2046 (2004) - Wong Kar-wai
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2046 (2004) - Wong Kar-wai
2046 - 9/10
O melhor filme do ano!
Spoiler
É seguramente um dos filmes mais depressivos de 2004, mas é também um dos mais belos. Na realidade só The Return consegue ser estáticamente tão belo e poderoso com este.
A tristeza que emana do filme vai progressivamente avançando até àquele que é o momento fulcral do filme – Quando Chow Mo-Wan (Tony Leung) está perante uma folha em branco e não consegue escrever uma palavra. Mais do que um bloqueio criativo, aquele momento reflecte a incapacidade da personagem para prosseguir a sua vida afectiva. Da mesma forma que ele não é capaz de concluir o conto com um final feliz, também as suas relações acabam abruptamente. Chow é incapaz de escrever o último capítulo da sua própria história amorosa. Tal como muitos escritores preferem começar um novo conto em vez de se esforçar em acabar aquele que tem em mãos, Chow procura uma nova mulher assim que se torna necessário um compromisso com a sua actual namorada. E porquê? No fim vem a explicação que se adivinha desde as primeiras imagens de 2046: Chow procura em todas as mulheres a substituta daquela mulher que não pôde ou não teve coragem para ter como sua: A mulher que lhe escapou em “In the Mood for Love”. Se esse filme acaba com a confissão desse amor para um buraco, este inicia-se e acaba de igual modo. Só difere a cor, se no início de 2046 tem uma cor quente como o castanho associada ao Outono no fim é o Inverno que domina nos seus tons azuis que simbolizam o fim das oportunidades. Podemos pois dizer que estes dois filmes estão divididos como as estações do ano e como consequência da própria idade do homem. A Primavera e o Verão no primeiro filme e o Outono e o Inverno no segundo. Em 2046 a história amorosa de Chow faz dele um novo um novo Scottie do inesquecível Vertigo. E tal como no filme de Alfred Hitchcock também aqui não há um final feliz. A tragédia de Scottie decorre não só da perda da sua Madeleine, mas principalmente do fim de todas as fantasias. Scottie sabe que não lhe será possível obter uma terceira oportunidade. O mesmo acontece com Chow em 2046. Este só percebe no fim que pior do que ter perdido a mulher das suas fantasias foi ter desperdiçado as outras. E houve tantos momentos onde pareceu possível e inevitável um novo namoro. A viagem de táxi onde Chow toca levemente na perna da nova inquilina do hotel (interpretada por Zhang Ziyi) acaba por não passar disso mesmo…um toque, pois ele não insiste. Uma metáfora para o modo como Chow encara a vida. Sem compromisso, sempre de raspão. O último encontro com a jogadora interpretada por Gong Li é outro exemplo desta atitude. Depois de um beijo na boca, abandona-a. Ela fica sozinha como um fantasma. O baton espalhado na face dela proporciona uma imagem forte que contrasta com a fraqueza dele. Se a face suja de baton remete para Eros, aquele último gesto de Chow oferece-nos um dos momentos mais gélidos do cinema. Aquele beijo é a vitória de Thanatos sobre a vida pois é o túmulo de uma paixão. Estas duas relações anteriores foram pautadas por alguma exuberância e mistério. É com a filha mais velha do dono da pensão (interpretada por Faye Wong) que Chow estabelece uma relação mais duradoura e normal. Ele e a “girl next door” são só amigos pois ela está apaixonada por um japonês. Mas perante a oposição do pai a esse namoro, nasce entre eles uma cumplicidade e surge naturalmente a ocasião dele avançar. E o que faz Chow? Sozinho com ela no seu escritório dá-lhe a oportunidade para telefonar ao japonês!
Em cada uma dessas histórias sobra sempre um objecto como símbolo, como se houvesse necessidade de provar que estas existiram mesmo. As notas de dez dólares no caso de Bai Ling (Zhang Ziyi); as cartas que Wang Jing Wen (Faye Wong) escreve e recebe do namorado através das frestas da porta; as luvas de Su Li-zhen (Gong Li). Esses objectos lembram a lata de ananás de Chungking Express. Sem esses objectos fica apenas a memória de cada uma dessas aventuras. É atrás dessas memórias que Chow, ou melhor o personagem inventado por ele, Tak (Kimura Takuya), vai para 2046. Só que ao contrário dos nostálgicos que por lá permanecem, Tak faz a viagem de regresso pois as suas memórias mostram-lhe como um enorme espelho o vazio da sua vida. Perante uma semelhança tão grande entre a vida e a ficção como poderá o criador resolver tal dilema?
