The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Bom, não resisti, ontem estava sózinho e chateado e fui ver o Batman ao Cineteatro. Eram 16 horas e estavam para aí 7 pessoas no máximo na sala! Praticamente, tive o Cineteatro quase só para mim! Agora com a moda dos lugares sem serem marcados, que é uma coisa que detesto, gosto de estar logo lá quando a sala abre! Mas como disse, com 7 pessoas no problemo! Fiquei onde quis, atrás e mesmo no centro. Fantástico!
Gostei muito do filme, quando a mim e como também já tinha referido, ficamos com mais uma trilogia histórica na História do Cinema Contemporâneo! E mal posso esperar para que saia a edição especial!
Li tudo o que escreveram até agora, e subscrevo o que fundamentalmente o Jimmy e o Samwise referiram. Relativamente às outras críticas mais azedas, amargas ou decepcionadas percebo-as, mas fico contente por conseguir apreciar os filmes sem andar sempre a ver se encontro falhas no argumento. Para mim isso é distractor e retira-me prazer ao visionamento. Também acho que, embora façam parte da minha juventude muitas horas a ler banda desenhada do Batman e dos outros super-heróis, não sou relativamente a ele purista no sentido em que isso me faça criticar uma adaptação cinematográfica eventualmente mais livre nalguns aspectos.
Penso que estas dimensões ligadas aos super-heróis, para quem as viveu, se tornaram parte de nós e cada um pode ter um pouco a sua própria versão relativamente ao seu herói preferido, o que pode potenciar algum choque e aversão relativamente a outras visões.
A minha opinião todavia, é que o Chris Nolan nos oferece mais um filme extraordinário, que encerra a trilogia com batglove de ouro. Foi um espectáculo com o seu quê de épico, como o samwise referiu, foi Cinema de entretenimento ao seu mais alto nível. E realmente as quase 3 horas passaram muito depressa. No entanto, gostava que tivesse havido intervalo. Sou da velha escola, gosto de um intervalo e estar 3 horas seguidas sentado é incómodo, pelo menos para mim e esse incómodo acaba por na parte final retirar alguma da capacidade de concentração e sensação de encantamento. É difícil estar concentrado quando nos dói a coluna e temos uma vontade incrível de esticar as pernas.
Depois em casa, vejo com intervalo!
Já agora e tentando não ter que colocar as tags do spoiler, gostava de referir a minha opinião sobre alguns aspectos que gostei e já agora, outros que achei menos bons, ou que gostaria que tivessem sido diferentes. Mas nada disto interfere na minha apreciação do filme, que como referi é extremamente boa.
Sendo assim, achei as interpretações das meninas Anne e Marion muito boas! Muito boas mesmo, convincentes, com seriedade. Tive pena que não entrasse a Scarlett. Adoro a Scarlett.
Mas a Anne "ganhou" o papel. Está mesmo muito bem!
A crítica social é actualíssima embora claro os métodos pequem pela mesma razão de sempre: ao quererem punir os que acham culpados (pelo menos em teoria, já que a prática é diferente), acabam por punir toda a gente... tal como as técnicas utilizadas pelos terroristas.
O Robin faz um excelente papel, como aliás é hábito. O tipo tem carisma e já o tinha demonstrado no Inception.
O twist principal está muito giro e acaba por fechar o círculo. É impossível na minha opinião não sentir alguma simpatia pela Irmandade das Sombras, pelo menos relativamente a algumas teorias que advogam, embora na prática depois estraguem tudo.
O Bane está bastante bom, mas não está excepcional. Não se percebe no filme qual a origem da força sobre-humana dele e ao que parece da insensibilidade à dor. A tão criticada voz... está mal e bem ao mesmo tempo. Não é uma voz que pense vá ficar nos anais das melhores vozes da história do Cinema, mas ao mesmo tempo, por parecer a voz de um tipo normal, não muito culto e até um bocado primário, acaba por dar algum realismo perverso ao argumento. Afinal, quem disse que os vilões lá por serem grandes e quase indestrutíveis tinham que ter vozes de barítono?
Uma GRANDE interpretação do Alfred! Que grande actor é o Michael Caine!
Impossível não ficar comovido mais lá para o final! Apetece abraçar o velhote!
Apesar de não me fazer confusão o Batman durante o dia e ao Sol... tenho pena que o Chris tenha optado por não mostrar um pouco mais o lado negro.. o lado misterioso do Batman, aquele que durante anos na banda desenhada nos conseguia fazer crer que realmente havia mesmo qualquer coisa de sobrenatural com ele.
O Bale, actor que não aprecio especialmente, acaba por ser para mim se calhar a personagem mais fraca. Esquisito, não é? E não gosto do tratamento que deram ao fato dele... sobretudo ao Sol, não acho que resulte bem. É suposto na minha opinião vermos o Batman e não um tipo vestido com um fato a parecer o Batman. E eu a olhar para ele via um tipo com um fato a imitar o Batman... falta-lhe altura, na minha opinião. E postura. Não chega porem-lhe uma voz cheia de graves e os olhos a brilhar. Onde estava o Batman? Ele não precisa nada disso, a imponência da presença dele teria que bastar.
Enfim. Mas como eu referi, isto são sensibilidades muito pessoais. Não faço questão de ter razão e como referi, é um GRANDE FILME!
Que saia o dvd! Queremos ver os 3 filmes de seguida!
Gostei muito do filme, quando a mim e como também já tinha referido, ficamos com mais uma trilogia histórica na História do Cinema Contemporâneo! E mal posso esperar para que saia a edição especial!
Li tudo o que escreveram até agora, e subscrevo o que fundamentalmente o Jimmy e o Samwise referiram. Relativamente às outras críticas mais azedas, amargas ou decepcionadas percebo-as, mas fico contente por conseguir apreciar os filmes sem andar sempre a ver se encontro falhas no argumento. Para mim isso é distractor e retira-me prazer ao visionamento. Também acho que, embora façam parte da minha juventude muitas horas a ler banda desenhada do Batman e dos outros super-heróis, não sou relativamente a ele purista no sentido em que isso me faça criticar uma adaptação cinematográfica eventualmente mais livre nalguns aspectos.
Penso que estas dimensões ligadas aos super-heróis, para quem as viveu, se tornaram parte de nós e cada um pode ter um pouco a sua própria versão relativamente ao seu herói preferido, o que pode potenciar algum choque e aversão relativamente a outras visões.
A minha opinião todavia, é que o Chris Nolan nos oferece mais um filme extraordinário, que encerra a trilogia com batglove de ouro. Foi um espectáculo com o seu quê de épico, como o samwise referiu, foi Cinema de entretenimento ao seu mais alto nível. E realmente as quase 3 horas passaram muito depressa. No entanto, gostava que tivesse havido intervalo. Sou da velha escola, gosto de um intervalo e estar 3 horas seguidas sentado é incómodo, pelo menos para mim e esse incómodo acaba por na parte final retirar alguma da capacidade de concentração e sensação de encantamento. É difícil estar concentrado quando nos dói a coluna e temos uma vontade incrível de esticar as pernas.
Depois em casa, vejo com intervalo!

