Der Untergang (2004) - Oliver Hirschbiegel
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Para isto, não descambar sugiro que criem um topico no off-topic, sobre as atrocidades humanas, as suas causas e suuas consequências.
Um gnomo por dia, dá saúde e alegria!
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Insano, são temas que nunca deixam indiferente , vamos então ficar na parte cinefilia, dentro do mesmo género de filmes também aconselho "Algures em África".
Já agora se mas alguém se lembra de filmes dentro deste tema "atrocidades humanas" como por exemplo "Beyond Borders" (Amor Sem Fronteiras) com Angelina Jolie ou mais recentemente
Maria Full of Grace ... ou até outros dramas pesados.
Já agora se mas alguém se lembra de filmes dentro deste tema "atrocidades humanas" como por exemplo "Beyond Borders" (Amor Sem Fronteiras) com Angelina Jolie ou mais recentemente
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A Queda - Downfall - Der Untergang... GENIAL!
Ainda não tinha visto o Downfall, que relata os últimos dias do regime Nazi e de Hitler. Vi hoje (DVD), e fiquei deslumbrado com a qualidade do filme.
Desde o papel brilhante desempenhado de forma suprema por Bruno Ganz, até à simples qualidade técnica (do som principalmente, tinha mesmo bombas a cair do tecto) ou, a satisfação de alguma curiosidade histórica sobre a intimidade daqueles últimos dias para aqueles persongens principais da WWII, naturalmente Hitler e aqueles que lhe eram mais chegados.
Mas, a magia deste filme, é a forma simples, directa e eficaz, como mostra a grande alucinação colectiva que assombrou as vidas daquelas pessoas. Numa frase, a secretária do Hitler diz, quase a desmaiar: "não aguento mais, isto parece um sonho, que continua... e continua...", e nesse estado "pedrado", alheado da realidade, isolados naquele mundo que queriam construir à força, naquele quotidiano em que cada gesto banal era uma mentira, estavam todos os que mandataram, participaram, ou simplesmente se deixaram levar no regime Nazi.
O próprio Hitler era, naturalmente, um homem como todos os outros, imerso na alucinação que todos afectava, e representava o seu papel, com uma dualidade de carácter entre Hitler o homem, e Hitler o tirano. Uma vítima da sua própria mentira. Não era um louco! Ninguém, dos que estavam mergulhados na alucinação, estava louco. Apenas se deixaram levar...
A secretária de Hitler, diz no fim, com a certeza de quem passou por tudo aquilo, que não há desculpas. A juventude, a ignorância, ou seja o que for, não desculpa 50 milhões de mortos, nem os 6 milhões de judeus que morreram nos campos de concentração.
Ignorar, é fazer parte. Estar lá é fazer parte. E quem não sabe, é poque não quer mesmo saber, nem estar "a par de certas coisas", usando as palavras dela.
Para que tudo volte a acontecer, não é preciso grande coisa... não é preciso um louco, nem um visionário, nem o mal encarnado num corpo qualquer. Basta um homem normal... e um povo disposto a ignorar, ou a ser absorvido numa mentira.
Pode acontecer já amanhã...
Desde o papel brilhante desempenhado de forma suprema por Bruno Ganz, até à simples qualidade técnica (do som principalmente, tinha mesmo bombas a cair do tecto) ou, a satisfação de alguma curiosidade histórica sobre a intimidade daqueles últimos dias para aqueles persongens principais da WWII, naturalmente Hitler e aqueles que lhe eram mais chegados.
Mas, a magia deste filme, é a forma simples, directa e eficaz, como mostra a grande alucinação colectiva que assombrou as vidas daquelas pessoas. Numa frase, a secretária do Hitler diz, quase a desmaiar: "não aguento mais, isto parece um sonho, que continua... e continua...", e nesse estado "pedrado", alheado da realidade, isolados naquele mundo que queriam construir à força, naquele quotidiano em que cada gesto banal era uma mentira, estavam todos os que mandataram, participaram, ou simplesmente se deixaram levar no regime Nazi.
