Desabafos... (Off-TopiC)

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nimzabo
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by nimzabo »

Ainda não vi mas é capaz de ser interessante.

The Brilliant Biograph: Earliest Moving Images of Europe (1897-1902)
https://www.imdb.com/title/tt13169404/? ... _sr_srsg_0
Helder Fialho
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Helder Fialho »

Luis.Manuel wrote: February 18th, 2023, 1:53 pm As edições de filmes em português estão cada vez mais escassas.

Este é outro grande problema. Os nossos filmes portugueses não são distribuidos também lá fora. Só aqui. Por isso, não temos alternativa. Se deixarem de ser feitas edições cá, eles deixam de poder ser vistos em formato físico. Os filmes mais recentes são os mais afectados. Eu já desisti de achar que A Metamorfose dos Pássaros vai sair em DVD. Sobretudo agora que o filme foi metido na Netflix. A única solução para isto é a maioria das pessoas largar de uma vez a porcaria das plataformas de streaming e voltarem a comprar formato físico. Enquanto esta situação continuar, continuará a destruição da edição em formato físico.
Luis.Manuel
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Luis.Manuel »

Helder Fialho wrote: February 21st, 2023, 8:54 pm
Luis.Manuel wrote: February 18th, 2023, 1:53 pm As edições de filmes em português estão cada vez mais escassas.

Este é outro grande problema. Os nossos filmes portugueses não são distribuidos também lá fora. Só aqui. Por isso, não temos alternativa. Se deixarem de ser feitas edições cá, eles deixam de poder ser vistos em formato físico. Os filmes mais recentes são os mais afectados. Eu já desisti de achar que A Metamorfose dos Pássaros vai sair em DVD. Sobretudo agora que o filme foi metido na Netflix. A única solução para isto é a maioria das pessoas largar de uma vez a porcaria das plataformas de streaming e voltarem a comprar formato físico. Enquanto esta situação continuar, continuará a destruição da edição em formato físico.

O facto não serem distribuídos no estrangeiro é bastante negativo sem dúvida mas no meu ponto de vista nem será esse o pior mal.
Bom, alguns títulos sei que até são vendidos em Espanha, na Alemanha, na França, no Reino Unido... e nos USA e no Brasil também, normalmente em pequenas livrarias quase sempre geridas por emigrantes portugueses (numa rápida pesquisa descobre-se que o "Mudar de Vida" por exemplo, está à venda na Amazon.es, e outros também lá eventualmente terão estado antes) mas para isso é imprescindível que as edições tenham legendas pelo menos em Inglês e nem todos tem. É claro que estamos a falar de pequenas quantidades mas tratando-se quase sempre de cinema de autor e não havendo verba para os divulgar, as vendas nunca poderão ser muitas.

Agora, cinema "nosso", por vezes até financiado com subsídios do estado português não ser editado em formato físico para o mercado nacional e pouco exibido em sala, só para festivais, é que é não é de modo nenhum compreensível. Nem que fosse apenas edição em DVD R ou mesmo em ficheiro digital através de uma plataforma gerida por uma entidade que depois fizesse a entrega dos direitos de autor à SPA.

A RTP2 vai passando bastantes até, mas claro que não pode passar só cinema português, porque por um lado não existem assim tantos filmes portugueses de ficção disponíveis e alguns nem estarão ainda em formato digital (e também porque é importante divulgar o cinema de outros países obviamente). E depois é a burocracia dos direitos, solicitar autorização, negociar contrapartidas, programar normalmente em mini ciclos porque não existe um espaço fixo dedicado exclusivamente ao cinema em língua portuguesa (aliás quando um filme recebe um subsídio do estado deveria constar no documento que formaliza a atribuição de financiamento, a obrigação de cedência da obra para, no mínimo, uma exibição na estação pública. Obviamente deveria haver mais divulgação dessas "exibições de filmes" ao longo da semana anterior nos vários canais da RTP...
Era necessário também que se programassem títulos diferentes dos "habituais", filmes menos conhecidos e não sempre os mesmos clássicos, que tem o seu valor sem dúvida, mas haja paciência.
Eventualmente alguns dos menos conhecidos, a Cinemateca que também é uma instituição pública, tem-os já em DCP o penso que torna a manipulação mais fácil.