Já agora e tentando não ter que colocar as tags do spoiler, gostava de referir a minha opinião sobre alguns aspectos que gostei e já agora, outros que achei menos bons, ou que gostaria que tivessem sido diferentes. Mas nada disto interfere na minha apreciação do filme, que como referi é extremamente boa.
Sendo assim, achei as interpretações das meninas Anne e Marion muito boas! Muito boas mesmo, convincentes, com seriedade. Tive pena que não entrasse a Scarlett. Adoro a Scarlett.

A crítica social é actualíssima embora claro os métodos pequem pela mesma razão de sempre: ao quererem punir os que acham culpados (pelo menos em teoria, já que a prática é diferente), acabam por punir toda a gente... tal como as técnicas utilizadas pelos terroristas.
O Robin faz um excelente papel, como aliás é hábito. O tipo tem carisma e já o tinha demonstrado no Inception.
O twist principal está muito giro e acaba por fechar o círculo. É impossível na minha opinião não sentir alguma simpatia pela Irmandade das Sombras, pelo menos relativamente a algumas teorias que advogam, embora na prática depois estraguem tudo.
O Bane está bastante bom, mas não está excepcional. Não se percebe no filme qual a origem da força sobre-humana dele e ao que parece da insensibilidade à dor. A tão criticada voz... está mal e bem ao mesmo tempo. Não é uma voz que pense vá ficar nos anais das melhores vozes da história do Cinema, mas ao mesmo tempo, por parecer a voz de um tipo normal, não muito culto e até um bocado primário, acaba por dar algum realismo perverso ao argumento. Afinal, quem disse que os vilões lá por serem grandes e quase indestrutíveis tinham que ter vozes de barítono?

Uma GRANDE interpretação do Alfred! Que grande actor é o Michael Caine!

Apesar de não me fazer confusão o Batman durante o dia e ao Sol... tenho pena que o Chris tenha optado por não mostrar um pouco mais o lado negro.. o lado misterioso do Batman, aquele que durante anos na banda desenhada nos conseguia fazer crer que realmente havia mesmo qualquer coisa de sobrenatural com ele.
O Bale, actor que não aprecio especialmente, acaba por ser para mim se calhar a personagem mais fraca. Esquisito, não é? E não gosto do tratamento que deram ao fato dele... sobretudo ao Sol, não acho que resulte bem. É suposto na minha opinião vermos o Batman e não um tipo vestido com um fato a parecer o Batman. E eu a olhar para ele via um tipo com um fato a imitar o Batman... falta-lhe altura, na minha opinião. E postura. Não chega porem-lhe uma voz cheia de graves e os olhos a brilhar. Onde estava o Batman? Ele não precisa nada disso, a imponência da presença dele teria que bastar.
Enfim. Mas como eu referi, isto são sensibilidades muito pessoais. Não faço questão de ter razão e como referi, é um GRANDE FILME!
Que saia o dvd! Queremos ver os 3 filmes de seguida!

Cabeças


Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Cabeças cineteatro , imagino que te refiras ao Monumental. Ai nunca me lembro de pararem o filme a meio. Se queres ter um intervalo pela certa (seja de 3 horas ou de hora e vinte) vai as salas da Zon. Só que são 7 minutos onde somos martelados por uma musica aberrante
E eu não suporto rever filmes onde já sei quando o intervalo vai aparecer. É uma sensação irritante saber que a cena vai acabar num corte abrupto.