O próprio Hitler era, naturalmente, um homem como todos os outros, imerso na alucinação que todos afectava, e representava o seu papel, com uma dualidade de carácter entre Hitler o homem, e Hitler o tirano. Uma vítima da sua própria mentira. Não era um louco! Ninguém, dos que estavam mergulhados na alucinação, estava louco. Apenas se deixaram levar...
A secretária de Hitler, diz no fim, com a certeza de quem passou por tudo aquilo, que não há desculpas. A juventude, a ignorância, ou seja o que for, não desculpa 50 milhões de mortos, nem os 6 milhões de judeus que morreram nos campos de concentração.
Ignorar, é fazer parte. Estar lá é fazer parte. E quem não sabe, é poque não quer mesmo saber, nem estar "a par de certas coisas", usando as palavras dela.
Para que tudo volte a acontecer, não é preciso grande coisa... não é preciso um louco, nem um visionário, nem o mal encarnado num corpo qualquer. Basta um homem normal... e um povo disposto a ignorar, ou a ser absorvido numa mentira.
Pode acontecer já amanhã...
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"A QUEDA - HITLER E O FIM DO TERCEIRO REICH"
Olá!
(Como este tópico foi reactivado com a saída do dvd, aqui fica a minha leitura)
A QUEDA – HITLER E O FIM DO TERCEIRO REICH”/”DER UNTERGANG” – OLIVIER HIRSCHBIEGE
Quantas vezes nos cruzamos com pessoas que mais tarde irão alterar o mundo em que vivemos... nunca o saberemos...e o mesmo sucedeu aos professores que chumbaram em Viena o jovem que pretendia seguir Belas-Artes... ele acabaria por ficar com o seu nome na História, mas da pior maneira possível, não pelos seus feitos artísticos, mas sim pela ideologia que ajudou a criar e da qual foi o rosto principal.
Curiosamente o cinema, conhecido como a sétima arte, possui no seu interior fortes razões para se transformar numa síntese de todas as artes, mesmo quando a guerra é tratada como arte, como o fez Clausewitz (aproveitamos para relembrar que o título em questão foi editado no nosso país em 1975, caso a memória não me falhe, pelas Edições Maria da Fonte...mas adiante). Mas porquê começar desta forma uma abordagem ao filme de Olivier Hirschbiegel, àcerca dos últimos dias de vida de Hitler.Talvez porque a polémica originada pelo filme não tem razão de ser. É certo que a obra em questão não se filia em modas... e surge como um verdadeiro documento, baseando-se em testemunhos credíveis: o da jovem secretária de Hitler (Traudl Jungle), que publicou nas suas memórias o que se passou no bunker, habitação de Adolph Hitler e do insuspeitável historiador Joachim Fest. Por outro lado, a forma como a personagem principal nos é apresentada, através de um dos maiores actores do cinema alemão, Bruno Ganz, que esteve em Portugal já lá vão muitos anos...no Festival de Teatro de Almada e também nesse belo filme de Alain Tanner, intitulado "A Cidade Branca"...um dos melhores retratos da cidade de Lisboa,é de uma contenção que nos surpreende, reparem nas mãos (todos falam nelas), mas acima de tudo no olhar frio do ditador, que nos inspira um verdadeiro terror.
