental, os militantes exigiram a libertação de 234 presos palestinos nas prisões de Israel, e um Boeing 727 para escapar. Ao perceberem que iam ser encurralados no momento em que se dirigiam em dois helicópteros da Vila Olímpica ao aeroporto de Munique, os terroristas detonaram uma granada na aeronave que levava os reféns. Morreram todos, além dos terroristas. As cenas de sangue foram transmitidas via satélite por várias redes de televisão. Até aquele momento, a questão palestina praticamente estava soterrada pela guerra de 1967. A partir de então, os palestinos ganharam voz mundial.


O atentado cumprira sua meta, fato que provocou indignação em Israel, principalmente porque o Comitê Olímpico Internacional não fez, segundo Golda Meir, uma manifestação suficientemente forte para rechaçar a barbárie. A revanche foi perseguir os envolvidos. Não só teria o efeito de vingança, mas, na visão de Golda, serviria para evitar futuras ações semelhantes.


O filme “Munique” tem seu início justamente quando o esquadrão Cesarea ou Fúria de Deus, como ficou conhecido em Israel, parte para a vingança. São cinco agentes da polícia secreta israelense, o Mossad, liderados por Avner Kauffman. Eles caçam os militantes onde estiverem e matam em nome de uma missão patriótica e divina. “Há momentos em que uma nação deve firmar compromissos com seus valores”, diz Golda Meir. É a justificativa para que os agentes cometam todo tipo de execução. O filme avisa que é “inspirado em acontecimentos reais”, mas não pretende ser um documentário.

Spielberg escolheu o gênero suspense para lidar com o núcleo da trama: as ações de vingança. Estas, na tese do diretor e do roteirista Tony Kushner (o mesmo da peça “Angels in America”), vão colocar lenha na fogueira das vinganças e resultar na fundação do terrorismo contemporâneo. Apesar das expectativas contrárias, o diretor não assume uma posição totalmente pró-israelense. “Quis fazer uma prece pela paz”, disse à revista Time. A atitude soa até certo ponto isenta, porque o filme, com duração de duas horas e meia, mostra que a culpa é das duas partes. A luta entre as duas nações acabaria por envolver o mundo inteiro no conflito. A expressão maior deste é o terror globalizado. Para Spielberg e Kushner (dois descendentes de imigrantes judeus), o fim do conflito judeu-palestino daria cabo, também, da pior face do terrorismo internacional contemporâneo. Será?


É interessante observar a estratégia de Spielberg, que lança o filme no apagar das luzes do ano, após o carrossel de blockbusters (“Star Wars 3”, “Harry Potter”, “King Kong”…). A razão para isso é concorrer para o Oscar. A produção de 70 milhões de dólares foi pensada nestes termos: de junho a setembro, filmagens em tempo recorde, projeção para a imprensa no início de dezembro e lançamento mundial nos estertores da temporada.

”Munique” é bom candidato à estatueta, num ano marcado pelas produções exageradas, que defendem o argumento do “quanto maior, melhor”. É um alívio para os olhos. Trata-se de um longa-metragem “sujo”, que revive a estética dos filmes políticos de Gillo Pontecorvo (“Queimada”, de 1969), Francesco Rosi (“O Caso Mattei”, de 1972) e Costa-Gavras (“Z”, 1969) e até Oliver Stone (“JFK”, 1991). Pela primeira vez, Spielberg mostra cenas de nudez, violência e sexo cruas, sem nenhum tipo de disfarce. “Munique” pode ser curtido como thriller. As atuações de Eric Bana e companheiros (com destaque para Daniel Craig, o futuro James Bond, no papel de um cruel atirador judeu) são marcantes.

As seqüências de ação prendem o espectador, que não sente o tempo passar. Spielberg sabe os segredos da arte cinematográfica e monta uma trama eletrizante. Ele capta para a arte cinematográfica a imagem paradigmática do terrorista encapuzado que, na Vila Olímpica, olha para a câmera de TV – consciente, talvez, de que o mundo inteiro o estava observando: ato fundador do terrorismo midiático. Um fotograma assustador – e real.