" Listen, you fuckers, you screwheads. Here is a man who would not take it anymore. A man who stood up against the scum, the cunts, the dogs, the filth, the shit. Here is a man who stood up." Travis Bickle in Taxi Driver
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Não há muito mais que possa acrescentar ao que a maioria disse por aqui mas cá deixo os meus 2 cêntimos: "The Dark Knight Rises" é o filme mais desequilibrado da trilogia, o mais "fraco"... mas um "fracasso" que mesmo assim coloca a milhas muitas outras terceiras partes. Mas podia ter saído algo bem melhor. Desde já, para mim, a maior falha de todas, a mais imperdoável, é a forma como o filme trai o final de "The Dark Knight": Batman aposentado após 1 ano de actividade ??? E por causa da morte do seu amor de infância ??? Um gajo que foi inspirado a ser mais do que um homem porque lhe mataram os pais ??? Algo aqui não bate certo. Eu sempre achei que o Batman ia ser o pária de Gotham, perseguido sem piedade pela polícia enquanto continuava na sua cruzada, encaixando perfeitamente no status quo que muitas vezes lhe conhecemos (até o facto do Gordon ser o fiel depositário do segredo sobre o Harvey Dent encaixaria na perfeição no papel de único aliado na polícia que o Batman tinha). Afinal, exilou-se durante 8 anos. Bahhhh...
Nota-se claramente que foi dada carta branca a Nolan para concluir a sua visão do Cavaleiro das Trevas. O campo de batalha agora é a cidade inteira de Gotham City, algo para o qual os filmes anteriores vinham preparando ("Batman Begins" começa nos subúrbios insidiosos e a partir daí é uma viagem até ao topo, da escuridão até à luz - por isso neste filme, como em nenhum outro, vemos tanto o morcego à luz do dia), uma escala impressionante que carrega, inevitavelmente, algumas desvantagens (mais concretamente, o recurso a alguns atalhos algo improváveis para um perfeccionista como Nolan - Bruce Wayne pirado da prisa e aparecido em Gotham num ápice ? - não tenho nada contra atalhar caminho pela palha desnecessária, mas não esperava tamanha preguiça).
Os actores são o grande trunfo do filme: um elenco sem mácula onde todos brilham de forma irrepreensível. Christian Bale consegue dar a Bruce Wayne uma dimensão humana quase nunca explorada num filme do Batman e estou em crer que este 3º filme inverte a ideia criada desde o 1º filme (e da maior parte da mitologia do personagem) de que naquele fatídico dia em que morreram Thomas e Martha Wayne, também morreu o pequeno Bruce e emergiu o Homem-Morcego. O Batman deste "The Dark Knight Rises" cedeu o seu lugar a Bruce Wayne. Um final épico tem que ter um vilão à altura e escolher Bane foi uma aposta arriscada, apesar de este ser possivelmente o grande equivalente em inteligência e força do morcego. Tom Hardy tem aqui um excelente trabalho e não senti que a voz fosse um problema, apesar da óbvia remistura que sofreu (só achei que ficava ocasionalmente anasalada) e muito menos a máscara que lhe tapa quase metade da cara. Aliás, este aspecto consegue tornar Bane ainda mais ameaçador porque omite uma boa parte da expressividade do rosto e torna-o algo imprevisível. Ele é o exacto oposto do morcego, apropriadamente um sequaz da Liga das Sombras que vai concretizar aquilo a que o Cavaleiro das Trevas renunciou. Anne Hathaway e Joseph Gordon-Levitt são, porém, as grandes surpresas. Quando se pensava que seria impossível abalar os píncaros do retrato da gata por Michelle Pfeiffer, eis que aparece Hathaway. Dou-lhe mais uns pontinhos por não se ficar só pela Catwoman mas por ser, sem dúvida, Selina Kyle. Pena que se ausente por tanto tempo no final. Levitt acaba por ser um hibrido entre Dick Grayson e Tim Drake, respectivamente o primeiro e o terceiro Robin, apropriado então que seja este o seu primeiro nome. Ele é o tipo de pessoa que Batman procurava inspirar. Dos restantes, Michael Caine tem primazia por ter conseguido fazer de Alfred o coração de toda a trilogia.
Se de certa forma este filme é o mais desequilibrado dos 3, é também aquele onde Christopher Nolan deixa reinar um pouco o sentido de diversão de uma banda-desenhada. Umas páginas atrás alguém aludia ao facto dos filmes da Marvel serem infantis em detrimento destes Batman's: vindo de alguém que considera "The Dark Knight" a grande adaptação de um super-herói ao grande ecrã, não podia, contudo, discordar mais. Quando nos finais dos anos 80 do século XX a moda era replicar a maturidade de "Watchmen" e "The Dark Knight Returns", o que daí para a frente foi regurgitado quase matou a BD comercial norte-americana porque de repente a leveza de alguns super-heróis era vista como "infantil" e era preciso dar-lhes um lado mais hostil e sombrio. Nem todos os filmes adaptados de uma BD têm que ser o Cavaleiro das Trevas (para além de que é engraçado tanta gente - eu incluído - querer encaixar o Batman num único registo quando ele foi sendo ao longo da sua história um dos mais elásticos em termos de estilo - não é mentira nenhuma dizer que todas as suas adaptações, dos serials dos anos 40 a este "The Dark Knight Returns", são-lhe inteiramente fiéis) e lamento que, tal como na BD dos anos 90, se esteja a querer ir por esse caminho.
E para concluir, só uma curiosidade:
http://en.wikipedia.org/wiki/Gotham_City
Nota-se claramente que foi dada carta branca a Nolan para concluir a sua visão do Cavaleiro das Trevas. O campo de batalha agora é a cidade inteira de Gotham City, algo para o qual os filmes anteriores vinham preparando ("Batman Begins" começa nos subúrbios insidiosos e a partir daí é uma viagem até ao topo, da escuridão até à luz - por isso neste filme, como em nenhum outro, vemos tanto o morcego à luz do dia), uma escala impressionante que carrega, inevitavelmente, algumas desvantagens (mais concretamente, o recurso a alguns atalhos algo improváveis para um perfeccionista como Nolan - Bruce Wayne pirado da prisa e aparecido em Gotham num ápice ? - não tenho nada contra atalhar caminho pela palha desnecessária, mas não esperava tamanha preguiça).
Os actores são o grande trunfo do filme: um elenco sem mácula onde todos brilham de forma irrepreensível. Christian Bale consegue dar a Bruce Wayne uma dimensão humana quase nunca explorada num filme do Batman e estou em crer que este 3º filme inverte a ideia criada desde o 1º filme (e da maior parte da mitologia do personagem) de que naquele fatídico dia em que morreram Thomas e Martha Wayne, também morreu o pequeno Bruce e emergiu o Homem-Morcego. O Batman deste "The Dark Knight Rises" cedeu o seu lugar a Bruce Wayne. Um final épico tem que ter um vilão à altura e escolher Bane foi uma aposta arriscada, apesar de este ser possivelmente o grande equivalente em inteligência e força do morcego. Tom Hardy tem aqui um excelente trabalho e não senti que a voz fosse um problema, apesar da óbvia remistura que sofreu (só achei que ficava ocasionalmente anasalada) e muito menos a máscara que lhe tapa quase metade da cara. Aliás, este aspecto consegue tornar Bane ainda mais ameaçador porque omite uma boa parte da expressividade do rosto e torna-o algo imprevisível. Ele é o exacto oposto do morcego, apropriadamente um sequaz da Liga das Sombras que vai concretizar aquilo a que o Cavaleiro das Trevas renunciou. Anne Hathaway e Joseph Gordon-Levitt são, porém, as grandes surpresas. Quando se pensava que seria impossível abalar os píncaros do retrato da gata por Michelle Pfeiffer, eis que aparece Hathaway. Dou-lhe mais uns pontinhos por não se ficar só pela Catwoman mas por ser, sem dúvida, Selina Kyle. Pena que se ausente por tanto tempo no final. Levitt acaba por ser um hibrido entre Dick Grayson e Tim Drake, respectivamente o primeiro e o terceiro Robin, apropriado então que seja este o seu primeiro nome. Ele é o tipo de pessoa que Batman procurava inspirar. Dos restantes, Michael Caine tem primazia por ter conseguido fazer de Alfred o coração de toda a trilogia.
Se de certa forma este filme é o mais desequilibrado dos 3, é também aquele onde Christopher Nolan deixa reinar um pouco o sentido de diversão de uma banda-desenhada. Umas páginas atrás alguém aludia ao facto dos filmes da Marvel serem infantis em detrimento destes Batman's: vindo de alguém que considera "The Dark Knight" a grande adaptação de um super-herói ao grande ecrã, não podia, contudo, discordar mais. Quando nos finais dos anos 80 do século XX a moda era replicar a maturidade de "Watchmen" e "The Dark Knight Returns", o que daí para a frente foi regurgitado quase matou a BD comercial norte-americana porque de repente a leveza de alguns super-heróis era vista como "infantil" e era preciso dar-lhes um lado mais hostil e sombrio. Nem todos os filmes adaptados de uma BD têm que ser o Cavaleiro das Trevas (para além de que é engraçado tanta gente - eu incluído - querer encaixar o Batman num único registo quando ele foi sendo ao longo da sua história um dos mais elásticos em termos de estilo - não é mentira nenhuma dizer que todas as suas adaptações, dos serials dos anos 40 a este "The Dark Knight Returns", são-lhe inteiramente fiéis) e lamento que, tal como na BD dos anos 90, se esteja a querer ir por esse caminho.
E para concluir, só uma curiosidade:
Por acaso, Gotham City sempre foi Nova Iorque. Aliás, Gotham é uma designação associada à Grande Maçã e foi numa lista telefónica da dita que o co-criador do personagem (para aí numa proporção de 90% para 10% de Bob Kane), Bill Finger, foi buscar o nome. De certa forma, ao filmar Nova Iorque como o berço do morcego, Christopher Nolan está a mostrar a mais fiel representação de Gotham City.DarkPhoenix wrote:E o que dizer dos largos milhões de pessoas que vivem em Manhattan ( sim, Manhattan, nada de Gotham, a culpa é do menino Nolan )?
http://en.wikipedia.org/wiki/Gotham_City
Writer Bill Finger, on the naming of the city and the reason for changing Batman's locale from New York City to a fictional city said, "Originally I was going to call Gotham City 'Civic City.' Then I tried 'Capital City,' then 'Coast City.' Then I flipped through the New York City phone book and spotted the name 'Gotham Jewelers' and said, 'That's it,' Gotham City. We didn't call it New York because we wanted anybody in any city to identify with it."[2]
"Gotham" had long been a well-known nickname for New York City even prior to Batman's 1939 introduction,[3] which explains why "Gotham Jewelers" and many other businesses in New York City have the word "Gotham" in them. The nickname was popularized in the nineteenth century, having been first attached to New York by Washington Irving in the November 11, 1807 edition of his Salmagundi,[4] a periodical which lampooned New York culture and politics. Irving took the name from the village of Gotham, Nottinghamshire, England, a place that, according to folklore, was inhabited by fools.[5] The village's name derives from Old English gat 'goat' and ham 'home', literally "homestead where goats are kept",[6] and is pronounced "goat 'em", /ˈɡoʊtəm/ goat-əm (c.f. Chatham, /ˈtʃætəm/ chat-əm, a similar name which has not undergone a t → th pronunciation shift). In contrast, "Gotham" as used for New York or in the comics did undergo the shift and is pronounced as /ˈɡɒθəm/ goth-əm,[7] like the word Goth.
In Detective Comics #880, the Joker mentions to Batman that Gotham means "heaven for goats".
Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Uma curiosidade interessante.Argaroth01 wrote:E para concluir, só uma curiosidade:
Por acaso, Gotham City sempre foi Nova Iorque. Aliás, Gotham é uma designação associada à Grande Maçã e foi numa lista telefónica da dita que o co-criador do personagem (para aí numa proporção de 90% para 10% de Bob Kane), Bill Finger, foi buscar o nome. De certa forma, ao filmar Nova Iorque como o berço do morcego, Christopher Nolan está a mostrar a mais fiel representação de Gotham City.DarkPhoenix wrote:E o que dizer dos largos milhões de pessoas que vivem em Manhattan ( sim, Manhattan, nada de Gotham, a culpa é do menino Nolan )?
http://en.wikipedia.org/wiki/Gotham_City
Writer Bill Finger, on the naming of the city and the reason for changing Batman's locale from New York City to a fictional city said, "Originally I was going to call Gotham City 'Civic City.' Then I tried 'Capital City,' then 'Coast City.' Then I flipped through the New York City phone book and spotted the name 'Gotham Jewelers' and said, 'That's it,' Gotham City. We didn't call it New York because we wanted anybody in any city to identify with it."[2]
"Gotham" had long been a well-known nickname for New York City even prior to Batman's 1939 introduction,[3] which explains why "Gotham Jewelers" and many other businesses in New York City have the word "Gotham" in them. The nickname was popularized in the nineteenth century, having been first attached to New York by Washington Irving in the November 11, 1807 edition of his Salmagundi,[4] a periodical which lampooned New York culture and politics. Irving took the name from the village of Gotham, Nottinghamshire, England, a place that, according to folklore, was inhabited by fools.[5] The village's name derives from Old English gat 'goat' and ham 'home', literally "homestead where goats are kept",[6] and is pronounced "goat 'em", /ˈɡoʊtəm/ goat-əm (c.f. Chatham, /ˈtʃætəm/ chat-əm, a similar name which has not undergone a t → th pronunciation shift). In contrast, "Gotham" as used for New York or in the comics did undergo the shift and is pronounced as /ˈɡɒθəm/ goth-əm,[7] like the word Goth.
In Detective Comics #880, the Joker mentions to Batman that Gotham means "heaven for goats".
Por acaso estranhei um bocado a escolha da representação visual de Manhattan - de associação e reconhecimento imediato - para palco geográfico da acção. E abrupta, se tomarmos em consideração os dois filme anteriores, em que os sinais eram indistintos (e a cidade não era a mesma). Mas por outro lado encaixa bem na "identidade americana" e num certo tom patriótico que são explicitados ao longo do filme. É a primeira vez que vejo a bandeira americana (ainda que esfarrapada, um cliché) a esvoaçar num filme do Batman, e para mim a cena mais icónica e assombrosa de todas é o miúdo a cantar o hino no estádio e a interrupção quase carinhosa (como de um predador para uma presa indefesa) da voz grave digital do Bane.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Câmara Subjectiva
Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Argaroth01 a ideia que fiquei foi que Batman inicialmente acaba fora de combate por consequência da paz podre. Não vai andar a caçar o que não existe. O sistema nesta altura consegue , de forma indevida , prescindir dos seus serviços (recorre a uma das ideias do filme anterior , e da rachel que perguntava o que ele faria quando gotham não precisasse mais dele). Os 8 anos não se referem ao exílio do Bruce , que nós é dado a perceber que se meteu num projecto pessoal e espalha-se ao comprido (o reactor nuclear ). É interessante notar que o Nolan nos apresente a personagem a falhar por completo na sua persona Bruce Wayne. O Batman é a sua única esperança. A sua não existência e a incapacidade de viver uma vida normal , levam-no ao exílio. Acho isto absolutamente fascinante (mas também quando rever o filme esta semana , já fico com as duvidas esclarecidas) De resto isto é imensamente similar ao DKR (com a época de caça aos vigilantes e é aludido a morte do jason todd).
Eu também fiz essa interpretação do final do TDK
(até porque é a ponte natural para onde a personagem se situa em grande parte do tempo). Mas eu acho que o Nolan vira a situação e torna-a mais interessante , e carrega ainda mais na dualidade do Bruce.
Por acaso não tinha reparado nesse comentários das cidades. Diga-se que uma grande parte dos exteriores até foi filmada em Pittsburgh (estádio incluído). De resto Gotham sempre foi uma cidade recriada a partir das malhas urbanas das grandes cidades americanas (Chicago até costuma ser um modelo mais recorrente na bd).
O Narrows é visualmente engraçado mas é extremamente limitado recriar o quer que seja num estudio. Este e o TDK têm umas wide shots lindíssimas , que são impossiveis de recriar em estudios minúsculos (se existe coisa que me chateai nos filmes do burton é perceber como aquilo tudo é feito em estúdio)
Eu também fiz essa interpretação do final do TDK