Acho que culturalmente seria interessante poder ver/rever alguns filmes como por exemplo o "Trigo e o Joio", "Saltimbancos", "Vidas sem Rumo" de Manuel Guimarães ou "Dom Roberto" de Ernesto de Sousa... títulos mais ou menos relevantes de uma fase de transição do cinema oficial do regime anterior para o chamado "novo cinema português" e já agora também alguns filmes que se fizeram por cá no pós 25 de Abril de 74 (estou a falar de filmes como "Os Demónios de Alcácer-Quibir" do Fonseca e Costa ou "A Santa Aliança" do Eduardo Geada, "A Selva" do Leonel Vieira, entre vários outros. Estes existem em edição DVD (5) mas há muito que estão esgotados no mercado.

E obviamente as obras dos novos realizadores. O Pedro Costa por exemplo ou João Nuno Pinto, Fernando Fragata, Pedro Pinho, Sérgio Tréfaut e vários outros...

Não terão grande audiência dirão alguns, ok mas o serviço público não tem que justificar a sua existência apenas com audiências, pelo menos a RTP 2 que é o canal que ainda vai cumprindo esse objectivo de "serviço público" e que tem um custo bem razoável.

A edição em formato físico destes filmes neste momento, é encarada pelas editoras (que resistiram à pandemia) como uma decisão difícil e de elevado risco.

Uma parceria tripla, RTP/Cinemateca/ Academia Portuguesa de Cinema (e quem sabe até eventualmente também com a participação da Fundação Gulbenkian e Instituto Camões) poderia reunir condições para uma edição em DVD com um preço final acessível.

Uma coisa é certa os filmes acabam por esgotar e não estão disponíveis nem mercado de usados. A nível da divulgação nos mercados estrangeiros o papel o do Instituto Camões pode ser relevante junto dos media dos países onde tem representação divulgando as edições.

A exibição no streaming, no caso de filmes subsidiados pelo programa de apoio à produção cinematográfica não me parece justa pois significa que o espectador tem de pagar 2x para ter acesso (temporário) à obra. Quando paga imposto nos bilhetes de cinema ( uma parte do imposto aplicado aos bilhetes de qualquer filme é destinado a subsídios para produção de filmes portugueses) e quando paga a mensalidade do serviço de streaming.

Quanto ao abandono do streaming (eu tenho apenas o Prime e o HBO porque são oferta de fidelização do operador) não resolve o problema dado que as pessoas, que na sua maioria só vêem os filmes uma vez, acomodaram-se e já não prescindem dessa opção. A Netflix segundo notícias recentes está a levar mais um abanão forte porque muitas das licenças que possuia para séries e filmes não estão a ser renovadas; a Disney agigantou-se, comprou ums série de antigos estúdios com o seu acervo e obviamente não vai facilitar a vida ao maior concorrente do seu próprio serviço de streaming. Há já até quem vaticine o colapso da Netflix a médio prazo.
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Samwise »

Helder Fialho wrote: February 21st, 2023, 8:54 pm
Luis.Manuel wrote: February 18th, 2023, 1:53 pm As edições de filmes em português estão cada vez mais escassas.

Este é outro grande problema. Os nossos filmes portugueses não são distribuidos também lá fora. Só aqui. Por isso, não temos alternativa. Se deixarem de ser feitas edições cá, eles deixam de poder ser vistos em formato físico. Os filmes mais recentes são os mais afectados. Eu já desisti de achar que A Metamorfose dos Pássaros vai sair em DVD. Sobretudo agora que o filme foi metido na Netflix. A única solução para isto é a maioria das pessoas largar de uma vez a porcaria das plataformas de streaming e voltarem a comprar formato físico. Enquanto esta situação continuar, continuará a destruição da edição em formato físico.
Uma nota rápida sobre isto. Não vai acontecer. O caminhar tecnológico, por um lado, e as adaptações sociais a essa evolução, por outro, já estão mais do que direccionadas para esta realidade. O formato físico neste momento é coisa de nicho e vai aí permanecer indefinidamente.

Não sei bem qual é a solução, ou se há UMA solução, mas parece-me que as plataformas de streaming terão de fazer parte dessa solução.

