Qual foi o último filme que viram ?
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				Pedro Pereira de Carvalho
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Re: Qual foi o último filme que viram ?
Hoje estive a rever mais um filme, que já não via há muitos anos. Lembro-me de o ver pela primeira vez em televisão há mais de 30 anos ainda numa TV a preto e branco, apesar de o filme ser a cores. De resto o filme bem podia ser filmado a preto e branco como cinema noir que é.
O Ofício de Matar - "Le Samouraï"

É talvez o papel mais icónico da carreira de Alain Delon, no papel do assassino Jef Costello. O realizador Jean-Pierre Melville iria inspirar toda uma nova geração cinematográfica francesa a Nouvelle Vague e não só. Entre os realizadores que confessarem ter sido influenciados por ele, temos nomes como, François Truffaut, Jean-Luc Godard, John Woo, Quentin Tarantino, Johnnie To e Martin Scorsese, entre muitos outros.
O filme começa com uma citação apócrifa do Livro do Bushido - na realidade é uma invenção do realizador:
"II n’y a pas de plus profonde solitude que celle du samouraï ; si ce n’est celle du tigre dans la jungle, peut-être… "
"Não há maior solidão do que a do Samurai, à excepção, talvez, da do tigre, na selva..."
E é da solidão que se fala ao longo de todo o filme, uma solidão gelada que percorre o protagonista. Logo no início conhecemos o apartamento onde se encontra o protagonista, um imenso vazio de objectos pessoais, local velho e deprimente, onde apenas se destacam o icónico chapéu e gabardina pendurados à entrada e a gaiola com o seu pássaro, o único elemento a humanizar o protagonista e que servirá de resto, mais para o meio do filme, para avançar com a acção.
Como nos filmes de Alfred Hitchcock, o MacGuffin do filme é o assassinato de um elemento de um nightclub, do qual nunca saberemos a razão e que nunca nos preocupa grandemente ao longo do filme.
Um homem sem passado - nunca sabemos de onde vem ou o que o levou a esta vida. Alain Delon é simplesmente soberbo, gestos mecânicos efectuado com precisão e sem desperdícios, um olhar gelado e num quase pastiche dos anti-heróis americanos com a sua gabardina e chapéu numa clara influência do cinema noir americano, nomeadamente Humphrey Bogart.
Não temos a mínima dúvida que o protagonista não é um herói quando assassina o ?proprietário? do nightclub, ou mesmo antes, desde o roubo do carro quase no início do filme - cena essa que será quase repetida mais para o fim num quase ciclo vicioso - uma coreografia brilhante, tal como as cenas desde a quase comédia de portas na esquadra quando o inspector tenta apanhar o nosso protagonista em falso, ou a cena da perseguição no metro, sem os excessos dos filmes de acção modernos, mas igualmente eficaz. Apesar de assassino Jeff Costello tem um código, que é visível quando mata, deixa sempre a vítima sacar primeiro e como um samurai moderno reage com uma velocidade vertiginosa e com mortífera exactidão.
No entanto o filme é algo mais, com diálogos minimalistas e sons de fundo quase sem música, com excepção das músicas tocadas pela pianista, e ainda o tema musical, que só ocorre de forma discreta mas marcante, quando o protagonista se encontra sozinho em casa, o que acentua a sua solidão.
Solidão essa apenas quebrada pelas vicissitudes do seu trabalho - o tal "Ofício de Matar" do título português - pelo seu pássaro na gaiola, e pelas duas figuras femininas que surgem na vida do protagonista.
Uma vem do seu passado - a bela Jane Lagrange (Nathalie Delon), à altura casada com o protagonista, no papel de uma quase prostituta, como afirmado pelo tom provocador do inspector da polícia - uma excelente interpretação de François Périer - sustentada por um homem mais velho, e ao mesmo tempo cúmplice e amante de Jeff Costello. Do seu passado em comum nada se sabe, nem se irá saber.
Outra é Valérie (Cathy Rosier), a pianista, uma misteriosa personagem que por alguma razão inocenta Jeff Costello do primeiro crime, e que sabe mais do que aparenta - mais um MacGuffin.
São também essas duas mulheres que levam Jeff Costello à sua despedida, num final que inicialmente parece banal, falhado e desapontador, e se revela muito mais, quando o inspector faz a sua análise, que nos leva a deixar o filme maravilhados com a simplicidade com que esse mesmo final se torna inesquecível.
			