Mas voltemos um pouco atrás na história do cinema alemão e não só. Existe um silêncio sobre o cinema alemão produzido entre 1933 e 1945...respeitante ao período em que o partido nazi governou a Alemanha... e seria muito importante que esse mesmo cinema, de uma forma pedagógica, fosse conhecido, porque nem só de Leni Riefensthal viveu o cinema alemão... aliás quando Fritz Lang foi convidado pelo partido nazi para assumir a chefia dos Estudios da UFA, meteu-se nesse mesmo dia num comboio e fugiu da Alemanha, deixando para trás a sua mulher e colaboradora, Thea Von Harbor a qual, mesmo depois da derrota do Terceiro Reich, nunca escondeu as suas simpatias pela ideologia em questão, o mesmo se poderia dizer do filósofo Martin Heidegger, de quem muitos de nós já lemos as obras e que se apresentava nas aulas com um pequeno pin ostentando a cruz suástica... mas o mesmo fez uma grande parte da população alemã antes da guerra, basta ver os documentários que o canal Arte exibe com regularidade e as imagens falam por s
Poderíamos até referir aquela obra de história alternativa do jornalista Robert Harris (também editada em Portugal), já passada ao pequeno écran “Fatherland” e que parte da seguinte permissa: o desembarque na Normandia é um insucesso, Churchill é forçado a exilar-se no Canadá...e a Alemanha domina a Europa, havendo apenas pequenas escaramuças, às quais ninguém liga, nos confins do Leste Europeu...e a Alemanha pela primeira vez em muitos anos ainda com Hitler no poder, de idade avançada(75 anos), decide abrir as portas à America e receber o seu Presidente.... (ficamos por aqui...)Este filme fabuloso, realizado por Christopher Menaul, conta ainda com a participação nos principais papéis de Rutger Hauer (o oficial alemão) e Miranda Richardson (a jornalista), curiosamente a película fez a transposição para o écran da Berlin sonhada pelo arquitecto Albert Speer (um dos génios que “sucumbiu” à ideologia nacional-socialista. Embora ainda não disponível em dvd, poderá ser encontrado no formato video.Isto para dizer que são as vitórias e as derrotas que escrevem a História e a vida dos seus principais intérpretes...já agora aproveitem e leiam o livro de Marc Ferro, àcerca das falsificações da História...está disponível em edição da Folio, a preço convidativo nas lojas fnac. Ora o filme de Olivier Hirschbiegel é de tal forma poderoso, e falo do que vi na sessão de cinema a que assisti, porque quando a sessão terminou (lotação esgotada)...o silêncio era na verdade tenebroso... e todos saímos sem palavras, com uma necessidade de dizer “baixinho”, como foi possível existir uma ideologia destas, que arrastou milhões atrás de um homem....como foi isso possível. Sintomático desse sentimento é a figura na película de Magda Goebbels (Corinna Harfouch), mulher do Ministro da Propaganda, que perante a morte inevitável do Fuhrer, decide também ela morrer porque não consegue viver num mundo sem ele...e com ela leva as crianças...numa das sequências mais dramáticas de toda a película.
Na verdade o povo alemão ainda não ajustou contas com o seu passado (não o conseguiu com o “Hitler” de Syberberg) e só agora viu chegado o momento de olhar de frente o seu passado recente... até mesmo o novo cinema alemão nascido no Festival de Oberhausen nunca conseguiu olhar de forma frontal o seu passado e o seu principal responsável... no entanto a obra de Edgar Reitz “Heimat” talvez seja uma daquelas pedradas no charco que deveria ser novamente exibida na nossa televisão... “Heimat – Eine Deutsch Chronik” é a história da cidade de Schabbach entre o período de 1919 a 1982... sendo a história dos seus habitantes contada ao longo de 11 episódios, que nos retratam a sociedade alemã.
A película de Olivier Hirschbiegel retrata os últimos dias vividos no Bunker de Hitler, acompanhado pelo que restava dos seus seguidores, neles encontramos o que resta dachefia de uma Wermacht, sempre em conflito aberto com as SS de Himmler, o ideólogo Gobbels, o arquitecto Albert Speer, Eva Braun(Juliane Kohker) e todo um conjunto de elementos que existiram e que sabem que pouco tempo falta para serem todos capturados pelo russos.No interior de todos estes elementos navega a narradora Traudl Junge (Alexandra Maria Lara) secretária de Hitler...e claro o próprio Adolph , numa interpretação histórica do ex-anjo de Win Wenders, o actor Bruno Ganz, que conseguiu interiorizar de tal forma o ditador, que nos esquecemos muitas vezes que é um actor que está no écran, mas sim o responsável pelo genocídio de milhões de vidas.Olhar hoje “A Queda”/”Der Untergang" sem complexos é importante, para que todos nós saibamos e não esqueçamos que a História nunca mais se poderá repetir. Se hoje olhamos os campos de concentração nazis como fazendo parte de um passado, é também importante que esse passado nunca mais se transforme em futuro e todos nós também sabemos como as “massas populares” são permeáveis à demagogia, em nome de ideais e conceitos, que muitas vezes vão beber a ideologias e doutrinas do passado e para que o passado não fique esquecido nasceu "Der Untergang".