Nota: não tenho nada contra Plataformas de Streaming. Penso (e sempre pensei) que fazem mais bem do que mal considerando o panorama geral, apesar de alguns problemas (como é o caso das licenças que "expiram", dos filmes que ficam indisponíveis, e da questão da divulgação e licenciamento de obras "menos populares")
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Helder Fialho »

Samwise wrote: February 22nd, 2023, 12:51 pm
Uma nota rápida sobre isto. Não vai acontecer. O caminhar tecnológico, por um lado, e as adaptações sociais a essa evolução, por outro, já estão mais do que direccionadas para esta realidade. O formato físico neste momento é coisa de nicho e vai aí permanecer indefinidamente.

Não sei bem qual é a solução, ou se há UMA solução, mas parece-me que as plataformas de streaming terão de fazer parte dessa solução.

Nota: não tenho nada contra Plataformas de Streaming. Penso (e sempre pensei) que fazem mais bem do que mal considerando o panorama geral, apesar de alguns problemas (como é o caso das licenças que "expiram", dos filmes que ficam indisponíveis, e da questão da divulgação e licenciamento de obras "menos populares")


Não sabemos se não vai acontecer. Considero precipitadas afirmações tão peremptórias e cheias de certezas baseadas num presente que parece certo e seguro quando não se conhece o futuro. Eu tenho mais dúvidas do que certezas sobre quase tudo na vida (calma, não sou negacionista do Covid nem do Holocausto, nem defendo que a Terra seja plana, que o Sol ande à volta dela ou de que a ida à Lua nunca existiu). Continuo a achar que é uma moda. Uma tendência alicerçada no desejo das pessoas livrarem-se do que "ocupa espaço" e do que é fácil e cómodo, só porque é digital. Adaptações sociais, bom... isso é muito relativo. Arrisco parecer elitista (que não sou) no que vou dizer mas vou dizê-lo. A generalidade das pessoas que gostam de algo, se lhes perguntarmos porque é que gostam, não sabem verdadeiramente dizer porque é que gostam. Em grande parte, porque só funcionam por reacção e não por acção e pensamento. São meros consumidores passivos, em vez de seres pensantes e activos. Se só lhes metem à frente uma coisa, elas só vão gostar dessa coisa (não lhes é dada outra coisa para escolher e comparar e também não procuram mais - é o caso dos filmes da Marvel que entopem as salas dos centros comerciais e impedem que outros filmes - melhores e sérios - tenham direito a serem exibidos em mais salas e a encontrarem mais público). Se só lhes metem à frente outra coisa, só vão gostar dessa coisa. Para além disto, a generalidade das pessoas também é muito comodista, o que não ajuda nada a voltar a hábitos antigos que se calhar são melhores do que os novos que passaram a adoptar.

Eu sou completamente contra as plataformas. Não subscrevo nenhuma. Lá fora, continuam a vender-se DVDs, blu-rays e acredito que vão continuar a vender-se e eu a comprar lá fora mas cá isso vai acabar e isso preocupa-me. Apesar de tudo, é o meu país e estou a ser privado da minha liberdade de querer comprar os filmes que EU quero em formato físico no MEU país por causa de uma maioria de concidadãos que acredita cegamente, como numa religião, que numa ou duas ou três plataformas consegue ter acesso a todo o cinema do mundo (não consegue) e que em cada uma delas tem uma imensa diversidade de filmes à sua disposição (não tem). Bacalhau basta? As plataformas de streaming são o maior engodo dos últimos anos (com o tempo, as pessoas vão perceber - talvez algumas já tenham percebido com as últimas notícias que têm surgido sobre a Netflix) e é um engodo que está a destruir o Cinema, a exibição dos filmes em sala (se a plataforma é a nova sala de Cinema, então para quê haver salas de cinema?), bem como a edição e distribuição dos filmes (a Netflix não edita em formato físico os "seus" filmes - podiam fazê-lo mas não é o negócio deles). Para eles é: o filme está pronto e mete-se "lá para dentro", de forma totalmente indiferenciada, para o pé dos outros. É só mais um... "conteúdo"). A grande ironia da Netflix é que iria acabar com a pirataria. Ia ser a solução para a pirataria. Na verdade, a Netflix e as outras plataformas estão a contribuir para o aumento da pirataria. Havia menos pirataria antes das plataformas de streaming. Quanto mais exclusivos fizerem os filmes numa plataforma, maior é a vontade de os ver e ter, seja de que forma for. O fruto proibido é sempre o mais apetecido. A isto há que juntar o facto das plataformas serem cada vez mais e cobrarem cada vez mais. Agora são pirateados esses mesmos filmes da plataforma de streaming legal cuja existência ia acabar com o streaming ilegal.