			
									
						
							O Ofício de Matar - "Le Samouraï"

É talvez o papel mais icónico da carreira de Alain Delon, no papel do assassino Jef Costello. O realizador Jean-Pierre Melville iria inspirar toda uma nova geração cinematográfica francesa a Nouvelle Vague e não só. Entre os realizadores que confessarem ter sido influenciados por ele, temos nomes como, François Truffaut, Jean-Luc Godard, John Woo, Quentin Tarantino, Johnnie To e Martin Scorsese, entre muitos outros.
O filme começa com uma citação apócrifa do Livro do Bushido - na realidade é uma invenção do realizador:
"II n’y a pas de plus profonde solitude que celle du samouraï ; si ce n’est celle du tigre dans la jungle, peut-être… "
"Não há maior solidão do que a do Samurai, à excepção, talvez, da do tigre, na selva..."
E é da solidão que se fala ao longo de todo o filme, uma solidão gelada que percorre o protagonista. Logo no início conhecemos o apartamento onde se encontra o protagonista, um imenso vazio de objectos pessoais, local velho e deprimente, onde apenas se destacam o icónico chapéu e gabardina pendurados à entrada e a gaiola com o seu pássaro, o único elemento a humanizar o protagonista e que servirá de resto, mais para o meio do filme, para avançar com a acção.
Como nos filmes de Alfred Hitchcock, o MacGuffin do filme é o assassinato de um elemento de um nightclub, do qual nunca saberemos a razão e que nunca nos preocupa grandemente ao longo do filme.
Um homem sem passado - nunca sabemos de onde vem ou o que o levou a esta vida. Alain Delon é simplesmente soberbo, gestos mecânicos efectuado com precisão e sem desperdícios, um olhar gelado e num quase pastiche dos anti-heróis americanos com a sua gabardina e chapéu numa clara influência do cinema noir americano, nomeadamente Humphrey Bogart.
Não temos a mínima dúvida que o protagonista não é um herói quando assassina o ?proprietário? do nightclub, ou mesmo antes, desde o roubo do carro quase no início do filme - cena essa que será quase repetida mais para o fim num quase ciclo vicioso - uma coreografia brilhante, tal como as cenas desde a quase comédia de portas na esquadra quando o inspector tenta apanhar o nosso protagonista em falso, ou a cena da perseguição no metro, sem os excessos dos filmes de acção modernos, mas igualmente eficaz. Apesar de assassino Jeff Costello tem um código, que é visível quando mata, deixa sempre a vítima sacar primeiro e como um samurai moderno reage com uma velocidade vertiginosa e com mortífera exactidão.
No entanto o filme é algo mais, com diálogos minimalistas e sons de fundo quase sem música, com excepção das músicas tocadas pela pianista, e ainda o tema musical, que só ocorre de forma discreta mas marcante, quando o protagonista se encontra sozinho em casa, o que acentua a sua solidão.
Solidão essa apenas quebrada pelas vicissitudes do seu trabalho - o tal "Ofício de Matar" do título português - pelo seu pássaro na gaiola, e pelas duas figuras femininas que surgem na vida do protagonista.
Uma vem do seu passado - a bela Jane Lagrange (Nathalie Delon), à altura casada com o protagonista, no papel de uma quase prostituta, como afirmado pelo tom provocador do inspector da polícia - uma excelente interpretação de François Périer - sustentada por um homem mais velho, e ao mesmo tempo cúmplice e amante de Jeff Costello. Do seu passado em comum nada se sabe, nem se irá saber.
Outra é Valérie (Cathy Rosier), a pianista, uma misteriosa personagem que por alguma razão inocenta Jeff Costello do primeiro crime, e que sabe mais do que aparenta - mais um MacGuffin.
São também essas duas mulheres que levam Jeff Costello à sua despedida, num final que inicialmente parece banal, falhado e desapontador, e se revela muito mais, quando o inspector faz a sua análise, que nos leva a deixar o filme maravilhados com a simplicidade com que esse mesmo final se torna inesquecível.
Pedro Pereira de Carvalho - 56 anos - Lisboa
			
						Re: Qual foi o último filme que viram ?
Um dos meus filmes preferidos.
			
			
									
						
										
