Qual foi o último filme que viram ?

[Luis.Manuel]

Esta semana foi dedicada a Theo Angelopoulos

Paisagem na Neblina (1988)

Anaparastasi (1970)

O Olhar de Ulisses (1995)

A Eternidade e um Dia (1998)

Seguem-se

Trilogy: The Weeping Meadow (2004)

Trilogy: The Dust of Time/ A Poeira do Tempo (2008)

Não conhecia a obra deste mestre grego e está a valer bem a pena.

[nimzabo]

Vi o O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Dela
https://www.imdb.com/title/tt0097108/?ref_=ttls_li_tt
https://www.rottentomatoes.com/m/cook_t ... _her_lover
No geral é um belíssimo filme mas para mim melhorou bastante na parte final. 2/3 do filme a levar com as cenas do Albert torna-se um bocado cansativo. O último terço foi o melhor mas independentemente das partes o filme tem alguns momentos mágicos e há alturas em que a música casa muito bem com as cenas. É um filme especial.

P.S.
Numa cena e assim do nada lembrou-me do Diva (quando os amantes são lavados depois de terem sido transportados no camião com alimentos podres), não sei bem porquê. Mais perto do fim, quando a cara aparece em planos maiores, ocorreu-me que o cozinheiro poderia o ator principal do Diva, o que comprovei depois do filme acabar. Curiosa coincidência.

[Samwise]

Vi o O Cozinheiro, o Ladrão, a Sua Mulher e o Amante Dela
https://www.imdb.com/title/tt0097108/?ref_=ttls_li_tt
https://www.rottentomatoes.com/m/cook_t ... _her_lover
No geral é um belíssimo filme mas para mim melhorou bastante na parte final. 2/3 do filme a levar com as cenas do Albert torna-se um bocado cansativo. O último terço foi o melhor mas independentemente das partes o filme tem alguns momentos mágicos e há alturas em que a música casa muito bem com as cenas. É um filme especial.

P.S.
Numa cena e assim do nada lembrou-me do Diva (quando os amantes são lavados depois de terem sido transportados no camião com alimentos podres), não sei bem porquê. Mais perto do fim, quando a cara aparece em planos maiores, ocorreu-me que o cozinheiro poderia o ator principal do Diva, o que comprovei depois do filme acabar. Curiosa coincidência.

Vi este há uns anos e gostei, mas achei um bocado abrutalhado, gerido com "mão pesada" por parte do realizador. Talvez isso se deva à personagem interpretado pelo Ganbon (o mafioso). Mas gostei mais de outros filmes do Greenaway, como o The Draughtsman's Contract, e o delirante e completamente insano A Zed & Two Noughts (o filme que serviu de modelo ao Dead Ringers do Cronenberg). Em todo o caso, o Greenaway tem assim pinta de génio artístico incompreendido, e é interessante ouvir o que ele tem a dizer nas entrevistas disponíveis.

[nimzabo]

Close (2022), de Lukas Dhont
https://www.imdb.com/title/tt9660502/
https://www.rottentomatoes.com/m/close_2022

Um filme que é um olhar brilhante e tocante sobre o crescimento (sobretudo) através da dor, da perda e do sentimento de culpa. Close está em tudo na antítese da representação maniqueísta da pré-adolescência que muitas vezes inquina muita ficção televisiva e cinematográfica.

É impossível engavetá-lo em determinismos psicológicos, morais, sexuais e sociais, impossível. Resultado: o jovem realizador Lukas Dhont oferece um filme assombroso, com aqueles dois miúdos hiper-talentosos nos papéis principais.

Já vi também. Muito bem os atores* e o estilo parado e dramático (a música) do filme que dá tempo aos espetadores para irem digerindo o que se passa.
* Não só os miúdos, também gostei da mãe do 'outro' que aparece mais na parte final. E o miúdo principal, excelente, acho que se destaca (mas poderá ser por ter mais tempo de ecrã).

