Realizador: Steven Spielberg (1946 - )
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Re: Realizador: Steven Spielberg (1946 - )
Intromete à vontade, Ludovico... 
Eu tenho uma opinião semelhante à tua, embora não o veja propriamente como uma síntese de obras de guerra - "apenas" como um grande filme de soldados, passado durante a WW2. Em termos estritamente bélicos, permanece como a obra em conseguiram com mais impacto colocar-nos no meio de um cenário de combate, logo no início, com a recriação de uma parte do desembarque na Normandia (filmada de forma revolucionária para a época). Tive o prazer (e o choque) de ter visto o filme no cinema (sala 1 do S. Jorge), e saí para o intervalo mal disposto e enjoado com a força da experiência.
Pantera, o The Thin Red Line é de outra dimensão (literalmente, por vezes). Não o consigo comparar com o Saving Private Ryan, porque não encontro quase material em comum. Em termos de sequências bélicas, o Ryan ganha, mas tudo o resto segue abordagens e caminhos diferentes.

Eu tenho uma opinião semelhante à tua, embora não o veja propriamente como uma síntese de obras de guerra - "apenas" como um grande filme de soldados, passado durante a WW2. Em termos estritamente bélicos, permanece como a obra em conseguiram com mais impacto colocar-nos no meio de um cenário de combate, logo no início, com a recriação de uma parte do desembarque na Normandia (filmada de forma revolucionária para a época). Tive o prazer (e o choque) de ter visto o filme no cinema (sala 1 do S. Jorge), e saí para o intervalo mal disposto e enjoado com a força da experiência.
Pantera, o The Thin Red Line é de outra dimensão (literalmente, por vezes). Não o consigo comparar com o Saving Private Ryan, porque não encontro quase material em comum. Em termos de sequências bélicas, o Ryan ganha, mas tudo o resto segue abordagens e caminhos diferentes.
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
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Re: Realizador: Steven Spielberg (1946 - )
Apenas o comparo, por assim dizer, porque foram filmes do mesmo ano, que disputaram os óscares (vale o que vale) em várias categorias e houve sempre aquele fascínio de os meter no mesmo saco mesmo sendo bastante diferentes no seu core.
Eu cresci com o Saving Private Ryan, gostei bastaste dele a potes, e o The Thin Red Line não me conseguia dizer nada. Mas com o passar dos anos, a maneira como vês e interpretas o cinema a moldar-se para algo mais, o Saving Private Ryan começou apenas a ser mais um simples filme de guerra exceptuando a componente tecnica muito forte. Já o The Thin Red Line foi literalmente de 8 para 80. Antes não gostava grande coisa, e hoje é um dos meus filmes preferidos. A ultima vez que o revi num Bluray da Criterion, foi uma sensação orgásmica e de outro mundo. A repetir um dia destes sem duvida.
Eu cresci com o Saving Private Ryan, gostei bastaste dele a potes, e o The Thin Red Line não me conseguia dizer nada. Mas com o passar dos anos, a maneira como vês e interpretas o cinema a moldar-se para algo mais, o Saving Private Ryan começou apenas a ser mais um simples filme de guerra exceptuando a componente tecnica muito forte. Já o The Thin Red Line foi literalmente de 8 para 80. Antes não gostava grande coisa, e hoje é um dos meus filmes preferidos. A ultima vez que o revi num Bluray da Criterion, foi uma sensação orgásmica e de outro mundo. A repetir um dia destes sem duvida.
Re: Realizador: Steven Spielberg (1946 - )
Lembras-te há uns tempos atrás quando, a propósito das nossas divergências no que respeita aos gostos, eu referi que tu eras a maior prova viva da minha "teoria geral sobre a qualidade na Arte"? (aquela em que defendo que não há qualquer ponta de objectividade na sua apreciação, e em que o "bom" e o "mau" dependem exclusivamente do olhar do observador? o que é bom para alguns é mau para outros, e vice versa - e não há critérios avaliativos que possam ser estabelecidos para gerar consenso nesta questão)JoséMiguel wrote:Sam, eu não tenho nada contra o Resgate do Soldado Ryan, ou qualquer elogio ou delírio com que falem desse filme, desde que a opinião esteja restrita à zona de cinema do planeta, que não inclua os filmes de guerra soviéticos.
