Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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THX
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by THX »

Vale só por uma única cena que é a cena que é a capa do filme.
Epá, então a partir de agora vou só olhar para a capa e tentar esquecer as restantes cenas...incluindo aquelas em que Adrien Brody tem apenas uma batata para comer, ou quando tenta desesperadamente abrir uma lata de pêssegos em calda para matar a sua fome de dias, e depois aparece o oficial alemão que lhe dá a ferramenta para ele abrir a maldita lata em troca de ele lhe tocar uma linda música num piano. A prioridade de matar a fome "matou-lhe" a vontade e paixão que tinha de tocar num piano. Tocou com instinto, não com alma...mas a música que saiu daquelas teclas encheram a alma do oficial. Matou-lhe a "fome" de ouvir um som sereno, belo e hipnotizante, que por uns mágicos momentos o fez esquecer completamente dos repetidos e malditos disparos, gritos e explosões a que estava submetido no seu dia a dia naquele inferno que, no fim e no fundo, era igual para todos.

Realmente vou acatar a tua opinião e vou deitar fora o DVD e guardar a capa...

Samwise, acho que agora, depois da explicação do user Pantera já vais poder ver a cena da menina como deve ser.
Tudo no cinema tem uma explicação para ser como é.
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Samwise
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by Samwise »

THX wrote:Samwise, acho que agora, depois da explicação do user Pantera já vais poder ver a cena da menina como deve ser.
Tudo no cinema tem uma explicação para ser como é.
Nem por isso. :mrgreen:

O "real" significado metafórico dessas sequências com a menina só ficou conhecido depois do próprio Spielberg ter apresentado uma explicação - até lá muito se debateu e escreveu sobre o assunto, pelos vistos sem grande razão ou sucesso.

Lendo o breve trecho dedicado ao assunto, metade não faz nenhum sentido para mim e a outra metade passava bem sem a coloração vermelha. Diz o Spielberg que para a Rússia e a America era evidente o que se estava a passar, e que as duas nações não fizeram nada para o evitar. É estranho, já que a America antes de entrar oficialmente na guerra foi determinante na ajuda que deu (pela porta do cavalo) à Inglaterra, no sentido em que permitiu a sua permanência na guerra contra a Alemanha numa altura em que mais nenhuma nação europeia se lhe podia opor - para além de que, no momento em que os massacres sistemáticos em larga escala foram realmente conhecidos pelas forças aliadas, nada mais do que entrar em guerra havia a fazer (não havia forma humanamente possível de os evitar, pelo menos sem antes ocupar o terreno com tropas e derrotar o exército alemão). Do lado da Rússia, se bem me recordo da lições de história, até certa altura na guerra eles foram aliados da Alemanha e estavam tão interessados quanto os nazis em anexar territórios alheios, tendo "ajudado" inclusivamente ao grande massacre do povo na Polónia. A Rússia, de resto, mesmo quando já tinha mudado de lado, continuou impunemente a massacrar e a subjugar os países por onde passava. Nessa altura já o fazia em nome da "libertação".

Como metáfora, para além de ser incompreensível sem a devida explicação, não me parece pois que faça grande sentido. Quanto ao que significou para o Schindler, parece-me que continuamos em território do desnecessário e gratuito. No meio de um massacre daquelas proporções, a que ele assiste do topo do monte, é necessário ver uma criança para lhe pesar a consciência?

EDIT - Só para clarificar um ponto que pode parecer estranho a quem ler a citação do Pantera e depois a minha reposta: aquilo que o Spielberg disse foi isto:

“America and Russia and England all knew about the Holocaust when it was happening, and yet we did nothing about it. We didn’t assign any of our forces to stopping the march toward death, the inexorable march toward death. It was a large bloodstain, primary red color on everyone’s radar, but no one did anything about it. And that’s why I wanted to bring the color red in."
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by THX »

Incompreensível sem a devida explicação...??

Eu não estava á espera de explicação nenhuma, e sinceramente nem liguei muito ao facto de tentar saber o que Schindler estaria a pensar quando viu o casaco da menina. No fundo acho que também Spielberg queria que a cena tivesse um duplo efeito - um para o público em geral e outro para criticar as nações visadas. Mas vamos esquecer por um momento esse significado mais pessoal e intimista do realizador, e vamos tentar antes nos concentrar num aspecto mais importante :

Para mim, quando vi o filme pela primeira vez, importou muito mais o que essa cena significou para mim, pois ao ver essa cena fui automáticamente invadido por uma angústia e tristeza enormes, porque nas guerras só deveriam morrer soldados, homens adultos ou mulheres feitas, NUNCA crianças, principalmente numa fase em que a inocência e a pureza das mesmas estão ainda intactas, quando as suas almas nem tiveram sequer tempo de estarem devidamente formadas...e acima de tudo de ainda não estarem minimamente preparadas para terem de enfrentar a dor física e psicológica do terror que é a morte.