Os filmes não têm nada a ver mas tenho curiosidade de saber que comentário farás a este: https://www.imdb.com/title/tt1734548/

[José]

Close (2022), de Lukas Dhont
https://www.imdb.com/title/tt9660502/
https://www.rottentomatoes.com/m/close_2022

Um filme que é um olhar brilhante e tocante sobre o crescimento (sobretudo) através da dor, da perda e do sentimento de culpa. Close está em tudo na antítese da representação maniqueísta da pré-adolescência que muitas vezes inquina muita ficção televisiva e cinematográfica.

É impossível engavetá-lo em determinismos psicológicos, morais, sexuais e sociais, impossível. Resultado: o jovem realizador Lukas Dhont oferece um filme assombroso, com aqueles dois miúdos hiper-talentosos nos papéis principais.

Já vi também. Muito bem os atores* e o estilo parado e dramático (a música) do filme que dá tempo aos espetadores para irem digerindo o que se passa.
* Não só os miúdos, também gostei da mãe do 'outro' que aparece mais na parte final. E o miúdo principal, excelente, acho que se destaca (mas poderá ser por ter mais tempo de ecrã).

Os filmes não têm nada a ver mas tenho curiosidade de saber que comentário farás a este: https://www.imdb.com/title/tt1734548/

Nimzabo, antes de mais, obrigado pela recomendação.

Vi ontem à noite o The Color Wheel, adorei o filme. É um tipo de road movie sarcástico, muito Woody Allenesque nas suas neuroses.

Tem diálogos hilariantes, mesmo ao meu gosto, deu-me para rir muito. Caiu-me no goto. Os diálogos saltam em catadupa, mas como são tão inteligentes e realmente divertidos, ditos de forma tão natural e espontânea, funcionam às mil maravilhas e não me saturaram de todo.

Os minutos finais é que me tiraram o tapete debaixo dos pés, não estava à espera daquele twist

Já tinha interesse na filmografia do Alex Ross Perry, agora ainda mais.

Obrigado

[Samwise]

Fiz uma pesquisa rápida e fiquei interessado no realizador, não só pelo que escreveram acima, mas porque realizou um filme (este: https://www.imdb.com/title/tt3093546/) que me faz lembrar o escritor Philip Roth (que muito admiro e aprecio), e algumas das obras narradas pelo seu alter-ego literário, Nathan Zuckerman. Em particular, faz-me lembrar o Ghost Writer. O facto de o filme ser sobre um escritor chamado Philip, muito focado em si próprio, e que procura "refúgio espiritual" junto de um mentor não pode ser uma simples coincidência.

[José]

Fiz uma pesquisa rápida e fiquei interessado no realizador, não só pelo que escreveram acima, mas porque realizou um filme (este: https://www.imdb.com/title/tt3093546/) que me faz lembrar o escritor Philip Roth (que muito admiro e aprecio), e algumas das obras narradas pelo seu alter-ego literário, Nathan Zuckerman. Em particular, faz-me lembrar o Ghost Writer. O facto de o filme ser sobre um escritor chamado Philip, muito focado em si próprio, e que procura "refúgio espiritual" junto de um mentor não pode ser uma simples coincidência.

Isto é muito interessante.

É que relativamente ao Alex Ross Perry, até agora, os títulos que me tinham ficado "debaixo de olho" tinham sido o Queen of Earth e o Her Smell.

Juntamente com este que referiste, todos contam com a Elisabeth Moss.

[Samwise]

Aprofundando a pesquisa: https://www.nytimes.com/2014/10/12/movi ... akers.html

e

https://www.oregonlive.com/movies/2014/ ... w_dir.html

[Samwise]

Fiz uma pesquisa rápida e fiquei interessado no realizador, não só pelo que escreveram acima, mas porque realizou um filme (este: https://www.imdb.com/title/tt3093546/) que me faz lembrar o escritor Philip Roth (que muito admiro e aprecio), e algumas das obras narradas pelo seu alter-ego literário, Nathan Zuckerman. Em particular, faz-me lembrar o Ghost Writer. O facto de o filme ser sobre um escritor chamado Philip, muito focado em si próprio, e que procura "refúgio espiritual" junto de um mentor não pode ser uma simples coincidência.

