Alarvidades dos críticos de cinema

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Samwise
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by Samwise »

Eu diria que grande parte da força dos grandes romances no cinema se deve precisamente à tragédia inerente à sua concretização. Há raríssimas excepções a esta ideia. O happy-ending de certa forma é aquele "ponto final" que passa depois a "parágrafo", porque conseguimos deduzir a falsidade do "they lived happily ever after" - ou, pelo menos, será fácil imaginar um futuro decadente que não é tão "agradável" para o par quanto o final do filme deixa antever. Em contrapartida, a tragédia é a costura perfeita para fechar um grande romance - quando o destino impede os amantes de poderem continuar a sua aliança é um momento coincidente com a altura em que estão mais ligados.

No Angel, acerca deste "género", partilho do teu gosto, embora não tenha apreciado por aí além o Gone With the Wind (é um filme com larguíssimos e competentíssimos valores de produção e com uma densidade narrativa enorme, mas não me comoveu como outros filmes "sobre o amor").

Já o The English Patient é um favorito para estes lados. É verdade o que o João diz, mas no meu caso os sentimentos com que fico no final do filme sublinham a sua competência dramática. É um dramalhão daqueles em que a questão da perda irrecuperável desempenha um papel de relevo no desenrolar narrativo - logo a partir de muito cedo na história. E do ponto de vista artístico é um filme que também me agrada bastante , cheio de pormenores técnicos de encher o olho e sequência belíssimas que aproveitam o cenário da melhor maneira para espelhar as emoções das personagens. É um five-stars para mim. :mrgreen:
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.

«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death

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Samwise
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by Samwise »

Samwise wrote: José Miguel, por acaso já viste o Apocalypse Now? (peço desculpa, mas não me lembro se já falaste dele). Isto tem a ver com uma sequência famosa - talvez a mais famosa do filme todo - em que um esquadrão de helicópteros ataca uma aldeia vietrnamita ao som de Wagner. Queria saber a tua intepretação sobre o seu significado, e sobre a ténue linha que separa a glorificação da ideia belicista sobre a guerra e o seu exacto oposto - a crítica ao uso da força.

Ora... nem a propósito, o João Lopes publicou ontem o seguinte o Diário de Notícias (os sublinhados são meus):
Em guerra com Clint Eastwood

Uma vez que este texto se coloca sob o signo de um filme sobre uma situação de guerra - Sniper Americano, de Clint Eastwood -, começo por avisar que a disposição das minhas ideias no terreno corre o risco de ofender amigos e inimigos. Devo, por isso, desde já, pedir desculpa aos primeiros.

Confunde-me o modo como Sniper Americano tem suscitado as mais inusitadas considerações ideológicas (que, em qualquer caso, não podem ser reduzidas a um discurso unívoco). Não é uma questão portuguesa. É mesmo, sobretudo, um fenómeno americano, com o filme a desencadear paixões contraditórias do outro lado do Atlântico, em muitos casos favorecendo uma equação maniqueísta: um filme que coloca em cena alguém (um sniper) que, por definição, agride outros seres humanos só poderá ser uma "consagração" cega da sua atividade...

Confesso o mesmo tipo de perplexidade que experimento face ao dispositivo de pensamento em torno do atentado contra o Charlie Hebdo. A saber: não iremos restringir o quadro legal das nossas liberdades... Tudo bem. Mas até que ponto a força simbólica das nossas convicções consegue desviar as balas das Kalashnikovs e compreender a extrema complexidade histórica, cultural e política do seu pano de fundo?

Pensava eu que uma preciosa lição da semiologia dos anos 1960 aplicada ao cinema (cf. Christian Metz) constituía saber adquirido. Ou seja: há uma diferença - narrativa, estrutural e simbólica - entre o discurso de uma personagem e o discurso do filme em que surge.

Em Apocalypse Now (1979), por exemplo, a personagem de Martin Sheen está enraizada numa lógica militar rigorosamente idêntica à do protagonista de American Sniper: destruir o outro que o assombra. No entanto, ainda estou para ler alguma condenação de Francis Ford Coppola por ter encenado uma personagem cujo comportamento decorre de uma missão específica, concreta e iniludível, de assassinato desse outro ("com absoluta devastação", como se diz nos diálogos).

