Film Noir - o Tópico

[TheLimey]

e tem no seu elenco Broderick Crawford (oscarizado por um outro noir de referência: All The King's Men - A Corrupção do Poder), John Derek e Donna Reed.

Bem lembrado - vi esse filme também há uns tempos e nem o associei ao género. É muito bom, e também é "muito diferente"!

Acho que o Rossen vai ganhar uma entrada dedicada no primeiro post.

O All The King's Men é um grande filme.

Muitos julgavam-no datado (até fizeram um remake, em 2006, com o Sean Penn) mas, nos últimos anos, graças à subida ao poder de demagogos como o Mr. Trump e o seu lacaio brasileiro, ganhou uma relevância significativa.

[paupau]

Vi o Detour e fiquei embasbacado com a quantidade de acontecimentos em 70 min. O filme parece ter 2h! Isto no bom sentido, não o típico arrastar do tempo, aproveita mesmo o tempo ao máximo e constrói uma história típica de um filme com quase o dobro do tempo.
E a Ann Savage tem um desempenho notável! Completamente cabra o tempo todo e o filme não vai pelo insinuar ou pelo sexybde muitos noir. Ela é mesmo tough as nails e doida varrida.
Mas que grande noir, um dos exemplos máximos de como às vezes casualidades do destino conseguem destruir a vida de uma pessoa.
E que grande restauro! Com o tempo e dinheiro suficientes, já há pouco que o restauro digital ainda não consegue fazer se os elementos forem minimamente decentes.

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[Samwise]

Houve certos pormenores no filme que me impediram de gostar dele tanto quanto gostaria - a ver com a cascata de "azares" uns sobre os outros que desabam sobre o homem e a ver com a forma como as coisas terminam, que é caricata a ponto de me ter pontapeado de imediato para fora da zona de suspensão da descrença. A atmosfera, por outro lado, é top.

Um dos casos a rever.

[José]

e tem no seu elenco Broderick Crawford (oscarizado por um outro noir de referência: All The King's Men - A Corrupção do Poder), John Derek e Donna Reed.

Bem lembrado - vi esse filme também há uns tempos e nem o associei ao género. É muito bom, e também é "muito diferente"!

Acho que o Rossen vai ganhar uma entrada dedicada no primeiro post.

[paupau]

Sim, tudo a roçar o inveromissível. Mas daqueles casos em que o resto compensa os exageros do argumento.

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[rui sousa]

Houve certos pormenores no filme que me impediram de gostar dele tanto quanto gostaria - a ver com a cascata de "azares" uns sobre os outros que desabam sobre o homem e a ver com a forma como as coisas terminam, que é caricata a ponto de me ter pontapeado de imediato para fora da zona de suspensão da descrença. A atmosfera, por outro lado, é top.

Um dos casos a rever.

Mas viste esta nova versão? Supostamente tem alguns minutos que foram "debastados" das sucessivas reencarnações do filme em home video por estar em domínio público.

É um filme mesmo impressionante. A única pecha, talvez, seja a quantidade exacerbada de diálogos, que às vezes (por falta de orçamento) fazem a vez do filme em explicar as coisas todas. Mas raios, apesar disso, funciona mesmo bem!

[Samwise]

Mas viste esta nova versão? Supostamente tem alguns minutos que foram "debastados" das sucessivas reencarnações do filme em home video por estar em domínio público.

Vi uma vez o filme, em 2011. Não sei que versão vi, mas recordo-me que a imagem não estava realmente grande coisa. Já percebi que há um restauro com muito boa qualidade - vou ver se o apanho a jeito.

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Entretanto vi a primeira adaptação do The Maltese Falcon ao cinema, datada de 1931. É um bocado injusto para essa versão ter de ser automaticamente comparada à do Huston, porque perde em todas as vertentes. Para já porque é impossível olhar para o Bogart e não considerar toda a obra que ele tem no cinema e mais o peso da figura absolutamente carismática que ele representa. A sorte que foi termos o Bogart a fazer de Sam Spade e mais de Philip Marlowe, que são os dois detectives hard-boiled de maior popularidade! O actor que faz de Spade no filme de 1931 (Ricardo Cortez) até se assemelha fisicamente à personagem do livro (sendo que o Bogart não tem nada a ver) e tem presença no ecrã, mas o carisma, o carisma... lá vem a comparação com o Bogart. O restante elenco vai mais ou menos pelo mesmo caminho - as comparações são inevitáveis: o Peter Lorre a fazer de Cairo, o Mary Astor, o Sidney Greenstreet e o Elisha Cook Jr. (que deve ter tido o seu grande momento de ecrã no Phantom Lady do Siodmak) limpam completamente o ringue. Em cima disso, temos o Huston, que arranca uma realização bem mais dinâmica de um enredo que à partida é bastante parado em termos de acção - há muitos diálogos (é uma das qualidades principais do livro) a decorrer em espaços fechados, e muito pouca "acção de rua". Não é um mau filme nem uma má adaptação, mas azar dos azares, há uma muito melhor... 6/10

[Samwise]

Vi o Two O'Clock Courage, do Mann. Percebo que dê jeito associar o filme à corrente noir, mas está com um pé mais dentro da Screwball Comedy do que do Murder Drama, embora, sim, o enredo tenha a ver com um crime.

Um homem acorda sem memória e vê-se envolvido numa série de peripécias em que pretendem incrimiá-lo de um assassinato. Ao mesmo tempo que tenta desvendar quem é, segue as várias pistas sobre o crime e vai mantendo a polícia sempre um passo atrás na tentativa de o apanhar.