O paralelismo entre a vida e a arte é totalmente assumido neste filme. Não é só a caneta suspensa sobre o papel que assinalam a conexão entre as duas. Chow confessa que utiliza acontecimentos e pessoas que com ele se cruzam para as suas histórias. E Wong Kar-wai começa mesmo o filme por mostrar imagens de um futuro, que nada mais é do que fruto da imaginação de Chow. Um futuro para o qual se vai mas do qual raramente se volta. Inicialmente esta ideia soa algo enigmática mas no ocaso do filme surge límpida e essa clareza é ilustrada por uma enorme melancolia. A câmara fixa os olhos de Chow e regista a preto e branco a sua solidão enquanto este viaja num táxi. Não é contudo uma solidão passageira. Chow e o espectador têm consciência de ser esta uma imagem terminal. Chow está só e continuará assim pois as hipóteses que teve já não voltam. É esse o significado da frase inicial. As oportunidades surgem e cabe a cada um saber aproveitá-las. Se o não fizermos elas permanecerão para sempre no terreno da ficção. E é aqui que a vida se confunde com a ficção. As histórias não se encontram somente nos livros, cada um de nós têm sonhos dos quais fugiu e futuros que não percorreu. Cada um deles transforma-se numa ficção por vezes mais poderosa do que qualquer livro escrito. Quantas vidas poderíamos ter vivido? O que nos levou a escolher a nossa?
O melhor filme do ano!
Spoiler
É seguramente um dos filmes mais depressivos de 2004, mas é também um dos mais belos. Na realidade só The Return consegue ser estáticamente tão belo e poderoso com este.
A tristeza que emana do filme vai progressivamente avançando até àquele que é o momento fulcral do filme – Quando Chow Mo-Wan (Tony Leung) está perante uma folha em branco e não consegue escrever uma palavra. Mais do que um bloqueio criativo, aquele momento reflecte a incapacidade da personagem para prosseguir a sua vida afectiva. Da mesma forma que ele não é capaz de concluir o conto com um final feliz, também as suas relações acabam abruptamente. Chow é incapaz de escrever o último capítulo da sua própria história amorosa. Tal como muitos escritores preferem começar um novo conto em vez de se esforçar em acabar aquele que tem em mãos, Chow procura uma nova mulher assim que se torna necessário um compromisso com a sua actual namorada. E porquê? No fim vem a explicação que se adivinha desde as primeiras imagens de 2046: Chow procura em todas as mulheres a substituta daquela mulher que não pôde ou não teve coragem para ter como sua: A mulher que lhe escapou em “In the Mood for Love”. Se esse filme acaba com a confissão desse amor para um buraco, este inicia-se e acaba de igual modo. Só difere a cor, se no início de 2046 tem uma cor quente como o castanho associada ao Outono no fim é o Inverno que domina nos seus tons azuis que simbolizam o fim das oportunidades. Podemos pois dizer que estes dois filmes estão divididos como as estações do ano e como consequência da própria idade do homem. A Primavera e o Verão no primeiro filme e o Outono e o Inverno no segundo. Em 2046 a história amorosa de Chow faz dele um novo um novo Scottie do inesquecível Vertigo. E tal como no filme de Alfred Hitchcock também aqui não há um final feliz. A tragédia de Scottie decorre não só da perda da sua Madeleine, mas principalmente do fim de todas as fantasias. Scottie sabe que não lhe será possível obter uma terceira oportunidade. O mesmo acontece com Chow em 2046. Este só percebe no fim que pior do que ter perdido a mulher das suas fantasias foi ter desperdiçado as outras. E houve tantos momentos onde pareceu possível e inevitável um novo namoro. A viagem de táxi onde Chow toca levemente na perna da nova inquilina do hotel (interpretada por Zhang Ziyi) acaba por não passar disso mesmo…um toque, pois ele não insiste. Uma metáfora para o modo como Chow encara a vida. Sem compromisso, sempre de raspão. O último encontro com a jogadora interpretada por Gong Li é outro exemplo desta atitude. Depois de um beijo na boca, abandona-a. Ela fica sozinha como um fantasma. O baton espalhado na face dela proporciona uma imagem forte que contrasta com a fraqueza dele. Se a face suja de baton remete para Eros, aquele último gesto de Chow oferece-nos um dos momentos mais gélidos do cinema. Aquele beijo é a vitória de Thanatos sobre a vida pois é o túmulo de uma paixão. Estas duas relações anteriores foram pautadas por alguma exuberância e mistério. É com a filha mais velha do dono da pensão (interpretada por Faye Wong) que Chow estabelece uma relação mais duradoura e normal. Ele e a “girl next door” são só amigos pois ela está apaixonada por um japonês. Mas perante a oposição do pai a esse namoro, nasce entre eles uma cumplicidade e surge naturalmente a ocasião dele avançar. E o que faz Chow? Sozinho com ela no seu escritório dá-lhe a oportunidade para telefonar ao japonês!