Não há pacifismo simples. E nem sequer estou a referir-me à realidade, nua e crua, da realpolitik cujas derivações, transparentes ou enigmáticas, não cabem no espaço destas linhas. Falo de cinema e também, necessariamente, de televisão. E espanto-me com o facto de Hollywood - cuja riqueza artística me apaixona - continuar a gerar alguns filmes de "super-heróis", totalmente maniqueístas no plano ideológico, assustadoramente estúpidos na sua dramaturgia, filmes tantas vezes ignorados porque são "para miúdos", ao mesmo tempo que o problema parece estar na inteligência cinematográfica e no difícil humanismo de um senhor chamado... Clint Eastwood!

Tudo isto, convém relembrar, enquanto vivemos rodeados pela vergonha humana do Big Brother e seus derivados.

Compreendo, sem qualquer acinte, que se possa não partilhar a visão de Eastwood. Mas queria menos idealismo e mais política face à nossa miséria audiovisual.
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No Angel
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by No Angel »

Samwise wrote:Eu diria que grande parte da força dos grandes romances no cinema se deve precisamente à tragédia inerente à sua concretização. Há raríssimas excepções a esta ideia. O happy-ending de certa forma é aquele "ponto final" que passa depois a "parágrafo", porque conseguimos deduzir a falsidade do "they lived happily ever after" - ou, pelo menos, será fácil imaginar um futuro decadente que não é tão "agradável" para o par quanto o final do filme deixa antever. Em contrapartida, a tragédia é a costura perfeita para fechar um grande romance - quando o destino impede os amantes de poderem continuar a sua aliança é um momento coincidente com a altura em que estão mais ligados.

No Angel, acerca deste "género", partilho do teu gosto, embora não tenha apreciado por aí além o Gone With the Wind (é um filme com larguíssimos e competentíssimos valores de produção e com uma densidade narrativa enorme, mas não me comoveu como outros filmes "sobre o amor").

Já o The English Patient é um favorito para estes lados. É verdade o que o João diz, mas no meu caso os sentimentos com que fico no final do filme sublinham a sua competência dramática. É um dramalhão daqueles em que a questão da perda irrecuperável desempenha um papel de relevo no desenrolar narrativo - logo a partir de muito cedo na história. E do ponto de vista artístico é um filme que também me agrada bastante , cheio de pormenores técnicos de encher o olho e sequência belíssimas que aproveitam o cenário da melhor maneira para espelhar as emoções das personagens. É um five-stars para mim. :mrgreen:
E verdade que a tragedia e que potencia em certa medida o romance, o torna mais apetecivel, porque, sejamos realistas, o mais provavel era o casal se separar (mais cedo ou mais tarde) se ficasse junto. Uma das grandes exceçoes e o The Notebook, que conseguiu um final feliz muito bom, na medida em que nao e simplesmente "ok, eles ficaram juntos e acabou", nao, e mostrado como a vida deles foi ate a sua morte... e ver como eles ainda estavam juntos ja idosos foi comovente, sem duvida, ainda pra mais com a questao do Alzheimer (doença terrivel, essa...).

De resto, sou grande fa do Gone With The Wind, e um dos meus filmes favoritos... mas nao acho que seja um filme de amor, pra ser sincero. E um epico sobre a guerra e a nostalgia, sobre o fim de um mundo e o nascimento de outro, sobre as pessoas que sao apanhadas nesse fim de uma era e o que fazem para sobreviver a essa derrocada. E tambem um filme de amores "trocados"/nao correspondidos, e a tragédia que isso acarreta, incluindo a devoção da Melanie pela Scarlett, que nao e correspondida. Depois, e um filme de grandes personagens e grandes diálogos, que ficaram para a historia do cinema.
Ludovico
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by Ludovico »

Samwise wrote: Já o The English Patient é um favorito para estes lados. É verdade o que o João diz, mas no meu caso os sentimentos com que fico no final do filme sublinham a sua competência dramática. É um dramalhão daqueles em que a questão da perda irrecuperável desempenha um papel de relevo no desenrolar narrativo - logo a partir de muito cedo na história. E do ponto de vista artístico é um filme que também me agrada bastante , cheio de pormenores técnicos de encher o olho e sequência belíssimas que aproveitam o cenário da melhor maneira para espelhar as emoções das personagens. É um five-stars para mim. :mrgreen:
Nem mais nem menos salut-) .
Um dos melhores dramas-históricos-romances alguma vez filmados.
Mas com "E Tudo o Vento Levou" é exatamente a mesma coisa :mrgreen: .
No Angel, tens que ver o mais rapidamente possível "O Paciente Inglês", não sabes o que andas a perder se gostas do género :o :shock:
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THX
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by THX »