Os problemas das plataformas de streaming não só alguns, são vários. As licenças que expiram e os filmes deixarem de ficar disponíveis é pouco?
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Samwise »

Creio que estás a ver bem determinados comportamentos sociais (o comodismo, a passividade), mas ao mesmo tempo a limitar em demasia a matéria a partir da qual raciocinas, chegando depois conclusões que me parecem muito ao lado. Pelo menos em termos de probabilidade de virem a suceder.

Ou então estás a concluir com base naquilo que gostarias que sucedesse na realidade, olhando para o teu caso pessoal, em vez de para um mercado de oferta e procura heterogéneo e complexo, que se move de acordo com tendências plurais alargadas, e nunca de acordo com vontades de minorias.

Certezas ninguém tem. O que eu tenho é uma convicção baseada no que observo.

Não gostaste do modo como coloquei a opinião, mas eu posso reformular, dando-te a ti a oportunidade de responder:

Baseando-te na realidade actual e mais as tendências na Oferta e na Procura nos últimos dez anos, e considerando ainda a oferta alargada que há no mercado (entre Filmes e Séries, e entre meios de oferta: Cinema em Sala, Plataformas de Streaming, Mercado Físico, Operadores de Telecom/TV por cabo, e ainda o mercado pirata), e na multiplicidade de conjugações possíveis entre esta oferta toda, o que é que TU achas que vai suceder às Empresas de Streaming? Qual é a tua convicção? Estão cá para durar ou vão acabar porque os consumidores em geral vão deixar de subscrever tais serviços?

Outras perguntas: achas que a compra de filmes no suporte digital, e a partir das Plataformas de Streaming, é um factor determinante para quem subscreve esses serviços? Imaginando, por exemplo, o universo de adesões à Netflix, que percentagem dessas adesões se importam o suficiente com a compra de filmes digitais para desistirem da adesão se tal compra não garantir a perenidade da posse? Que factores achas que a maioria dos aderentes valoriza no serviço? E quais são os factores mais que achas que podem tornar esses aderentes em desistentes? (pessoalmente, conheço muita gente que tem Netflix, mas não conheço ninguém que compre filmes digitais).

Demonizas as Plataformas de Streaming como se houvesse uma Culpa que tem de ser atribuída a alguém, e como se estas agissem deliberadamente, concertadamente, para matar o mercado do cinema em sala e o da oferta física de filmes. Em primeiro lugar não há uma culpa, há uma razão (ou um conjunto de razões). Em segundo lugar, essas razões têm a ver com os hábitos, desejos e possibilidades sociais dos consumidores (entre eles, alguns dos que identificaste). São estes hábitos, desejos e possibilidades que proporcionam que haja espaço no mercado para haver Plataformas de Streaming (elas são uma consequência, e não uma causa), ao mesmo tempo que determinam que o formato físico se feche num nicho e que menos espectadores entrem nas salas.

É um ódio irracional, mal direccionado, e que eu não consigo entender, embora perceba a frustração de ver o mercado físico diminuir e desaparecer, e o cinema em sala cada vez menos diversificado.

As Plataformas não são engodo nenhum (na medida em que proporcionam ao seu público maioritariamente aquilo que desejam), embora algumas tenham práticas menos claras, por vezes enganadoras, e ainda um serviço de rotatividade na oferta que vai eliminando do catálogo os produtos mais "antigos".

E não importa para nada o que eu acho que é grave ou não. O que importa é o que o mercado heterogéneo acha e valoriza.
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Luis.Manuel »

.
A Netflix vai acabar com o cinema de sala?
(onde se lê Netflix, leia-se streaming)

Mais uma opinião, e afinal é disso mesmo que se trata: opiniões. (E as opiniões são como os chapéus, cada cabeça tem uma ...ou várias.)