É um bom filme - melhor do que a atenção que tem hoje em dia (zero) poderia levar a acreditar. É uma hora bem passada. Está livre de direitos de autor e pode ser visto aqui, numa cópia que serve bem o propósito: https://archive.org/details/2OclockCourage

8/10

[rui sousa]

Já agora, na senda noir, deixo aqui esta sugestão que ainda não vi (comprei o bluray em 2018... enfim).

https://www.imdb.com/title/tt0041968/
https://arrowfilms.com/product-detail/t ... at/FCD1326

Chama-se "Too Late For Tears". Foi restaurado há pouco tempo e foi uma luta difícil. A história da preservação do filme dava outro filme, e parece-me um noir bem interessante. Espero tirar a teima em breve - até lá, se algum de vocês o conseguir ver, dêem feedback!

Por ser de domínio público, o restauro HD já anda pelo YouTube.

[Samwise]

Boa partilha, Rui. Claro que vou aproveitar, até porque não o tinha na lista.

Chama-se "Too Late For Tears". Foi restaurado há pouco tempo e foi uma luta difícil. A história da preservação do filme dava outro filme, e parece-me um noir bem interessante. Espero tirar a teima em breve - até lá, se algum de vocês o conseguir ver, dêem feedback!

Não sei se se verifica em relação a muitas obras, mas parece-me que nos últimos 10 anos um trabalho de restauro abrangente e cuidado foi levado a cabo sobre filmes do antigamente (tipo, pré-anos 60) e sobre obras que não foram na altura "mainstream". Há um conjunto de policiais dessa altura que têm edições recentes com muito melhor aspecto do que quando eu os vi há uns 8/10anos.

[José]

Já agora, na senda noir, deixo aqui esta sugestão que ainda não vi (comprei o bluray em 2018... enfim).

https://www.imdb.com/title/tt0041968/
https://arrowfilms.com/product-detail/t ... at/FCD1326

Chama-se "Too Late For Tears". Foi restaurado há pouco tempo e foi uma luta difícil. A história da preservação do filme dava outro filme, e parece-me um noir bem interessante. Espero tirar a teima em breve - até lá, se algum de vocês o conseguir ver, dêem feedback!

Por ser de domínio público, o restauro HD já anda pelo YouTube.

Vocês destroem-me a vida, filhos... Vá, bora, mais um para a lista!

[Samwise]

Visto ontem, a última das obras primas do Siodmak do noir que me faltavam ver, que o confirma como um realizador no top três do género! (ficam-me só a faltar dois filmes dele do género, o Fly-By-Night, do início da carreira americana, e o bem cotado The Strange Affair of Uncle Harry).

Gaspar, andas por aí? A tua falta é sentida neste tópico.

Chegaste a ver o The Strange Affair of Uncle Harry?

É muito semelhante ao filme anterior dele - o The Suspect - quanto ao tema (uma pessoa de "bom coração" é posta perante um cenário em que tem de ponderar conscientemente assassinar alguém) e ao contexto moral de culpa e remorso. Gostei bastante de ambos - talvez desse um ligeiro edge ao segundo por conta dos vinte minutos finais "à benfica" ( ), que provocam algumas ondas de choque numa narrativa até aí relativamente mansa...

[Samwise]

Vocês destroem-me a vida, filhos... Vá, bora, mais um para a lista!

Bem-vindo ao clube (#Tontinhos_do_noir_anonymous). Encara a coisa como um outro tipo de casamento - uma relação de longo prazo da qual nunca te poderás livrar, nem à conta de um divórcio litigioso... talvez só com um crime violento pelo meio.

[José]

Vocês destroem-me a vida, filhos... Vá, bora, mais um para a lista!

Bem-vindo ao clube (#Tontinhos_do_noir_anonymous). Encara a coisa como um outro tipo de casamento - uma relação de longo prazo da qual nunca te poderás livrar, nem à conta de um divórcio litigioso... talvez só com um crime violento pelo meio.

[José]

Já agora, na senda noir, deixo aqui esta sugestão que ainda não vi (comprei o bluray em 2018... enfim).

https://www.imdb.com/title/tt0041968/
https://arrowfilms.com/product-detail/t ... at/FCD1326

Chama-se "Too Late For Tears". Foi restaurado há pouco tempo e foi uma luta difícil. A história da preservação do filme dava outro filme, e parece-me um noir bem interessante. Espero tirar a teima em breve - até lá, se algum de vocês o conseguir ver, dêem feedback!

Por ser de domínio público, o restauro HD já anda pelo YouTube.

1. Obrigado pela dica! Muito obrigado mesmo, Rui! Está no Youtube com uma qualidade de imagem e de som excelentes;

2. Espectacular título noir, muito bom! Acabadinho de ver, amei... É que começa logo a matar, aqui não há tempo a perder. E a femme revela logo a sua aura fatale logo nos 30, 40 segundos iniciais! Conhecem ou lembram-se daquele filme do Sam Raimi, o prodigioso A Simple Plan - O Plano? Pensem no espírito e construção narrativa desse filme e vejam este Too Late for Tears como sendo um parente afastado. Distante no tempo, é certo, mas partilhando o mesmo ADN.

É aquele tipo de montanha-russa viciante, em que reina todo o tipo de imoralidades; em que a descoberta involuntária de uma avultada quantia monetária faz com que os protagonistas coloquem em causa todas e mais algumas coordenadas morais e vão acumulando um rasto de "embrulhadas" interligadas na tentativa desesperada de se safarem com o dinheiro.

É um efeito bola de neve rumo a um desastre anunciado. Mesmo que se calcule onde tudo isto poderá ir parar, este filme contém imensas surpresas pelo meio. A viagem é o que importa, não o destino. É magnífico o tempo inteiro e a todos os níveis; um portento!