Em cada uma dessas histórias sobra sempre um objecto como símbolo, como se houvesse necessidade de provar que estas existiram mesmo. As notas de dez dólares no caso de Bai Ling (Zhang Ziyi); as cartas que Wang Jing Wen (Faye Wong) escreve e recebe do namorado através das frestas da porta; as luvas de Su Li-zhen (Gong Li). Esses objectos lembram a lata de ananás de Chungking Express. Sem esses objectos fica apenas a memória de cada uma dessas aventuras. É atrás dessas memórias que Chow, ou melhor o personagem inventado por ele, Tak (Kimura Takuya), vai para 2046. Só que ao contrário dos nostálgicos que por lá permanecem, Tak faz a viagem de regresso pois as suas memórias mostram-lhe como um enorme espelho o vazio da sua vida. Perante uma semelhança tão grande entre a vida e a ficção como poderá o criador resolver tal dilema?
O paralelismo entre a vida e a arte é totalmente assumido neste filme. Não é só a caneta suspensa sobre o papel que assinalam a conexão entre as duas. Chow confessa que utiliza acontecimentos e pessoas que com ele se cruzam para as suas histórias. E Wong Kar-wai começa mesmo o filme por mostrar imagens de um futuro, que nada mais é do que fruto da imaginação de Chow. Um futuro para o qual se vai mas do qual raramente se volta. Inicialmente esta ideia soa algo enigmática mas no ocaso do filme surge límpida e essa clareza é ilustrada por uma enorme melancolia. A câmara fixa os olhos de Chow e regista a preto e branco a sua solidão enquanto este viaja num táxi. Não é contudo uma solidão passageira. Chow e o espectador têm consciência de ser esta uma imagem terminal. Chow está só e continuará assim pois as hipóteses que teve já não voltam. É esse o significado da frase inicial. As oportunidades surgem e cabe a cada um saber aproveitá-las. Se o não fizermos elas permanecerão para sempre no terreno da ficção. E é aqui que a vida se confunde com a ficção. As histórias não se encontram somente nos livros, cada um de nós têm sonhos dos quais fugiu e futuros que não percorreu. Cada um deles transforma-se numa ficção por vezes mais poderosa do que qualquer livro escrito. Quantas vidas poderíamos ter vivido? O que nos levou a escolher a nossa?
Last edited by Bruno Dias on January 9th, 2005, 11:46 am, edited 2 times in total.
Life is like arriving late for a movie, having to figure out what was going on without bothering everybody with a lot of questions, and then being unexpectedly called away before you find out how it ends.
Joseph CAMPBELL
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O filme que mais espero em dvd, visto que não o vou conseguir ver em cinema ca em baixo, porque isto aqui é só pipocas.
Se for metade do que o In The Mood For Love foi já valerá o dinheiro que de certeza vou gastar nele.
Alguém faz ideia quando isto poderá ser lançado em dvd ?

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Já saiu! mas numa edição que não está à altura do filme...alquimista wrote:Alguém faz ideia quando isto poderá ser lançado em dvd ?