É antes de tudo uma produção de tese, e de grande envergadura. Kushner e Spielberg tiveram acesso a arquivos secretos do Mossad, mas trataram de criar personagens ficcionais para não comprometer pessoas vivas e alteraram bastante a história real, já que o Mossad conseguiu matar apenas um dos três sobreviventes do atentado de Munique. A vingança serial resultou no pior dos mundos. “Cada um que a gente mata é substituído por outro, pior”, comenta Avner com um político. “A situação não vai dar em nada!” De fato, resultou em um conflito que promete durar muitas e muitas décadas, ciclo crescente de atentados que está atingindo o mundo inteiro. Onde todos estavam com a cabeça quando entraram no inferno? Ninguém sabia aonde isso ia parar. Os terroristas são os primeiros a entrar na História de costas. Mesmo nessa situação desvantajosa, eles sabem que seus atos terão enorme repercussão.


Onde você estava quando aconteceu o atentado de 5 de setembro de 1972? Poucos saberiam responder. A maior parte dos habitantes presentes da Terra nem era nascida. Todos sentem, porém, a repercussão daqueles eventos. Outros setembros macabros aconteceriam. “Munique” é um poderoso manifesto que concilia cinema e História. Ensina que matar pode ser uma missão possível, mas totalmente inglória.

http://noticias.aol.com.br/colunistas/l ... 5/0034.adp
siroco
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 3140
Joined: December 2nd, 2004, 7:40 pm
Location: Sintra

Post by siroco »

«Munique» nas livrarias em simultâneo com filme de Spielberg

O livro «Munique - A Vingança», do jornalista George Jonas, vai ser publicado pela Ulisseia no início de Fevereiro, anunciou a editora, que faz coincidir o lançamento com a estreia do filme homónimo de Steven Spielberg.

O livro conta a história de «Avner», agente do comando dos serviços secretos de Israel (Mossad) que perseguiu e matou os palestinianos da organização Setembro Negro que, durante os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, assassinaram 11 atletas israelitas.

A película de Spielberg, que começou a ser filmada em Malta a 30 de Junho, quando estreava nos Estados Unidos o seu filme «Guerra dos Mundos», chega às salas de cinema portuguesas a 2 de Fevereiro, data em que o livro fica disponível nas livrarias nacionais.

A obra de Jonas data de 1984 e foi escrita após o jornalista ter, alegadamente, contactado um agente da Mossad que, tendo participado na operação na aldeia olímpica, resolveu depois protestar contra os métodos violentos usados pelos serviços secretos.

Porém, e talvez porque a veracidade de «Munique - A Vingança», que já deu origem ao filme «Sword of Gideon» (1986), foi várias vezes questionada, Spielberg afirmou que a sua película cruza informação de várias fontes e não é uma mera transposição do livro para o cinema.

Apesar destas cautelas, e de Steven Spielberg ter procurado evitar interpretações controversas do seu trabalho, a estreia do filme nos Estados Unidos gerou acusações de falta de verosimilhança entre a ficção e a realidade.

O filme do realizador de «A Lista de Schindler» tem argumento de Tony Kushner, que deu seguimento ao trabalho iniciado por Eric Roth, e é protagonizada por Eric Bana, Daniel Craig, Ciarán Hinds, Mathieu Kassovitz, Hanns Zischler e Geoffrey Rush.

Segundo o realizador norte-americano de ascendência judaica, o seu interesse pela história prende-se com a dificuldade de um país civilizado responder ao terrorismo sem recorrer às mesmas armas, uma questão comum nos EUA após os atentados de 11 de Setembro de 2001.
User avatar
wavey
Especialista
Especialista
Posts: 1888
Joined: December 1st, 2004, 10:27 am

Post by wavey »

