Ajuda - Filme romântico

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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tri
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Post by tri »

High Fidelity, romantico qb e com um óptimo humor
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Ricardo Ribeiro
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Post by Ricardo Ribeiro »

Bom, vamos lá a ver. Pelos exemplos inicialmente dados, que, na minha opinião são lamechas e não é pouco, as comédias românticas não se devem incluir no contexto. E de facto, sejamos honestos, a distância que separa uma comédia romântica do filmes "simplesmente" romântico é a de um mundo.

Já que voltei a este tópico, vou pegar na minha lista de DVD's de novoi e dar mais algumas sugestões, desta vez começamento pelo fim:

<B>Yanks</B>, um dos filmes que preparou Richard Gere para o estrelato, e no qual o acto tem um registro bastante próximo do que o lançou definitivamente em An Officer and a Gentleman, conta a história das relações entre os soldados americanos em trânsito pelo Reinmo Unido durante a II Guerra Mundial, e que inveitavelmente resultou numa série enorme de relações, a maioria das quais passageiras, mas algumas de carácter mais duradouro.

<B>When a Man Loves a Woman</B> é uma história de carácter realista (entendo aqui o termo como algo que pode acontecer auqlauer pessoa, sem soluções à McGyver e sem um rol infindável de desgraças pouco credíveis como em O Paciente Inglês) de um casamento ameaçado pelo problema com a bebida dela (Meg Ryan) e da forma dedicada como ele (Andy Garcia) gere a prolongada crise que se abate sobre a família.

Sobre o Falling in Love, o tópico destes fóruns em que falo dele é o do Closer (a pesquisa aqui no fórum funciona, sabes...?). É um filme de 1984 com Meryl Streep e Robert de Niro.

Falling in Love é, até certo ponto, uma história vulgar de gente comum. Frank (Robert de Niro) é um americano normal, com uma família normal e uma profissão normal. Molly (Meryl Streep) é igualmente tudo isso. Um dia encontram-se, por acaso. É Natal e os dois andam nas compras de última hora. Um encontrão é o suficiente para que troquem embrulhos e surjam prendas inesperadas de cada um, e também para que, quando se encontram de novo por acaso uns meses mais tarde, se lembrem um do outro.

E depois, como tantas vezes acontece, palavra puxa palavra, e quando dão por si, têm o pensamento preso no outro a cada momento. Com casamentos estáveis, esta situação é uma novidade para ambos, e marca-os com evidentes conflictos de consciência, que os dividem entre a vontade de estarem juntos e a necessidade de protegerem as suas presentes relações.

Na realidade nada acontece para além de um beijo, mas toda a tensão criada nas suas vidas é suficiente para destruir os casamentos de ambos. Frank parte para Houston, sozinho, para um novo emprego, e Molly fica entregue à vida de solteira. Passam-se alguns anos, e Frank regressa a casa; com o pensamento ainda em Molly, vagueia apelos lugares onde se conheceram e... dá de caras com Molly, que aparentemente se encontra na mesma situação. Coincidência um pouco absurda, mas indispensável para o happy end.

O apelo nesta história é o realismo do argumento, que expõe na tela uma situação banal, que pode acontecer mais cedo ou mais tarde a cada um de nós. Realismo esse apenas quebrado pelo desconcertante final, que quebra com as regras da lógica, proporcionando um encontro virtualmente impossível na vida real.
Ricardo Ribeiro
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Alma_Grund
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Post by Alma_Grund »

Ricardo Ribeiro wrote:Bom, vamos lá a ver. Pelos exemplos inicialmente dados, que, na minha opinião são lamechas e não é pouco, as comédias românticas não se devem incluir no contexto. E de facto, sejamos honestos, a distância que separa uma comédia romântica do filmes "simplesmente" romântico é a de um mundo.


Exactamente. Era mesmo isso que eu queria dizer. E para mim, um filme lamechas é algo que tem um fim previsivel e frases super feitas (tipo Nicholas Cage). Temos concepções diferentes...
As comédias romanticas, são muito giras, mas são sempre um bocado mais do mesmo, com algumas excepções claro. Eu queria algo um bocadinho mais profundo.