						Re: Qual foi o último filme que viram ?
Grande  crítica ao Samurai, aproveitei e revi também.
SPOILERS GALORE! Mesmo.
Na cena inicial em que nos é apresentada a personagem, não deixei de pensar no Carteirista do Bresson, outro alienado social a viver num quarto minúsculo, imundo e sem quaisquer posses materiais. Ambos têm algo em comum, e no fim do Carteirista, este está calejado na sua arte, e perde a última ligação que tinha com outra pessoa. Jef inicia o filme já neste ponto, a maior ligação que possui é com o seu pássaro. Afinal, está tão rotinizado e perito no seu ofício que vai à "oficina" e nem troca uma única palavra com o "mecânico". Mesmo a suposta namorada, serve apenas para confirmar alibis: "vais dizer que estive aqui das 19:00 às 02:00". Grande parte do seu dia consiste em estar no quarto alugado à espera que o telefone toque com o próximo contrato. A sua única companhia é assim o pássaro, e daí o caráter mítico da citação inicial do tigre na floresta.
O mundo do protagonista é frio e absolutamente mecânico, algo que a paleta visual transmite muito bem, tudo é azul, cinzento e castanho, tudo parece feito de metal ou acrílico. Ao ver o bar e a esquadra da polícia, não deixei de pensar na fábrica d' O Meu Tio e a Tativile de Playtime, o objetivo é semelhante e julgo ser propositado, pois antes de Jef chegar ao bar, o carro passa junto a um toldo onde se lê Tati, uma homenagem?
Já o Pedro referiu "a sinfonia das portas", e há realmente algo de cómico e de Tati nessa cena.
Quanto ao final, não parece tão despropositado quanto à primeira vista pode parecer. Jef é o melhor naquilo que faz: a calma, o cool com que rouba o primeiro carro, com que se defronta com as testemunhas na identificação, mostram um profissional inveterado e impertubável em qualquer situação. Está on top of his game, como na magnífica sequência em que ele anda às voltas após sair da esquadra para despistar quem o segue.
Mas ao longo do filme há vários sinais que Jef começa a falhar e a deixar-se apanhar neste jogo de gato e rato: o ser apanhado pela polícia, o deixar-se ferir em duelo. E mais explícito ainda, o não conseguir despistar a polícia na segunda sequência no metro e o pânico que lhe percorre a face no segundo roubo do carro. Este tigre está a ser impiedosamente caçado e está condenado à extinção. E o que faz um samurai quando sente que falhou o seu patrão? Seppuku, daí ter ido ao clube com a arma descarregada. E se da primeira vez fui apanhado desprevenido, agora notei o que entendi como dois sinais do que estava a planear fazer, nomeadamente, quando o "mecânico" lhe diz que é a última vez que o ajuda, o O.K. que ele diz dá a entender que realmente não voltará lá. E ao chegar ao clube, entrega o chapéu na receção, e deixa no balcão a senha que recebe. Não faz tenções de sair dali.
Um filme brilhante!
			
			
									
						
							SPOILERS GALORE! Mesmo.
Na cena inicial em que nos é apresentada a personagem, não deixei de pensar no Carteirista do Bresson, outro alienado social a viver num quarto minúsculo, imundo e sem quaisquer posses materiais. Ambos têm algo em comum, e no fim do Carteirista, este está calejado na sua arte, e perde a última ligação que tinha com outra pessoa. Jef inicia o filme já neste ponto, a maior ligação que possui é com o seu pássaro. Afinal, está tão rotinizado e perito no seu ofício que vai à "oficina" e nem troca uma única palavra com o "mecânico". Mesmo a suposta namorada, serve apenas para confirmar alibis: "vais dizer que estive aqui das 19:00 às 02:00". Grande parte do seu dia consiste em estar no quarto alugado à espera que o telefone toque com o próximo contrato. A sua única companhia é assim o pássaro, e daí o caráter mítico da citação inicial do tigre na floresta.
O mundo do protagonista é frio e absolutamente mecânico, algo que a paleta visual transmite muito bem, tudo é azul, cinzento e castanho, tudo parece feito de metal ou acrílico. Ao ver o bar e a esquadra da polícia, não deixei de pensar na fábrica d' O Meu Tio e a Tativile de Playtime, o objetivo é semelhante e julgo ser propositado, pois antes de Jef chegar ao bar, o carro passa junto a um toldo onde se lê Tati, uma homenagem?
Já o Pedro referiu "a sinfonia das portas", e há realmente algo de cómico e de Tati nessa cena.
Quanto ao final, não parece tão despropositado quanto à primeira vista pode parecer. Jef é o melhor naquilo que faz: a calma, o cool com que rouba o primeiro carro, com que se defronta com as testemunhas na identificação, mostram um profissional inveterado e impertubável em qualquer situação. Está on top of his game, como na magnífica sequência em que ele anda às voltas após sair da esquadra para despistar quem o segue.
Mas ao longo do filme há vários sinais que Jef começa a falhar e a deixar-se apanhar neste jogo de gato e rato: o ser apanhado pela polícia, o deixar-se ferir em duelo. E mais explícito ainda, o não conseguir despistar a polícia na segunda sequência no metro e o pânico que lhe percorre a face no segundo roubo do carro. Este tigre está a ser impiedosamente caçado e está condenado à extinção. E o que faz um samurai quando sente que falhou o seu patrão? Seppuku, daí ter ido ao clube com a arma descarregada. E se da primeira vez fui apanhado desprevenido, agora notei o que entendi como dois sinais do que estava a planear fazer, nomeadamente, quando o "mecânico" lhe diz que é a última vez que o ajuda, o O.K. que ele diz dá a entender que realmente não voltará lá. E ao chegar ao clube, entrega o chapéu na receção, e deixa no balcão a senha que recebe. Não faz tenções de sair dali.
Um filme brilhante!
CC - 174 MoC - 73 BFI - 21
			
						Re: Qual foi o último filme que viram ?
Eu gostei tanto de O Samurai que resolvi fazer uma capa diferente para o DVD pois ao contrário do poster acima o Delon não é esquerdino
http://www.flickr.com/photos/42181479@N ... /lightbox/
 
			
			
									
						
										
						http://www.flickr.com/photos/42181479@N ... /lightbox/

Re: Qual foi o último filme que viram ?
No Angel não posso falar de «Um Elétrico Chamado Desejo» porque ainda não o vi, mas espero em breve fazê-lo!   
 
