Million Dollar Baby (2004) - Clint Eastwood
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Chloe não deves ter lido esta parte.Malick wrote: . Todas as opiniões são válidas mas tenho pena que algumas pessoas não consigam ver o grande filme que este Million Dollar Baby é.
Cumprimentos e se ofendi alguém as minhas desculpas.

Anda tudo muito sensível, nunca mais chega o verão para o pessoal ficar mais bem disposto!

- Ricardo Ribeiro
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Deixa-me que te diga que estás a limitar o teu conceito de pessoas ao teu círculo. Pega em ti, vai à feira de Domingo, e pergunta lá ao primeiro vendedor de farturas o que acha ele de Mozart.Mas isso é mais ou menos possível. Dificilmente se encontra alguém a dizer que a música composta por Mozart ou Beethoven não tem "qualidade" ou elevado nível artístico.
Sim, as pessoas morriam nas guerras, passavam fome, eram exploradas no trabalho, mas se fossem ao cinema só viam coisas maravilhosas. As telenovelas brasileiras utilizam o mesmo tipo de premissa: os pobres tornam-se rapidamente ricos, o amor é arrebatador, etc. O pior é que algumas pessoas, quer de dentro do cinema, quer de fora, acharam ou começaram a achar que o cinema poderia transpor a barreira da ilusão e ter uma intervenção social, políctica, cultural. E esse foi o amadurecimento do cinema, tal como acontece com um ser humano. Quando somos bebés e crianças, desconhecemos o conceito do Mal. Mas à medida que vamos crescendo, percebemos como funciona o mundo. Claro que se pode virar a cara às injustiças, ao sofrimento, à morte, ao ódio, a todos os sentimentos "negativos" (embora muito humanos), mas isso não os faz desaparecer. Felizmente que há cineastas que não viraram a cara, humanizando o cinema. O cinema tornou-se deste modo uma arte.
Paulo, a ti só te digo uma coisa: a próxima vez que fores ao dentista, vá, assume-te, deixa-te de escapismos e pede ao doutor que te passe ácido nas gengivas em vez de anestesia; é evidente que não te terão bastado as noites sem dormir de toda a semana anterior; é preciso intervir, tomar conhecimento do funcionamento do sistema nervoso, não virar a cara ao conhecimento do mecanismo da dor. Não vais querer que o bom do homem de bata esconda a realidade, pois não?
Ah! Aqui já não te posso acusar de te limitares ao teu círculo pessoal de conhecimentos, sem dúvida alguma. É que pelo menos eu não tenho o prazer de conhecer alguém que confunda a realidade com cinema. Sabes, talvez não tenhas reparado, mas basta 60 segundos de televisão por dia para que qualquer um fique ciente da merda que gostas de ver dissecada até à exaustão num filme; quem diz 60 segundos de televisão, diz uma vista de olhos pelo jornal diário, uns ouvidos atentos na sala de espera do médico, nos transportes públicos.... anywhere.Pelo menos, grande parte do cinema não contribui para criar gerações à custa dos contos de fada e histórias cor-de-rosa que depois geram, em muitos casos, uma inadequação às agruras da vida real. "Ah mas há pessoas más na vida? E acontecem coisas que nos fazem sofrer? É que nos filmes não há!"
Com toda a sinceridade, eu pensava que não percebia nada de cinema... estarás simplesmente a ser demagógico? É que não é preciso olhar com muita atenção para ver muito mais do que cinema de comédia no período do Estado Novo. Só para dar um exemplo: Ala-Arriba.não é por acaso que o cinema produzido em Portugal durante o Estado Novo se resumia a comédias.
De facto... que ideia redutora e extremamente monótona.Realmente é curioso que se entenda que o cinema deve ser apenas exaltação de sentimentos positivos, vulgo histórias cor-de-rosa, onde tudo acaba em bem, com os bons premiados e os maus castigados.
Só mais uma coisa: eu gosto de cinema realista. Agora, a história de Mystic River ou de O Paciente Inglês é realista? Acham mesmo? Quais são as probabilidades daquela sequência de eventos ter sucedido na realidade?
Há quem veja o mundo a preto e branco, quando vozes que diria mais sábias afirmam que é constituido por tonalidades. O cinema que eu abomino nunca ouviu tão pouco falar das tonalidades, e quanto ao preto e branco, usa tudo a preto e exclui o branco.
Mas como eu dizia... quem quiser ir ao castigo da broca sem anestesia, está no seu direito. Há pessoas para tudo.
Se este é o melhor filme do ano chego facilmente à conclusão de que este foi um fraco ano de cinema.
Bem, não poderá ostentar o título de melhor filme do ano seguramente, mas apenas, e discutivelmente, o de melhor filme americano do ano. Ora para mim há já muito tempo que o cinema americano está em crise... para mim, repito, porque para eles, deve estar tudo bem, lá no pais do Imperador. De resto, são os próprios EUA como nação que vivem mais um período de crise, e que bem que eles são nisso. O cinema é apenas um espelho da sua sociedade. De qualquer modo, desde o ano politicamente correcto dos negros, deixei de prestar a menor das atenções a esses prémios. Às vezes calha a saber os resultados, sobretudo agora, por causa da DVD Mania. Só isso.
Claro! Oh que sorte temos nós, os seguidores do novo guru muito in, muito bem, muito intelectual, muito ao gosto dos pseuo-intelectuais de cartola ainda não nos levaram para o monte para o apedrejamento.Clichê?? Não que ideia. Mas claro, é realizado por Clint Eastwood!
Ok, enaltecimento da representação exaustiva do mal. Melhor assim?Enaltecimento do Mal? Este raciocínio é que eu não compreendo mesmo.
Ricardo Ribeiro
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Esta discussão devia ter tópico próprio, não acham? E até deve haver por aí um tópico antigo, porque já tinhas "puxado" por este tema, Ricardo. Na altura, até acho que opinei e discordei da tua opinião...
Agora quem gosta de Clint Eastwood e dos seus filmes é "muito in, muito bem, muito intelectual, muito ao gosto dos pseudo-intelectuais de cartola"? Há cada uma...
Olhem, sabem que mais... casem-se!Ricardo Ribeiro wrote:Claro! Oh que sorte temos nós, os seguidores do novo guru muito in, muito bem, muito intelectual, muito ao gosto dos pseuo-intelectuais de cartola ainda não nos levaram para o monte para o apedrejamento.Chloê wrote: Clichê?? Não que ideia. Mas claro, é realizado por Clint Eastwood!