Sobre o Falling in Love, o tópico destes fóruns em que falo dele é o do Closer (a pesquisa aqui no fórum funciona, sabes...?). É um filme de 1984 com Meryl Streep e Robert de Niro.

Pois funciona. Eu é que sou um bocadinho info-excluida e nem sempre consigo lá chegar. :oops:
Eu tinha já visto no IMDb, e pareceu-me bem. Mas gostava de saber o título em português. Sabes-me dizer? Prometo que não chateio mais. :wink:
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Ricardo Ribeiro
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Post by Ricardo Ribeiro »

Dica para info-excluidos: http://akas.imdb.com

Procurar por Falling in Love, ver o nome que assumiu nos diversos países do mundo (por acaso para este filme não se encontra).

Mais uma sugestã, desta feita do meio da minha colecção:

<B>Leaving Las Vegas</B>, um "must" cuja não visualização é imperdoável. Atenção à banda sonora, baseada em Jazz.
Ricardo Ribeiro
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Oluap
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Post by Oluap »

Eu aconselho o Starman, excelente filme romântico nem sempre devidamente apreciado.

Paulo Luz
DeadParrot
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Post by DeadParrot »

O título português do "Falling in Love" é "Encontro Com o Amor". E não, não é um título da Barbara Cartland.
LionHeart
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E tb há sempre o Sintonia de Amor (Slepless in Seattle)
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"- To the Future!"
Cinebanco
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Um Longo Domingo de Noivado de Jean-Pierre Jeunet ( O Fabuloso Destino de Amélie ) .
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wavey
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Post by wavey »

Olá pessoal!!!

Em termos de romantismo, nada bate o As pontes de Madison County. O filme é fabuloso, comove sem ser lamechas e tem um dos finais mais comoventes que eu já vi em toda a minha vida. Também outro filme que gostei e que é romântico é o Persuasão, do Roger Michell, baseado num livro da Jane Austen. Vejam! É de fazer arrepiar. :-D
Depois temos aquela fabulosa mini-série "Orgulho e Preconceito" com o Colin Firth e a Jennifer Ehle absolutamente fabuloso.
Para quem quer regressar ao esplendor do passado, visite:
http://cinemasparaiso.blogspot.com
Grande Guru
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Post by Grande Guru »

"O amor acontece"
daffyduck
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Post by daffyduck »

Frankie & Johnny

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OnFire
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Post by OnFire »

já foi referido, mas sublinho
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Zorg
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Post by Zorg »

A minha indicação vai para os filmes abaixo, sendo o primeiro um dos "filmes da minha vida":

"Betty Blue, 37º 2 Le Matin" , de Jean-Jacques Beineix
que comprei recentemente na versão Director's Cut (3 horas de filme!)

"Tootsie", de Sidney Pollack, com o Dustin Hoffman e Jessica Lange
(nada pior ou mais desafiante para um amor do que sermos a melhor AMIGA da mulher que amamos/desejamos !)

"Valmont", de Milos Forman e "Dangerous Liaisons", de Stephen Frears
(o que pode acontecer quando dois sedutores/amantes "profissionais" se apaixonam um pelo outro)

"Something's Gotta Give", da Nancy Meyers
Talvez o melhor filme acerca da velha máxima, neste caso aplicada ao amor, "mais vale tarde que nunca"...

E talvez o "Beautiful Girls", de Ted Demme,
onde a Nathalie Portman protagoniza, na minha opinião, talvez a mais deliciosa cena de sempre entre um homem e uma futura-mulher-adulta (woman to be). Recomendado a mulheres apaixonadas por homens indecisos (especialmente para ser visto por estes últimos)!

Para mim o melhor filme deste género é realmente o "Pontes de Madison Country" (que também é o meu filme favorito de sempre)

E recentemente o "Lost In Translation" também entrou para a minha lista dos favoritos de sempre
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Ricardo Ribeiro
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Post by Ricardo Ribeiro »

O que é que alguns não terão percebido quando se chegou à consluão que comédias românticas não tinham cabimento na questão?

Wavey, decepcionas-me... um tópico com cara de ter sido criado para ti de encomenda e só apresentas três títulos!? Tsk tsk !