Excelentes críticas Pedro! , «Le Samourai», mais um filme que pretendo ver há muito tempo. A tua crítica só aguçou-me mais o apetite! :)
			
			
									
						
										
						 
 Excelentes críticas Pedro! , «Le Samourai», mais um filme que pretendo ver há muito tempo. A tua crítica só aguçou-me mais o apetite! :)
Re: Qual foi o último filme que viram ?
Por acaso pensei que ja o tivesses vistorui sousa wrote:No Angel não posso falar de «Um Elétrico Chamado Desejo» porque ainda não o vi, mas espero em breve fazê-lo!
 Sendo assim, espero aqui pela tua opiniao.
  Sendo assim, espero aqui pela tua opiniao.Para mim, esse e um daqueles filmes imortais, uma referencia para mim, com uma das maiorias e eletrificantes duplas do cinema: Marlon Brando e Vivien Leigh. Para mim, a atuaçao da Vivien Leigh e uma das melhores de sempre, e nao tenho adjetivos que cheguem para a elogiar nesse papel. O Brando tambem esteve fantastico, mas o papel dele nao tem o interesse nem a complexidade da Blanche DuBois, que para mim e o centro do filme
 
 E e muito interessante ver o choque de estilos de representaçoes do Brando e da Leigh, que, como as proprias personagens em si, sao totalmente opostos e que resultam perfeitamente juntos.
O unico senao do filme e a cena final, que foi imposta pela censura da epoca...
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				Pedro Pereira de Carvalho
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Re: Qual foi o último filme que viram ?
paupau, é melhor utilizares a tag spoiler em vez do aviso. Tens um botão da tag spoiler no topo das janelas de resposta (não no Quick Reply - mas podes sempre colocar spoiler e /spoiler entre parêntisis rectos com o texto entre eles a ficar escondido.
 
			
			
									
						
							Pedro Pereira de Carvalho - 56 anos - Lisboa
			
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				Pedro Pereira de Carvalho
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Re: Qual foi o último filme que viram ?

A Sombra do Samurai - Tasogare Seibei / The Twilight Samurai
Por associação de ideias do outro filme que revi recentemente - "Le Samouraï" - voltei a ver um filme que para mim se tornou um clássico, aquele tipo de filme que revemos vezes sem conta, sempre com novos pormenores a descobrir e que sempre nos satisfaz. São poucos os filmes deste calibre, os clássicos de Frank Capra, Casablanca, Blade Runner e alguns outros velhos conhecidos que nunca nos largam e nunca envelheçem. É, no entanto, um filme algo recente de 2002, tendo sido nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2003, e na minha opinião injustamente vencido por As Invasões Bárbaras - "Les Invasions Barbares". Em compensação recebeu múltiplos prémios no Japão e países limítrofes. Um filme algo esquecido e ignorado por muita gente, algo que pretendo corrigir aqui no fórum.
A personagem principal é Seibi Iguchi, um samurai. No entanto é um samurai diferente dos nossso conhecidos, que vivem em palácios e em grandes cenários com duelos elaborados. Trata-se de um modesto samurai da província, longe do esplendor dos grandes samurais.
Uma pessoa que possui algum nível de conhecimentos mas pobre. Viúvo, endividado pelo pagamento de um funeral condigno da sua falecida mulher, com duas filhas menores, bem como a sua mãe já demente à sua guarda, desprezado por familiares e colegas, que em tom de troça lhe chamam o Samurai do Crepúsculo uma belíssima tradução que é completamente desprezada no título nacional do filme.
Maltrapilho e mal cheiroso, por falta de dinheiro e tempo disponível, cuida da terra que é sua, da sua família e recebe um modesto rendimento do seu trabalho como membro da feitoria de uma pequena aldeia da província. De seu apenas tem a pequena propriedade em redor da sua modesta casa, e como servidor um simplório atrasado. Para ganhar algum dinheiro extra vende gaiolas de madeira para os gafanhotos construídas por si com alguma ajuda das filhas, já que os gafanhotos como animais domésticos estava muito na moda na altura, uma tradição hoje desaparecida.
A filha mais velha com apenas 10 anos, ajuda a cuidar da irmã de 5 e da avó demente. É ela a voz off que vai acompanhando o filme com os seus comentários sempre judiciosamente escolhidos que fluem harmoniosamente com a história. Particularmente pungente é a sua voz e figura mesmo no final do filme, envelhecida e relembrando o pai que as amava.
Tudo vai mudar no entanto com o aparecimento de uma antiga companheira de brincadeiras de infância, a irmã de um seu conhecido amigo, recém-divorciada de um marido abusador e cruel.
A história segue um caminho prevísivel, mas é todo o universo que acompanha esta família que nos leva a outro nível.
Não possuo conhecimentos suficientes da cultura japonesa para confirmar a 100%, mas o que me parece evidente ao longo deste filme é algo como a vida real da altura.
Não fora a extraordinária fotografia e história do filme e pensaria em muitos casos estar a assistir a um documentário da época em questão, sobre a vida na província. Veja-se o festival local a que a sua amiga Tomoe e as filhas de Iguchi acompanham, ou a habitação do nosso protagonista.
Ainda me lembro, nos meus tempos de criança, numa pequena aldeia de Trás-os-Montes onde passávamos as férias, ver panelas de ferro penduradas ao lume para fazer a comida exactamente iguais (um pouco maiores) à existente na modesta habitação do filme.
Em pano de fundo, a acompanhar o título de O Samurai do Crepúsculo, decorre o crepúsculo dos samurais, a evolução para um exército moderno com armas de fogo e as lutas internas a decorrer no Japão da altura, apenas afloradas ao longo do filme, mas nunca esquecidas.
Iguchi é sábio e ama profundamente as filhas e a sua terra, apesar de todas as contrariedades. No entanto é humano, com os erros e tentações que lhe surgiram no decorrer da vida a serem revelados ao longo do filme, com franquezas como o estado deplorável em que se apresenta, a tentativa de escapar aos deveres de samurai sempre que impliquem a morte de um adversário.
No seu crepúsculo que se une com o crepúsculo de uma era, a era dos samurais, vemos ainda um refulgir final daquele samurai, quando enfrenta um perigoso fugitivo que se recusa a cometer o suícidio ritual como pena pela queda do seu patrão numa tentativa falhada de golpe de estado.
E o final de Iguchi, anos mais tarde do qual só saberemos pela voz e presença final da filha, é simultâneamente amargo e doce, um fim que se despede de nós com uma triste melancolia por uma era e por um pai que já não existem, excepto na sua memória e no seu coração.
Pedro Pereira de Carvalho - 56 anos - Lisboa
			