2046
E eu espero que algum editor se lembre de fazer uma edição super especial que reúna este filme e o anterior numa DVD box (em digipack de preferência).
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Bom...entretanto eu vou mesmo comprando esta... depois logo digo alguma coisa quando a tiver em mãos.


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E ja ta encomendado.
http://www.play-asia.com/paOS-13-71-7j-70-fjy.html
Vamos lá ver se a alfandega não me apanha de novo, como quando comprei o Casshern aqui ... ... ...
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E já recebi o dvd !!!!
Foi a compra mais rápida que fiz até hoje! Tendo em conta os atrasos de correios e o facto de ter comprado isto numa loja de Hong Kong (Play Asia) nunca pensei que isto chegasse cá tão cedo.
Recebi o email a dizer que tinha sido expedido na segunda-feira á tarde e chegou hoje ao meio dia !!!
Estou muito espantado. Principalmente porque escolhi o método de envio mais barato e sem qualquer seguro ou coisas do género.
Uma edição especial de 2 discos numa caixa de cartão texturado com relevo e com vários postais com cenas do filme. Ambos os dvd com uma imagem fantastica e legendados em inglés.
Ao todo pelo filme e pelo transporte paguei apenas US$ 22.90 (~17.63 EUR) !!!!
---//---
O que me espanta é que anteriormente tinha comprado ali na mesma loja o Casshern edição especial e ia perdendo a encomenda mesmo apesar de ter pago uma pipa de massa pelo transporte especial + seguro e mais uma data de burocracias. Ainda fui apanhado na alfândega e tudo e paparam-me mais 20 euros. E levou quase um mês para chegar a casa também.
Com o 2046, resolvi ir mesmo tipo roleta-russa. Coloquei tudo pelo preço e transporte mais rasca e isto chega em trés dias sem roubos de algandega nem nada ?!! Nada mau...
Estou tentado a fazer outra compra para ver se este milagre se repete.
Agora só me falta ver o filme.
Foi a compra mais rápida que fiz até hoje! Tendo em conta os atrasos de correios e o facto de ter comprado isto numa loja de Hong Kong (Play Asia) nunca pensei que isto chegasse cá tão cedo.
Recebi o email a dizer que tinha sido expedido na segunda-feira á tarde e chegou hoje ao meio dia !!!
Estou muito espantado. Principalmente porque escolhi o método de envio mais barato e sem qualquer seguro ou coisas do género.
Uma edição especial de 2 discos numa caixa de cartão texturado com relevo e com vários postais com cenas do filme. Ambos os dvd com uma imagem fantastica e legendados em inglés.
Ao todo pelo filme e pelo transporte paguei apenas US$ 22.90 (~17.63 EUR) !!!!
---//---
O que me espanta é que anteriormente tinha comprado ali na mesma loja o Casshern edição especial e ia perdendo a encomenda mesmo apesar de ter pago uma pipa de massa pelo transporte especial + seguro e mais uma data de burocracias. Ainda fui apanhado na alfândega e tudo e paparam-me mais 20 euros. E levou quase um mês para chegar a casa também.
Com o 2046, resolvi ir mesmo tipo roleta-russa. Coloquei tudo pelo preço e transporte mais rasca e isto chega em trés dias sem roubos de algandega nem nada ?!! Nada mau...
Estou tentado a fazer outra compra para ver se este milagre se repete.

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Em relação ao primeiro post, há algumas confusões com personagens e actrizes:
A filha mais nova do dono do hotel é interpretada por Dong Jie e aparece em um ou dois planos.
A filha mais velha é Wang Fei/Faye Wong.
Zhang Ziyi interpreta de facto Bai Ling, mas a personagem não é filha do dono do hotel - é cliente e a relação central de Chow no filme.
A filha mais velha é quem tem o namorado japonês, mas não tem qualquer relação sentimental com Chow. Ele provavelmente não se importava; ela é que não estaria para aí virada.
Os nomes das personagens estão ligados aos actores. Wang Jingwen foi o primeiro nome artístico de Wang Fei/Faye Wong e o actor que interpreta o pai tem igualmente o apelido Wang. A personagem de Dong Jie é também Jie.