Ou seja, se alguém disser "Epá! acho que o Resgate do Soldado de Ryan é o melhor filme de guerra feito em países da NATO. Eu nunca vi filmes de guerra soviéticos." Não tenho nada contra.
Mas se alguém se atrever a dizer "Epá O resgate do soldado Ryan é um dos melhores filmes de guerra do mundo", eu ainda posso averiguar se essa pessoa está familiarizada com os filmes de guerra russos, mas nem vale a pena fazê-lo, pois um gajo que ache isso não é apreciador a sério de filmes de guerra, porque se fosse teria andado à caça de um filme que mostrasse o ataque final a Berlim e a rendição da Alemanha, e já teria visto a série dos 5 filmes russos Liberation para tirar a barriga da miséria. Como é que um fã de filmes da 2ª Guerra nunca quis ver a batalha final de Berlim!???? Muito esquisito e bizarro... Isso para mim é malta que gosta de efeitos especiais e desenhos animados cgi e não tem um interesse genuíno pelas batalhas históricas da 2ª Guerra Mundial. Foi o caso do meu pai e do meu melhor amigo, ambos cinéfilos e riram-se de uma cena que eu mostrei do Liberation, e tiveram o descaramento de dizer que faltava uma música de Hollywood para acompanhar as centenas de tanques reais que estavam a ver, sem qualquer apreço pela utilização de dezenas de milhares de soldados e do realismo da reconstituição.
Por outro lado, já aparecerem alguns gatos pingados na minha conta do You Tube, a delirarem com o filme do Napoleão co-produzido entre a NATO e o Bloco de Varsóvia, que tem lá uma porrada de soldados do exército vermelho, pelo facto de apreciarem a quantidade de soldados. Um dos tipos ficou todo contente quando eu lhe linkei os meus clips do Guerra e Paz e Liberation, mas há uns dias apareceu um desgraçado que gostou de ver o Napoleão e pôs-se a compará-lo com "Os 10 Mandamentos", totalmente ignorante do cinema soviético. Provavelmente para a semana que vem dou-lhe um lamiré para ele espreitar os clips do Liberation e Guerra e Paz, e provavelmente o tipo vai ficar todo contente, mas até agora o desgraçado ainda vive na "Lá Lá Land" do mundo de cinema segundo Hollywood, e ainda não engoliu o blue/red pill do Matrix que lhe vou mostrar. A maioria dos cinéfilos (incluindo no DVD Mania) não tem interesse na onda dos filmes históricos de leste, com realismo de meios e pessoas. Sinceramente acho que aqui só o Drakes é que gosta disso.Existem mais pessoas aqui no fórum que gostam de cinema russo, mas esse fanatismo pelos filmes históricos com grandes meios já é ainda mais raro e específico.
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Eu concordo pois contigo num ponto muito específico desta tua abordagem, e tem a ver com a relativismo das coisas. O bom e o mau, e "melhor de todos" e "o pior de todos" só podem existir consoante o estabelecimento de um factor comparativo. Determinado filme só pode ser o melhor, ou estar entre os melhores, se houver outros modelos para fazer um lote comparativo. Mas a minha concordância contigo fica limitada a este ponto ou pressuposto, e já não sigo a tua linha de separação entre "filmes de Hollywood/NATO" e "filmes do bloco de leste", sigo antes outra ideia, que não tem a ver com geografia, nem com local de origem da produção: o bom e mau, e a ordenação de qualidade que fazemos, é feita em função das obras que vimos (logicamente). Não concordo então quando dizes que uma apreciação superlativa de uma obra como o Saving Private Ryan deva excluir modelos do cinema de leste. Ou seja, podes perfeitamente encontrar pessoas que já viram os filmes de guerra que indicas, e que continuam a gostar mais do Ryan. Assim como encontras pessoas que partilham dos mesmos gostos que tu e preferem o Enemy at the Gates (ou os cinco volumes do Liberation). Resumindo, não é por não terem visto filmes de guerra de leste que não podem dizer que "o melhor filme de guerra de sempre é o "Saving Private Ryan". Assim como estas pessoas, haverá outras que dizem o mesmo de filmes soviéticos (vamos imaginar), sem conhecerem as contrapartidas de Hollywood. E porventura encontrarás alguém disposto a defender que o melhor filme de guerra do mundo é neozelandês... É tudo legítimo, e está tudo circunspecto ao universo de filmes que conhecem. Digamos que dizer que filme x ou y é o melhor filme do mundo é mais uma expressão do que uma certeza absoluta.