"The English Patient", é um dos 200 filmes que figura na minha lista, e está lá plantado com cimento-cola bem seco. Muita gente não deve saber que é também o filme favorito da Madonna.
Os meus 200 filmes inesquecíveis :
http://www.imdb.com/list/ls077088728/?s ... s077088728
Ludovico
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by Ludovico »

THX wrote:"The English Patient", é um dos 200 filmes que figura na minha lista, e está lá plantado com cimento-cola bem seco. Muita gente não deve saber que é também o filme favorito da Madonna.
Por acaso, também não sabia que era o filme favorito da Madonna :o .Mas isso demostra que tem bom gosto. Com "O Paciente Inglês", aconteceu-me uma coisa engraçada. Quando o vi em 1997 tinha 18 anos e só gostei bastante, passado uns anos é que eu o revi e achei-o um dos melhores filmes do género, uma enorme Obra-Prima. Também está na minha lista de filmes favoritos :-D.
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by Hellz7 »

a melhor critica que eu ja vi sobre o The English Patient :
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No Angel
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by No Angel »

Uma coisa interessante que li sobre o filme e que o protagonista na vida real era homossexual, e que ele estava apaixonado por um soldado nazi:

http://www.dailymail.co.uk/news/article ... ldier.html

Portanto, o filme e completamente ficção, o que nao e uma cosia ma, so nao pensem que representa alguma coisa de real...
JoséMiguel
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by JoséMiguel »

[Offtopic]

Samwise, o Apocalipse Now foi um fime que gravei da televisão quando era teenager, e por acaso como andava naquelea fase de gostar da música dos Doors, ainda achei graça a alguns segmentos do filme, que passavam por pequenos tele-discos musicais, como a intro com o "this is the end" e a tal montagem musical de bombardeamento aéreo de Napalm ao som de música clássica. Mas nunca gostei do filme, que considero pretencioso e puro pseudo-intelectualismo. :twisted:

Até fico triste em saber que recebeu o mesmo prémio em Cannes do excelente filme "The Tin Drum":

https://en.wikipedia.org/wiki/The_Tin_Drum_%28film%29

O filme alemão para mim é obra-prima mas não vou à bola com o Apocalipse Now. mau-)

Mas este não é caso que eu queira desatar a "espingardar" e deitar abaixo, porque o filme nunca me incomodou ou chateou. Para isso a minha prioridade é o J.J. Abrams que é o meu inimigo número 1 no Cinema, e os coleguinhas infantis da onda dele. Enquando trekkie nunca irei perdoar o que ele fez. Grr:-) O que vale é que eu prefiro usar o meu tempo a divulgar filmes obscuros curiosos, em vez de espingardar com os idiotas de Hollywood. :lol:

Já este filme vietnamita engraçado/curioso "Cánh đồng hoang" (de 1979 tal como o Apocalipse Now) tem talvez interesse pelos factores insólitos e históricos (de cinema) e não me pareça que funcione muito bem a nível de entretenimento. Por acaso esmerei-me na crítica que fiz aqui:

http://forum.dvdmania.org/viewtopic.php?f=11&t=49103

Porque está cheia de informações sobre o cinema vietnamita, que segundo me pareceu, é um fime inspirado no estilo de cinema soviético da Rússia e de países da Europa de Leste, que tenta imitar e emular a abordagem cinematográfica artística do tal realismo que estou sempre a referir. Embora eu também tenha referido alguma inexperiência e amadorismo que notei. Mas feitas as contas, eu vi muitos rambos e desaparecidos em combate em miudo, e achei graçar ver a guerra do ponto de vista das milícias vietcongs, e até o bebé que aparece é milícia vietcong em formação. Não é um filme de propaganda que mostre coitadinhos de civis a serem mortos pelos americanos, pois o filme assume que os personagens são combatentes treinados e infiltrados.

Já agora eu fiquei curioso sobre o que achaste do clip que eu mostrei. Se preferires podes comentar no tópico do filme vietnamita, mesmo que seja para falar do Apocalipse Now. :biggrin:
JoséMiguel
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by JoséMiguel »

[Off topic - seguimento]

O comentário que fiz sobre o Apocalipse Now não foi muito bonito. Eu não tenho nada contra o filme e se me pedirem para dar uma classificação, dou-lhe uma nota alta. Agora que eu não gosto dele e porquê é outra história, que não tenho energia para discutir e debater, embora caso o quisesse fazer, iria enveredar pela jogada de pura "pseudo-intelectualidade", ao estilo do Júlio César (com Marlon Brando) e Romeu e Julieta (com Leonardo de Caprio), em que transportam para o presente um enredo situado numa era passada (o enredo do Apocalipse Now baseia-se numa história passada no colonialismo europeu).