A filha mais nova do dono do hotel é interpretada por Dong Jie e aparece em um ou dois planos.
A filha mais velha é Wang Fei/Faye Wong.
Zhang Ziyi interpreta de facto Bai Ling, mas a personagem não é filha do dono do hotel - é cliente e a relação central de Chow no filme.
A filha mais velha é quem tem o namorado japonês, mas não tem qualquer relação sentimental com Chow. Ele provavelmente não se importava; ela é que não estaria para aí virada.
Os nomes das personagens estão ligados aos actores. Wang Jingwen foi o primeiro nome artístico de Wang Fei/Faye Wong e o actor que interpreta o pai tem igualmente o apelido Wang. A personagem de Dong Jie é também Jie.
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Bom o que posso dizer...também acho que é definitivamente o melhor filme do ano passado.
E o facto de não ter conseguido ve-lo em cinema é frustrante. Embora perceba perfeitamente porque ninguem o distribuiu pelas salas de cinema do País, pois não é propriamente aquilo a que o publico generalista daria grande valor.
Alias, penso até que este filme ganha uma carga emocional completamente diferente para quem viu (e gosta) do In The Mood For Love. Não me imagino a gostar deste 2046, ou pelo menos a senti-lo da forma que senti se não tivesse visto o anterior. Pode não ser uma sequela assumida, mas ambos os filmes são mesmo parte integrante do mesmo universo e da mesma historia. Filmes diferentes, no entanto iguais.
Embora seja um filme triste, é como uma espécie de poema em que de repente encontramos espalhadas por ele frases e momentos que nos dizem algo de especial.
Também acho que o filme vale 9/10 sem qualquer sombra de dúvida. Não dou nota máxima pois acho que se tornará bem menos significativo para quem não viu o In The Mood For Love. Acredito mesmo que se torna um filme completamente diferente para quem não viu o anterior.
A edição Hong Kong do dvd, está excelente e sinceramente não espero troca-la por mais nenhuma que venha a sair. O som é magnifico e a imagem tem uma vivacidade fantastica. Para mim é uma edição tão boa como a que existe do ITMFL também em edição dupla mas em Inglaterra, embora esta nem tenha sequer metade dos extras que o outro filme teve, apesar de tambem2046 ser uma edição de dois discos.
Mas ainda tem um bom making of e uns extras simpáticos tudo com uns menus animados muito bons e atmosféricos.
Quem gostou muito do In tht Mood For Love, quer mais do mesmo (embora diferente...), não viu ainda o 2046, mas não queira esperar que o filme chegue milagrosamente ao nosso pais em dvd , aconselho vivamente a sua compra em Hong Kong (não, não é uma edição pirata).
Fica aqui outra vez o link que o Bruno Dias deu acima com a review do filme http://www.dvdtimes.co.uk/content.php?contentid=55636 e o link onde comprei http://www.play-asia.com/paOS-13-71-7j- ... 0-fjy.html. O meu chegou em tres dias sem qualquer custo adicional. Pode ser que tenham a mesma sorte.
E o facto de não ter conseguido ve-lo em cinema é frustrante. Embora perceba perfeitamente porque ninguem o distribuiu pelas salas de cinema do País, pois não é propriamente aquilo a que o publico generalista daria grande valor.
Alias, penso até que este filme ganha uma carga emocional completamente diferente para quem viu (e gosta) do In The Mood For Love. Não me imagino a gostar deste 2046, ou pelo menos a senti-lo da forma que senti se não tivesse visto o anterior. Pode não ser uma sequela assumida, mas ambos os filmes são mesmo parte integrante do mesmo universo e da mesma historia. Filmes diferentes, no entanto iguais.
Embora seja um filme triste, é como uma espécie de poema em que de repente encontramos espalhadas por ele frases e momentos que nos dizem algo de especial.
Também acho que o filme vale 9/10 sem qualquer sombra de dúvida. Não dou nota máxima pois acho que se tornará bem menos significativo para quem não viu o In The Mood For Love. Acredito mesmo que se torna um filme completamente diferente para quem não viu o anterior.
