O realizador Todd Phillips apresenta-nos "Joker", uma história com argumento original, que explora o universo de Arthur Fleck. Magnificamente interpretado por Joaquin Phoenix, Arthur é um homem que enfrenta a crueldade e o desprezo da sociedade, juntamente com a indiferença de um sistema que lhe permite passar da vulnerabilidade para a depravação. Durante o dia é um palhaço e à noite luta para se tornar um artista de stand-up comedy…mas descobre que é ele próprio a piada. Sempre diferente de todos em seu redor, o seu riso incontrolável e inapropriado, ganha ainda mais força quando tenta contê-lo, expondo-o a situações ridiculas e até à violência. Arthur, que cuida da sua frágil mãe, procura todas as figuras paternas que ele nunca teve, desde o rico empresário Thomas Wayne até ao apresentador de TV, Murray Franklin. Preso numa existência cíclica que oscila entre o precipício da realidade e da loucura, uma má decisão acarreta uma reação em cadeia de eventos crescentes e, por fim, mortais.
Last edited by neotheone on August 25th, 2022, 9:31 am, edited 2 times in total.
Bom, já dei uma segunda rodada ao filme, apanhei mais uns quantos pormenores que me tinham escapado da primeira vez e acentuo a opinião predominantemente favorável que já tinha. Um filme muito bem pensado e estruturado, com uma interpretação de outro mundo e recheado de sequências de antologia - são mesmo várias. Interessante (e mágica) a ideia de passarem um filme do Chaplin na pele de "tramp" (e com o qual o Arthur entrou logo en sintonia psicológica e corporal) naquela "sessão para os ricos", ao mesmo tempo que os verdadeiros tramps se manifestavam lá fora...
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Talvez o meu filme preferido de 2019, nem tanto pelo valor da obra em si, mas particularmente pela sua dimensão e coragem como comentário sócio-político numa época de hipocrisia.
Os media bem o tentaram abafar e caluniar, mas não conseguiram impedir que o filme batesse todos os recordes no seu escalão.
Não tenho qualquer problema em admitir que me revi perfeitamente em certas acções do A.Fleck (não pode ser uma coincidência...), como a famosa cena no metro.
Acho que o final apressado e previsível, na forma como pisca o olho ao outro franchise da DC, sabe a concessão e aliena a discussão acerca de temas bem mais importantes presentes nos primeiros dois terços do filme.
Não o consigo colocar no mesmo patamar do mítico "Taxi Driver", mas surpreendeu-me pela positiva!