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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Helder Fialho »

Samwise wrote: February 23rd, 2023, 10:06 pm Pelo menos em termos de probabilidade de virem a suceder.

Por isso mesmo é que são opiniões.


Samwise wrote: February 23rd, 2023, 10:06 pmOu então estás a concluir com base naquilo que gostarias que sucedesse na realidade, olhando para o teu caso pessoal, em vez de para um mercado de oferta e procura heterogéneo e complexo, que se move de acordo com tendências plurais alargadas, e nunca de acordo com vontades de minorias.

Concluo com base no que gostaria que sucedesse na realidade, claro. Eu e todos nós, creio eu. Acho que todos gostaríamos de voltar a ver as FNACs com prateleiras cheias de DVDs, em vez do cenário desolador que vemos actualmente. Acontece que as minorias eram as maiorias até há não muitos anos.


Samwise wrote: February 23rd, 2023, 10:06 pmCertezas ninguém tem. O que eu tenho é uma convicção baseada no que observo.

Entendi mal. Peço desculpa.


Samwise wrote: February 23rd, 2023, 10:06 pmBaseando-te na realidade actual e mais as tendências na Oferta e na Procura nos últimos dez anos, e considerando ainda a oferta alargada que há no mercado (entre Filmes e Séries, e entre meios de oferta: Cinema em Sala, Plataformas de Streaming, Mercado Físico, Operadores de Telecom/TV por cabo, e ainda o mercado pirata), e na multiplicidade de conjugações possíveis entre esta oferta toda, o que é que TU achas que vai suceder às Empresas de Streaming? Qual é a tua convicção? Estão cá para durar ou vão acabar porque os consumidores em geral vão deixar de subscrever tais serviços?

Vão acabar. No médio prazo, podem não acabar mas vai haver uma redução muito grande de subscritores e vão ter muitíssimo menos. Neste momento, isso já está a começar a acontecer com a Netflix. Não sei como está a ser com as outras. O motivo para as saídas da Netflix não é, contudo, um regresso ao formato físico, pelo menos para já. A Netflix aumentou os preços (agora parece que vão baixar), há uma inflação brutal no mundo e um aumento do custo de vida e entre pôr comida na mesa e manter uma subscrição de uma plataforma...




Samwise wrote: February 23rd, 2023, 10:06 pmOutras perguntas: achas que a compra de filmes no suporte digital, e a partir das Plataformas de Streaming, é um factor determinante para quem subscreve esses serviços? Imaginando, por exemplo, o universo de adesões à Netflix, que percentagem dessas adesões se importam o suficiente com a compra de filmes digitais para desistirem da adesão se tal compra não garantir a perenidade da posse? Que factores achas que a maioria dos aderentes valoriza no serviço? E quais são os factores mais que achas que podem tornar esses aderentes em desistentes? (pessoalmente, conheço muita gente que tem Netflix, mas não conheço ninguém que compre filmes digitais).

Não posso responder a essas perguntas. Só com um questionário ou uma sondagem para os utilizadores das plataformas responderem, até porque são eles que as utilizam. Eu não.



Samwise wrote: February 23rd, 2023, 10:06 pmDemonizas as Plataformas de Streaming como se houvesse uma Culpa que tem de ser atribuída a alguém, e como se estas agissem deliberadamente, concertadamente, para matar o mercado do cinema em sala e o da oferta física de filmes. Em primeiro lugar não há uma culpa, há uma razão (ou um conjunto de razões). Em segundo lugar, essas razões têm a ver com os hábitos, desejos e possibilidades sociais dos consumidores (entre eles, alguns dos que identificaste). São estes hábitos, desejos e possibilidades que proporcionam que haja espaço no mercado para haver Plataformas de Streaming (elas são uma consequência, e não uma causa), ao mesmo tempo que determinam que o formato físico se feche num nicho e que menos espectadores entrem nas salas.