A edição Hong Kong do dvd, está excelente e sinceramente não espero troca-la por mais nenhuma que venha a sair. O som é magnifico e a imagem tem uma vivacidade fantastica. Para mim é uma edição tão boa como a que existe do ITMFL também em edição dupla mas em Inglaterra, embora esta nem tenha sequer metade dos extras que o outro filme teve, apesar de tambem2046 ser uma edição de dois discos.
Mas ainda tem um bom making of e uns extras simpáticos tudo com uns menus animados muito bons e atmosféricos.
Quem gostou muito do In tht Mood For Love, quer mais do mesmo (embora diferente...), não viu ainda o 2046, mas não queira esperar que o filme chegue milagrosamente ao nosso pais em dvd , aconselho vivamente a sua compra em Hong Kong (não, não é uma edição pirata).

Fica aqui outra vez o link que o Bruno Dias deu acima com a review do filme http://www.dvdtimes.co.uk/content.php?contentid=55636 e o link onde comprei http://www.play-asia.com/paOS-13-71-7j- ... 0-fjy.html. O meu chegou em tres dias sem qualquer custo adicional. Pode ser que tenham a mesma sorte.

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O preço na DDDHouse.com não deve andar muito longe.
Não é uma sequela "assumida"? Depende da definição de sequela. Não tem um "2" no final, mas prossegue o rumo da vida da mesma personagem. Naturalmente faz bem menos sentido não conhecendo o filme anterior. Também tem muita relevância Days of Being Wild (1990), onde se introduz a personagem de Su Lizhen. A personagem de Leung Chiu-wai também é, de certa forma, apresentada aí e fazem-se outras referências a outros acontecimentos, nomeadamente quando aparece Lulu/Mimi (Carina Lau Ka-ling) e se refere ao ex-namorado (dela e de Lizhen), o "pássaro sem pernas", que não pode pousar.
O DVD britânico de ITMFL é uma versão do DVD francês. Este e o americano da Criterion costumam "competir" pela melhor edição, em termos de transferência e extras.
Não é uma sequela "assumida"? Depende da definição de sequela. Não tem um "2" no final, mas prossegue o rumo da vida da mesma personagem. Naturalmente faz bem menos sentido não conhecendo o filme anterior. Também tem muita relevância Days of Being Wild (1990), onde se introduz a personagem de Su Lizhen. A personagem de Leung Chiu-wai também é, de certa forma, apresentada aí e fazem-se outras referências a outros acontecimentos, nomeadamente quando aparece Lulu/Mimi (Carina Lau Ka-ling) e se refere ao ex-namorado (dela e de Lizhen), o "pássaro sem pernas", que não pode pousar.
O DVD britânico de ITMFL é uma versão do DVD francês. Este e o americano da Criterion costumam "competir" pela melhor edição, em termos de transferência e extras.
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Pois esse tambem ja vem a caminho da minha casa ... 8 euros...no mesmo sitio.Days of Being Wild

Descobri no outro dia que fazia parte de algo que pode ser entao considerado parte dos outros dois filmes e como tal espero gostar tanto como gostei dos outros dois. Estou bem curioso para o ver.
Vamos la ver se tenho sorte outra vez com a velocidade da entrega.

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Eu espero novas edições dos filmes antigos. Se a que compraste é a da Mega Star - pelo preço deduzo que sim - a qualidade há-de ser algo limitada. <b>Days of Being Wild</b> e o anterior <b>As Tears Go By</b> foram os primeiros DVDs anamórficos da Mega Star/Media Asia e os resultados não são lá muito famosos :\ Eu comprei o ATGB e apeteceu-me pisá-lo. A imagem até se fracciona com os movimentos de câmara (Tive o VHS inglês por uns dias, há uns anos atrás, e não o pisei porque devolvi-o há loja por ter cortes.) Já há algum tempo que se anunciaram edições especiais (?) dos filmes de Wong em Hong Kong. Supostamente vai dedicar-se pessoalmente aos DVDs antes de se imergir noutro filme, pelo menos o texto na Sight and Sound deste mês sugeria-o. Espero que faça uma montagem de três horas do <b>Ashes of Time</b>. As melhores transferências actualmente talvez sejam as francesas. Há um pack por €50 e tal com <b>Anjos Caídos</b>, <b>Felizes Juntos</b>, <b>Chungking Express</b> e <b>Days of Being Wild</b> (<b>Nos Années Sauvages</b>, por lá).