Vamos lá ver se entendem: o espírito do filme que a Alma Grund persegue não tem qualquer relação com a comédia romântica, nem com o filme popularusco e comercial.


E aqui vão mais algumas sugestões vindas directamente da minha colecção:

<B>Cousins</B> Larry e Maria são primos por casamento. Já sabiam vagamente da existência um dos outros, mas é no casamento da mãe de Maria que se conhecem; ironicamente no momento em que os seus respectivos cônjugues, Tish e Tom, travam também conhecimento, mas de forma mais intíma. A festa já acabou, e Larry e Maria conversam enquanto esperam pelos parceiros, que aparecem enfim com uma desculpa mal contada.

Quando Maria não suporta mais matutar no sucedido, procura Larry na academia onde este dá aulas. A questão é: os outros tornaram-se amantes ou não? Incapazes de encontrar uma resposta definitiva, Larry e Maria decidem irritá-los, dando a entender que também eles se envolveram. O problema é que vai acontecer isso mesmo, não no plano carnal, mas espiritualmente. A magia que se sente entre ambos vai empurrá-los um para o outro, a cada momento. Até que as situações se invertem e são agora os amantes iniciais que se preocupam, e muito com a relação com o parceiro legitimo.

Mas é tarde de mais. Maria é uma mulher com uma sólida formação moral e resiste até ao fim ao inevitável; já Larry é um personagem que faz questão de viver a vida intensamente, e ceder ao seu coração não lhe causa abalo algum.

Assim, é numa das mais belas sequências do filme que a tensão física se concretiza, numa cabana à beira do grande lago, que constitui o cenário ideal. Mas o apelo da família é mais forte para Maria, que teme o carácter volúvel do seu apaixonado, e toma a decisão drástica de se afastar de vez de Larry.

Há então uma pausa temporal que ilustra o decorrer das vidas monótonas de ambos... o tempo passa... passa... até que um outro evento social reune toda a familia. Larry e Maria encontram-se pela primeira vez frente a frente desde o afastamento, mas desta vez Larry não vai deixar escapar a oportunidade da sua vida.

O filme é um filão. É um retrato belo de sentimentos, bem salteados por doses de humor bem conseguidas que divertem. A estética plástica é tambem impressionante, com fotografia de elevada qualidade e uma banda sonora melodiosa, que foram no seu conjunto uma obra de cinema romântico a não perder.


<B>It's All About Love</B>, O enquadramento temporal é indefinido. Talvez num futuro próximo. Nada parece especialmente diferente dos nossos dias, excepto algumas atitudes. Como encarar os cadáveres que se vão encontrando pela ruas como algo banal. É do coração, diz-se. Cada vez está pior. Os corações simplesmente param sem se saber porquê. John acaba de chegar ao país e estranha, os mortos e as atitudes. Portanto não é um mal global. John está ali para colocar um ponto final no seu casamento. Ele é polaco, e ela também. Mas ele há muito que partiu, de volta à sua pátria. Ela mantém-se, presa à armadilha que é a sua carreira artística, como patinadora no gelo. Em seu redor gravita um enxame de parasitas que se alimentam do seu sucesso.

Cedo se percebe que algo está mal. Não é nada em concreto. Mas o ambiente é estranho. Sente-se uma ameaça indefenida no ar. Por fim as máscaras caem: Elena pede ajuda a John, diz-lhe que receia pela sua segurança, confessa-se refém do sistema que a rodeia. E assim é. Marido e mulher fogem e são capturados pelos homens de mão do empresário dela. A intriga começa-se a revelar: cientes de que os dias de Elena se aproximam do fim, a companhia encontra-se a treinar em segredo sósias da patinadora, que a substituirão quando necessário. O próprio irmão de Elena, a última pessoa em quem ambos pensam poder confiar, foi corrompido. Quando o pano cai, é o fim dos tempos que presenciamos. Neva em todo o mundo há uma semana consecutiva. Não há para onde fugir. É o fim.