Falemos um pouco do cineasta Olivier Hirschbiegel... a sua primeira paixão foi a pintura, que o levou a ingressar na Academia de Belas-Artes de Hamburgo, onde se dedicou à pintura, como seria de esperar, mas também ao video e à fotografia... os seus trabalhos videográficos começaram a chamar as atenções da crítica especializada e surge assim com naturalidade a sua ida para a televisão, onde se revelou um excelente realizador de thrillers e melodramas.Em 2001 realiza a sua primeira longa-metragem, “Das Experiment”, que ganhou diversos prémios em festivais e na qual se encontra já a claustofobia do espaço, que seria o seu território por excelência, como iremos verificar com a feitura de “ “Der Untergang”/”A Queda – Hitler e o Fim do Terceiro Reich”. No ano seguinte permanece no mesmo espaço eleito e cria “Mein Letzer Film”, baseando-se num monólogo de 90 minutos, tendo como personagem principal uma mulher de cinquenta anos, que pretende viver uma nova vida ou seja voltar a viver. E em 2004 nasce o polémico “Der Untergang”, sendo acusado por alguns de humanizar Hitler e os Nazis, mas tendo em conta tudo o que se já escreveu, verdadeiros rios de tinta, sucede precisamente o contrário, porque como retratou tão bem Andre Delvaux, no seu filme “Mulher entre Cão e Lobo”, o lobo muitas vezes surge escondido debaixo da pele do cordeiro e perante o fim inevitável, o lobo num gesto derradeiro busca da sua pele do cordeiro a redenção para todo o mal que praticou... e isso na verdade é tenebroso e perturbante.

(Como este tópico foi reactivado com a saída do dvd, aqui fica a minha leitura)
A QUEDA – HITLER E O FIM DO TERCEIRO REICH”/”DER UNTERGANG” – OLIVIER HIRSCHBIEGE
Quantas vezes nos cruzamos com pessoas que mais tarde irão alterar o mundo em que vivemos... nunca o saberemos...e o mesmo sucedeu aos professores que chumbaram em Viena o jovem que pretendia seguir Belas-Artes... ele acabaria por ficar com o seu nome na História, mas da pior maneira possível, não pelos seus feitos artísticos, mas sim pela ideologia que ajudou a criar e da qual foi o rosto principal.
Curiosamente o cinema, conhecido como a sétima arte, possui no seu interior fortes razões para se transformar numa síntese de todas as artes, mesmo quando a guerra é tratada como arte, como o fez Clausewitz (aproveitamos para relembrar que o título em questão foi editado no nosso país em 1975, caso a memória não me falhe, pelas Edições Maria da Fonte...mas adiante). Mas porquê começar desta forma uma abordagem ao filme de Olivier Hirschbiegel, àcerca dos últimos dias de vida de Hitler.Talvez porque a polémica originada pelo filme não tem razão de ser. É certo que a obra em questão não se filia em modas... e surge como um verdadeiro documento, baseando-se em testemunhos credíveis: o da jovem secretária de Hitler (Traudl Jungle), que publicou nas suas memórias o que se passou no bunker, habitação de Adolph Hitler e do insuspeitável historiador Joachim Fest. Por outro lado, a forma como a personagem principal nos é apresentada, através de um dos maiores actores do cinema alemão, Bruno Ganz, que esteve em Portugal já lá vão muitos anos...no Festival de Teatro de Almada e também nesse belo filme de Alain Tanner, intitulado "A Cidade Branca"...um dos melhores retratos da cidade de Lisboa,é de uma contenção que nos surpreende, reparem nas mãos (todos falam nelas), mas acima de tudo no olhar frio do ditador, que nos inspira um verdadeiro terror.