Isto é muito interessante.

É que relativamente ao Alex Ross Perry, até agora, os títulos que me tinham ficado "debaixo de olho" tinham sido o Queen of Earth e o Her Smell.

Juntamente com este que referiste, todos contam com a Elisabeth Moss.

Vi o Listen Up Philip. Não resisti... estava imensamente curioso para ver o que o realizador havia feito com a matéria referente ao Roth.

Achei assim-assim, e talvez tenha colocado as expectativas demasiado altas, tendo em conta o modelo humano em que se baseia. Pareceu-me sobretudo que uma grande oportunidade foi desperdiçada em função de uma execução narrativa pobre e perguiçosa, que faz questão de explicitar tudo, em formato a texto, ao espectador, e muito pouca questão de o mostrar por imagens, ou através da expressão física dos actores. Diálogos pouco desenvolvidos, demasiado explicativos no pouco que dizem (complementados por uma voz-off que preenche com adjectivos todos os espaços "em branco" que possam ter ficado ambíguos), e uma propensão para terminar as melhores sequências abruptamente, com one-liners literariamente "espertalhões". Ao longo do filme fiquei com a sensação de que o realizador está a tentar - sem conseguir - retratar uma camada intelectual demasiado alta para as suas capacidades. Tem um excelente elenco que depois é desperdiçado em personagens que teriam muito mais para dar, conseguindo, ainda assim, arrancar algumas boas interpretações (da Moss e do Pryce, sobretudo, que a partir de pouco fazem muito). Achei ainda que um filme que se debruça sobre o universo literário e académico está muito pouco interessado na sua matéria nuclear, nunca aprofundando qualquer uma destas vertentes - estão lá para enfeitar o embrulho, mas não as vemos exploradas (as capas dos livro ficcionalizados são um bom exemplo disso - um bom-bom que não chega a ser aberto para podermos saborear o seu conteúdo). A temática principal é a solidão (no contexto das relações humanas falhadas e no eixo que cruza com a vida profissional), mas não chegamos a ver no rosto da personagem principal os "efeitos da devastação".

Não é um mau filme, mas é um filme frustrante, por tudo aquilo que ficou aquém do potencial.

[José]

Teorema (1968), de Pier Paolo Pasolini
https://www.imdb.com/title/tt0063678/
https://www.rottentomatoes.com/m/teorema

Assombrosa parábola existencial e política, com um Terence Stamp genial de contenção no papel de um "anjo" desestabilizador de toda uma família.

Fascinante e enigmático, propenso a inúmeras interpretações.

[José]

9½ Weeks - Nove Semanas e Meia (1986), de Adrian Lyne
https://www.imdb.com/title/tt0091635/
https://www.rottentomatoes.com/m/9_12_weeks

Revisto. Sim, quando o vi, em miúdo, fui movido pela curiosidade em relação às emblemáticas cenas de sexo, que se tornaram icónicas e que inscreveram o filme na cultura popular desde logo.

Mas agora, vendo com outra maturidade, fiquei muito surpreendido pela positiva com o que absorvi. Acho que é redutor vê-lo somente pela rama dessas cenas sexuais, o filme é mais do que isso, tem verdadeira substância. Merece uma nova discussão crítica.

É um filme daquele tempo, daquele zeitgeist, dos excessos e consumos desenfreados dos 80's, em que os papéis masculinos e femininos se estavam a redefinir em termos sociais e em que o materialismo se sobrepôs ao factor humano, em que as relações entre pessoas começaram a definir-se por uma lógica de grande frieza, austeridade, mercantilismo e de consumo imediato, fruto do élan dominante naquela época.

