Dear Frankie (2004) - Shona Auerbach

[Victor Melo]

Dear Frankie (2004)

Vi este filme na semana passada e foi uma agradável surpresa.

Uma caricata povoação no litoral da Escócia, nos arredores de Glasgow, é o pano de fundo para um drama familiar, onde um menino de 9 anos e uma jovem mãe partilham uma existência algo vazia, vivendo numa contínua assombração, motivada pela ausência da figura paterna.

Estão presentes pretextos suficientes para nos sentarmos no escuro durante uma centena de minutos e nos perdermos nos sotaques, nos detalhes característicos daquele lugar, nos seus hábitos e costumes, na cadência, na linda fotografia, e na complexidade emocional de uma história que não é tão linear quanto parece à priori…

Um filme que, definitivamente, não merece passar despercebido.

[Victor Melo]

Afinal parece que este filme está mesmo condenado a passar despercebido.
Ainda não teve qualquer feedback aqui e já só está em 3 salas nacionais, uma no Porto (AMC) e duas em Lisboa (Palmeiras e UCI).

É uma história engraçada, com vários pormenores interessantes e com um desenvolvimento muito cativante.
Se por acaso estiverem indecisos em relação ao filme que vão ver, optem por este filme que pode ser uma boa surpresa.

[brunojor]

Com base na tua recomendação fui ver o filme e também gostei bastante. Uma história cativante, temperada com boas interpretações e um sotaque delicioso.

É pena que em Portugal os bons filmes passam muitas vezes despercebidos.

7/10

[Ricardo Ribeiro]

Vi este filme ontem, na sua edição nacional, da responsabilidade da Castello Lopes Multimedia. Do DVD em si não vou dizer nada, até porque este será analisado na próxima edição da DVD Mania. O filme é maravilhoso. Não será por acaso que se encontra no top 250 do IMDB (precisamente na posição 248) e que tem uma média de 8,4 valores em 10. Pessoalmente, dei-lhe 9.

Afinal parece que este filme está mesmo condenado a passar despercebido.
Ainda não teve qualquer feedback aqui e já só está em 3 salas nacionais, uma no Porto (AMC) e duas em Lisboa (Palmeiras e UCI).

Para que este filme tivesse aqui um longo tópico, teria sido necessário que um dia um gajo como o Sean Penn ou o Clin Eastwood tivesse acordado e dado um traque que soasse a dearrrrr fraaankie. Pronto, todo o nosso povo entrava em extâse, com a beleza estética do referido traque, os cinemas enchiam-se e os fóruns transbordavam de comentários e interpretações. Mas não é esse o caso. Portanto, como procurar e ter interesse pelo que se faz à margem das campanhas de marketing megalómanas, ninguém viu, ninguém sabe e, como se costumava dizer, toda a gente tem raiva a quem viu.

[Mad Dog]

Por acaso fui ver este filme ao cinema. Quanto ao filme em si, gostei mas não posso dizer que o tenha achado excepcional. Está na onda de outros filmes britânicos mais ou menos recentes como As Cinzas de Ângela (que achei superior a este) ou aquele filme do miudo bailarino de que me escapa agora o título. Achei o miudo um bocadinho apagado e talvez tenha sido esse o ponto que retirou o selo de excelência ao filme - na minha opinião, claro.

----Potencial Spoiler--------

Não tem um fim "à Hollywood", o que é um ponto positivo, mas que neste caso deixou-me um sabor amargo na boca, porque fui obrigado a simpatizar com todas as personagens principais, e quando assim é o final perfeito é sempre o final feliz.

---Fim de potencial Spoiler---

"Para que este filme tivesse aqui um longo tópico, teria sido necessário que um dia um gajo como o Sean Penn ou o Clin Eastwood tivesse acordado e dado um traque que soasse a dearrrrr fraaankie. Pronto, todo o nosso povo entrava em extâse, com a beleza estética do referido traque, os cinemas enchiam-se e os fóruns transbordavam de comentários e interpretações. Mas não é esse o caso. Portanto, como procurar e ter interesse pelo que se faz à margem das campanhas de marketing megalómanas, ninguém viu, ninguém sabe e, como se costumava dizer, toda a gente tem raiva a quem viu."

É evidente que o marketing tem um papel fundamental na promoção dos filmes, e muito mais num filme destes, que não tem nenhum actor ou realizador de grande visibilidade que só por si garanta algum público.
Eu assisti a este filme porque, por mero acaso, encontrei-me num centro comercial com 3 horas para matar, e de entre os 5 ou 6 filmes que podia escolher este era o único que não me dizia nada e foi isso que me decidiu, porque os restantes não me interessavam minimamente.
Se não fosse esse acaso, e apesar de me manter relativamente bem informado acerca das novidades do cinema em geral, este filme tinha-me passado completamente despercebido.

[Insano]

Um filme com um argumento bem elaborado e muito humano. A ver sem dúvida.

Uma realização bastante eficaz, que consegue a um ritmo calmo, nuca aborrecer o espectador.

8.5/10

[Ricardo Ribeiro]

Estamos perante um filme de encantar, com uma carga sentimental poderosissima, que assenta numa história original e bem urdida. Existem alguns potenciais problemas de lógica narrativa, mas tendo em conta que tudo se baseia em pressupostos pouco realistas, estas falhas são facilmente perdoadas. A verdade é que o espectador é brindado com uma história maravilhosa, criada por Shona Auerbach que se inspirou no filme checo Kolya (que, já agora, recomendanos entusiasticamente). É sempre um prazer ver cinema inovador, e, se bem que para alguns este Dear Frankie possa ser acusado de pieguice exponenciada, a ideia desenvolvida é original e foi trabalhada de forma interessante.



Exageraria se dissesse que este foi um dos filmes do ano para mim, mas confesso que tive que ponderar um pouco até o excluir da suprema selecção. Não terá sido por acaso ou por especial favor que Dear Frankie foi estrela no Festival de Cannes. E é porque a vida não é justa que esta bela obra não é mais conhecida junto do grande público. É o preço a pagar por não ter por detrás uma poderosa máquina de marketing. Esperamos que esta pequena divulgação contribua para despertar o apetite de alguns e possa, de forma insignificante, colmatar de certa forma a lacuna deixada por uma campanha de lançamento inexistente e por uma passagem quase invísivel por não mais do que uma mão cheia de cinemas portugueses. A ver. Obrigatório.

<I>Extracto da análise disponível na DVD Mania</I>