Desabafos... (Off-TopiC)

[Cabeças]

Pessoal,

Que tenham um Natal em paz de espírito, com alguns alentos e em boa companhia.

Tudo de bom para todos, agora e sempre.

Abraços e... bons filmes!

Muito obrigado e igualmente para todos os membros da tribo!
Abraços!

[mansildv]

Muito obrigado!!

Um bom natal para todos

[Rui Santos]

Um abraço enorme a todos, nesta quadra tão especial.

Obrigado a todos por manterem isto vivo.

[nimzabo]

Boas Festas e Bom ano.

[José]

Um abraço enorme a todos, nesta quadra tão especial.

Obrigado a todos por manterem isto vivo.

Obrigado.

Boas festas e bom ano!

É um gosto enorme poder fazer parte deste fórum.

[José]

Boas Festas e Bom ano.

Obrigado e igualmente, umas boas festas e um ano em grande para ti e para os teus.

A título mais particular, obrigado por todas as tuas excelentes sugestões.

[Strangelove]

Espero que o vosso Natal tenha sido bom.
Ainda estou mais uns dias aqui em Portugal antes de voltar ao frio, por isso que tenhamos todos uma boa entrada em 2023!

[José]

Espero que o vosso Natal tenha sido bom.
Ainda estou mais uns dias aqui em Portugal antes de voltar ao frio, por isso que tenhamos todos uma boa entrada em 2023!

Obrigado, Strangelove.

Que o teu Natal tenha sido excelente e que entres com o pé direito no novo ano.

[nimzabo]

Boas Festas e Bom ano.

Obrigado e igualmente, umas boas festas e um ano em grande para ti e para os teus.

A título mais particular, obrigado por todas as tuas excelentes sugestões.

Obrigado.
Chegaste a ver o Después de Lucia?

[José]

Boas Festas e Bom ano.

Obrigado e igualmente, umas boas festas e um ano em grande para ti e para os teus.

A título mais particular, obrigado por todas as tuas excelentes sugestões.

Obrigado.
Chegaste a ver o Después de Lucia?

Vi, pois. Só não cheguei foi a comentá-lo aqui no fórum.

Gostei muito, embora não tenha sido um visionamento fácil. Deu-me raiva, é revoltante. Mas achei excelente.

O final pragmático, levado a cabo pela personagem do pai, fez-me lembrar - salvo as devidas distâncias, claro - o filme

In The Bedroom - Vidas Privadas

[nimzabo]

Vi esse filme que referes há 10 anos. Já não me lembro do que acontece.

Mas o Después de Lucia a mim remete-me para outro filme, o Kids de 1995.
Claro, não é pelo final. O final do Después de Lucia é marcante.
Recordo-me também de ter ficado surpreendido, e de por isso mesmo ter achado mais verosímil, a falta de reação exterior da rapariga ao que lhe sucedeu. Pareceu-me mais natural assim.

Outro bom da América Latina é o La Jaula de Oro que funciona quase como a dramatização do documentário 'Which Way Home' com o final a parecer extraído de um outro documentário, o 'Cartel Land'
A Jaula de Ouro - https://www.imdb.com/title/tt2042583/?ref_=nv_sr_srsg_0
Which Way Home - https://www.imdb.com/title/tt0489342/?ref_=nv_sr_srsg_0
Cartel Land - https://www.imdb.com/title/tt4126304/?ref_=nv_sr_srsg_0

[Helder Fialho]

se nos filmes não há hipótese de esperança, redenção ou da conquista da felicidade, então isto está tudo podre, perdido, e não há nada em que possamos acreditar ou a que nos agarrar.

Exactamente. É por isso que a esmagadora maioria do cinema norte-americano é um cinema de identificação, no qual toda a história é "desenhada" para que o espectador se reveja de alguma forma nas personagens principais e para suscitar emoção no espectador e identificação do espectador com a personagem (ou as personagens) principal (principais), para viver o que eles vivem, sentir o que eles sentem e torcer por eles para chegarem ao fim, "passarem" no "último nível" do "jogo" e "ganharem" o "jogo". A maioria dos americanos odeia e aborrece-se o cinema europeu porque o cinema europeu não é um cinema de identificação e com "bons" e "maus" bem definidos, é um cinema de distanciamento e onde, como diz muita gente "não se passa nada" e "são só pessoas a falar", quando justamente o conteúdo de muitos destes filmes está nos diálogos e há muito pouca acção. O filme não "puxa" o espectador para dentro dele. Pelo contrário, mantém o espectador afastado emocionalmente. Não há ligação emocional com as personagens e na maior parte das vezes as histórias não acabam bem, acabam mal ou indefinidas, com finais em aberto. São filmes para o cérebro, não para o coração.

ames Cameron é exímio neste campo dos obstáculos: The Terminator, Aliens e Titanic têm a ressonância emocional que têm porque contam com personagens carismáticas, que lutam por um bem maior e que ultrapassam inúmeros problemas no seu caminho.

Sem dúvida. E, lá está, é a questão do jogo que falei. O James Cameron é um mestre neste tipo de filmes que são profundamente americanos. Os savior films.

Mas também tenho de dizer que acho que essa recusa das pessoas em aceitar certos finais tristes contém alguma forma de beleza; acho que é a forma delas se confortarem e apaziguarem, criando uma interpretação muito própria, que lhes é mais fácil e pacífica.