Depois, fiquei siderado ao saber que se baseia numa história real - nunca tinha sabido disto. Considero que é um filme cheio de simbolismos interessantes de decifrar, é uma obra provocadora sobre a co-dependência e imaturidade emocionais, a depressão e o vazio existencial, o auto-respeito e integridade morais e os limites até onde estamos dispostos a ir (quer tenhamos, ou não, consciência desses mesmos limites).

A fechar com nota de ouro está a direcção rigorosa de Lyne e o inesquecível "par-maldito" composto pelos excelentes Mickey Rourke e Kim Basinger.

[Luis.Manuel]

RRR (2022) S.S. Rajamouli
Uma superprodução indiana que está a ter um sucesso inusitado a nível mundial.

https://m.imdb.com/title/tt8178634/

Vi-o e sinceramente, não partilho nada (mesmo nada) do "entusiasmo" que este filme está a causar.
Se calhar o problema é meu, e o filme será mesmo tão bom como se diz. Mas foi uma desilusão. E digo isto por respeito pelo grande cinema feito na Índia por mestres como Satyajit Ray, Guru Dutt, Ritwik Ghatak e vários outros.

[Samwise]

Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles, de Chantal Akerman.

É o filme que este ano ficou no top da lista da Sight and Sound, destronando o Vertigo, que na edição anterior havia por sua vez destronado o todo-poderoso Citizen Kane, e que agora ocupam respectivamente os 2º e 3º lugares.

Foi um desafio---essencialmente porque o filme está longe de qualquer convenção ou noção de categorização, mas também porque aquilo a que assistimos ao longo de três horas são (ou parecem) banais tarefas domésticas realizadas mecanicamente, e de forma repetitiva por uma "dona de casa". Os planos, que focam sobretudo as divisões da casa, são fixos (a câmara não se move), filmam sempre esta personagem, não há aproximações ou afastamentos, não há música de fundo, e os diálogos e interações com outras personagens são raros. Em cima disto, não temos acesso aos pensamentos da personagem e não há qualquer demonstração emocional ou sentimental, embora esta dona de casa tenha um filho adolescente que partilha a mesma casa. Tudo aparenta ser simples e qualquer explicação desnecessária, mas há pequenos pormenores que não "batem certo" logo quase desde início, e que plantam subversivamente na mente do espectador um desejo interpretativo, um desejo "imaginativo" ("então... e se"?), e um desejo de conhecer mais. E são estas "questões" e "enigmas" que a realizadora vai gerir de forma superlativa ao longo das três horas de filme, que representam três dias na vida desta mulher, até um dos finais mais desconcertantes que já tive oportunidade de ver. Não é decididamente um filme para toda a gente, mas eu senti que a minha dedicação foi amplamente recompensada.

É um 10/10, mas ainda assim eu não votaria nele para primeiro na lista dos melhores de sempre.

[José]

RRR (2022) S.S. Rajamouli
Uma superprodução indiana que está a ter um sucesso inusitado a nível mundial.

https://m.imdb.com/title/tt8178634/

Vi-o e sinceramente, não partilho nada (mesmo nada) do "entusiasmo" que este filme está a causar.
Se calhar o problema é meu, e o filme será mesmo tão bom como se diz. Mas foi uma desilusão. E digo isto por respeito pelo grande cinema feito na Índia por mestres como Satyajit Ray, Guru Dutt, Ritwik Ghatak e vários outros.

Vi esta semana e subscrevo por inteiro, Luis.Manuel

Achei o filme "brega", pavoroso, digno de canal SyFy.

Todo o respeito pelo empenho criativo e pelo fenómeno que tem gerado mas isto é apenas uma notinha de rodapé esforçada numa paisagem cinematográfica com exemplos muito, muito mais fascinantes.

[nimzabo]

Também o tinha-o aqui 'na calha'. Sendo assim vai pró lixo.
Já viste filmes do Aamir Kahn?