Não pergunto se estás interessado no ATGB barato pq maus DVDs prefiro dá-los aos amigos.
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Já fiz as alterações, thanks Cinedie.Cinedie wrote:Em relação ao primeiro post, há algumas confusões com personagens e actrizes:
A filha mais nova do dono do hotel é interpretada por Dong Jie e aparece em um ou dois planos.
A filha mais velha é Wang Fei/Faye Wong.
Zhang Ziyi interpreta de facto Bai Ling, mas a personagem não é filha do dono do hotel - é cliente e a relação central de Chow no filme.
A filha mais velha é quem tem o namorado japonês, mas não tem qualquer relação sentimental com Chow. Ele provavelmente não se importava; ela é que não estaria para aí virada.
Fiz realmente confusão com os nomes das actrizes apesar de ter presente as faces delas

Onde eu fiz uma associação errada foi entre a filha mais nova e a nova cliente, mas já está corrigido.
Mas felizmente o conceito essencial deste filme não é alterado por estes lapsos, senão seria difícil explicar agora porquê é que tinha adorado este filme.

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Joseph CAMPBELL
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E o meu "Days of being wild" também já chegou. Rápidamente (4 dias uteis) e sem qualquer problema de alfandega. Estou muito contente com a Play-Asia.
Chegam-me mais rapidamente encomendas de Hong Kong do que de França ! A China deve ficar mais perto.
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Fui ver este filme finalmente e gostei mesmo muito
O Bruno Dias já disse praticamente tudo. Tenho pena de o ter visto apenas agora, porque andei a adiar um dos grandes filmes de 2004.

O Bruno Dias já disse praticamente tudo. Tenho pena de o ter visto apenas agora, porque andei a adiar um dos grandes filmes de 2004.
Frances Farmer
Isaac: It's an interesting group of people, your friends are.
Mary: I know.
Isaac: Like the cast of a Fellini movie.
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Frances viste o Days of Being Wild ? É que se não o viste, vai ver e depois volta a ver o 2046. Ficas com um filme novo !
Se vires o 2046 (pela segunda vez), depois de teres visto o Days of Being Wild, de repente pormenores de historia que tenho a certeza que nem notaste serem particularmente importantes, ganham uma nova dimensão. Especialmente se já viste também o In The Mood For Love.
O Wong Kar Way, conta nestes trés filmes uma história, mas para mim o mais genial é que se só se consegue verdadeiramente disfrutar de toda a carga emocional da narrativa se os virmos não pela ordem cronológica da história mas de uma outra forma á partida ilógica. E melhor ainda, é preciso rever pelo menos o 2046 uma segunda vez para este ganhar o impacto de capitulo final que á partida não parece ter.
Ou seja, para mim, a ordem em que esta história deve ser vista é a seguinte, começar pelo In The Mood For Love; depois com as referências deste apreciar (aquilo que se pode numa primeira visão), o 2046 que mostra o caminho que o Tony Leung seguiu quando perdeu o amor da sua vida no ITMFL.
A seguir ver a primeira parte das referências para a história, ou melhor, ver o Days of Being Wild.
Ao veres esse "primeiro" filme de repente ganhas referências novas e reparas que personagens que aparecem no 2046 são os mesmos que estão no Days of Being Wild e apesar de não aparecerem no In the Mood For Love têm a conclusão da sua historia no "terceiro" filme. E claro ganhas novas referências também para o segundo quando descobres o passado da Maggie Cheung.
Sendo assim, para apreciarem esta historia como deve ser, para mim é preciso ver o In the Mood For Love a primeira vez, depois passar para o 2046, a seguir ver o Days Of Being Wild, depois rever o 2046 e como epílogo rever o In The Mood For Love no fim agora que já se compreendeu de onde vêm as origens da historia e como será o futuro.
E para rematar, rever novamente o Days Of Being Wild que depois de tudo o que ja viram nas "sequelas não-oficiais" deixa de parecer aquela pseudo-soap-opera relativamente vazia de história que parece quando o vemos pela primeira vez sem conhecermos nada dos outros. Exactamente pelo mesmo motivo que o In The Mood For Love ganha a uma segunda visão após terem também revisto o 2046.
