The Social Network (2010) - David Fincher

[Grande Guru]

Queria pegar num exemplo que não sendo a 100% apropriado não deixa de ser mais uma achega para a minha apreciação negativa do SN.

Lembram-se do Slumdog? Um filme cuja trama gira em volta de um concurso de tv. Provavelmente a mesma matéria prima que o DF teve para fazer este SN, e reparem na, pelo menos para mim, imensa diferença de qualidade entre o filme que o Boyle fez e este do DF.

Um, soube espremer uma laranja com pouco sumo com mt mais mestria que o outro.

Pq é que eu acho que este exemplo no entanto pode n ser o mais apropriado? Pq o Boyle criou uma história completamente de ficção apenas com uma base real (o programa de TV) e o DF, presumo, ficou mais pelos factos reais, o que lhe terá cortado um pouco as asas.

A minha margem de tolerância para com o DF é apenas se o mesmo impôs que o filme fosse o mais próximo possível dos factos reais, se não teve sequer essa preocupação, então o exemplo já se enquadra bem melhor, para definir a diferença de qualidade entre uma obra e outra.

[rui sousa]

Fui ver, e como já por aqui disseram, não é nenhuma obra-prima.

E como o Jorge Mourinha disse na crítica, o filme deve bater o recorde da velocidade dos diálogos!!! :D

[Grande Guru]

Sim, há momentos do filme em que a personagem principal parece que está num direito de antena da TV tendo 30 segs. para dizer tudo o que tem para dizer...

[Tojal City]

São os diálogos do Aaron Sorkin ou se gosta (que é o meu caso) ou não se gosta. Ele sempre escreveu desta forma, basta verem a Few Good Man, Charlie Wilson War ou a brilhante série West Wing (primeiras 4 season).
Para este filme, como as personagens são jovens adultos ele ampliou ainda mais a velocidade do discurso, retrata na minha opinião a forma como muitos jovens falam, a uma velocidade vertiginosa querendo dizer muita coisa e as vezes pouca coisa.

[rui sousa]

É verdade, é verdade...

[Grande Guru]

Tojal City: Ou seja, essa caracteristica, q para mim foi irritante, nem sequer é uma caracteristica da personagem real, o que ainda me faz desconsiderar mais esta obra do DF. É melhor n ler mais nada sobre este filme...LOL

[jimmy]

Eu ainda não vi o filme (ver se o apanho esta semana) mas percebo perfeitamente quem estranha os diálogos do Sorkin. São uma marca. Cinema tem uma linguagem própria e muitas vezes na junção realidade/ficcao , o propósito não é atingir um estilo quase documental e verídico.

O Sorkin escreve diálogos á Sorkin. A forma , a musica , a entoação , a velocidade...é especial e diferente. Algumas pessoas podem falar assim mas ninguém tem diálogos destes no dia a dia com aquela articulação e forma. Mas é a expressão total das suas qualidades...eu pessoalmente adoro. Vejam o Sports Night e o West Wing , duas verdadeiras pérolas de dialogue writing. Nao existem assim tantos escritores a trabalhar em cinema/tv com uma forma tao particular de escrever dialogos que é imediatamente notória. Lembro-me de um Tarantino , do Mamet , do Alan Ball , do Wilder e mais alguns que me esqueço de mencionar. Eles escrevem a partir das suas regras e aquilo que os "seus ouvidos ouvem" , e nao como forma documental do dia a dia , que contêm muitos ahnnnn e mmmmm (por acaso nao me lembro do nome , mas existe um escritor de cinema em particular que dá muito enfase a essas hesitações) e nao a forma seca e simples como a maioria dos dialogos que existem nos filmes. Só que estes nao têm aquele estilo formatado que estamos tao habituados , e altamente rigidos nas suas formas de criar conflitos , de resolve-los , de expor narrativa , etc... basta ouvir um pouco para perceber logo o ritmo e a beleza do mesmo.

Sendo o Fincher um visualista brutal , a combinação deve ser explosiva

[Grande Guru]

Tá mal... Meter o puto a falar a 200/hora, qd isso n é uma caracteristica do personagem real n me parece que faça mto sentido. Seria o mesmo q retratar um gajo que é gago mas que o actor q o interpreta fala normalmente. Ou um gajo q é magro e arranjarem um actor gordo para fazer o papel de. Ai Fincher Fincher...