Por acaso não tinha reparado nesse comentários das cidades. Diga-se que uma grande parte dos exteriores até foi filmada em Pittsburgh (estádio incluído). De resto Gotham sempre foi uma cidade recriada a partir das malhas urbanas das grandes cidades americanas (Chicago até costuma ser um modelo mais recorrente na bd).
O Narrows é visualmente engraçado mas é extremamente limitado recriar o quer que seja num estudio. Este e o TDK têm umas wide shots lindíssimas , que são impossiveis de recriar em estudios minúsculos (se existe coisa que me chateai nos filmes do burton é perceber como aquilo tudo é feito em estúdio)
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Não interessa nada se Gotham é baseada em NYC ou Chicago.
Gotham não é nenhuma dessas cidades.
E o único Batman do Nolan que apresentou uma Gotham decente foi o "Begins", com Wayne Tower e tudo.
Se em "The Dark Knight", o realizador evitou - e bem- realçar os ex-libris e o skyline de Chicago, deveria ter seguido o exemplo no seu último capítulo e não perder a cabeça com as vistas iconográficas de Manhattan.
Gotham não é nenhuma dessas cidades.
E o único Batman do Nolan que apresentou uma Gotham decente foi o "Begins", com Wayne Tower e tudo.
Se em "The Dark Knight", o realizador evitou - e bem- realçar os ex-libris e o skyline de Chicago, deveria ter seguido o exemplo no seu último capítulo e não perder a cabeça com as vistas iconográficas de Manhattan.
"I WAS fire and life incarnate!"
https://www.youtube.com/user/darkphoenixPT
http://ultrawideangle.blogspot.com/