Olá pessoal

Há algum tempo atrás, vi no History ou no Biography Channel, um documentário que aborda exactamente o tema do filme de Spielberg. Fala da vingança que os isrealitas fizeram contra os organizadores palestinianos dos acontecimentos macabros de 1972 em Munique. Falou-se de como a organização foi feita, com a benção da Golda Meir, que era 1ª ministra de Israel na altura, se não estou em erro.
Falaram de como eles perseguiram esses palestinianos por todo o mundo, e como, infelizmente, também foram cruéis ao matarem um inocente palestiniano em 1973, num país europeu cujo nome não me recordo, que era parecidissimo com o líder da investida palestiniana em Munique, que só foi morto em 1979 quando o seu carro explodiu (com ele lá dentro). Esta operação israelita, devido ao incidente de 1973, esteve 6 anos inactiva, mas nunca perdeu a sede de vingança, sendo esta consumada em 1979. Confesso que fiquei algo incomodada ao ver este documentário,mas ao mesmo tempo elucidada acerca deste assunto que me permitiu reflectir e ir mais além dos acontecimentos de Munique. De facto, este conflito é demasiado complexo para ser entendido. Os dois lados estão consumidos pelo desejo de morte e destruição e só resolvem as coisas á base de sangue derramado e muita violência. Realmente, são 2 povos que podiam desaparecer da face da terra, antes que façam desaparecer a terra por inteiro, com tanta carnificina. :roll:
Para quem quer regressar ao esplendor do passado, visite:
http://cinemasparaiso.blogspot.com
Elliot
Especialista
Especialista
Posts: 1026
Joined: November 7th, 2005, 11:42 pm

Post by Elliot »

Depois da desilusão que foi o "A guerra dos Mundos" o Spielberg volta " a descer o nível" e a filmar uma estórinha de vingança disfarçada de épico (3 horas ???? Este filme com 2 horas já era demais).
O "Hulk" Bana não está mal, os anos 70 estão muito bem retratados mas o filme é demasiado pretencioso.
Clichés atrás de clichés, mortes atrás de mortes (este é o filme mais sangrento do realizador, isto se não contarmos com os 30 minutos do desembarque na Normandia ) duvidas existenciais, sub-plots ( a relação do Pápá com o Avner), Israel versus Palestina versus Israel até ao final do filme na cena "mais lugar comum" dos ultimos anos do cinema americano e tudo para transmitir a mensagem que já todos estamos fartos de saber. A vingança não traz rendição mas sim mais violencia. Tcharam!!
Este era dos projectos que o Spielberg tinha em carteira aquele pelo qual eu tinha mais expectativas, pois a vida do Lincoln e o vai-não-vai Indiana 4 não entusiasmam assim tanto, mas infelizmente sairam goradas.
E começam a ser demais.Depois do inocente Catch me if you can, do infantil Terminal, do abrupto Guerra dos Mundos este Munique vem completar o ramalhete. E eu que pensava que os tempos do Hook, Always, Jurassic Park 2 já pertenciam ao passado! I was wrong.
Next!
lud81
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 5428
Joined: March 16th, 2001, 6:56 pm
Location: Portugal

Post by lud81 »

Munich é magnífico.

Eu não sou nenhum Spielberg fanboy, e há-os muitos por aí, tenho sido até muito crítico do seu trabalho recente, em especial A.I., Minority Report e Terminal, que não são muito do meu agrado. Mas com War of the Worlds o meu Spielberg preferido (o de Duel e Jaws) voltou em grande. Agora, Munich é o segundo magnífico de seguida, Spielberg está a começar a excitar-me de novo, só espero que se mantenha assim.

Este Munich, quer acreditem quer não, faz muito lembrar De Palma. E também Friedkin em The French Connection ou Frankenheimer em Ronin (até tem pelo menos um actor em comum com este último). A fotografia, mais uma vez, é muito boa em termos de ângulos e coreografia de câmara e também montagem, mas, também mais uma vez, volta a pecar por aquele aspecto que já Minority Report e War of the Worlds tinham, isto é, nas cenas de exteriores durante o dia a luz do céu invade o écran, criando uma fotografia deveras feia e até granulada. O Spielberg e o Kaminski já ganhavam juízo, não? :roll:

O filme está cheio de cenas excelentes, e ao mesmo tempo, novas para Spielberg. Mas poderosas. Há uma cena no fim (seleccionar spoiler: quando Avner faz sexo com a sua mulher, depois de tudo o que aconteceu) que é a cena mais poderosa que Spielberg filmou desde o flashback de Cinqué em Amistad.

Um magnífico trabalho de cinema a todos os níveis (menos naquela iluminação de merda nas cenas exteriores diurnas).