Uma bizarraria proveniente do realizador "Dogma" Thomas Vinterberg, que conseguiu reunir neste projecto com sabor independente os nomes sonantes de Sean Penn e Joaquin Phoenix. É certo que o primeiro desempenha um papel que dificilmente merceria aparecer nos créditos, e muito menos ocupar a posição de destaque na capa deste DVD, e certamente de toda a campanha promocional da obra. Três ou quatro aparições tresloucadas, falando ao telefone a partir de um avião que voa em torno do globo sem nunca se deter. É esta a presença de Penn que, imagino, não perderia esta oportunidade de participar numa obra que poderá conter uma forte crítica ao estado de coisas da nação americana, aquela que tão fortemente tem sido contestada por sectores de todos os quadrantes, com Michael Moore e precisamente Sean Penn a destacarem-se na área cinematográfica.

As sensações que a visualização do filme me transmitiram são mistas. Primeiro curiosidade; depois, alguma irritação pela não compreensão de uma história a fazer lembrar o descambar lógico de David Lynch. Quem não suporta filmes com finais estranhos, para já não falar em meios, deverá fugir deste It's All About Love como quem foge do demónio. Pelo contrário, quem sentir uma apetência especial por este tipo de histórias, não poderá deixar passar esta oportunidade de variar um pouco. Por fim, terminado o filme, fica um sabor na boca, aquela característica que por vezes sucede e que talvez signifique que o que acabámos de ver é algo de potente.


<B>Italiano para Principiantes</B>, filme do movimento Dogma 95: Estamos na Dinamarca, em parte não definida. Uma série de personagens entram em catadupa, à laia de apresentação, na história. Algumas já se conhecem; outras, vão em breve estabelecer relações mútuas, até se obter um grupo central que interagem entre si.


Comecemos por Andreas, um jovem pastor, no sentido religioso da palavra, que acaba de chegar. Formou-se recentemente e tem a espinhosa missão de ocupar temporariamente o lugar de um antecessor que foi suspenso, por agredir o organista, e, mais profundamente, como iremos saber à frente, por ter perdido a fé depois do falecimento da esposa. Curiosamente Andreas é também viúvo, o que define desde logo uma uma diferença clara no modo como os dois homens reagiram a eventos semelhantes.

Olympia é uma rapariga já não muito jovem, que trabalha numa pastelaria. É profundamente desajeitada, e vive com o pai, doente, que, segundo sentimos, lhe absorve a vida. Olympia trabalha e cuida do pai. Nada mais.

Finn é o responsável pelo restaurante do estádio de futebol; o seu mau génio é evidente, e não se aguentará muito tempo por ali até ser despedido. A acidez de Finn é a marca preponderante do seu carácter, provavelmente derivada da perda dos pais ainda em criança.

Jorgen Mortensen é amigo de Finn, embora o contrário não se aplique de forma clara. Jorgen é recepcionista do hotel onde Andreas se vai hospedar, e tem um coração do tamanho do mundo.

Karen é cabeleireira e suporta pacientemente uma mãe alcóolica. E, por fim, Giulia é uma rapariga italiana que trabalha no restaurante do estádio, com Finn, e que se despede quando o dinamarquês é demitido.

Como o curso de italiano dá o nome ao filme, e como funciona como elo de ligação entre os personagens, falemos dele: Finn frequenta-o, e Jorgen também, mais para fazer companhia ao amigo do que por interesse próprio. Andreas vai à primeira aula, a convite de Jorgen, mas não se pode dizer que tenha entrado com o pé direito: logo ali, o professor sofre um ataque cardíaco e morre no hospital.

Por esta altura a dona morte lança mãos ao trabalho e ceifa sem parar: para além do pobre professor, vai levar o pai de Olympia e a mãe de Karen. O que acentua ainda mais uma característica comum a todos os personagens: a sua solidão e disponibilidade emocional.

Na aula de italiano, Andreas conhece Olympia, que também ali se encontrava pela primeira vez, interessada pela língua da mãe que nunca conheceu, e surge uma empatia crescente, que se solidifica quando o pastor dirige a cerimónia fúnebre do pai dela. Nesse momento descobrimos que o homem era também pai de Karen, e que, por outro lado, a mãe falecida da cabeleireira era-o também de Olympia. Assim, ambas as mulheres descobrem que são irmãs; uma, nunca conheceu o pai; a outra, nunca conheceu a mãe. Em comum têm uma ligação complicada com um progenitor que se revelou um fardo, e cujo desaparecimento cria uma sensação de alívio nunca assumido.