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Re: Qual foi o último filme que viram ?
Pedro, em grande forma nestas tuas reviews.
Só falta dizeres onde comprar esses filmes, estás-me a obrigar a pesquisar.
Já pensei um mini cantinho para o cinema asiático...
			
			
									
						
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Já pensei um mini cantinho para o cinema asiático...
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Re: Qual foi o último filme que viram ?
Concordo com a excelente crítica que o Pedro Pereira de Carvalho fez. Quero apenas acrescentar que este filme é o primeiro de uma trilogia realizada por Yôji Yamada. Os outros dois chamam-se: "The Hidden Blade" e "Love and Honor". Infelizmente o último da trilogia não saiu em Portugal mas existe em dvd no Reino Unido.Pedro Pereira de Carvalho wrote: A Sombra do Samurai - Tasogare Seibei / The Twilight Samurai
Por associação de ideias do outro filme que revi recentemente - "Le Samouraï" - voltei a ver um filme que para mim se tornou um clássico, aquele tipo de filme que revemos vezes sem conta, sempre com novos pormenores a descobrir e que sempre nos satisfaz. São poucos os filmes deste calibre, os clássicos de Frank Capra, Casablanca, Blade Runner e alguns outros velhos conhecidos que nunca nos largam e nunca envelheçem. É, no entanto, um filme algo recente de 2002, tendo sido nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2003, e na minha opinião injustamente vencido por As Invasões Bárbaras - "Les Invasions Barbares". Em compensação recebeu múltiplos prémios no Japão e países limítrofes. Um filme algo esquecido e ignorado por muita gente, algo que pretendo corrigir aqui no fórum.
A personagem principal é Seibi Iguchi, um samurai. No entanto é um samurai diferente dos nossso conhecidos, que vivem em palácios e em grandes cenários com duelos elaborados. Trata-se de um modesto samurai da província, longe do esplendor dos grandes samurais.
Uma pessoa que possui algum nível de conhecimentos mas pobre. Viúvo, endividado pelo pagamento de um funeral condigno da sua falecida mulher, com duas filhas menores, bem como a sua mãe já demente à sua guarda, desprezado por familiares e colegas, que em tom de troça lhe chamam o Samurai do Crepúsculo uma belíssima tradução que é completamente desprezada no título nacional do filme.
Maltrapilho e mal cheiroso, por falta de dinheiro e tempo disponível, cuida da terra que é sua, da sua família e recebe um modesto rendimento do seu trabalho como membro da feitoria de uma pequena aldeia da província. De seu apenas tem a pequena propriedade em redor da sua modesta casa, e como servidor um simplório atrasado. Para ganhar algum dinheiro extra vende gaiolas de madeira para os gafanhotos construídas por si com alguma ajuda das filhas, já que os gafanhotos como animais domésticos estava muito na moda na altura, uma tradição hoje desaparecida.
A filha mais velha com apenas 10 anos, ajuda a cuidar da irmã de 5 e da avó demente. É ela a voz off que vai acompanhando o filme com os seus comentários sempre judiciosamente escolhidos que fluem harmoniosamente com a história. Particularmente pungente é a sua voz e figura mesmo no final do filme, envelhecida e relembrando o pai que as amava.
Tudo vai mudar no entanto com o aparecimento de uma antiga companheira de brincadeiras de infância, a irmã de um seu conhecido amigo, recém-divorciada de um marido abusador e cruel.
A história segue um caminho prevísivel, mas é todo o universo que acompanha esta família que nos leva a outro nível.
Não possuo conhecimentos suficientes da cultura japonesa para confirmar a 100%, mas o que me parece evidente ao longo deste filme é algo como a vida real da altura.
Não fora a extraordinária fotografia e história do filme e pensaria em muitos casos estar a assistir a um documentário da época em questão sobre a vida na província. Veja-se o festival local a que a sua amiga Tomoe e as filhas de Iguchi acompanham, ou a habitação do nosso protagonista.
Ainda me lembro, nos meus tempos de criança, numa pequena aldeia de Trás-os-Montes onde passávamos as férias, ver panelas de ferro penduradas ao lume para fazer a comida exactamente iguais (um pouco maiores) à existente na modesta habitação do filme.
Em pano de fundo, a acompanhar o título de O Samurai do Crepúsculo, decorre o crepúsculo dos samurais, a evolução para um exército moderno com armas de fogo e as lutas internas a decorrer no japão da altura, apenas afloradas ao longo do filme, mas nunca esquecidas.
Iguchi é sábio e ama profundamente as filhas e a sua terra, apesar de todas as contrariedades. No entanto é humano, com os erros e tentações que lhe surgiram no decorrer da vida a serem revelados ao longo do filme, com franquezas como o estado deplorável em que se apresenta, a tentativa de escapar aos deveres de samurai sempre que impliquem a morte de um adversário.
No seu crepúsculo que se une com o crepúsculo de uma era, a era dos samurais, vemos ainda um refulgir final daquele samurai, quando enfrenta um perigoso fugitivo que se recusa a cometer o suícidio ritual como pena pela queda do seu patrão numa tentativa falhada de golpe de estado.
E o final de Iguchi, anos mais tarde do qual só saberemos pela voz e presença final da filha, é simultâneamente amargo e doce, um fim que se despede de nós com uma triste melancolia por uma era e por um pai que já não existem, excepto na sua memória e no seu coração.
Re: Qual foi o último filme que viram ?
Excelente ideia... Poderia ser que com esse destaque, para o cinema asiático, as distribuidoras que visitassem o fórum dessem mais atenção ao cinema asiático já que, na minha opinião, este está quase morto em Portugal.Rui Santos wrote: Já pensei um mini cantinho para o cinema asiático...
Re: Qual foi o último filme que viram ?