Confusos? É dificil explicar. Tal como os trés filmes são essencialmente para se sentir esta historia ganha muito com todo este aparente emaranhado de argumento, porque o que interessa mesmo não é o fio narativo mas a representação visual das emoções dos personagens que percorrem e dão todo o estilo ao filme criando o seu universo original quase entre a fantasia, a ficção-cientifica e a realidade. Cinco estrelas !
Eu adorei a experiência. Nunca tinha visto uma love-story no cinema que fosse como um puzzle em que o espectador acaba sem esperar por encontrar peças que nunca julgava existir. O grande prazer de ver esta historia está mesmo em sermos nós a montar todo o puzzle, por isso na minha opinião é absolutamente essencial evitar a ordem cronológica da historia e começar exactamente pelo meio.
Very cool movies !
Definitivamente dos meus filmes favoritos de todos os tempos.


Se vires o 2046 (pela segunda vez), depois de teres visto o Days of Being Wild, de repente pormenores de historia que tenho a certeza que nem notaste serem particularmente importantes, ganham uma nova dimensão. Especialmente se já viste também o In The Mood For Love.
O Wong Kar Way, conta nestes trés filmes uma história, mas para mim o mais genial é que se só se consegue verdadeiramente disfrutar de toda a carga emocional da narrativa se os virmos não pela ordem cronológica da história mas de uma outra forma á partida ilógica. E melhor ainda, é preciso rever pelo menos o 2046 uma segunda vez para este ganhar o impacto de capitulo final que á partida não parece ter.
Ou seja, para mim, a ordem em que esta história deve ser vista é a seguinte, começar pelo In The Mood For Love; depois com as referências deste apreciar (aquilo que se pode numa primeira visão), o 2046 que mostra o caminho que o Tony Leung seguiu quando perdeu o amor da sua vida no ITMFL.
A seguir ver a primeira parte das referências para a história, ou melhor, ver o Days of Being Wild.
Ao veres esse "primeiro" filme de repente ganhas referências novas e reparas que personagens que aparecem no 2046 são os mesmos que estão no Days of Being Wild e apesar de não aparecerem no In the Mood For Love têm a conclusão da sua historia no "terceiro" filme. E claro ganhas novas referências também para o segundo quando descobres o passado da Maggie Cheung.
Sendo assim, para apreciarem esta historia como deve ser, para mim é preciso ver o In the Mood For Love a primeira vez, depois passar para o 2046, a seguir ver o Days Of Being Wild, depois rever o 2046 e como epílogo rever o In The Mood For Love no fim agora que já se compreendeu de onde vêm as origens da historia e como será o futuro.
E para rematar, rever novamente o Days Of Being Wild que depois de tudo o que ja viram nas "sequelas não-oficiais" deixa de parecer aquela pseudo-soap-opera relativamente vazia de história que parece quando o vemos pela primeira vez sem conhecermos nada dos outros. Exactamente pelo mesmo motivo que o In The Mood For Love ganha a uma segunda visão após terem também revisto o 2046.



Confusos? É dificil explicar. Tal como os trés filmes são essencialmente para se sentir esta historia ganha muito com todo este aparente emaranhado de argumento, porque o que interessa mesmo não é o fio narativo mas a representação visual das emoções dos personagens que percorrem e dão todo o estilo ao filme criando o seu universo original quase entre a fantasia, a ficção-cientifica e a realidade. Cinco estrelas !
Eu adorei a experiência. Nunca tinha visto uma love-story no cinema que fosse como um puzzle em que o espectador acaba sem esperar por encontrar peças que nunca julgava existir. O grande prazer de ver esta historia está mesmo em sermos nós a montar todo o puzzle, por isso na minha opinião é absolutamente essencial evitar a ordem cronológica da historia e começar exactamente pelo meio.
Very cool movies !
Definitivamente dos meus filmes favoritos de todos os tempos.





46 anos no planeta e ainda não fui expulso.
Ilustração - Fantasia
Artefactos Arqueológicos em Marte ?
Cinema Oriental
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