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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Nem me interessam alguns erros como já disse, mas mesmo apesar de ser uma adaptação o "âmago" do Batman deve ser respeitado senão mais vale meterem um outro personagem qualquer.
O Nolan estava a fazê-los, a respeitar, nos dois primeiros filmes, para mim a modos que se traiu a si mesmo no 3º.
Quanto a Gotham, não existe melhor do que a do Tim Burton, estou-me nas tintas se aquilo era principalmente estúdio, era mágica.
Batalhas nas ruas de Gotham/Manhattan? de épico não tinham nada, uma rua aqui, outra ali, a ponte, um túnel, principalmente subterrâneos.
O Batman misturado na multidão como uma mosca no leite a distribuir murros desinspirados como um qualquer bully?
E aquela luta da treta com a Catwoman quando ele voltou do buraco? que cena tão desanxabida, a ser atacado à vez pelos vilões como num filme dos 80s da treta. É por isto que o Batman deve ser filmado de maneira diferente e ser mostrado como uma força sobrenatural, como nos 2 primeiros filmes.
As batalhas em Gangs of NY eram infinitamente superiores.
O pessoal fica a deliciar-se com imagens bilhete-postal e contextos altamente especulativos que provávelmente nem lembraram ao realizador, foi o mesmo quando saiu o Inception, a mim isto tudo deixa-me frio se não tiver um argumento, uma coerência sólida.
Concordo que o Caine está fantástico mas às vezes parecia que estava numa adaptação qualquer de Jane Austen, altamente sentimentalóide e choroso.
Para mim a montanha pariu um rato... voador.
O Nolan estava a fazê-los, a respeitar, nos dois primeiros filmes, para mim a modos que se traiu a si mesmo no 3º.
Quanto a Gotham, não existe melhor do que a do Tim Burton, estou-me nas tintas se aquilo era principalmente estúdio, era mágica.
Batalhas nas ruas de Gotham/Manhattan? de épico não tinham nada, uma rua aqui, outra ali, a ponte, um túnel, principalmente subterrâneos.
O Batman misturado na multidão como uma mosca no leite a distribuir murros desinspirados como um qualquer bully?
E aquela luta da treta com a Catwoman quando ele voltou do buraco? que cena tão desanxabida, a ser atacado à vez pelos vilões como num filme dos 80s da treta. É por isto que o Batman deve ser filmado de maneira diferente e ser mostrado como uma força sobrenatural, como nos 2 primeiros filmes.
As batalhas em Gangs of NY eram infinitamente superiores.
O pessoal fica a deliciar-se com imagens bilhete-postal e contextos altamente especulativos que provávelmente nem lembraram ao realizador, foi o mesmo quando saiu o Inception, a mim isto tudo deixa-me frio se não tiver um argumento, uma coerência sólida.
Concordo que o Caine está fantástico mas às vezes parecia que estava numa adaptação qualquer de Jane Austen, altamente sentimentalóide e choroso.
Para mim a montanha pariu um rato... voador.

Disclaimer: As opiniões aqui expressas são de minha inteira responsabilidade e não refletem, necessariamente, a opinião do Fórum.
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
http://www.fnac.pt/Batman-O-Cavaleiro-d ... &Nu=1&Fr=2
Alguém faz idéia de como será a packing case?
Alguém faz idéia de como será a packing case?