Agora a propósito desta parte:
Acho complicado definir em primeiro lugar o que é um "apreciador a sério de filmes de guerra", porque dentro deste grupo há os que, como tu, dão importância primeiramente à reconstituição histórica/documental e aos pormenores específicos de modelos e tácticas, preterindo a importância das personagens, a ficcionalização, e os derrames emocionais provocados pela proximidade a que o espectador fica sujeito, e no pólo oposto há os outros, que gostam da guerra ao sabor das pipocas, dos travelings com intenções artísticas que alguns realizadores gostam de fazer e não apreciam os filmes (apenas) pela mera capacidade de reprodução dos movimentos de objectos no espaço e no tempo. Há mais legitimidade no gosto de um grupo em relação ao outro? Sinceramente, não me parece. Como é que um fã de filmes da 2ª Guerra nunca quis ver a batalha final de Berlim!???? Muito simples, basta que a encenação desse combate esteja representado de uma forma que não o cative. Não é por se ser fã de algo que tem de se comer todas as representações desse algo e gostar. O Liberation, por exemplo, será das obras mais rigorosas em termos de fidelidade ao que se sucedeu no terreno (tu serás melhor pessoa para avaliar se será assim), mas para os meus olhos o estilo vincadamente documental retira-lhe todo o potencial de emoção, mesmo quando te colocam no meio da batalha...um gajo que ache isso não é apreciador a sério de filmes de guerra, porque se fosse teria andado à caça de um filme que mostrasse o ataque final a Berlim e a rendição da Alemanha, e já teria visto a série dos 5 filmes russos Liberation para tirar a barriga da miséria. Como é que um fã de filmes da 2ª Guerra nunca quis ver a batalha final de Berlim!???? Muito esquisito e bizarro... Isso para mim é malta que gosta de efeitos especiais e desenhos animados cgi e não tem um interesse genuíno pelas batalhas históricas da 2ª Guerra Mundial.
heheh... Não foi bem esta a pergunta que fiz.EDIT: Uma observação final, que o Samwise pretendia mesmo saber, e que eu acabei por não responder objectivamente. É assim... o Resgate do Soldado Ryan é um bom filme anti-guerra, e logo por aí está aprovado. A 2ª parte é secante comparada com a 1ª parte. Julgo que é o filme em que executam um prisioneiro alemão, para mostrar os crimes de guerra norte-americanos, o que é louvável. Quando vi o filme, ainda não conhecia o cinema soviético. Mas o que eu gosto mesmo é da onda dos filmes de guerra russos (gostos meramente pessoais). Neste tema, o filme ocidental de que mais gosto é o "Inimigo às Portas" pela primeira parte, mas essa preferência ocorreu logo antes de ver o meu 1º filme de guerra russo. Nunca gostei muito do soldado Ryan, mas fiquei logo fascinado com o Inimigo às Portas (que até é contra o exército vermelho e denuncia crimes de guerra contra os próprios soldados).