Faço aqui uma pequena confissão: não sou apreciador de filmes de terror. Não é por meterem medo (porque, pelo menos a maioria dos que eu vi, não me fizeram qualquer efeito mental - à exceção do «Shining», que ainda teve algum efeito, embora eu não o considere uma obra-prima), mas por duas razões completamente diferentes: a primeira, porque a generalidade dos filmes de terror vive dos mesmos lugares comuns e estereótipos de sempre: um ambiente perfeitamente natural, em que a história de fundo entre as personagens nada interessa para o desenvolvimento do filme, onde aparece, como sempre, um serial killer disposto a matar toda a gente sabe-se lá porquê ou um monstro que, muito previsivelmente, devora tudo o que lhe apareça à frente; a segunda razão é que a maioria dos filmes deste género cinematográfico tendem a ser, além de, como já expliquei, repetitivos, fazerem o uso de sangue e tripas para me tentarem assustar. Infelizmente, não é isso que me assusta. Uma vez fiquei espantado quando passei, numa aula de filosofia do ano passado, o filme «Tudo Bons Rapazes» de Martin Scorsese e da maior parte das pessoas ter ficado meio que "aterrorizada" com as cenas de violência do filme. Há apenas uma pequena diferença entre as cenas envolvendo pancadaria deste extraordinário filme de gangsters com, por exemplo, a chacina dos filmes da saga «Saw»: é que, pelo menos, em «Tudo Bons Rapazes» sabemos que aquilo que vemos é baseado numa história verídica... Talvez fosse por isso que meio mundo daquela turma tivesse algum medo das tropelias de Henry Hill e companhia... mas não. Foi mesmo só por causa do sangue. E a mim isso não faz qualquer tipo de confusão. Nem percebo como é que isso pode meter medo. Mas isto sou só eu, e não pretendo desrespeitar os apreciadores do género de terror. Talvez ainda não encontrei foi muitos filmes do género que me agradaram.
«Os Pássaros», um dos maiores êxitos comerciais da carreira do genial Alfred Hitchcock (a.k.a. Mestre do Suspense), veio contrariar este meu geral desagrado pelo género de terror, encabeçando a lista dos bons filmes que já vi com temáticas que pretendem assustar o espetador (se bem que essa minha lista não seja muito grande - existem apenas dois títulos, este mais o «Shining»). Este thriller com muito terror à mistura começa também a pegar nalguns estereótipos presentes em muitos filmes de terror, como por exemplo, o cenário de que tudo está ótimo e a correr às mil maravilhas ao princípio. Caramba, se alguém vir os primeiros dez minutos de «Os Pássaros», é muito pouco provável que consiga perceber para que é que servem as ditas aves no filme, a não ser para os expositores da loja de animais onde Melanie Daniels (interpretada por "Tippi" Hedren, uma atriz que se introduziu no mundo do cinema com esta obra hitchcockiana), a personagem central da trama, se encontra pela primeira vez com Mitch Brenner (interpretado por Rod Taylor). Mas digo que vale muito a pena continuar a ver «Os Pássaros» para além desses ditos dez minutos, pois as surpresas começarão a surgir de uma maneira inesperada, tanto para os espetadores que viram o filme século XX como para os indíviduos das novas gerações que (como eu) contactam pela primeira vez com esta fita.
Porque é que gostei bastante de «Os Pássaros»? Porque sinceramente, é um filme que me pareceu não se deixar ficar pelas evidências, trazendo-nos grandes momentos de cinema (diria mesmo, arte) sem deixar de ser puro entretenimento "pipoqueiro". O Mestre de Suspense encontra aqui mais razões para explicar o famoso epíteto que a opinião pública lhe atribuiu ao longo dos anos, com um filme carregado de tensões fortes e de momentos que poderão causar mesmo medo. Este medo é conseguido tanto pela história e pelos atores, que funcionam de uma forma perfeita para conseguirem atingir o objetivo de «Os Pássaros», como pelos diversos planos de câmara utilizados, muito estratégicos, que realçam ainda mais toda a pressão e receio das personagens do