Quase a completar a colecção de digipacks nacionais...


Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Fui rever ontem o filme, e lembrei-me um pouco do Return Jedi antes da sessão. Um filme muito querido por mim quando era mais novinho, mas que o tempo fez questão de acentuar os defeitos (especialmente em comparação com o Empire). Continua a ser um bom filme, uma aventura emocionante, e um grande final mas a sua execução nem sempre é a mais interessante. Será que o Rises poderia sofrer de algo semelhante? E a resposta é…não. Mais ainda, neste momento coloco-o acima dos seus antecessores. Não é só a conclusão adequada da história, como é um dos trabalhos mais definitivos sobre o Bruce Wayne (e robusto o suficiente como obra).
Ver o Bruce a subir o Pit , ou aquele final após a bomba , com o funeral e o discurso do Caine , a estátua , o Fox a sorrir , o Gordon embasbacado em ver o bat-signal reconstruído , o Caine no café e o Blake na cave…são bombas de adrenalina de emoção. Os finais do Begins (i never said thank you…and you will never have to) e do TDK (que ainda é para mim a mais fiel representação do estilo narrativo de uma página de bd , com os cortes entre a narração do gordon , a acção do batman e o discurso sobre o harvey) já eram épicos , mas este vai mais além.
Aquilo que me pareceu disperso inicialmente, agora é muito mais compacto. Existe um grande equilíbrio entre os diferentes acontecimentos, e a convergência dos mesmos. Mas a minha maior surpresa revendo o filme é o Blake , e o seu papel na orgânica da própria história. Um filho de Gotham inspirado pelo Batman, e moldado pelo Gordon. A sua aparição no final é naturalíssimo
Um aparte para falar do Gordon…o Oldman é uma máquina. Impecável como o policia amargurado, sem família e que vive desolado por contribuir para uma mentira que o corrói .
"You’re in for a show tonight son"…era a melhor frase de promoção do filme, porque o se segue é realmente de rompante. Sobre a acção , não tenho nada a acrescentar . É bombástica. Colocaria o Bane vs Batman ao lado do interrogatório com o Joker ,como as melhores cenas da trilogia (o sound design da cena é tremendo) . Todo é filme é visualmente muito elegante (tirando aquele fade ranhoso do Ra’s e o zoom rápido sobre o Foley que dá um ar cómico á cena).
O Rises é um filme do Bruce Wayne , e a exploração de um dos temas mais clássicos da bd de super herois…a linha que separa a pessoa do seu alter ego. O Nolan no inicio propõe-nos um What If das consequências do final do TDK. E se Gotham não necessitasse mais do Batman ? E se o sistema conseguisse dominar o crime ? Só lhe restava actuar como uma figura importante por uma cidade melhor. E o que nos é feito notar ? O falhanço do Bruce Wayne nesse papel. Não podendo recorrer ao Batman , a sua resposta é o exílio (3 anos). É o momento da quebra da personagem . Não funciona como um capricho narrativo. A fase inicial da história diz-nos imenso sobre a personagem e a forma como ele lida com a sua própria dualidade. A sensação do seu afastamento é real (e é interessante perceber que o filme demora o seu tempo até vermos o Batman novamente de capa).
A partir do seu regresso , acompanhamos uma figura que está apenas na espiral de um final trágico (e que o próprio parece desejar , sabendo a sua dificuldade de se libertar da obsessão , e a incapacidade de seguir com uma vida normal). O Alfred faz-lhe ver isso , levando até ao seu afastamento.
"Yes, this city needs Bruce Wayne. Your resources, your knowledge... It doesn't need your body. Not your life. That time has passed."
"You see only one end to your journey"
O resultado das suas acções levam-no para o Pit. Um buraco onde a esperança corroí as pessoas mas… Sometimes, a man rises from the darkness. É exactamente isto que acontece naquele buraco. É ai que ele vai-se restaurar como individuo(exactamente a função dos Lazarus na bd. A recuperação física , mental e espiritual da pessoa). É curioso a simetria entre o momento em que o Bruce treina para se transformar no Batman , alienando os seus medos , e só vai recuperar o domínio sobre o seu alter-ego , quando restaura a sua humanidade mais básica…o medo de morrer. A partir do momento em que consegue subir o poço, o inevitável não ocorre. A morte do Bruce era o seu falhanço final.
Estes filmes do Nolan , não são propriamente as obras mais subtis (o Begins parece um vídeo inspiracional
)
Repara-se em dois excertos da Rachel
(do imdb para não me enganar)
No final do Begins
O filme recorre a muita imagética das obras passadas , para criar paralelismos , simetrias , e fá-lo também regressando ao significado dos símbolos , e o que representam. A ideia converge no trajecto do Blake e do Bruce ao longo do filme. É curioso perceber que a figura do Batman é um paralelo da ideia do Ra’s e o seu destino. Ele é uma figura representativa de uma organização que procurava repor o equilíbrio em estruturas sociais que tinham atingido o limite da indecência. O Bruce acaba por ser o sucessor natural dessa figura , não através do caos e da destruição , mas apelando á regeneração pelo lado positivo das pessoas. Ele assume a missão do seu mentor mas reverte a forma de actuar. E cria um legado .
O ponto que eu tenho pena de não existir mais tempo para desenvolver , é a Miranda Tate. A sua personagem tem relevância e não é apenas um truque narrativo(que nem é nada subtil , ela a certa altura até cita o pai
). A maioria dos vilões do Batman representam algo do próprio. Seria natural que fosse o Bane a personagem que gerasse paralelismo , mas é no caso da Talia que se pode traçar várias simetrias. O Bruce é o príncipe de Gotham , nascido num berço de ouro. A Talia é neta de um Warlord e nasce num buraco sem esperanças. Recorre-se para ambas as personagens, a ideia da ascensão de buracos (fisicos , emocionais , ou literais) . O Bruce aprende a reerguer-se dos falhanços com o apoio do pai , e aprende que estes são uma mera fase de um processo. A talia fá-lo sozinha por necessidade de sobrevivência. Com a morte dos pais , o Bruce canaliza o seu sentimento de vingança para criar uma identidade que possa salvar Gotham. A Talia após a morte do pai , assume uma diferente identidade para destruir Gotham e concretizar a sua vingança (sobre o assassino). Tudo aquilo que permitiu ao Bruce conseguir desviar-se da sua fúria por justiça , a Talia não tem acesso (pelo contrário vai-se agravando ao longo da vida). Culmina as acções na cena da faca , onde mais uma vez o Bruce é traído pelo seu apego emocional e confiança que deposita em quem o rodeia (e um pormenor engraçado que não reparei inicialmente , ele responde a isso na voz de Bruce e não com o tom ríspido do Batman). A Talia acaba por ter uma caracterização forte , recorrendo-se ao contraponto com o nosso herói. Mas como passamos pouco tempo com ela , o seu sacrifício não tem o impacto possível.
A Catwoman acaba por ser o outro lado da moeda. É a fé inabalável que ele tem sobre as pessoas , que gera resultados. É a sua persistência em acreditar nela , que acaba por o salvar.
Creio que o tempo vai ser muito generoso com estes filmes. Não recorrem muito ao cgi , não se perde a ilusão em sets manhosos , e acabma por ser uma representação da própria era onde se situam.
Tal como o Begins , este filme parece expandir-se quando se revê. E a sua sua execução é impecável como o TDK .
Espero que a wb lance uma edição da trilogia , que não seja apenas o reeditar dos blus do Begins e TDK.
Ver o Bruce a subir o Pit , ou aquele final após a bomba , com o funeral e o discurso do Caine , a estátua , o Fox a sorrir , o Gordon embasbacado em ver o bat-signal reconstruído , o Caine no café e o Blake na cave…são bombas de adrenalina de emoção. Os finais do Begins (i never said thank you…and you will never have to) e do TDK (que ainda é para mim a mais fiel representação do estilo narrativo de uma página de bd , com os cortes entre a narração do gordon , a acção do batman e o discurso sobre o harvey) já eram épicos , mas este vai mais além.
Aquilo que me pareceu disperso inicialmente, agora é muito mais compacto. Existe um grande equilíbrio entre os diferentes acontecimentos, e a convergência dos mesmos. Mas a minha maior surpresa revendo o filme é o Blake , e o seu papel na orgânica da própria história. Um filho de Gotham inspirado pelo Batman, e moldado pelo Gordon. A sua aparição no final é naturalíssimo
Um aparte para falar do Gordon…o Oldman é uma máquina. Impecável como o policia amargurado, sem família e que vive desolado por contribuir para uma mentira que o corrói .
"You’re in for a show tonight son"…era a melhor frase de promoção do filme, porque o se segue é realmente de rompante. Sobre a acção , não tenho nada a acrescentar . É bombástica. Colocaria o Bane vs Batman ao lado do interrogatório com o Joker ,como as melhores cenas da trilogia (o sound design da cena é tremendo) . Todo é filme é visualmente muito elegante (tirando aquele fade ranhoso do Ra’s e o zoom rápido sobre o Foley que dá um ar cómico á cena).
O Rises é um filme do Bruce Wayne , e a exploração de um dos temas mais clássicos da bd de super herois…a linha que separa a pessoa do seu alter ego. O Nolan no inicio propõe-nos um What If das consequências do final do TDK. E se Gotham não necessitasse mais do Batman ? E se o sistema conseguisse dominar o crime ? Só lhe restava actuar como uma figura importante por uma cidade melhor. E o que nos é feito notar ? O falhanço do Bruce Wayne nesse papel. Não podendo recorrer ao Batman , a sua resposta é o exílio (3 anos). É o momento da quebra da personagem . Não funciona como um capricho narrativo. A fase inicial da história diz-nos imenso sobre a personagem e a forma como ele lida com a sua própria dualidade. A sensação do seu afastamento é real (e é interessante perceber que o filme demora o seu tempo até vermos o Batman novamente de capa).
A partir do seu regresso , acompanhamos uma figura que está apenas na espiral de um final trágico (e que o próprio parece desejar , sabendo a sua dificuldade de se libertar da obsessão , e a incapacidade de seguir com uma vida normal). O Alfred faz-lhe ver isso , levando até ao seu afastamento.
"Yes, this city needs Bruce Wayne. Your resources, your knowledge... It doesn't need your body. Not your life. That time has passed."
"You see only one end to your journey"
O resultado das suas acções levam-no para o Pit. Um buraco onde a esperança corroí as pessoas mas… Sometimes, a man rises from the darkness. É exactamente isto que acontece naquele buraco. É ai que ele vai-se restaurar como individuo(exactamente a função dos Lazarus na bd. A recuperação física , mental e espiritual da pessoa). É curioso a simetria entre o momento em que o Bruce treina para se transformar no Batman , alienando os seus medos , e só vai recuperar o domínio sobre o seu alter-ego , quando restaura a sua humanidade mais básica…o medo de morrer. A partir do momento em que consegue subir o poço, o inevitável não ocorre. A morte do Bruce era o seu falhanço final.
Estes filmes do Nolan , não são propriamente as obras mais subtis (o Begins parece um vídeo inspiracional

