Der Untergang (2004) - Oliver Hirschbiegel

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Colmarino
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Der Untergang (2004) - Oliver Hirschbiegel

Post by Colmarino »

Estou admirado que ainda não tenham colocado um tópico sobre este filme, sendo que apenas existe um sobre a sua edição DVD.

Fui vê-lo num dia de semana à tarde ao Forum almada, sala pequena com cerca de 30 pessoas que entraram mudas e sairam caladas, só por isso já a minha sessão mereceu boa nota.

Gostei muito deste filme. Gostei das performances, dos cenários e o som foi qb (tendo em conta a qualidade da sala e do cinema em causa). A história do filme e a forma como foi representada penso que estará bastante realista tendo em conta os depoimentos de várias das pessoas envolvidas que foram ali representadas (melhor exemplo, o da secretária). Sempre gostei de temas relacionados com a II grande guerra e não poderia deixar escapar esta encenação dos últimos dias do Reich. Levado por esta onda mediática dos 60 anos, tenho visto o velhinho documentário da BBC apresentado por Jeremy Isaacs e acabei de ver o "Das Boot" (excelente). A seguir vem o Stalingrad do mesmo produtor.

Este Der Untergang vai ser mais um DVD a acrescentar à minha pequena colecção sem sombra de dúvidas.
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johnny darko
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Post by johnny darko »

As minhas desculpas, li mal a 1.ª linha

Mas adorei o filme não era minha intenção dizer que o tópico era desnecessário apenas chamar a atenção para o filme.

Eu vi em estreia no Alvalaxia e achei genial nomeadamente a família Goebbels e o Bruno Ganz.

Fiquei espantado sobre a qualidade do realizador procurei informar-me e descobri que ele realizou episódios do REX !!!!!
Mas merece todo o respeito pela qualidade do filme e pela visão diferente da WW2 e dos nazis.

Mea culpa obviamente que é Goebbels
Last edited by johnny darko on May 6th, 2005, 10:51 am, edited 1 time in total.
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DarkPhoenix
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Post by DarkPhoenix »

Eu fui vê-lo no sábado passado.

Devo dizer que gostei muito.
Não me desiludiu e é o que esperava.

Retrato sincero e correcto, sem moralismos de merda ou demonizações idiotas e primárias de personagens que a história dos vencedores condenou, das últimas horas difíceis vividas no bunker de Hitler, com a iminente chegada dos Soviéticos.

Magistralmente fotografado e competentemente realizado, é com prazer que vemos um argumento muito feliz, baseado em escassos relatos e com uma ou outra ficção pelo meio, espraiar-se durante cerca de 2 horas intensas, mas nunca cansativas.

As interpretações são muito boas.
Bruno Ganz é Adolf Hitler, até eu acredito.
Lunático, abatido, desiquilibrado, esquizofrénico, torturado... Um mar de emoções. Fabuloso!

Destaque também para a soberba caracterização e fidelidade histórica a todos os "cromos" da liderança Nazi.
Assim que o filme começou, reconheci imediatamente Himmler e Goering só de os ver no ecrã!

Mais um filme essencial, porventura o mais honesto retrato jamais feito acerca de Hitler, que deixa ao espectador o direito tantas vezes negado de comentar, julgar e criticar o material que lhe é apresentado.

8.5/10
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Colmarino
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Post by Colmarino »

E o Albert Speer? O autor que o personificou é espantosamente semelhante ao original. Sei-o pelos relatos protagonizados pelo mesmo no tal documentário da BBC feito em 1970 e picos. Será descendente :-P ?
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Insano
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Post by Insano »

Acabei de ver este filme, apesar das boas interpretações, acho que a principal falha está na realização, demasiado tetral, i.e., a dada altura parecia que estava a ver uma peça de teatro, os mesmos cenários, os mesmos enquadramentos... faltou tensão, o aproximar dos soviéticos devia ter sido melhor aproveitado, aliás o papel destes no filme é penoso...

As minhas grandes dúvidas serão sobre a fronteira da realidade e do que foi ficcionado...

No entanto julgo ser positivo, começar-se a ver no cinema a diferença entre as elites nazis e os soldados alemães.
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Ricardo Ribeiro
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Post by Ricardo Ribeiro »

Vi este filme hoje, que me provou, se tal ainda fosse necessário, que o cinema europeu me tem decididamente mais a dar do que o que vem do lá de lá do oceano. Cada vez mais aprecio o que de bom é feito por cá, cada vez menos aprecio o que vem rotulado de grande qualidade do lado de lá.

Este filme é uma película verdadeiramente épica, que traça um retrato de época de forma literalmente impressionante. Durante duas horas e meia, o espectador é envolvido e arrastado para o drama que se viveu em Berlim na Primavera fatídica de 1945. É um filme destinado a marcar, a ocupar a mente de quem o vê durante muito tempo para além do momento em que o pano desce.