Pessoalmente acho que SÓ existe esse real metafórico nessas cenas e quem, ao visioná-las, ficar alheio a tudo o que descrevi...não se pode considerar um ser humano.
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by Samwise »

THX wrote:Incompreensível sem a devida explicação...??
O que eu disse foi que a metáfora é incompreensível sem a devida clarificação por parte de Spielberg – ou achas que alguém alguma vez ia relacionar a sequência com uma hipotética acusação de culpa aos EUA, Rússia e Inglaterra, por terem podido - segundo as palavras dele – e não ter querido evitar o Holocausto?
Mas vamos esquecer por um momento esse significado mais pessoal e intimista do realizador, e vamos tentar antes nos concentrar num aspecto mais importante :

Para mim, quando vi o filme pela primeira vez, importou muito mais o que essa cena significou para mim, pois ao ver essa cena fui automáticamente invadido por uma angústia e tristeza enormes,
Tu e a maioria das pessoas que viu o filme. É precisamente contra essa gratuitidade na provocação de emoções que eu estou a “refilar”. Claro que no meio de um filme todo a preto e branco fazer realçar, pela cor, uma menina no meio de um massacre impiedoso é a fórmula mais simples e eficaz de atingir sentimentos – mas é uma espécie de golpe baixo, de truque barato, que era perfeitamente desnecessário para um realizador com o talento dele para a narração visual (como de resto se demonstra ao longo do resto do filme, para não ir mais longe). O facto de estar misturado com uma metáfora ideológica mais abrangente não liberta a ideia de uma formulação simplista.
porque nas guerras só deveriam morrer soldados, homens adultos ou mulheres feitas, NUNCA crianças, principalmente numa fase em que a inocência e a pureza das mesmas estão ainda intactas, quando as suas almas nem tiveram sequer tempo de estarem devidamente formadas...e acima de tudo de ainda não estarem minimamente preparadas para terem de enfrentar a dor física e psicológica do terror que é a morte.
Bom, já que estamos numa de wishful thinking, eu acho que ninguém devia morrer e sofrer nas guerras. Seria tudo tão mais agradável. Deviam inventar guerras em que toda a gente pudesse andar à batatada e em que ao final do dia cada exército voltasse para as trincheiras sem uma única escoriação, com a moral em alta para os confrontos do dia seguinte. Até podiam colocar creches na rectaguarda, para entreter as crianças enquanto os pais estivessem ocupados nos seus afazeres bélicos. A guerra durava até toda a gente se fartar de repetir de fazer a mesma coisa todos os dias, chegando a conclusão de que era infrutífera. Também deviam criar um mecanismo psicológico, adaptado do Projecto Ludovico enunciado na Laranja Mecânica, que impedisse os governantes das nações de serem “maus”, e de sentirem uma enorme comichão pelo corpo todo sempre que a ideia de genocídio e de anexação lhes surgisse na cabeça.

Infelizmente, há pessoas más neste mundo, e enquanto continuarem a chegar com facilidade aos lugares de poder muitas mais crianças inocentes vão sofrer com a guerra (e não só).

Da mesma forma que o Spielberg se sente ultrajado por não ter visto a sua nação a evitar o Holocausto, eu sinto-me ultrajado por ver a fome que grassa hoje por esse mundo fora e os líderes de TODAS as nações a não se preocuparem o suficiente com a situação para fazer alguma coisa que CONTE para a acabar. Nem sequer dentro de fronteiras.

Mas já estou a alongar-me. Aonde quero chegar é ao seguinte: a significância que a cena teve para ti, e que eu respeito, não foi vista por mim da mesma maneira, como espero que respeites também. Tu podes ter-te emocionado muito, mas eu continuo a considerar que foram emoção forçadas através de um mecanismo desnecessário, e que sem ele essas emoções estariam ao rubro na mesma.
Last edited by Samwise on May 10th, 2013, 10:40 pm, edited 1 time in total.
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by THX »

Sam...