Repara-se em dois excertos da Rachel
(do imdb para não me enganar)
No final do Begins
A mesma alegoria a um Bruce perdido na sua obsessão regressa no TDK e na carta que a Rachel lhe deixa[Rachel touches Bruce's face] No, *this* is your mask. Your real face is the one that criminals now fear. The man I loved - the man who vanished - he never came back at all. But maybe he's still out there, somewhere. Maybe some day, when Gotham no longer needs Batman, I'll see him again.
A sua regeneração como indivíduo é o maior desenvolvimento do Bruce desde a morte dos pais. É um final muito arrojado, mas que vai sempre em linha com a história inicial da personagem, e que o Nolan se comprometeu. A sua morte era a traição final. A sua missão foi atingida. Como um símbolo , quebrar a apatia da cidade , e ser capaz de inspirar o bem dos outros . E como homem, ser capaz de seguir com a sua vida. O Rises não é o capitulo final no Batman , nem sequer o ultimo momento que o Bruce vai vestir a capa…é sim sobre a ascensão do Bruce Wayne para a vida , á qual ele nunca soube reagir após a morte dos pais.…When I told you that if Gotham no longer needed Batman we could be together, I meant it. But now I'm sure the day won't come when *you* no longer need Batman. I hope it does; and if it does I will be there, but as your friend. I'm sorry to let you down. If you lose your faith in me, please keep your faith in people.
O filme recorre a muita imagética das obras passadas , para criar paralelismos , simetrias , e fá-lo também regressando ao significado dos símbolos , e o que representam. A ideia converge no trajecto do Blake e do Bruce ao longo do filme. É curioso perceber que a figura do Batman é um paralelo da ideia do Ra’s e o seu destino. Ele é uma figura representativa de uma organização que procurava repor o equilíbrio em estruturas sociais que tinham atingido o limite da indecência. O Bruce acaba por ser o sucessor natural dessa figura , não através do caos e da destruição , mas apelando á regeneração pelo lado positivo das pessoas. Ele assume a missão do seu mentor mas reverte a forma de actuar. E cria um legado .
O ponto que eu tenho pena de não existir mais tempo para desenvolver , é a Miranda Tate. A sua personagem tem relevância e não é apenas um truque narrativo(que nem é nada subtil , ela a certa altura até cita o pai