Em defesa dessa jogada poderia inserir esta imagem de um altar ao "Espírito da Banana" do povo Kreung, no Camboja, que recorre a feiticeiros que controlam o clima:

Image

conforme a página: https://en.wikipedia.org/wiki/Khmer_Loeu

O meu problema é que me custa a crer que esses povos tratassem um militar norte-americano como Deus, e se deixasse escravizar por ele. Eles podem acreditar em espíritos da banana, mas são humanos normais e não vou nessa conversa do Marlon Brando armar-se em deuzinho psicótico, sem ser corrido a pontapé pelos povos das colinas do Camboja. :roll:

Por acaso isto daria uma boa secção de curiosidades para o filme, e um bom debate. :-)))

Mas eu não tenho energia nem vontade para o fazer... :-(
Samwise
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by Samwise »

Parece que há sítios no planeta onde o público ainda liga qualquer coisa à crítica (ou ao nome do realizador... :twisted: ) :

https://www.theguardian.com/world/2023/ ... -audiences
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by mansildv »

Samwise wrote: February 24th, 2023, 7:54 pm Parece que há sítios no planeta onde o público ainda liga qualquer coisa à crítica (ou ao nome do realizador... :twisted: ) :

https://www.theguardian.com/world/2023/ ... -audiences
O problema pode ser meu mas achei o filme tão banal :-?

E a verdade é que não dou grande valor à crítica porque é sempre apenas uma opinião pessoal e nada mais, a diferença é que o autor da crítica é pago para isso, e acho que apenas o nome do realizador não é sinónimo de qualidade, há muitos exemplos de filmes fracos feitos por excelentes realizadores! :-)))
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by José »

Claro que no plano meramente pessoal adoro que Spielberg e o seu trabalho sejam alvo de atenções e de debate, independentemente do que se possa achar sobre os resultados criativos.

Só tenho pena é que, neste caso concreto, a nível qualitativo, isto não venha a reboque de um filme mais interessante e conseguido - concordo com o mansildv, também achei o The Fabelmans francamente banal.
Samwise
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by Samwise »

Eu sei que não gostaram assim por aí além do filme, mas até a mim me espanta esta recepção unânime do filme em França, por parte da crítica, a ponto de ser o filme mais bem classificado dos últimos 20 anos. A não ser que tenha sido um "gesto concertado" para piscar o olho aos senhores da Academia :mrgreen: , é um acontecimento que merece um pequeno destaque, nem que seja para nos fazer pensar no essencial: o que é que o filme tem de tão extraordinário para provocar esta reacção---quer da crítica, quer depois do público, e que cá em PT foi quase ao contrário.
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Re: Alarvidades dos críticos de cinema

Post by José »

Samwise wrote: February 25th, 2023, 11:27 am Eu sei que não gostaram assim por aí além do filme, mas até a mim me espanta esta recepção unânime do filme em França, por parte da crítica, a ponto de ser o filme mais bem classificado dos últimos 20 anos. A não ser que tenha sido um "gesto concertado" para piscar o olho aos senhores da Academia :mrgreen: , é um acontecimento que merece um pequeno destaque, nem que seja para nos fazer pensar no essencial: o que é que o filme tem de tão extraordinário para provocar esta reacção---quer da crítica, quer depois do público, e que cá em PT foi quase ao contrário.
Merece todo o destaque e toda a reflexão, sem dúvida.

Acho que isto poderá estar relacionado com a saturação que alguns públicos poderão estar a apresentar relativamente aos "filmes espectáculo/de super-heróis" e daí terem colocado neste último filme de Spielberg o rótulo de filme intimista, coming of age, de "resumo" dos temas queridos ao realizador, do ultrapassar das adversidades familiares e individuais através da beleza irredutível da expressão artística.

O ser uma espécie de registo auto-biográfico doce e sincero também ajuda muito a aquecer os corações mais desencantados e tristes com esta realidade horrorosa que estamos todos a viver.

Não sei, acho que tenho que pensar mais sobre isto.

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