Agora quem gosta de Clint Eastwood e dos seus filmes é "muito in, muito bem, muito intelectual, muito ao gosto dos pseudo-intelectuais de cartola"? Há cada uma...

Frances Farmer
Isaac: It's an interesting group of people, your friends are.
Mary: I know.
Isaac: Like the cast of a Fellini movie.
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LOL, mas esta tirada da Chloe foi muito boa.Chloê wrote: Clichê?? Não que ideia. Mas claro, é realizado por Clint Eastwood!


Numa nota semelhante, como pode alguém dizer que o Jamie Foxx apenas "imitou" o Ray Charles, não havendo interpretação, e, ao mesmo tempo, louvar a Cate Blanchet em The Aviator, que "imita" Kate Hepburn? Só há uma resposta e vem em inglês à falta de palavra em português: bias.

Penso então que a maior parte dos realizadores, actores e críticos que se fartaram de elogiar e enaltecer o MDB (muito antes de ter ganho os Oscars) devem andar com o subconsciente bem influenciado, ou então nunca viram um filme do Clint, porque senão topavam logo que ele faz sempre a mesma coisa desde que iniciou a carreira. Do Clint gosto bastante de 2 ou 3 filmes (entre os quais o MDB). E termino aqui a minha participação na apreciação/discussão do filme referido. 

- Ricardo Ribeiro
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Malick, um bocado off-topic, fazes-me lembrar os alienados que usam esse argumento para justificar a permanência do guarda-redes Ricardo na Selecção Nacional e na titularidade da equipa do seu clube. "Tipo, ah, se é assim tão mau, porque é que o treinador y, x e z continuam a apostar nele". Que fraco argumento! Deixemos lá estar os outros, sejam eles quais forem, que já não estamos em idade de acreditar nem no Pai Natal nem num colectivo de iluminados. 