Espero que te "alongues" sempre desta forma.
Gostei do teu texto explicativo e ainda me conseguiste fazer rir com isto :
Até podiam colocar creches na rectaguarda, para entreter as crianças enquanto os pais estivessem ocupados nos seus afazeres bélicos.
:lol: :lol: :lol: :lol: :lol:

Gostei muito desta nossa "conversa" acerca da "Menina do vestido encarnado".
(Olha que titulo bonito para um filme...)
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Samwise
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by Samwise »

rui sousa wrote:s opiniões são sempre subjetivas mas alguns indivíduos (e volto a referir: alguns) que criticam este filme negativamente este filme, parece que pretendem levar a sua opinação a um estado de objetividade autoritária e algo "repressiva", esquecendo-se que, mesmo que não gostem, o Cinema não se faz só de Godards, Oliveiras e Kiarostamis. Não vale a pena tentarem dar ao Cinema o estatuto de "cultura de nicho", porque não é. Nenhuma arte o é nem nunca será. Porque o público, quando quer, sabe ver uma grande obra por se deixar levar pelo espírito da mesma. E penso que é este o caso de «A Lista de Schindler»: é um filme de espírito, de poesia, de toque e de emoções. É um monumento do Cinema. E ainda por cima, tendo também "aquela" excelente banda sonora...
Está aqui matéria para uma boa discussão. :twisted: Nenhuma arte deve ser elevada ao estatuto de cultura de nicho, mas também não devemos negar, através de um raciocínio semelhante, a possibilidade de existirem nichos elitistas dentro de cada arte, mesmo que a tendência destes seja de um vincado pedantismo dominador... :mrgreen: . A convivência entre estes dois mundos, com a questão do papel da arte pelo meio, nunca será pacífica, mas a negação e o "protesto" que cada um deles faz em relação ao outro também não me parece inteiramente justa.

--

Quanto ao Schindler's List e à forma como está filmado, penso que é uma obra com uma formulação não inteiramente regular e homogénea, mas que tem momentos - bastantes momentos - de inquestionável brilhantismo técnico. A sequência, ou conjunto de sequências, em que nos é dada a conhecer a personagem principal é um porventura um dos exemplos máximos da capacidade do Spielberg enquanto narrador visual de ideias e conceitos. Sugiro que (re)vejam com atenção a primeira meia-hora de filme e que retenham o domínio e a elegância com que são delineados os traços de personalidade do Schindler, a sua progressiva contextualização na sociedade (entre os dois grupos "dominantes": nazis e judeus), perante a roda trituradora os acontecimentos, e aquilo que ficamos a saber sem que sejam necessárias grandes elaborações explicativas. Desde aquele quarto obscuro numa pensão rasca, passando pelo jantar/festança com as altas patentes nazis (em que ele começa por ser um ilustre desconhecido na sala, sem nome, sem passado e sem qualquer influência perante os restantes frequentadores), e a terminar nas negociatas arriscadas com os diversos grupos de judeus. E a partir deste processo de descobrimento (em sentido literal de retirar o véu) de uma personagem, somos levados pela mão, em pequenos passos, a conhecer o plano geral de um lugar, de um momento e de uma ideologia.
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JoséMiguel
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by JoséMiguel »

A filha do Amon Goeth, o Kommandant do campo de concentração de Cracóvia, conta o que sentiu ao ver no cinema a Lista de Schindler.



Excerto retirado do seguinte documentário:

http://en.wikipedia.org/wiki/Hitler%27s ... 11_film%29

Ainda do mesmo documentário, o neto do Kommandant de Auschwitz (Rudolf Höss) visita Auschwitz e é confrontado com os netos das vítimas do avô, bem como com um sobrevivente:



Links biográficos:

http://en.wikipedia.org/wiki/Amon_Goeth
http://en.wikipedia.org/wiki/Rudolf_H%C3%B6ss

Site oficial do documentário "Hitler's Children" (2011): http://www.hitlerschildren.com/

Existe uma versão no Vimeo.
Samwise
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by Samwise »

Viva, JoséMiguel, sempre com posts interessantes e sugestões para reter. :-)

Não sei se já ouviste falar ou mesmo se não terás visto o Shoah, de Claude Lanzmann? Este aqui: http://www.imdb.com/title/tt0090015/

Ainda não terminei de o ver (porque 9 horas ainda é muita hora), mas aquilo que vi (ouvi... imaginei...) não vou esquecer tão depressa. É outro daqueles documentos/documentários imprescindíveis sobre o Holocausto, para quem se interessar pelo assunto. O Lanzmann foi também uma das vozes críticas mais destacadas em relação ao filme do Spielberg...
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by JoséMiguel »

Samwise, obrigado pelo feedback! yes-)

Eu já ouvi falar do termo Shoah, o DVD português da Lsita de Schindler, tem para lá um documentário... não sei se é sobre a organização ou sobre o documentário que referes.