Mas voltemos um pouco atrás na história do cinema alemão e não só. Existe um silêncio sobre o cinema alemão produzido entre 1933 e 1945...respeitante ao período em que o partido nazi governou a Alemanha... e seria muito importante que esse mesmo cinema, de uma forma pedagógica, fosse conhecido, porque nem só de Leni Riefensthal viveu o cinema alemão... aliás quando Fritz Lang foi convidado pelo partido nazi para assumir a chefia dos Estudios da UFA, meteu-se nesse mesmo dia num comboio e fugiu da Alemanha, deixando para trás a sua mulher e colaboradora, Thea Von Harbor a qual, mesmo depois da derrota do Terceiro Reich, nunca escondeu as suas simpatias pela ideologia em questão, o mesmo se poderia dizer do filósofo Martin Heidegger, de quem muitos de nós já lemos as obras e que se apresentava nas aulas com um pequeno pin ostentando a cruz suástica... mas o mesmo fez uma grande parte da população alemã antes da guerra, basta ver os documentários que o canal Arte exibe com regularidade e as imagens falam por s
Poderíamos até referir aquela obra de história alternativa do jornalista Robert Harris (também editada em Portugal), já passada ao pequeno écran “Fatherland” e que parte da seguinte permissa: o desembarque na Normandia é um insucesso, Churchill é forçado a exilar-se no Canadá...e a Alemanha domina a Europa, havendo apenas pequenas escaramuças, às quais ninguém liga, nos confins do Leste Europeu...e a Alemanha pela primeira vez em muitos anos ainda com Hitler no poder, de idade avançada(75 anos), decide abrir as portas à America e receber o seu Presidente.... (ficamos por aqui...)Este filme fabuloso, realizado por Christopher Menaul, conta ainda com a participação nos principais papéis de Rutger Hauer (o oficial alemão) e Miranda Richardson (a jornalista), curiosamente a película fez a transposição para o écran da Berlin sonhada pelo arquitecto Albert Speer (um dos génios que “sucumbiu” à ideologia nacional-socialista. Embora ainda não disponível em dvd, poderá ser encontrado no formato video.Isto para dizer que são as vitórias e as derrotas que escrevem a História e a vida dos seus principais intérpretes...já agora aproveitem e leiam o livro de Marc Ferro, àcerca das falsificações da História...está disponível em edição da Folio, a preço convidativo nas lojas fnac. Ora o filme de Olivier Hirschbiegel é de tal forma poderoso, e falo do que vi na sessão de cinema a que assisti, porque quando a sessão terminou (lotação esgotada)...o silêncio era na verdade tenebroso... e todos saímos sem palavras, com uma necessidade de dizer “baixinho”, como foi possível existir uma ideologia destas, que arrastou milhões atrás de um homem....como foi isso possível. Sintomático desse sentimento é a figura na película de Magda Goebbels (Corinna Harfouch), mulher do Ministro da Propaganda, que perante a morte inevitável do Fuhrer, decide também ela morrer porque não consegue viver num mundo sem ele...e com ela leva as crianças...numa das sequências mais dramáticas de toda a película.
Na verdade o povo alemão ainda não ajustou contas com o seu passado (não o conseguiu com o “Hitler” de Syberberg) e só agora viu chegado o momento de olhar de frente o seu passado recente... até mesmo o novo cinema alemão nascido no Festival de Oberhausen nunca conseguiu olhar de forma frontal o seu passado e o seu principal responsável... no entanto a obra de Edgar Reitz “Heimat” talvez seja uma daquelas pedradas no charco que deveria ser novamente exibida na nossa televisão... “Heimat – Eine Deutsch Chronik” é a história da cidade de Schabbach entre o período de 1919 a 1982... sendo a história dos seus habitantes contada ao longo de 11 episódios, que nos retratam a sociedade alemã.
