Westworld (HBO)

[Samwise]

Portanto, a Dolores escapou de um espaço confinado no qual os seus habitantes tinham o seu comportamento controlado ao milímetro para entrar num espaço mais abrangente no qual os seus habitantes têm o seu comportamento controlado ao milímetro.

Ainda vamos assistir a um shift no ethos da Dolores, que vai passar de justiceira wanna be da raça humana a "libertadora" da raça humana. Ela já se deve ter apercebido que a situação em que os humanos estão é em tudo igual à que motivou o seu desejo de vingança...

Não percebi uma coisa: a figura actual da Charlotte é o quê? Clone da Dolores ou uma parcela de clone da Dolores em conflito com as personalidades/memórias da Charlotte real? O terceiro episódio vai num sentido, depois no quarto a coisa é explicada de outra maneira...

[PanterA]

E continuo a referir que o excesso de Dolores está a fazer demasiado mal a todas ás outras personagens. O screentime deve ser 80% ela, 20% o resto e pelo meio lá se encontram no seu caminho para história fluir. E claro, isto se não contarmos que ela é a Charlotte e outros tantos p.e.*
Personagens como a Maeve ou Bernard simplesmente andam à deriva. Quem os viu e quem os vê.

EDIT: * @Samwise, ainda não nos conseguiram dar uma explicação de como é que ela funciona. Mas resumidamente ela saiu do parque com 5 clones dela mesma mais o Bernard. Da maneira como estão a meter as coisas ela tem o controlo de tudo, só que não deve ser em tempo real e tem ainda o problema dos hosts entrarem em conflito com memórias antigas que estejam lá.

Sendo isto uma season muito mais curta, pressinto que me vai deixar um bocado desiludo a menos que isto agora seja sempre a carburar. Até porque já passamos o meio da season de qualquer as maneiras.

[PanterA]

Gostei, e abre algumas portas interessantes para os 2 últimos episódios mas ao mesmo tempo não sei, já não me consegue envolver tanto como nas outras 2 seasons. É aquela coisa que continua acima da média, sem dúvidas, mas com aquilo que foi feito nas 2 seasons anteriores já não me satisfaz e um gajo espera sempre mais e mais. E infelizmente aqui o "mais" não acho que esteja sequer lá perto.

Foi um bocado meh a Charlotte ver o corpo da Maeve a ser construido e em vez disso ter perdido tempo com o outro gajo completamente supérfluo. Isso só é explicável se a Dolores ainda tiver planos para ela a longo prazo. O que não parece muito provável.

[drakes]

Alguns bons pontos, outros nem tanto como a parte da revolução lembrando clube da luta\ V de Vingança achei muito simplista,

além de dois deslizes: A cena dos Willians brigando e a Tessa Thompson demonstrando algum sentimento. E o Bernard fica em um quarto de motel tanto tempo que até junta poeira, ninguém entrou...

[PanterA]

Nope. Não pegou. Não é que nesta altura do campeonato fosse esperar algo fora do comum, mas contava com outro tipo de pujança.

Toda a filosofia da Dolores depois daquilo que passou na S2 e mesmo na S3, terem virado a cassete para um novo objectivo quase do nada foi apenas para o shock value. Não vejo outro sentido para aquilo. Não houve o desenvolvimento necessário nem a devida caracterização que isso envolve para a personagem ter mudado de intenções, que digamos era literalmente a base da história desta S3, de tão vincadas para outras bem diferentes. Se aquele sempre foi o desejo deles e quiseram-na passar de vilã para anti-herói, o caminho tinha que ser percorrido de outra forma. Este parece caído do céu. Claro que podemos ler nas entre-linhas que podia haver aquela motivação ou percepção aqui ou ali perante a vida humana, mas seria um bocado de nitpicking para tentar desculpar o sucedido.

O final igual ao do Fight Club foi +/- o esperado tendo em conta aquilo que vimos nos pós-créditos da S2. Que confirma a Dolores está viva e o MiB vai andar em modo fidelity test.

Não sei, se as outras 2 seasons para mim é 9 para cima esta aqui se lhe der um 7.5 já é puxado a ferros. Com o teste do tempo não lhe ser nada favorável parece-me.

[Samwise]

Vi agora e gostei. Não tem a espectacularidade das "season finales" anteriores, mas tem os conceitos e os fios narativos bem explorados, no sentido de fornecer um adequado cenário de "fecho de assuntos" e arcos narrativos, "passagens de testemunho", e de definir o setup inicial das "peças no tabuleiro de xadrez" para a próxima season.

Ao contrário de ti, Pantera, fiquei convencido com o evoluir da situação da Dolores, até porque já o tinha adivinhado num post mais atrás, e face aos contextos por que foi passado e que foram moldando a sua "visão da coisas". Ela não abdicou dos seus propósitos, apenas os atingiu de outra forma mais "complementar" e mais "inclusiva", digamos assim. E podemos colocar aqui a analogia do copo meio cheio e do copo meio vazio. Não concordo que não tenha havido o devido desenvolvimento da personagem - todas as acções vinham-se acumulado para chegar a este ponto.