Já agora, Munich tem por lá o Daniel Craig, o tal próximo James Bond e gostei muito dele. Para quem não o conhece ainda, como eu não o conhecia sem ser de Tomb Raider, aqui fica um testemunho da sua competência como actor, apesar de eu achar que ele parece mais alemão do que inglês para ser o 007...
Image
Enigma
Fanático
Fanático
Posts: 739
Joined: May 17th, 2001, 11:21 pm

Post by Enigma »

Também vi, excelente filme, poderoso. Das últimas obras de Spielberg desagradou-me imenso o Catch me if you can, já gostei mais do Terminal, gostei muito do War of the Worlds e penso sinceramente que Spielberg volta ao seu melhor neste Munich, mais negro, denso e realista.

9/10
Enigma Files
Nuno Antunes
Fanático
Fanático
Posts: 584
Joined: December 6th, 2004, 8:16 pm
Contact:

Post by Nuno Antunes »

lud81 wrote:(...) volta a pecar por aquele aspecto que já Minority Report e War of the Worlds tinham, isto é, nas cenas de exteriores durante o dia a luz do céu invade o écran, criando uma fotografia deveras feia e até granulada. O Spielberg e o Kaminski já ganhavam juízo, não? :roll:

(...)
Um magnífico trabalho de cinema a todos os níveis (menos naquela iluminação de merda nas cenas exteriores diurnas).

A questão da iluminação que referes de forma tão eloquente remete para a fotografia utilizada nos thrillers dos anos 70, de que «Munique» é um herdeiro directo.

Se isso não bastasse, pegava no termo que referes, "fotografia feia" , para remeter para a própria história que está a ser contada, que é feia e dura. Se reparares bem, existe uma evolução cromática: quando Avner chega ao aeroporto de Israel, a imagem parece destituída de cor, de tão desbotada que está. Isso remete para a própria destruição moral da personagem de Eric Bana, do vazio e da desumanização que o atingiu por causa da monumental tarefa que aceitou.
lud81
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 5428
Joined: March 16th, 2001, 6:56 pm
Location: Portugal

Post by lud81 »

Nope, desculpa Nuno mas a fotografia é a mesma que já vem sendo habitual nos últimos 3 ou 4 filmes do Spielberg (só vi Terminal uma vez e não tenho vontade de rever, mas tenho também quase a certeza de até Terminal tem essa fotografia), por isso não é uma escolha consciente relacionada com o Munich em particular, é uma escolha de estilo que o Spielberg adoptou há uns quantos anos e aplica essa fotografia em todos os seus filmes. Ou será que a mesma fotografia em War of the Worlds também remete para "a própria destruição moral" da personagem de Tom Cruise (que nem acontece no filme)? Penso que isso é wishful thinking da tua parte.

Até o The French Connection (referido por mim antes, mas não pela fotografia), que é dos anos 70, tem uma fotografia mais bonita que os últimos filmes do Spielberg.
Image
Elliot
Especialista
Especialista
Posts: 1026
Joined: November 7th, 2005, 11:42 pm

Post by Elliot »

Essa fotografia "granulada" começa a ser marca registada nos filmes do Spielberg desde o Minority Report.
No "Catch me..." esteve mais atenuada, mas voltou em força no War of the Worlds e neste Muniche.
No Terminal, assim como a estória, a imagem é clean e desinteressante.
Tojal City
DVD Maníaco
DVD Maníaco
Posts: 4907
Joined: April 6th, 2002, 5:23 pm
Location: Tojal..duh

Post by Tojal City »

Elliot wrote:Essa fotografia "granulada" começa a ser marca registada nos filmes do Spielberg desde o Minority Report.
A partir do Saving Private Ryan. No AI também usa imagem granulada e com muitos filtros. Quem também está muito assim é o Tony Scott.
User avatar
MIKI_GOL
Fanático
Fanático
Posts: 915
Joined: November 5th, 2000, 11:23 pm
Location: Braga City

Post by MIKI_GOL »

Boas!!!

Acabo de chegar de visionar o filme e adorei o mesmo. Sem duvida o filme mais sangrento do Spielberg... As cenas são brutalmente realistas...

Nota: 09/10
Luiz Silva
Are you talking to me???

Post Reply