[ASG]

Tá mal... Meter o puto a falar a 200/hora, qd isso n é uma caracteristica do personagem real n me parece que faça mto sentido. Seria o mesmo q retratar um gajo que é gago mas que o actor q o interpreta fala normalmente. Ou um gajo q é magro e arranjarem um actor gordo para fazer o papel de. Ai Fincher Fincher...

Mas a verdade é que também não sabes se ele fala assim ou não. Montes de gente fala assim. Pode ser o caso dele e o Sorkin ter aproveitado isso.

[_RaDiOaCtIvE_]

Pois independentemente de ser ou não uma característica real dele, a mim fez-me uma confusão enorme no início e estive de estar atento a 100% pois não estou habituado a filmes com este tipo de diálogo.

[Grande Guru]

ASG:

Pelo que o Jimmy disse, é uma caracteristica da escrita do Sorkin, logo, seria mta coincidência, que essa caracteristica tb estivesse presente na personagem real.

[Grande Guru]

_RaDiOaCtIvE_ : Se é uma caracteristica real, acho bem que q seja retratada como tal, mas pelo que foi dito n parece ser o caso.

Da mesma maneira q pegando no exemplo que dei, se vais retratar um gago n vais por um gajo a n gaguejar só pq isso custa mais a entender o q a personagem diz.

[ASG]

Vendo uma ou outra entrevista com o Mark Zuckerberg, o tipo fala mesmo a 200km/h. Pode não ser tal e qual como no filme, mas a velocidade do discurso está lá!

[jimmy]

O Social Network é um bom filme , mas acho que é uma obra menor no currículo do Fincher. O que brilha aqui é mesmo o estilo do Sorkin , a imponencia dos diálogos , a exposição brutal do filme , factual e emocional (só falta as longas conversas pelos corredores). As personagens debitam tudo o que se passa , o que as envolve , e tem uma logica na forma como o filme é construído (a partir de depoimentos). Só os bons escritores se safam com esta exposição brutal , já o Inception segue o mesmo rumo (sendo essa essencialmente narrativa) e nao existe problema nenhum. O problema é quando nao se sabe gerir esses pedaços de informação.

Agora se a forma em si é extraordinária , nao implica concerteza um grande filme. E se tecnicamente este filme é de topo , a cinematografia , a edição , a musica , o argumento ,etc.o fincher é fantástico a orquestrar tudo isto , mas no final existe aqui um certo vazio no seu conteúdo. É demasiado factual.

E sendo factual, espera-se verosimilhança e nao propriamente um relato histórico. Nao é um documentário , não é propriamente uma biografia do zuckberg , é apenas o relatar de certos acontecimentos com determinados intervenientes. E no cinema a ficção e realidade misturam-se , e as coisas acabam por tomar um caminho do exagero e da sobre-dramatização para obter uma maior reaccao do espectador (ou como a própria advogada refere sobre os depoimentos emocionais). Aquele estilo rapido do Sorkin assenta que nem uma luva no pessoal mais jovem , naquelas pessoas em particular mas , seja real ou não , é uma forma de retratar uma "realidade"....tal como era o Sam Seaborn , a Dana , a Natalie , Jeremy Goodwin , etc (personagens criadas por ele). Nao devem faltar situações no filme que estão ultra ampliadas , e que fogem do acontecimento real. Uma das coisas que fui lendo sobre o filme , é exactamente sobre Harvard e o retrato que fazem da escola ser completamente diferente da realidade (more geeks , less hot girls )

Uma coisa que discordo de varias opiniões , é a interpretação do jesse eisenberg. Sempre a mesma cara , sem emoção , sem reacção...tudo igual ao que já lhe vi fazer. Vem da escola michael cera , o mesmo tom até ao final da carreira.

[jimmy]

Revi o filme e tenho de realçar a banda sonora do Trent Reznor. Em grande , completamente diferente daquilo que hollywood também produz em massa (nao é só as historias de pacotilha , a musica segue o mesmo caminho). Que os Giacchino's , Beltrami's , Horner's , Newton Howard e tantos tantos outros que se repetem filme após filme , sempre aquele orquestral que parece saído do mesmo sitio , vão ver este filme e aprendam a compor algo diferente.

Desde que me lembro de ouvir o James Horner falar sobre o processo de criacao de música para o The New World Alguns ainda nao percebem que é a musica que tem de estar ao serviço dos filmes e nao o contrário.

Vá lá que o chato do Zimmer nestes últimos tempos também tenha começado a tentar algo diferente (apesar de o som ser sempre reminiscente).