E a Dolores não está viva. A versão da Dolores que está viva percorreu um caminho autónomo, e é a que olha para o copo meio vazio e pretende impor a supremacia da máquina. Assim como o MIB não está em modo "Fidelity Test" - que aqui já não interessa para nada - , está antes em modo "dark side", programado para obedecer a instintos assassinos.

Também não concordo com o drakes acerca do simplismo do final encontrado...

Para mim faz completo sentido, e é até "elegante" a solução encontrada do "reset civilizacional" - um que proporcione as fundações para a construção de um novo mundo em que homem e máquina se podem entreajudem a definir um caminho comum e a "ser quem lhes apetece". A simbologia de teres os "dois melhores elementos" de cada espécie unidos no final (e após a passagem de testemunho a ambos por parte de Dolores) parece-me uma solução óptima. O apontamento de ter um tema dos Pink Floyd (em "substituição" do tema dos Pixies que fechou o Fight Club) foi uma boa surpresa. Quando comecei a ouvir os acordes fiquei logo quase em extase...

Por último, gostei do papel do Bernard/Arnold (até da visita que fez à mulher, e ao significado prático da mesma). Espero que peguem nele mais a sério para a 4ª temporada, que pelos vistos vai começar cronologicamente uns anos após os eventos que fecharam a 3ª.

[PanterA]

A evolução dela foi boa até ao momento que decide abdicar de tudo o que a consumiu, para depois achar um certo humanismo filosófico como desculpa que afinal não estava ali para destruir mas sim salvar. Toda esse simbolismo não serve nada mais nada menos que um vazio total de ideias para uma ponte fácil e mudança de paradigma. Aliás, basta ver aquilo que foi a caracterização da Dolores da S1 até ao final da S2, e depois ver aquilo que fizeram dela na S3 que foi algo claramente acima do joelho.

Quanto mais penso neste S3, menos consigo gostar ela. A descida na qualidade da escrita foi tão acentuada e gritante que nem parece que vieram das mesmas pessoas que fizeram as outras 2 seasons de forma quase perfeita.

Ela está viva. Resta saber que versão é que vamos encontrar obviamente, mas quase que arriscava que é um twist/cliffhanger meio à lá Jon Snow. Quanto ao MiB, ele está ou vai estar em Fidelity Test porque o vemos a falar com a filha que está a aplicar o teste num futuro que segundo os criadores é um quanto longínquo. Resta saber se esse longínquo é a S4 para eles ou posterior.

[drakes]

forçavam determinada sequência de fatos para as pessoas (no caso do rapaz levaria ao suicídio) e identificando os que poderiam tornar o sistema (ou grupo) de forma não recomendada ao futuro pretendido, eles neutralizaram, a diferença de outras ideia como minority report é a interação com o sistema, mesmo condutas transgressoras são aceitas desde que leve a determinado futuro.

Concordo - Gostei dessa referência ao Minority Report, e acrescento uma referência, que complementa essa, ao A Clockwork Orange. O que é proposto no Westworld S03 é um mecanismo de controlo social para "evitar o caos civilizacional" (sic). Semelhante ao que sucedia com Projecto Ludovico aplicado aos criminosos no aCO, com a diferença de que aqui a solução é aplicada a toda a população mundial por tabela quer tenham ou não cometido crimes. E a lição moral a retirar é mais ou menos a mesma (embora não esteja esplícita no WW): se retiramos o livre arbítrio, a opção de escolha do seu destino, das suas acções, ao ser humano (mesmo que seja para evitar problemas sociais), este deixa de ser um ser humano.

Quanto ao episódio, aqui estou em desacordo contigo - apesar de alguns pormenores interessante, para mim foi dos menos bons da série toda até agora. Achei desnecessário enredo do psicotrópico GENRE (só serviu para dar "estilo" à coisa); achei as sequências de acção lentas e com pouca lógica estrutural, e achei também que naquele mundo falta toda a infraestutura institucional e política que sustenta países e povos - falta espessura ao mundo ali proposto - ou seja, acho pouco credível que depois da mensagem partilhada pela Dolores com todas a população mundial, a reação fosse logo aquela cheia de selvajaria - num estado de coisas maioritariamente civilizado, a reação seria antes de tudo .... questionar e perceber o que se estava a passar, junto das instituições de governo e autoridade - ou simplesmente recorrendo ao Google... .

A mensagem partilhada pela Dolores é inspirado (ao meu ver) em v de vingança, a ideia que as pessoas ao saberem da sujeira ou perda de símbolos se revoltariam, é bem inglesa\americana a concepção, na prática não é nada assim.
Retornando ao modelo Seldon, ele se prepara e lucra do melhor forma de uma situação futura, já no de Serac, ele interfere para o modelo tenha certa direção, nisso lembra Matrix, mas diferente desse ele não deixa-o sofrer abalos, por isso tenta eliminar tudo que ameaça o que considera o resultado perfeito.

Bem, vendo a atual onda de protestos, eu estava enganado, o estopim parece ser possível com o evento mostrado na série.

[neotheone]

A quarta temporada de Westworld estreia dia 27 de Junho, na hbomax.com

[drakes]

voltou achei meio morno o episódio, é daqueles recomeços.