A película de Olivier Hirschbiegel retrata os últimos dias vividos no Bunker de Hitler, acompanhado pelo que restava dos seus seguidores, neles encontramos o que resta dachefia de uma Wermacht, sempre em conflito aberto com as SS de Himmler, o ideólogo Gobbels, o arquitecto Albert Speer, Eva Braun(Juliane Kohker) e todo um conjunto de elementos que existiram e que sabem que pouco tempo falta para serem todos capturados pelo russos.No interior de todos estes elementos navega a narradora Traudl Junge (Alexandra Maria Lara) secretária de Hitler...e claro o próprio Adolph , numa interpretação histórica do ex-anjo de Win Wenders, o actor Bruno Ganz, que conseguiu interiorizar de tal forma o ditador, que nos esquecemos muitas vezes que é um actor que está no écran, mas sim o responsável pelo genocídio de milhões de vidas.Olhar hoje “A Queda”/”Der Untergang" sem complexos é importante, para que todos nós saibamos e não esqueçamos que a História nunca mais se poderá repetir. Se hoje olhamos os campos de concentração nazis como fazendo parte de um passado, é também importante que esse passado nunca mais se transforme em futuro e todos nós também sabemos como as “massas populares” são permeáveis à demagogia, em nome de ideais e conceitos, que muitas vezes vão beber a ideologias e doutrinas do passado e para que o passado não fique esquecido nasceu "Der Untergang".
Falemos um pouco do cineasta Olivier Hirschbiegel... a sua primeira paixão foi a pintura, que o levou a ingressar na Academia de Belas-Artes de Hamburgo, onde se dedicou à pintura, como seria de esperar, mas também ao video e à fotografia... os seus trabalhos videográficos começaram a chamar as atenções da crítica especializada e surge assim com naturalidade a sua ida para a televisão, onde se revelou um excelente realizador de thrillers e melodramas.Em 2001 realiza a sua primeira longa-metragem, “Das Experiment”, que ganhou diversos prémios em festivais e na qual se encontra já a claustofobia do espaço, que seria o seu território por excelência, como iremos verificar com a feitura de “ “Der Untergang”/”A Queda – Hitler e o Fim do Terceiro Reich”. No ano seguinte permanece no mesmo espaço eleito e cria “Mein Letzer Film”, baseando-se num monólogo de 90 minutos, tendo como personagem principal uma mulher de cinquenta anos, que pretende viver uma nova vida ou seja voltar a viver. E em 2004 nasce o polémico “Der Untergang”, sendo acusado por alguns de humanizar Hitler e os Nazis, mas tendo em conta tudo o que se já escreveu, verdadeiros rios de tinta, sucede precisamente o contrário, porque como retratou tão bem Andre Delvaux, no seu filme “Mulher entre Cão e Lobo”, o lobo muitas vezes surge escondido debaixo da pele do cordeiro e perante o fim inevitável, o lobo num gesto derradeiro busca da sua pele do cordeiro a redenção para todo o mal que praticou... e isso na verdade é tenebroso e perturbante.
RUI LUÍS LIMA
- Ricardo Ribeiro
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Rui, mas que belo texto. Não queres, de tempos a tempos, oferecer uma análises completas aqui para publicação na DVD Mania?
SérgioRZ, só um apontamento: quando te referires à experiência de visualização em DVD, convém referires que edição viste, porque como sabemos as coisas podem variar, e de que maneira, consoante as edições.
Eu tenho a edição sul-coreana, com um belo som DTS, que funciona tal e qual como referes. De resto, tecnicamente trata-se de uma edição intocável; só tenho pena da ausência de extras, pois é um daqueles filmes que "pede" mesmo a inclusão de uma bela colecção de materiais adicionais na ediçao em DVD.
SérgioRZ, só um apontamento: quando te referires à experiência de visualização em DVD, convém referires que edição viste, porque como sabemos as coisas podem variar, e de que maneira, consoante as edições.
Eu tenho a edição sul-coreana, com um belo som DTS, que funciona tal e qual como referes. De resto, tecnicamente trata-se de uma edição intocável; só tenho pena da ausência de extras, pois é um daqueles filmes que "pede" mesmo a inclusão de uma bela colecção de materiais adicionais na ediçao em DVD.
Ricardo Ribeiro
O Mundo da Viagem em...
http://papaleguas.wordpress.com | http://cruzamundos.wordpress.com
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Boas, eu vi o filme na versão nacional de aluguer, com som DD5.1
A mistura do som estava muito boa, em termos de "espaço" e direccionalidade. Só tenho pena que, como muitos outros filmes, a diferença entre o som "baixo" e o som "alto" fosse muito grande, mas isso é um problema generalizado, creio eu.