filme. Destaque também para a não utilização de banda sonora, que não existe, praticamente, em todo o filme, o que beneficia o seu ambiente misterioso e terrorífico (não precisamos de nenhuma música para percebermos quando algo de errado se passou/se está a passar/se irá passar).Uma cena do filme que ficou muito presente na minha mente e que me marcou bastante, por exemplo, é um dos muitos exemplos ilustrativos da forma como Hitchcock monta um "susto" para o espetador, sem precisar, lá está, de banda sonora, e criando um verdadeiro momento de pura criatividade e originalidade do realizador: quando Melanie vai buscar a irmã de Mitch, temos um plano dela, e depois um plano do recreio da escola. Esta sequência repete-se algumas vezes, e de cada vez que voltamos a ver o recreio, vemos que este está cada vez mais cheio de pássaros (neste caso, corvos), que irão atacar aquela turma quando os alunos saírem, com cautela e acompanhados pela professora. Se virem «Os Pássaros», reparem neste pequeno pormenor. Para mim, só esta sequênciazinha é de génio, e tenho dito.
«Os Pássaros» é um filme muito bom, que me deu o que eu procuro, na minha opinião, na definição de filme de terror. Alfred Hitchcock mostra como o terror não precisa tão objetivo e hardcore para nos assustar verdadeiramente (se tivesse sido filmado à maneira do «Saw», garantidamente que não tinha mesmo passado dos dez minutos de visionamento). E confesso que fiquei verdadeiramente impressionado e algo assustado com certas cenas do filme, que tendo quase meio século, conseguiu ser mais aterrorizante que qualquer promissora nova estreia supostamente terrorífica nas salas de cinema. E mais do que um filme, «Os Pássaros» consegue ser também (um pequeno momento para mostrar como a filosofia está permanentemente ligada à criação de cinema) uma análise sobre a reação de uma sociedade em relação à ocorrência de um fenómeno grave e inconcebível, perturbador para a estabilidade da mesma. Sim, poderia, sendo assim, dar esta mesma opinião de análise sobre filmes de catástrofes como «2012» e «O Dia depois de Amanhã» (outro género de filmes que está em primeiro lugar nas minhas preferências), só que a diferença é que «Os Pássaros» tem uma visão mais real, intimista e construtiva do caso que apresenta, ligando-se mais ao espetador pela sua veracidade e não se mostrando apenas como um filme para se passar um bom bocado e depois enxotá-lo para sempre no recanto poeirento da nossa memória. «Os Pássaros» é uma grande obra com pouco mais a dizer e muito mais a contemplar, visto que as palavras são poucas para a descrição do que pude ver e só o olhar pode contemplar, verdadeiramente, a riqueza da fita.
Nota: * * * * 1/2
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				Pedro Pereira de Carvalho
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Re: Qual foi o último filme que viram ?
Em relação a este filme em edição nacional - http://www.dvdpt.com/a/a_sombra_do_samurai.php - aparece de vez em quando nas lojas, já cheguei a ver a €7,99 no MediaMarkt há uns tempos,Rui Santos wrote:Pedro, em grande forma nestas tuas reviews.
Só falta dizeres onde comprar esses filmes, estás-me a obrigar a pesquisar.
Já pensei um mini cantinho para o cinema asiático...
aparece como disponível nestes sites
http://www.fnac.pt/A-Sombra-do-Samurai- ... car/a94841
http://www.wook.pt/ficha/sombra-do-samu ... /id/212802
https://www.blueplanetdvd.com/app/cliap ... parId=3830
Tem o problema do som ser apenas 2.0 e pelo que dizem a imagem não ser das melhores, o que me deixa a salivar por outra edição, já que para mim a edição nacional tem uma imagem muito razoável.
Para edições estrangeiras, a recomendada é a japonesa (com legendas em inglês), duplo DVD com booklet e vários extras, mas não sei se estará disponível ou o preço. A comparação de algumas edições está em http://www.dvdbeaver.com/film/DVDCompar ... murai3.htm , com links para lojas.
Pedro Pereira de Carvalho - 56 anos - Lisboa
			