A Catwoman acaba por ser o outro lado da moeda. É a fé inabalável que ele tem sobre as pessoas , que gera resultados. É a sua persistência em acreditar nela , que acaba por o salvar.
Creio que o tempo vai ser muito generoso com estes filmes. Não recorrem muito ao cgi , não se perde a ilusão em sets manhosos , e acabma por ser uma representação da própria era onde se situam.
Tal como o Begins , este filme parece expandir-se quando se revê. E a sua sua execução é impecável como o TDK .
Penso que já li aqui no tópico , que é possível que seja a cowl do Batman. Mas ainda não existem detalhes._RaDiOaCtIvE_ wrote:http://www.fnac.pt/Batman-O-Cavaleiro-d ... &Nu=1&Fr=2
Alguém faz idéia de como será a packing case?
Espero que a wb lance uma edição da trilogia , que não seja apenas o reeditar dos blus do Begins e TDK.
" Listen, you fuckers, you screwheads. Here is a man who would not take it anymore. A man who stood up against the scum, the cunts, the dogs, the filth, the shit. Here is a man who stood up." Travis Bickle in Taxi Driver
Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Grande texto, Jimmy! Para complementar o anterior, que também já tinha saído muito bem. (e não estou a falar da vertente do gosto, estou a falar da vertente da análise estrutural, à narrativa e às personagens). 

«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Câmara Subjectiva
Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Sem ofensa para o Jimmy mas...
Isto é tudo muito bonito, inteligente e racional mas até parece que viram outro filme, que andaram a ler o guião e a pesquisar na net e não viram com olhos de ver o que se estava a passar na tela.
O filme não é mau mas para mim é aborrecido e a execução frouxa, desinspirada.
O problema se calhar é meu, já vi filmes demais e não me deixo encantar com tão pouco.
O Return of The Jedi é o filme mais fraco de todos, depois do Empire (o melhor de todos) e da sua vertente mais adulta damos de caras com um filme infantil, já na altura da estreia eu achava isso, depois aquando da reprise que vi no Condes em inícios de 1990 isto veio reforçar ainda mais a minha opinião, ficávamos melhor sem a treta dos Ewoks, destruiram os filme da mesma maneira que o Jar Jar estragou a prequela Ameaça Fantasma.
Isto é tudo muito bonito, inteligente e racional mas até parece que viram outro filme, que andaram a ler o guião e a pesquisar na net e não viram com olhos de ver o que se estava a passar na tela.
O filme não é mau mas para mim é aborrecido e a execução frouxa, desinspirada.
O problema se calhar é meu, já vi filmes demais e não me deixo encantar com tão pouco.
O Return of The Jedi é o filme mais fraco de todos, depois do Empire (o melhor de todos) e da sua vertente mais adulta damos de caras com um filme infantil, já na altura da estreia eu achava isso, depois aquando da reprise que vi no Condes em inícios de 1990 isto veio reforçar ainda mais a minha opinião, ficávamos melhor sem a treta dos Ewoks, destruiram os filme da mesma maneira que o Jar Jar estragou a prequela Ameaça Fantasma.
Disclaimer: As opiniões aqui expressas são de minha inteira responsabilidade e não refletem, necessariamente, a opinião do Fórum.
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Mais uma vez, de acordo com o Bladder.
O texto é rico em referências, analogias e metáforas.
No entanto, como de boas intenções está a Assembleia da República cheia, o filme em questão é o que é, não o que desejamos que seja.
"The Dark Knight Rises" vive muito de fait-divers, expectativas e histeria em massa criadas pelo seu antecessor, e uma estranha adoração pelo seu realizador.
O futuro próximo não será simpático para com o filme, estou convicto de que as suas muitas fraquezas irão atirá-lo para a prateleira dos "quase bons".
O texto é rico em referências, analogias e metáforas.
No entanto, como de boas intenções está a Assembleia da República cheia, o filme em questão é o que é, não o que desejamos que seja.
"The Dark Knight Rises" vive muito de fait-divers, expectativas e histeria em massa criadas pelo seu antecessor, e uma estranha adoração pelo seu realizador.
O futuro próximo não será simpático para com o filme, estou convicto de que as suas muitas fraquezas irão atirá-lo para a prateleira dos "quase bons".
"I WAS fire and life incarnate!"
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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Assumindo, claro, que somos todos iguais.DarkPhoenix wrote: o filme em questão é o que é, não o que desejamos que seja.

Eu concordo com o Bladder, mas apenas na questão de não termos visto o mesmo filme.
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«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Câmara Subjectiva
Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Mal era se a sensibilidade de ver um filme fosse uma espécie de pensamento colectivo.
Eu também concordo com o Bladder , efectivamente não vimos o mesmo filme.
Obrigado pelo elogio Sam
Eu também concordo com o Bladder , efectivamente não vimos o mesmo filme.
Obrigado pelo elogio Sam

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Re: The Dark Knight Rises (2012) - Christopher Nolan
Samwise wrote:Assumindo, claro, que somos todos iguais.DarkPhoenix wrote: o filme em questão é o que é, não o que desejamos que seja.![]()
Eu concordo com o Bladder, mas apenas na questão de não termos visto o mesmo filme.
Não tem nada a ver com "sermos todos iguais", nem com o gosto pessoal.
Eu gosto muito do "Commando", mas não vou negar as suas inúmeras fraquezas.....
A arte tem regras, vulgarmente chamado de método.
O cinema de acção mainstream rege-se por parâmetros relativamente rígidos, os seus argumentos devem ser precisos, claros, desenvoltos, credíveis, interessantes e rítmicos, e como tal podem ser facilmente avaliados e classificados, independentemente do gosto individual de A ou B, ou 99% do abecedário.
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