Nos bombardeamentos, pensei que tinha uma coluna nova no tecto ehehehhe muito bem feito
A mistura do som estava muito boa, em termos de "espaço" e direccionalidade. Só tenho pena que, como muitos outros filmes, a diferença entre o som "baixo" e o som "alto" fosse muito grande, mas isso é um problema generalizado, creio eu.
Nos bombardeamentos, pensei que tinha uma coluna nova no tecto ehehehhe muito bem feito

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Olá Tojal City!
Sinceramente não sei qual a versão que vai passar, mas vi algo que esteve durante dois meses na sala 6x2 da Cinemateca de Setembro a Outubro... com entrada gratuita... que merece ser referido aqui.
Dois filmes sobre o nazismo, um coordenado por uma equipa liderada por George Sidney (cineasta de "O Gigante") e outro filme feito pelo lado alemão durante o período de 1933 a 1945, imagens que na maioria dos casos permaneceram inéditas de todos ... a cores... as da vida "familiar" de Hitler foram realizadas por Eva Braun e as restantes em que Hitler está presente foram realizadas pelo seu piloto privativo, cuja personagem também está presente no filme "A Queda".
Curiosamente a sala esteve quase sempre "às moscas". Pela minha parte vi ambos os filmes três vezes e a cada visão aumentamos a nossa angústia (as imagens do Gheto de Varsóvia feitas pelos nazis são o horror em toda a sua dimensão) .... a razão porque a sala esteve quase sempre vazia...pois era "à borla" será um mistério? Os filmes estavam devidamente publicitados, mal se entravam as portas da Cinemateca.
O mais espantoso em termos cinematográficos era o tipo de película criada pelos alemães, por outro lado as imagens altamente secretas, como os sucessivos falhanços das V-2... encontradas à cerca de três anos também estão lá.
PS: A semelhança dos actores de "A Queda" com os protagonistas desse período da Alemanha são verdadeiramente espantosas!!!!
Obrigado pela informação Tojal City... vamos ver o que a tv nos reserva
Saudações Cinéfilas!

Sinceramente não sei qual a versão que vai passar, mas vi algo que esteve durante dois meses na sala 6x2 da Cinemateca de Setembro a Outubro... com entrada gratuita... que merece ser referido aqui.
Dois filmes sobre o nazismo, um coordenado por uma equipa liderada por George Sidney (cineasta de "O Gigante") e outro filme feito pelo lado alemão durante o período de 1933 a 1945, imagens que na maioria dos casos permaneceram inéditas de todos ... a cores... as da vida "familiar" de Hitler foram realizadas por Eva Braun e as restantes em que Hitler está presente foram realizadas pelo seu piloto privativo, cuja personagem também está presente no filme "A Queda".
Curiosamente a sala esteve quase sempre "às moscas". Pela minha parte vi ambos os filmes três vezes e a cada visão aumentamos a nossa angústia (as imagens do Gheto de Varsóvia feitas pelos nazis são o horror em toda a sua dimensão) .... a razão porque a sala esteve quase sempre vazia...pois era "à borla" será um mistério? Os filmes estavam devidamente publicitados, mal se entravam as portas da Cinemateca.
O mais espantoso em termos cinematográficos era o tipo de película criada pelos alemães, por outro lado as imagens altamente secretas, como os sucessivos falhanços das V-2... encontradas à cerca de três anos também estão lá.
PS: A semelhança dos actores de "A Queda" com os protagonistas desse período da Alemanha são verdadeiramente espantosas!!!!
Obrigado pela informação Tojal City... vamos ver o que a tv nos reserva
Saudações Cinéfilas!

RUI LUÍS LIMA
Segundo o site da RTP, este filme dá esta noite no canal 1 por volta das 11 e meia!!
Já na TV??
EDIT: Não tinha reparado que os últimos posts já tinham discutido isto....

EDIT: Não tinha reparado que os últimos posts já tinham discutido isto....

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