A vida é um milagre

[dead_poet]

mais um filme do Kusturika.
fui ontem ver. gostei, mas fiquei com a sensação de que começa a ser um modelo já muito batido e visto. é a sensação de que quando vejo um novo filme deste realizador parece que estou a ver um novo episódio de uma longa série ...
mesmos temas, mesmos locais, mesmas caracterizações de personagens, histórias revistas, bandas sonoras dentro do mesmo padrão.
Coerente, funciona, sem dúvida, mas começa a perder a graça da novidade...
o sentido de humor continua a ser o grande trunfo destes filmes. ainda não consegui encontrar paralelo com mais nenhuns. esta é a minha opinião. alguém a partilha ?

espero que não corra no mesmo "erro" de alguns filmes do Woody...

[alan_smithee]

Na forma é idêntico, a influência de fellini na forma de filmar, a música exuberante, as personagens exóticas, (com destaque para a burra Milica, que sucessivamente tenta se suicidar, devido a um desgosto de amor) o ritmo frenético, tudo isto misturado com uma “pitadas de realismo mágico. Ou seja a “loucura saudável de sempre”.
Mas no conteúdo nem por isso. Kusturica deixou de lado a mensagem política (uma das principais, característica do seu cinema). A guerra esta lá, é verdade, mas apenas como pano de fundo para o realizador nos contar uma “história de amor”. Porque no fundo o filme é “apenas” isso, a mais conhecida história do mundo - “boy meets girl” (que é, e continuará a ser, provavelmente a melhor história que o cinema tem para nos oferecer).
A sequência da troca dos prisioneiros, pela sua força dramática e acima de tudo pela ambiguidade dos sentimentos (a troca da mulher que ama, pelo regresso do filho) é uma sequência espantosa, e uma das melhores do ano.

Não deixa de ser curioso que em relação ao filme de Kusturica, que já está em exibição há cerca de duas semanas, só agora tenha sido “criado” um topic aqui no fórum, e que o último filme de Pedro Almodovar (Má Educação) nem tenha “merecido” uma única linha aqui nos fóruns. Isto, porque estamos a falar, de dois dos cineastas europeus mais mediáticos . Tenho a sensação que se “DogVille” de Lars Von Trier não fosse falado em inglês, e não tivesse como actriz principal Nicole Kidman, teria acontecido o mesmo.
E depois o “pessoal” queixa-se que o cinema é só sequelas e remakes e filmes adaptados a partir de jogos de computador. Pudera, o “pessoal” só vê cinema americano.

E outro aspecto curioso, é que estes mesmos filmes europeus, só são “discutidos” aquando do seu lançamento em DVD. Mas o que é discutido não é o filme é o DVD. Se a edição portuguesa é melhor que a edição “n”, se tem este ou aquele extra...
Se o filme bom ou não? O que é que isso interessa? Desde que o DVD tenha uns extras porreiros...

O interesse pelo cinema europeu anda mesmo perlas ruas da amargura...