Como um todo, darei perto da nota máxima a esta mega-produção alemã, que faz honra à história do seu país, começando a colocar de lado, por fim, os fantasmas do seu passado recente.

O que gostei menos:

* Um ênfase que considero excessivo e teatral de tiques e posturas de Adolf Hitler;

* O mesmo se aplica a Goebbels, para mim o personagem mais mal retratado da história; fisionomicamente distante do original, sem se notar o coxear que caracterizava o ministro alemão, e com laivos de maquiavalismo igualmente inflacionados e apresentados de forma algo teatral;

* Pequenas gafes: quando Eva Braun e a secretária estão fora do Bunker soam as sirenes de bombardeamento aéreo, algo muito pouco provável: dada a configuração táctica no terreno e o puco amor russo pela utilização de bombardeiros, em detrimento do uso intensivo de artilharia, seria quase impossível que aquele momento se tivesse passado. Quando na rua, um jovem alemão mata a sua companheira de posição para de seguida se suicidar com um tiro na fonte, a sua cabeça fica completamente intacta, não havendo nenhum efeito pela penetração do projéctil; mas a minha favorita é uma cena em que aparece um blindado alemão com a cruz negra distintiva das forças armadas alemãs a reluzir, sinal que quem como eu faz modelismo sabe bem o que significa: trata-se de um modelo, porque aquele brilho não engana - é um decalque. Encontrei mais uma ou duas gaffes, o que num filme destes é verdadeiramente pouco.

Entretanto, há um pensamento que não me larga. Um pouco na linha do que o Insano já tocou, tenho algumas dúvidas sobre a legitimidade de um filme destes, que, apesar da subtileza, se encontra pejado de juizos de valor, levando o espectador a traçar uma linha imaginária entre "os maus" e "os bons". Este problema que sinto acentua-se quando as condições particulares daquela Primavera foram madrastas para a investigação histórica, com os documentos escritos a serem naturalmente destruidos, com os poucos vestígios que poderiam ser de interesse a serem sonegados pelo Exército Vermelho e com os sobreviventes a seguirem o mesmo destino: ou deixando de o ser, perecendo nos últimos momentos, ou sendo internados em campos de concentração, onde uma elevada percentagem encontrou a morte.

É portanto com apreensão que vejo um filme assumir a responsabilidade de julgar pessoas que já não estão entre nós, e fazê-lo sem um critério visivel e sem bases fidedignas. Os acontecimentos narrados são altamente baseados na suposição, e passá-los tal como foram passados pode criar no espectador uma ilusão de veracidade que importaria desmascarar.
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Insano
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Post by Insano »

Já agora uma pequena nota, gostaria que o cinema português fizesse o mesmo com a guerra colonial e com o Estado Novo.

Há pouco tempo o meu Pai contava-me algumas histórias do Ultramar, coisa que ele sempre evitou falar muito, a não ser um episódio recambolesco ou outro, cada vez mais fico com a ideia, que só daqui a um século é que se conseguirão fazer livros e filmes em catadupa sobre esta época, o que é pena, pois muitos dos que passaram por muito, ainda estão vivos.
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Ricardo Ribeiro
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Post by Ricardo Ribeiro »

Sobre os filmes não sei; acho que primeiro o cinema português tem que aprender a ser cinema, dexiando de ser teatro disfarçado de cinema.

Quanto aos livros, não vejo qual seja o teu problema. Tenho-os de todos os géneros e feitios: diários de almas nacionalistas, diários de almas revolucionárias, diários de militares de carreira, diários de milicianos, estudos históricos de autores portugueses, colectâneas de documentos oficiais, estudos históricos de autores estrangeiros, romances militares, romances sobre o pós-guerra, romances sobre a guerra no feminino, enfim, you name it.
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Ao Leo
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Post by Ao Leo »

Vi este filme como se de um documentário se tratasse. É como se nos tivessem permitido dar uma espreitadela aos últimos dias de Hitler, tão realista estava a reconstituição. Como já aqui foi dito, as parecenças físicas das personagens são realmente impressionantes. Bruno Ganz transforma-se em Hitler de forma soberba.

O único "apesar" que registo é algum arrastar da narrativa, ficando com a ideia de que se poderia ter feito um filme mais curto sem se perder qualidade.
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waltsouza
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Post by waltsouza »

Sobre a teatralidade do cinema português.
Sobre os filmes não sei; acho que primeiro o cinema português tem que aprender a ser cinema, dexiando de ser teatro disfarçado de cinema
Ora aí está uma opinião estereotipada e preconceituosa em relação ao cinmema português. Que faria mais sentido se ainda estivessemos na década de 70 ou 80. O cinema português apesar de evoluir vagarosamente, já subiu mais uns degraus na vertente interpretativa e na forma conceptual como alguns actores encaram a linguagem cinematográfica. É certo que ainda existem alguns filmes onde a naturalidade de representar está longe do mínimo das exigências que o cinema requere. Mas denominar tudo de teatro parece-me um pouco de aberrante.