Mas se tu o recomendas, fica então na minha lista para ver um dia, quando surja a oportunidade.
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by PanterA »

Samwise wrote:O Lanzmann foi também uma das vozes críticas mais destacadas em relação ao filme do Spielberg...
Em que sentido, já agora? Fiquei curioso.

Em relação ao doc também o ando para o ver, mas não o queria ver 9h com legendas em inglês. Daí que ando a adiar a sua visualização desde que saiu o seu Bluray.
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by p_alucinado »

Retomando a antiga discussão, e mesmo sabendo que opiniões cada um tem a sua, sou dos que defendem a posição do Samwise, por uma razão que ele já referiu. No cinema, muitas vezes mais do que aquilo que e mostrado, importa o subtexto, aquilo que é transmitido sem ser escarrapachado o ecrã. O caso da menina a vermelho é uma mais do que óbvia tentativa de apelo ao sentimentalismo imediato. Não me cai mal. Penso que, apesar de tudo, é feito com bom gosto. No entanto, o facto de os espectadores terem de ouvir a sua explicação para perceberem o porquê de lá estar não abona em favor do Spielberg. Já agora, eu achei que a mensagem só por si passou bem.

A única cena que mudaria é a cena em que os trabalhadores da fábrica dão o anel ao Schindler. É uma cena que provavelmente aconteceu, mas a forma como o homem se deixa cair ao chão e todo esse espalhafato podiam e deviam, em minha opinião, ter sido executados de forma bem mais discreta e pungente.

Tirando esses pequenos detalhes, temos aqui um dos meus filmes preferidos, uma obra verdadeiramente tocante e absolutamente brilhante a todos os níveis. E, já agora, anos-luz à frente do Pianista, que o Polanski dirigiu com competência, mas sem grande rasgo.
Um clássico por semana, visto pela primeira vez, em UMA PARAGEM NO DRIVE-IN (http://umaparagem.blogspot.pt)
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by Rui Santos »

PanterA wrote: Em relação ao doc também o ando para o ver, mas não o queria ver 9h com legendas em inglês. Daí que ando a adiar a sua visualização desde que saiu o seu Bluray.
Não sei se já repararam mas esse documentário está à venda na Fnac (DVD) a um preço bem aceitável considerando a duração do mesmo.
http://www.fnac.pt/Shoah-Sobibor-DVD-Zona-2/a726468

Assumo que legendado em Português... Pois pareceu-me uma edição nacional.
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Samwise
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by Samwise »

JoséMiguel wrote: Eu já ouvi falar do termo Shoah, o DVD português da Lsita de Schindler, tem para lá um documentário... não sei se é sobre a organização ou sobre o documentário que referes.
O termo Shoah é um sinónimo aproximado de Holocausto, embora tenham uma etimologia diferente.

Na wiki:
The term holocaust comes from the Greek word holókauston, referring to an animal sacrifice offered to a god in which the whole (olos) animal is completely burnt (kaustos).[13] For hundreds of years, the word "holocaust" was used in English to denote great massacres. Since the 1960s, the term has come to be used by scholars and popular writers to refer to the Nazi genocide of Jews.[14] The television mini-series Holocaust is credited with introducing the term into common parlance after 1978.[15]

The biblical word Shoah (שואה) (also spelled Sho'ah and Shoa), meaning "calamity", became the standard Hebrew term for the Holocaust as early as the 1940s, especially in Europe and Israel.[16] Shoah is preferred by many[citation needed][who?] Jews for a number of reasons, including the theologically offensive nature of the word "holocaust", which they take to refer to the Greek pagan custom.[17]

The Nazis used a euphemistic phrase, the "Final Solution to the Jewish Question" (German: Endlösung der Judenfrage), and the phrase "Final Solution" has been widely used as a term for the genocide of the Jews. Nazis used the phrase "lebensunwertes Leben" (Life unworthy of life) in reference to their victims in an attempt to justify the killings.
Nos extras do DVD não me lembro de ver qualquer referência ao documentário do Lanzmann, mas penso que o termo Shoah é referido uma série de vezes.