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Re: Realizador: Steven Spielberg (1946 - )
Isto é um off-topic que ficaria melhor no tópico dos "Desabafos", o problema é que lancei a questão original aqui e venho agora trazer o seu desfecho, para encerrar esse assunto em particular...
O assunto foi aquele comentário que escrevi, acerca de um gajo qualquer estrangeiro ter ficado encantado com o meu clip do filme de 1970 "Waterloo" (Super co-produção entre a URSS e a Europa Ocidental, com o exército vermelho ao serviço do filme). Na minha mensagem anterior deste tópico tinha indicado que iria puxar o tapete a esse comentador que estava a comparar o filme com o cinema americano, nomeadamente "Os Dez Mandamentos".
Escrevi agora a minha resposta a ele, ilustrada com 3 vídeos:

Esta mensagem até é pertinente para verem como eu e os fanáticos estrangeiros reagimos perante os filmes históricos, em que os realizadores comandaram exércitos ao serviço do filme. Afinal tratam-se de trocas de comentários no meu canal do You Tube e terá graça ver como as outras "aves raras" como eu, reagimos perante a minha onda de cinema.

Nota: A página no You Tube em questão é esta: https://www.youtube.com/watch?v=3ucl_PfzMmg
Por último o Samwise perguntou:
"heheh... Não foi bem esta a pergunta que fiz.
Não perguntei se o Ryan era bom ou mau, ou se gostavas dele. Perguntei se o facto de ser americano, de focar apenas um batalhão de tropas americanas na WW2, e de ser muito patriota, alterava em alguma coisa a sua legitimidade na representação/encenação daquilo que sucedeu no conflito."
Não... esses factores que indicaste não alteram em nada a minha apreciação do filme, não tenho mesmo nada de negativo a apontar acerca desses aspectos. Acho que o filme é bom e fazia falta, como contra-peso do cinema de propaganda pró-guerra patriótico das décadas anteriores de 1940-1960.

O assunto foi aquele comentário que escrevi, acerca de um gajo qualquer estrangeiro ter ficado encantado com o meu clip do filme de 1970 "Waterloo" (Super co-produção entre a URSS e a Europa Ocidental, com o exército vermelho ao serviço do filme). Na minha mensagem anterior deste tópico tinha indicado que iria puxar o tapete a esse comentador que estava a comparar o filme com o cinema americano, nomeadamente "Os Dez Mandamentos".
Escrevi agora a minha resposta a ele, ilustrada com 3 vídeos:
Ainda não se sabe qual será a reacção do comentador em questão, ele pode ficar todo contente com as minhas sugestões, ou pode querer permanecer na fantasia da La La Land do orgulho patriótico norte-americano, que não aceita a possibilidade de bom cinema feito pelos "commie bastards", mas o meu instinto diz-me que ele ficará contente com as minhas sugestões, porque senão nem teria escrito o comentário inicial e estaria antes entretido a ver o Star Wars 23 em 7-D.+KTChamberlain I'm sorry to rain on your parade, but welcome to "The Matrix":
1969 polish film "Colonel Wolodyjowski / Pan Wołodyjowski":
1967 soviet film "War and Peace", clip from my Vimeo channel:
1970 soviet film "Liberation":


Esta mensagem até é pertinente para verem como eu e os fanáticos estrangeiros reagimos perante os filmes históricos, em que os realizadores comandaram exércitos ao serviço do filme. Afinal tratam-se de trocas de comentários no meu canal do You Tube e terá graça ver como as outras "aves raras" como eu, reagimos perante a minha onda de cinema.


Nota: A página no You Tube em questão é esta: https://www.youtube.com/watch?v=3ucl_PfzMmg
Por último o Samwise perguntou:
"heheh... Não foi bem esta a pergunta que fiz.

Não... esses factores que indicaste não alteram em nada a minha apreciação do filme, não tenho mesmo nada de negativo a apontar acerca desses aspectos. Acho que o filme é bom e fazia falta, como contra-peso do cinema de propaganda pró-guerra patriótico das décadas anteriores de 1940-1960.