Ricardo Ribeiro
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- jorge pacheco
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Ño meio desta discussão toda, só queria dar a opinião sobre o filme: Achei um pouco longo, mas no resumo um bom filme daqueles que podemos aconselhar aos amigos, principalmente aquelas amigas que choram por tudo e por nada!!! Um filme a tocar o coração dos mais sensiveis.
Denon 2910 ; Rotel rsx 1055 ; Rotel RR-1070 ; 4xKef Q4 ; Kef Q9 ; Rel Quake ; Sony-32 FX 65E ; PS2
mmm...Ricardo Ribeiro wrote: Que bom! Duro, cruel e mesmo insensível. Como é que posso compreender a conjugação destes adejectivos com uma conclusão plena de admiração. Para mim, é o enaltecimento do Mal. Um grandessisimo filme para mim é o cinema de A Rosa Púrpura do Cairo, o refúgio da dureza, crueldade e mesmo insenssibilidade da vida. Porque para dureza, crueldade e mesmo insensibilidade, todos temos a própria vida. O cinema seria suposto constituir a magia que falta no dia a dia de quase todos nós. Magia branca, entenda-se.
acho esse conceito de cinema que tens/apresentas, limitado.
gostas de "magia branca" e gostas mto bem.
já reduzir o bom cinema "à magia branca", "que falta no dia a dia de quase todos nós", parece-me criminoso. é ter medo do próprio cinema. em última análise é ter medo da vida.
e sim, eu gosto de filmes duros, crueis e insensíveis. gosto destes adjectivos todos num filme, desde que não estejam lá de forma meramente gratuita.
não consigo pôr de um lado a “violência”, a “crueldade” e do pólo oposto o “amor”. por vezes, muitas vezes, estes 2 pólos tocam-se e misturam-se.
o nevoeiro, a violência de MDB, está lá por uma razão. tem um sentido claro. o “amor” em MDB, nunca deixa de estar presente.
como não foste ver o filme, não o pretendes ir ver, e mesmo que um dia destes o vejas já vais com a cabeça completamente feita, esta discussão parece-me viciada à partida.
já agora e já que acabaste de usar uma comparação futebolística, relativamente à posição do Malick, tu lembras-me outra.
lembras-me aqueles que gostam muito, muito, muito, muito de bola, desde que o clube deles ganhe.
gostas muito, muito, muito, muito de cinema, desde que seja um cinema repleto de “magia branca”. já o resto, por opção, limitas-te a ignorar.
assinado
pseudo-intelectual de cartola*
*apesar de estar longe de idolatrar Mystic River, e até gostar muito da Rosa Púrpura do Cairo

Lud,
Apesar de discorda na questão do cliché, concordo no papel dele. Não merecia nomeação obviamente pois é parecido a tantos outros que ele já fez (imperdoavel assim À primeira vista é o mais parecido).
Agora o filme não deixa de ser bom por o actor repetir papeis. (O Pacino farta-se de o fazer e os papeis/filmes são bons na mesma)
Apesar de discorda na questão do cliché, concordo no papel dele. Não merecia nomeação obviamente pois é parecido a tantos outros que ele já fez (imperdoavel assim À primeira vista é o mais parecido).
Agora o filme não deixa de ser bom por o actor repetir papeis. (O Pacino farta-se de o fazer e os papeis/filmes são bons na mesma)
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lud81 wrote:Numa nota semelhante, como pode alguém dizer que o Jamie Foxx apenas "imitou" o Ray Charles, não havendo interpretação, e, ao mesmo tempo, louvar a Cate Blanchet em The Aviator, que "imita" Kate Hepburn? Só há uma resposta e vem em inglês à falta de palavra em português: bias.
Bem, a este propósito escrevi algo que, assumo, é completamente subjectivo, mas é a minha teoria...
Penso que Jamie Foxx parte como favorito por um conjunto de factores, incluindo o facto da memória de Ray Charles ser muito recente. Jamie Barrie ou Howard Hughes morreram há muitos anos, a de Paul Rusesabagina não tem repercussão mediática, e a personagem de Clint Eastwood é ficção.
Pessoalmente, acho que «Ray» arrasta-se por demasiado tempo e não me parece particularmente subtil em termos cinematográficos, nem nada de transcendente no género do biopic. Acho que todos os outros nomeados (ressalvo que não vi «Hotel Ruanda») oferecem algo aos seus filmes, uma dimensão, que claramente escapa a esta narração formulática e pouco imaginativa.
Procurava algo de transcendente e não a encontrei em Jamie Foxx, que para mim se esconde atrás dos óculos. Sintoma de isso mesmo é na cena em que lhe é exigido um esforço suplementar, a cena do sonho, em que Foxx tira os óculos. Vejo um actor a "tentar", não um tri-dimensional Ray Charles. Por comparação, Cate Blanchett capta o espírito de Katharine Hepburn, não faz uma imitação caricatural. Nessa cena, Jamie Foxx fica "nu" e oferece algo que é capaz de ficar bem para um "clip" dos Óscares, mas é uma caricatura melodramática, ou uma imitação, se preferir.
Resumindo, pareceu-me que Jamie Foxx fez um trabalho de imitação de Ray Charles do que uma interpretação do que ele era. Fez o óbvio. Era algo que ele podia ter feito para um dos seus shows de stand up comedy. Robin Williams podia fazer o mesmo com vários individualidades (e fez).
Cumprimentos.