O problema prende-se mais com um inconsequente surgir de obras que fogem desse estereotipo ( pensando por exemplo em Os Imortais ou Sorte Nula). Falta sequência. E com a falta dela as ideias feitas surgem com mais facilidade. Acrescente-se a isso a confusão que ainda faz a algumas pessoas ouvir português falado num filme e chegar-se-á á conclusão que muito ainda terá de ser feito para que tais barreiras sejam quebradas.

Mas isto é apenas uma opinião. Espero que a pessoa em questão use a que mais lhe agradar e se divirta. :twisted:
Ao Leo
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Post by Ao Leo »

waltsouza wrote:O problema prende-se mais com um inconsequente surgir de obras que fogem desse estereotipo ( pensando por exemplo em Os Imortais ou Sorte Nula). Falta sequência. E com a falta dela as ideias feitas surgem com mais facilidade. Acrescente-se a isso a confusão que ainda faz a algumas pessoas ouvir português falado num filme e chegar-se-á á conclusão que muito ainda terá de ser feito para que tais barreiras sejam quebradas.
"Os Imortais" peca, quanto a mim, por se querer colar em demasia a um tipo de cinema que se faz lá fora. Ultrapassará o tal problema dos diálogos improváveis, mas acaba por se tornar num filme que pouco traz de novo. Quanto muito, para o panorama do cinema português, até inovará de alguma forma, mas como não concordo que se deva ter um critério de avaliação diferente para o que se faz cá, num género de "para filme português até está bom", acho que é um filme que não faz história.

Basta fazer o exercício de imaginar aquele filme como tendo outra origem, projectando aquela história para outro país. Será que a avaliação seria a mesma? No fundo, acho que falta algum tipo de identidade ao cinema português, ainda que haja felizmente alguns casos que fogem a essa realidade. Como exemplo, "Recordações da Casa Amarela" do César Monteiro que acho ser um bom exemplo de um filme profundamente português.
Enigma
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Post by Enigma »

Por altura em que estava em cartaz aqui em Coimbra, também vi este filme e devo dizer que também gostei bastante. Directo e realista q.b.

Boa interpretação de Bruno Ganz.
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Cinebanco
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Post by Cinebanco »

A Queda - Hitler e o Fim do Terceiro Reich para quem procura o titulo em português.
Vi ontem e tive quase piedade do Hitler, conhecendo um pouco a mentalidade alemã depois de + de 20 anos em Alsácia , gostei de ver finalmente um filme sobre a 2 guerra mostrando os alemãs como pessoas e não só como os maus da fita.
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waltsouza
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Post by waltsouza »

finalmente um filme sobre a 2 guerra mostrando os alemãs como pessoas e não só como os maus da fita.
Vai explicar isso ás milhares de familias judias (de todos os pontos da Europa onde o Terceiro Reich entrou) que perderam os seus entes queridos. De uma forma cobarde e sem escrupúlos. É óbvio que por um não pagam todos, muitos alemães (também de origem judaica e não só) lutaram contra Adolph Hitler e por várias vezes tentaram assassina-lo mas o que ele fez jamais terá desculpa, por mais humano e cheio de dúvidas que nos pintem o seu lado.

Alguns alemães foram efectivamente os maus da fita. Uma Alemanha na bancarrota, um país desacreditado, um pseudo-salvador que prometia restituir a esperança e riqueza ao povo alemão não desculpa as atrocidades cometidas pela mente doente e megalónama que Hitler possuia.

Portugal também tentou ir á conquista do mundo na altura dos descobrimentos, e apesar de alguns exageros cometidos, não foi preciso matar milhões de pessoas para tentar chegar a nº 1.

A Alemanha de hoje arrepende-se desse seu lado negro da história (tirando os mentecaptos da extrema-direita alemã que ainda acreditam na raça pura).

O que eles mereciam era fazer-lhes um tratamento choque á cabeça, estilo Laranja Mecânica para eles sentirem na pele os horrores a que o ser humano é capaz de descer. [/b]
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Post by Cinebanco »

waltsouza wrote:
Vai explicar isso ás milhares de familias judias (de todos os pontos da Europa onde o Terceiro Reich entrou) que perderam os seus entes queridos. De uma forma cobarde e sem escrupúlos.
Walt, isso não esta em questão, alias ainda a pouco tempo no Ruanda (ver "Hotel Ruanda" e "Operaçao Especial")e na Jugoslávia aconteceu o que pensávamos que nunca mais iria acontecer e ninguém fez nada.

waltsouza wrote: Portugal também tentou ir á conquista do mundo na altura dos descobrimentos, e apesar de alguns exageros cometidos, não foi preciso matar milhões de pessoas para tentar chegar a nº 1.

Pois foi só preciso inventar a escravatura :roll:

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