PanterA wrote:
Samwise wrote:O Lanzmann foi também uma das vozes críticas mais destacadas em relação ao filme do Spielberg...
Em que sentido, já agora? Fiquei curioso.
Há muitos textos que falam disso, este é um exemplo: http://www.nytimes.com/2010/12/07/movie ... d=all&_r=0
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by JoséMiguel »

Em relação ao Shoah...

O preço vai aumentar de 20 para 25 euros a partir de Janeiro:

http://www.midas-filmes.pt/noticias/lan ... do-chiado/

Tem legendas portuguesas e se calhar são estas:

http://forum.dvdmania.org/viewtopic.php?f=11&t=47423

Inclui o documentário de Sobibor.

O preço parece-me muito bom.
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Re: Schindler's List (1993) - Steven Spielberg

Post by JoséMiguel »

Realizador Juraj Herz:
You mentioned that some scenes that you shot in the film Zastihla mě noc (1986) appeared in Steven Spielberg's film Schindler's List (1993).

When I was in the concentration camp I experienced one scene. The first day I came into the concentration camp they undressed us and sent us into the showers. There were only a few children and the rest were men who started a terrible panic. At that time, it was already known what the showers meant. I was there looking at the panic-stricken adults and I knew there was no gas in the tubes because there were glass windows in the room. It would be easy to break them and let the gas out. So I knew it couldn't be a gas chamber. After a while, water started to come out from the tubes, and all the men were screaming that it is just water and not gas.

This scene you know from [Steven] Spielberg. But ten years before him, I shot this scene with women in the film Zastihla mě noc. Spielberg copied the scene shot by shot from me. Also, the scene in Spielberg's film doesn't make any sense. I had two main characters in the showers, but in Schindler's List [1993] this is just an unrelated episode. I read the novel Schindler's List, and there is no such a scene. I asked for the script and there is also no scene like that there. I met an American lawyer and I sent him my scene and Spielberg's scene on videotape. He responded to me with a question: Why did I send him one scene from Schindler's List twice? When I explained to him the situation he told me that I will win the lawsuit for sure, but I would have to put into it a hundred or two hundred dollars. I would get the money back, but I would have to have it in the beginning. So I had to leave it. Spielberg is well-known for this kind of stealing. He had lawsuits with almost every film, and I just didn't know about it.

I think that the film Zastihla mě noc is my greatest horror. It is a real horror. There is no blood, but it is unwatchable for people with weak nerves. It is the atmosphere I experienced. There are two directors who experienced and filmed Auschwitz. One is Wanda Jakubowska and the other one is me.[10] I wanted to make a black comedy from the concentration camp from the point of view of a ten-year-old boy, but nobody wanted to produce it. The only country who wanted to do this project, but didn't have the money, was Israel. We went to Israel to meet the "boys" I was with in Ravensbrück. Terezka was completely horrified because we were telling stories from the concentration camp from morning till evening, and we laughed all the time. One of the worst times of my life was twenty-two months in the [Czechoslovak] army. It was horrible. It was in the fifties, and it was really awful, but when I talk about it the listeners will laugh.

All of the comic, absurd stories drown the bad times. For example, I was in a kind of subsidiary concentration camp with 5000 men and about 80 children. Right beside us was a large concentration camp for 80,000 women. In our camp there were about 20 Catholic priests as well. And the stupid Pope sent out communion wine for all the priests on Sunday. The Pope had no idea what was going on there. So I watched 20 famished priests on the appellplatz, each of them receiving two litres of wine, and they had to drink it on command. In a couple minutes there were 20 completely drunk Catholic priests on the appellplatz , which was for us children really great fun. So there were these absurd stories that I will not film any more.
Fonte: http://www.kinoeye.org/02/01/kosulicova01.php



Nota: Não conheço o filme checoslovaco e não formei ainda opinião sobre esta questão do Spielberg plagiar o trabalho dos outros. Este realizador Juraj Herz é o mesmo da Bela e o Monstro:

http://forum.dvdmania.org/viewtopic.php?f=11&t=46942

Este realizador é muito bruto a falar, o homem não tem papas na língua e chama ladrão ao Spielberg e estúpido ao Papa, na mesma secção da entrevista. O resto da entrevista também é interessante.

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