						Re: Qual foi o último filme que viram ?
Ja eu, sou um fanatico de terrorrui sousa wrote:Faço aqui uma pequena confissão: não sou apreciador de filmes de terror.
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 Desde aqueles cheios de sangue, como o Haute Tension e o Hostel, ate aqueles que nao tem uma pinga de sangue como o Atividade Paranormal. Devo dizer que este foi o que mais me assustou na vida, e como disse nao tem sangue nenhum. Nao tanto enquanto via o filme, mas mais depois de o ter visto. Mas isso e uma coisa pessoal: a mim a ideia de ter espiritos que nao consigo ver a observarem-me e a manipularem-me arrepia-me mais do que tudo. Ja outros podem ate partir-se a rir com o filme... portanto, o que nos assusta e pessoal e cada pessoa tem os seus medos. O genero de Terror tem varios subgeneros que se adequarao mais a umas pessoas que a outras.
   Desde aqueles cheios de sangue, como o Haute Tension e o Hostel, ate aqueles que nao tem uma pinga de sangue como o Atividade Paranormal. Devo dizer que este foi o que mais me assustou na vida, e como disse nao tem sangue nenhum. Nao tanto enquanto via o filme, mas mais depois de o ter visto. Mas isso e uma coisa pessoal: a mim a ideia de ter espiritos que nao consigo ver a observarem-me e a manipularem-me arrepia-me mais do que tudo. Ja outros podem ate partir-se a rir com o filme... portanto, o que nos assusta e pessoal e cada pessoa tem os seus medos. O genero de Terror tem varios subgeneros que se adequarao mais a umas pessoas que a outras.  Quanto ao Saw, so vi o primeiro e o ultimo. Gostei bastante do primeiro, do conceito criado e tudo o mais, mas pelo que vi as sequelas limitam-se a repetir o mesmo, por isso nao me despertaram a curiosidade. Vi o ultimo e nao gostei.
Confesso que nao vi este Os Passaros, mas como falaste tao bem dele fica registado. O Hitchcock e um realizador muito bom, adoro especialmente o Vertigo e o Psycho.
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Dead Poets Society 8/10

A historia deste filme centra-se na chegada de um novo professor de Ingles a uma escola particular masculina, que inspira os seus alunos a viveram a vida ao maximo atraves da poesia, o chamado Carpe Diem. Bem, pessoalmente esta mensagem nao me inspira grande coisa, e por isso talvez nao tenha tido o impacto que teve em muitos. De qualquer forma, foi um filme que me despertou varias sensaçoes e emoçoes, desde a alegria e o entusiasmo ate à tristeza, e portanto cumpriu o seu papel. Devo dizer que se nao soubesse de antemao uma coisa que acontece no filme, e que provoca uma reviravolta nao so na historia como no tom do filme, nunca o teria previsto. E de facto bastante surpreendente, e nao sei ate que ponto irrealista, devido a personagem em questao. Nesta mesma cena, detestei o uso do slow-motion, que ficou mesmo muito mal e nao faço ideia porque o utilizaram. Queriam dar um tom comico a uma cena daquelas?
Gostei das diversas atuaçoes, principalmente a do Robin Williams, do Robert Sean Leonard e do Ethan Hawke, penso que um destes dois ultimos deveria ter sido nomeado aos Oscares. Enfim, foi no geral um filme que eu gostei e recomendo, embora nao tenha tido um impacto tao grande em mim como supostamente teve noutras pessoas.