Entretanto Karen envolve-se com Finn, que, depois de ser despedido do restaurante, vai ocupar o lugar do professor de italiano. É aliás por isso que Karen começa a assistir às aulas, assumindo a paixão abafada com ele.

Neste emaranhado de relações falta-nos referir que a muito jovem Giulia é perdida de amores por Jorgen, que também sente um fraquinho por ela. Contudo, o grande dinamarquês tem dois problemas: vive preocupado com uma impotência sexual de causa psicológica e é extremamente tímido.

Com o desenrolar do filme, estas relações potenciais vão-se arrumando e orientando, atingindo o climax quando todo o grupo de alunos e o agora professor Finn viajam até Veneza, onde tudo se alinhava.

Mais uma vez o sindroma do cinema americano volta a atacar. Passo a explicar: penso que a habituação cultural da maioria de nós à produção de Hollywood é de tal forma castrante, que qualquer obra proveniente de um mercado marginal é inconscientemente vista sob uma perspectiva de desconfiança. E foi assim que encarei inicialmente este Italiano para Principiantes. Felizmente, como tantas vezes tem vindo a suceder, o cepticismo inicial deu lugar a uma tolerância, que por seu lado foi substituida por um ligeiro divertimento, terminando num deleite absoluto.

E é esse o efeito que a obra teve sobre mim: deleite completo, pela simplicidade das soluções, numa fita que surge com um travo acentuado a homemade, mas que não perde nada com isso. O que importa é que tem várias histórias para contar, que por vezes se tocam, e que, seja como for, caminham todas numa direcção convergente. O final é feliz. Não que para atingir este climax seja necessário arquitectar grandes desgraças e peripécias, como mandam os padrões vigentes. Nada disso, apenas se passa pelo quotidiano destas figuras, com toda a naturalidade, observando-se a construção gradual das soluções apresentadas bem lá para o fim.

Pelo meio ficam muitos sorrisos, alguns concedidos às situações delicadamente humorísticas que Lone Scherfig preparou para nos deliciar, outros oferecidos às próprias personagens, que nos cativam, cada uma à sua maneira.

Uma curiosidade desta obra que anuncio desde já de indispensável visualização: simplesmente não tem banda sonora. Nada. E efeitos especiais, nem falar. Voltando à recomendação: apesar de merecer sobejamente o tempo dispensado a vê-lo, este filme despretensioso não ficará certamente na memória, a não ser talvez pela peculariedade do seu país de origem. E talvez daqui a um punhado de anos, nos refiramos a ele como aquele filme dinamarquês muito engraçado, e nos assole uma vontade irrestível de o rever.
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p_alucinado
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Post by p_alucinado »

Os dois de que vou falar já foram referidos, mas como estão na minha lista de melhores filmes de sempre, achei por bem desenvolvê-los um pouco:

Before Sunrise - Jesse e Celine são dois jovens que viajam num inter-rail pela Europa mas não se conhecem. Ambos estão de volta às suas terras natais, ele os EUA, e a França. Quase por acidente travam conhecimento um com o outro e descobrem que ambos são especiais, não apenas um para o outro, mas especiais porque diferentes das outras pessoas.
Levados por um súbito "delírio" decidem passar uma noite juntos em Viena, a Capital da Europa, cidade de cultura e do Danúbio, é a propícia para o desabrochar e para o descobrir de uma paixão que ambos sabiam ser possíevl de encontrar, mas que, por outro lado, ambos tinham medo, que nunca chegasse a concretizar-se...
Contar mais sobre este filme será retirar grande parte do prazer que dele podemos usufruir, por isso vou calar-me já antes que estrague a experiencia a alguém...

O outro filme a que me referia dá pelo nome de Before Sunset e é a (inesperada) sequela do filme que referi. Deste não vou contar mesmo nadinha. Perdia mesmo a piada. Mas devo referir que considero de certa forma essencial que os filmes sejam vistos com bastante espaço de tempo entre eles. Eu vi-os com 7 anos de diferença (apenas decobri o 1º em 1997) e acho, sinceramente, que esse facto fez com que a dimensão que os filmes ganharam para mim, tenha sido avassaladoramente ENORME.

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