Claro que sim. Mas quando essa recusa chega ao ponto que chegou no caso do Titanic, já é irracional e revelador de uma infantilidade como a criança que faz birra porque o pai diz-lhe que não pode comprar-lhe aquele brinquedo. Mas o que ainda é mais absurdo é que as pessoas que se queixam nem precisam de imaginar que o Jack não morre. O Cameron deu-lhes isso de bandeja e em 25 anos ninguém reparou nisso. A última cena do Titanic é

o Jack e a Rose a beijarem-se na escadaria do navio com todos os passageiros que morrem a aplaudirem

. O Cameron naquela cena está a dizer-nos literalmente "esqueçam tudo o que viram nos últimos 50/60 minutos, aquilo não aconteceu, ninguém morre, o Titanic não choca com o iceberg e não afunda, o Jack e a Rose ficam juntos e se calhar até se casam no Titanic. Fazem a viagem toda até aos Estados Unidos".

O final do Atonement, por exemplo, é excelente e genial, mas isso é mérito do Ian McEwan, que escreveu o livro, e não do Joe Wright. O Robbie e a Cecilia

estão vivos no romance que a Briony escreveu e que foi a tentativa dela de expiar - daí o título 'Atonement - Expiação' a culpa que sentiu por tê-los separado e por ter , indirectamente, contribuido para que eles morressem

.

Ainda há pouco tempo vi uma entrevista da Geena Davis e da Susan Sarandon a propósito do aniversário de Thelma e Louise. Geena Davis diz que são imensas as pessoas que lhe perguntam porque nunca houve uma sequela desse filme, ao que ela responde "Vocês viram mesmo o filme até ao fim? O que é que acham que aconteceu?". Ao que parece, há pessoas que acreditam firmemente que essas personagens saltam do Grand Canyon a alta velocidade naquele carro mas que vão conseguir aterrar sabe-se lá onde, numa escarpa qualquer, e seguir, por exemplo, rumo ao México, para viverem em liberdade.

É a imagem típica do final dos Westerns que os americanos adoram. O riding into the sunset.

Ele existe para espoletar na Rose a pessoa que ela é e que está abafada pela pressão e convenções sociais. Ou seja, ele serve de ajuda ao cumprir do arco dramático por parte dela.

Exactamente. E consegue fazer isso. As pessoas não perceberam o "I'll never let go, Jack" e ainda hoje ficam indignadas e dizem "ela mentiu! ela disse que não o largava e depois largou-o". Quando ela diz que não o vai largar, não é o Jack (ela larga-o - tem de o fazer, ela não pode fazer nada por ele, ele já está morto e quase congelado e ela tem de pensar na sobrevivência dela, em como sair dali, com o barco salva-vidas ali perto que não a ouve gritar instantes antes), é o sonho de viver livre na América que o Jack lhe prometeu que iriam viver os dois e, não sem antes ter de superar um último obstáculo, já na América, que é

fazer com que o Cal não a reconheça ao desembarcar, e ter de mudar de apelido para o apelido do Jack

, ela viveu essa vida. Viveu-a por ela e por ele.

[José]

Vi esse filme que referes há 10 anos. Já não me lembro do que acontece.

Mas o Después de Lucia a mim remete-me para outro filme, o Kids de 1995.
Claro, não é pelo final. O final do Después de Lucia é marcante.
Recordo-me também de ter ficado surpreendido, e de por isso mesmo ter achado mais verosímil, a falta de reação exterior da rapariga ao que lhe sucedeu. Pareceu-me mais natural assim.

Outro bom da América Latina é o La Jaula de Oro que funciona quase como a dramatização do documentário 'Which Way Home' com o final a parecer extraído de um outro documentário, o 'Cartel Land'
A Jaula de Ouro - https://www.imdb.com/title/tt2042583/?ref_=nv_sr_srsg_0
Which Way Home - https://www.imdb.com/title/tt0489342/?ref_=nv_sr_srsg_0
Cartel Land - https://www.imdb.com/title/tt4126304/?ref_=nv_sr_srsg_0

O Kids é outro que gosto muito mas que também me revolta. E o facto do filme ter ar de documentário ainda potencia mais essa raiva em mim.

Quando refiro o

In The Bedroom - Vidas Privadas

relativamente ao Después de Lucia, tem a ver com o final em que

a personagem do pai, com o maior dos focos e com uma serena perversidade, constrói e coloca em prática um plano para vingar o filho, para assim repor alguma forma de justiça

A ver se ponho os olhos nesse La Jaula de Oro

[Samwise]

James Cameron é exímio neste campo dos obstáculos: The Terminator, Aliens e Titanic têm a ressonância emocional que têm porque contam com personagens carismáticas, que lutam por um bem maior e que ultrapassam inúmeros problemas no seu caminho.

Sem dúvida. E, lá está, é a questão do jogo que falei. O James Cameron é um mestre neste tipo de filmes que são profundamente americanos. Os savior films.

Estes elementos estão presentes também nos dois Avatar - e com mais força no The Way of the Water, onde a coisa é reforçada pelos laços familiares e pela máxima "no one gets left behind". E se "olharmos com atenção", há muita coisa "repescada" dos filmes anteriores dele. Mencionei o The Abyss anteriormente, mas o Titanic também é fortemente "citado" e "refilmado" no Avatar 2, com outro contexto pelo meio, mas cheio de relevância simbólica e emocional---tudo bem americaninho de gema.

[Luis.Manuel]

Há 29 anos atrás o prestigiado jornal New York Times publicou um artigo a menosprezar o cinema europeu (e a defender obviamente o cinema americano).
O cineasta Martin Scorsese respondeu-lhes com a seguinte carta: