John Carter (2012) - Andrew Stanton

[Argaroth01]

Mas o problema é que a maioria das pessoas vê o John Carter descontextualizado.
Não importa que a história tenha 100 anos (e que ninguém ainda vá acreditar que em Marte há todas aquelas espécies) e que seja o Avatar (como o Super-Homem, como a obra do Philip K. Dick) a dever o que é à obra que apenas passou ao cinema agora!
Por isso a discussão é, quase sempre, inútil nessa base.

Lamentavelmente, por muito que concorde com esta posição, é algo que acaba por não ter grande consequência na apreciação e aceitação de um filme como este se não tiver impacto emocional nos espectadores. Todas as racionalizações não vão tornar o filme melhor para quem o possa achar datado, derivativo, e outros demais etc's. E depois são os obstáculos quase intransponíveis de 100 anos de pilhagem do material de origem. É como estar à espera de reviver a magia de Star Wars a partir de 1999 com o início das prequelas: muita coisa apareceu num intervalo de 16 anos que esbateu a ressonância emocional. Claro, os filmes têm vários problemas mas independentemente da sua resolução, nunca se poderia esperar o mesmo fascínio que em 1977. Eu fico realmente decepcionado que um filme como este não tenha tido sucesso porque apesar dos seus problemas (sobretudo o vácuo de carisma que é o actor principal), é uma obra feita com grande amor ao género.

[alquimista]

sobretudo o vácuo de carisma que é o actor principal

Por acaso não senti isso. Não irá ganhar um oscar, mas este gajo é o John Carter dos livros sem tirar nem pôr e quanto a mim foi um casting absolutamente perfeito pois também não precisava ser mais do que isto para ser 100% fiel ao personagem do livro que na realidade é ainda bem mais vazio...
Aliás, se JC no cinema teve uma coisa muito positiva foi o facto de ter pegado em personagens sem grande interesse e te-los convertido em bonecos com carisma. Desde ao que os argumentistas fizeram com o amigo do heroi no livro que aqui no filme foi transformado no coronel adversario do inicio do filme numa sequencia cheia de humor e personalidade totalmente inexistente no romance, até ao que fizeram com a princesa de marte que no livro é apenas uma gaja boa histérica e sem qualquer interesse além de andar nua o livro todo mas no filme é uma das personagens femininas mais cativantes e carismáticas que alguma vez me lembro de ter visto num filme de aventuras. E nao me falem na princesa Leia que eu nunca entendi essa gaja, muito menos ter-se tornado num sex symbol nerd...agora esta princesa de Marte...isto sim é uma princesa de uma novela de space-opera !!! Melhor do que o que está no livro apesar de estar mais vestida...

Os livros são excelentes por terem inventado um conceito e modernizado um género, mas nao se iludam , independentemente do valor historico literatura de qualidade é que aquilo nunca foi. É apenas palha de aventuras, mas palha da boa, daquela verdadeira e ainda não genéticamente alterada e o filme soube como poucos tirar partido do material original que lá estava a pedir para respirar.

Por isso se gostaram do filme recomendo vivamente a edição portuguesa do livro. É uma das melhores edições deste romance e contem um excelente artigo no inicio sobre todo o historial do personagem e desta saga. Agora espero sinceramente que continuem a editar os romances seguintes. Nem que seja os dois seguintes que formam a trilogia original de onde o filme foi buscar elementos dos primeiros dois livros com um toque de terceiro...Mesmo se ja viram o filme o livro complementa-o muito bem e vice-versa.
Se gostarem de FC e nunca leram nada de novelas clássicas, este primeiro livro do JC é um bom sitio para começar, depois recomendo os romances de E.E.Doc Smith e se calhar ficam a perceber porque razão eu acho esta adaptação moderna um filme de ficção cientifica tão bom quanto 2001 ou Blade Runner ou até mesmo apenas um grande filme de aventuras ao nivel dos primeiros Indiana Jones.

Houve uma review que o classificou como o Lawrence da Arabia da FC para um publico que já nao tem referencias para o poder apreciar como deveria e quanto a mim não pode haver melhor descrição de JC na sua adaptaçao para cinema, pois é verdadeiramente um filme de aventuras classico filmado para um publico que se calhar pensa que foi Star Wars a inventar o género.

Ja agora se tiverem o dvd ou o bluray recomendo vivamente o comentario audio que é excelente e embora nao aborde a polémica do filme ter sido virtualmente abandonado pela Disney contem uma verdadeira enciclopedia de informações interessantes que se calhar os fará olhar para isto com um olhar mais semelhante ao meu.

[Ludovico]

Não se pode agradar a todos. Se calhar nem gostas de ficção cientifica. Da clássica ja vi que nao te interessa pois se tivesses referencias terias encontrado algo no filme que reconhecerias de imediato.
Pelo que me toca continua a ser um dos melhores filmes de aventuras que vi até hoje pelas razões que descrevo no meu blog http://universosesquecidos.wordpress.co ... -2012-eua/ e é definitivamente um dos filmes da minha vida nem que seja pela espantosa adaptação de um livro impossivel de ser bem adaptado e pelo milagre de ser um filme gringo em que não ha superviloes , nem lutas de vinte minutos e os efeitos até la estao so para fazer a historia avançar ao contrario do que é costume e tudo se centra nos personagens e na atmosfera.
Além disso, ja agora, recomendo vivamente a toda a gente que leu nos anos 80, a trilogia marciana de michael moorcock editada pela europa america na velha colecçao de fc, com os titulos "a cidade da neblina verde", "o senhor das aranhas" e " os senhores do fosso" que sao romances clones de John Carter com a intençao de homenagear o velho estilo pulp ja esquecido na altura. Quem gostou destes livros mas nunca leu john carter, espreite o filme pois ira ficar certamente surpreendido.
Um amigo meu adorou o john carter nao por ser o que é mas porque lhe lembrou imediatamente do livro "a cidade da neblina verde". Recomendo vivamente.

Estás completamente enganado Alquimista.
Se há género que seja de minha eleição é mesmo a ficção cientifica.
Adoro ficção cientifica de toda a espécie mas há ficção cientifica e ficção cientifica,isto é,há bons filmes desse género mas também filmes intragáveis.
O que me distingue de ti é que és fã de lêr livros e eu não.
Eu evito lêr livros porque não gosto e além disso tenha más recordações,isto é:
Quando eu gosto do livro não gosto do filme quando gosto do filme não gosto do livro,é assim em 90% dos casos.
Para mim,o que me interessa é o resultado prático da adaptação e não a sua fonte inicial.
Estou a ver que este filme é um filme da tua vida,da maneira como falas é visivel isso,compreendo.Se comparas este filme a 2001,Blade Runner,Star Wars a Avatar é sinal da tua devoção absoluta por ele.Já me tem acontecido noutro género de filmes mas não neste.
Para mim,John Carter é um filme desastroso a roçar o caixote do lixo.Tem os ingredientes todos para ser um grande filme mas teve um realizador lacaio dos estúdios a realizar.É tudo feito sem nexo,sem um minimo senso,aliás,a partir de muito cedo deixei de acompanhar a história e esperava ansiosamente que o filme acabasse tal era o enfado ao vê-lo.Numa frase diria que tem estilo a mais e um mau guião e realizador.
É verdade que Avatar também é isso mas uma coisa é ter um mau guião outra é ter um guião simplório pois é isso que acontece nos dois filmes:
John Carter tem muito,muito mau guião já Avatar tem um guião limitadissimo,simplório e além do mais James Cameron realiza muito melhor comparado com este desastroso realizador.
Devo dizer que John Carter é o Avatar dos pequeninos,é essa a sensação final ao ver o filme.

[Samwise]

Alquimista, continuo a achar que esse entusiasmo todo só se deve a seres um adorador dos livros originais, porque privado-se o filme desse cordão umbilical, não sobra muito para apreciar (ainda assim, cheira-me que por tua causa ainda vou ver o filme outra vez... )

Para mim, a Princesa Leia tem um carisma que deixa a milhas a personagem de cartão da Princesa de Marte - que tem figura e presença (inegável ), mas a quem falta sobretudo textura contextual (em nenhum momento senti a angústia e a empatia que era suposto derivadas da situação que estava a viver - um problema de incapacidade na criação/manifestação do Pathos), mas também mais peso e importância na narrativa, porque, assim como está, não passa de um sidekick amoroso para o herói principal, mesmo que o livro original tivesse por título a sua personagem! Tudo bem que há acontecimentos na história que só se podem passar se houver uma princesa - mas não é por aí que se justifica e dá peso a uma personagem (tudo críticas que não faço, por exemplo, ao Carter - mas pronto, esse também é o principal).

Agora, a Leia está num patamar à parte (num campeonato à parte) de todas as outras heroínas de FC. Logo no capítulo inicial da saga sua presença ficou marcada - e o Lucas nesse campo soube jogar muito bem com as personagens que inventou. Ele é uma figura de aparência frágil, mas de alma guerreira, uma lutadora que acredita, que não sucumbe à chantagem, nem mesmo quando isso implica a destruição de um planeta inteiro (essa sequência é de antologia, com o Darth Vader, um vulto negro enorme, a face do mal que não mostra emoções, a envolver a pequena ave branca, a bloquear e impedir o seu recuo), que não se intimida facilmente e até se sai umas tiradas humorísticas em momentos de aperto ("Aren't you a little short for a Stormtrooper?"), e que não tem medo entrar em combate físico se a situação o exigir, como acontece durante toda a fuga da Estrela da Morte e uma boa parte do terceiro capítulo da série. Depois, durante algum tempo é o elo central de uma espécie de triângulo amoroso que junta os heróis principais, e acaba a ter discussões "amorosas" épicas com o Solo, dividindo com ele a teimosia e o uso do sarcasmo. Também o seu papel de princesa está repartida entre as voz de comando na hierarquia rebelde e a de "soldado" no terreno - sempre na "frente de combate" -, muito por conta da força da amizade e companheirismo (não passaria pela cabeça de ninguém enviar uma princesa disfarçada de "bounty hunter" ao covíl do Jabba... a não ser pela dela). É difícil não gostar de uma personagem feminina com estas características, que arranca um protagonismo invulgar numa space-opera também invulgar, e há-que dar também algum crédito à Carrie Fisher pela figura que compõe - é que a Natalie Portman, por comparação, é uma sombra como Amidala...

[alquimista]

Isto só demonstra o velho chavão dos gostos não se discutem. Podiamos ficar aqui a vida toda a comparar opiniões que cada um tem maneiras de sentir um filme. ;)
Por mim JC é mesmo um dos meus filmes de aventura favoritos de todos os tempos, especialmente pela relação com o os livros e porque acho realmente que é absolutamente brilhante na forma como narra toda a história e me cativa totalmente com os personagens sem usar o cgi para impressionar mas apenas para contar a aventura , de cartão é certo mas para mim está ai a sua grande mais valia. Ha muito tempo que não me importava com bonecos como estes. E pelo andar da carruagem acredito realmente que este além do filme de culto que se está a tornar, irá tornar-se um clássico. Especialmente se um destes dias houver uma recuperação popular dos livros.
http://thejohncarterfiles.com/2012/07/m ... ice-gross/

Ps: Princesa Leia Sucks. Amidala who ?... :)
Hehehe

[PanterA]

A questão é que o Prometheus conseguiu o dobro do lucro em relação ao seu orçamento, já esse JC, nem de perto nem de longe conseguiu fazer algo idêntico.
Só se estiver a ganhar algum nos Blurays e mesmo assim, é já estar a puxar demasiado a corda.

[lud81]

Olha, sem ter a paixão que o Alquimista tem eu achei o John Carter melhor que o Prometheus, independentemente do dinheiro que cada um fez. Esperava muito mais do Ridley Scott e saí um bocado desiludido. O JC foi realmente um grande filme com excelentes personagens e relações entre elas.

[Cabeças]

Depois de pensar um bocado, cheguei á conclusão de que partilho a opinião do lud81. Gostei mais da sensação de encantamento que o filme do John Carter me conseguiu proporcionar do que do Prometheus, que em grande medida foi uma desilusão para mim por causa de algumas idiotices que acho imperdoáveis num filme daqueles.

O John Carter ganha de longe em termos de experiência de visionamento porque ao vê-lo sem grandes expectativas, foi todo ele uma enorme e crescente experiência positiva. O Prometheus pelo contrário, ao prometer e fazer crer em muito, revelou-se afinal um gigante com demasiados pés de barro.

[Samwise]

Ps: Princesa Leia Sucks. Amidala who ?... :)
Hehehe

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Não é para ser do contra, mas voto no Prometheus, e por uma boa margem. Desiludiram-me os dois, mas do do Scott ainda consegui tirar alguma satisfação - sense-of-wonder total nalgumas sequências, basicamente, e agrado com as duas personagens principais (destaque para o Fassbender), para além de que fiquei com uma série de assuntos e dúvidas a martelarem-me a cabeça durante uns tempos (uma virtude do filme) . No JC, o ponteiro das rotações não passou das 2.000...

[PanterA]

Uma boa margem, mas com uma diferença deste tamanho <------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------->

Ainda hoje penso no Prometheus, e mal posso esperar a hora para meter as mãos no Bluray. Uma vontade de rever a porra do filme, que não vos digo nada. Se o cinema não fosse tão caro, ainda tinha ido lá outra vez. Mas pronto.

Também concordo que o Prometheus tem falhas graves, estúpidas ou mesmo ridículas, mas ainda assim, gostei bastante dele, já o JC só me faz pensar é o tempo que perdi nele.

[Bladder]

John Carter by Frazetta

[Cabeças]

John Carter by Frazetta

A Dejah Toris já começa a parecer aqui irmã da Druuna do Serpieri...

[alquimista]

Ja no filme parecia Cabeças...hehe..

[DarkPhoenix]

Adorei.

Há muito que não via um filme assim, despretensioso na abundante fantasia que apresenta, sem cinismos ou pragmatismos pseudo-científicos, pureza na caracterização de um mundo e personagens de sonho.

Não conhecia a obra original, pelo que fiquei maravilhado com as personagens e o argumento, que espero ser fiel às origens.

A fluidez é quase perfeita, talvez um corte de 10 minutos, eliminando uma das cenas "ooppsss, não é para aqui que queríamos ir...", tornasse o filme perfeitamente coeso em termos de ritmo.

As interpretações são de bom nível, embora não me convença o trabalho do Dominic West - um actor que habitualmente aprecio - neste papel.
Acho que as escolhas para o par principal são excelentes.
Também de salientar a espectacular integração das personagens digitais e respectiva interacção com os actores. Do melhor!

Não há muito mais a dizer, "John Carter" é pura magia, leva-nos numa viagem fantástica a um mundo onde os sonhos são possíveis, onde uma vida de sofrimento e desencanto se pode transformar numa existência plena de sentido.

Magnífico.

9/10

[alquimista]

Told you so. ;)
No cinema foi do melhor pois este é mesmo daqueles para ser visto em grande ecran.