Não acuso só as plataformas, acuso sobretudo as pessoas que aderiram a elas (as plataformas precisam de pessoas), casos que há até de pessoas em Inglaterra que venderam toda a sua colecção de DVDs e blu-rays e subscreveram a Netflix. Justamente, a mudança de hábitos e de vontades é que contribuiu para esta situação.
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Helder Fialho »

Um texto fantástico do À Pala de Walsh, quase um manifesto, que já conhecia, mas que há que dar a conhecer sempre a mais pessoas para sabermos que não estamos sozinhos. Contra o fim dos suportes físicos.

https://apaladewalsh.com/2020/11/lets-g ... spectador/
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Helder Fialho »

Luis.Manuel wrote: February 22nd, 2023, 10:59 am
O facto não serem distribuídos no estrangeiro é bastante negativo sem dúvida mas no meu ponto de vista nem será esse o pior mal.
Bom, alguns títulos sei que até são vendidos em Espanha, na Alemanha, na França, no Reino Unido... e nos USA e no Brasil também, normalmente em pequenas livrarias quase sempre geridas por emigrantes portugueses (numa rápida pesquisa descobre-se que o "Mudar de Vida" por exemplo, está à venda na Amazon.es, e outros também lá eventualmente terão estado antes) mas para isso é imprescindível que as edições tenham legendas pelo menos em Inglês e nem todos tem. É claro que estamos a falar de pequenas quantidades mas tratando-se quase sempre de cinema de autor e não havendo verba para os divulgar, as vendas nunca poderão ser muitas.

Sim, é algo totalmente residual. De resto, nem poderia ser de outra forma. Os filmes de Manoel de Oliveira, que é o realizador português mais conhecido em França, na Alemanha e em Itália, só são conhecidos e apreciados nos Festivais. Fora do circuito dos Festivais, mesmo nestes países, do público em geral não haverá muitas pessoas que tenham visto os filmes dele.


Luis.Manuel wrote: February 22nd, 2023, 10:59 amAgora, cinema "nosso", por vezes até financiado com subsídios do estado português não ser editado em formato físico para o mercado nacional e pouco exibido em sala, só para festivais, é que é não é de modo nenhum compreensível. Nem que fosse apenas edição em DVD R ou mesmo em ficheiro digital através de uma plataforma gerida por uma entidade que depois fizesse a entrega dos direitos de autor à SPA.

O problema começa precisamente pelo cinema português ser pouco exibido em sala. Poucas salas e pouca divulgação dos filmes. Depois a partir daí tudo o resto cai como um dominó. Os operadores (NOS, maioritariamente) não querem filmes portugueses nas salas porque não fazem dinheiro e ocupam tudo com os filmes da Marvel, que é o que traz público e dá dinheiro. Os anos passam e o problema do cinema português mantém-se, em parte porque há inércia e falta de uma política pública de cinema a sério. Mas depois os políticos gostam muito de tecer elogios rasgados sempre que os filmes ganham prémios nos Festivais porque é a coisa típica de país pequeno e pobre que somos que é "eles gostam de nós! que bom!" mas cá ninguém os vê. Está quase tudo por fazer neste campo. A RTP tem feito uma coisa boa no RTP Play que é, quase imediatamente após a RTP2 exibir um filme português, mete-o no RTP Play e fica lá permanentemente para quem o quiser ver e de borla. Se as pessoas gostarem do filme, isto pode potenciar depois a compra do DVD do filme.

O João Botelho diz aqui tudo o que tem de ser dito neste vídeo que já tem uns anos mas que continua totalmente actual:

http://videos.sapo.pt/LQA7kldcvImCKVqgeqja
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Luis.Manuel »

Queria muito ver este programa na íntegra (Os Culturistas, com o João Botelho) que não vi, porque quase não vejo televisão, muito menos o Canal Q (e pelos vistos estava errado) . Obrigado pela partilha Helder Fialho. salut-)

Edit:
As partes inicial e final do programa com João Botelho n'Os Culturistas para quem eventualmente se interessar e não tenha visto.

http://videos.sapo.pt/y0kHhqMEP3MJnzZ7pme0

https://www.sapo.pt/video/GiDtoB5hzU4PvE0DGZTO
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Helder Fialho »

Luis.Manuel wrote: February 25th, 2023, 11:37 pm Queria muito ver este programa na íntegra (Os Culturistas, com o João Botelho) que não vi, porque quase não vejo televisão, muito menos o Canal Q (e pelos vistos estava errado) . Obrigado pela partilha Helder Fialho. salut-)

Edit:
As partes inicial e final do programa com João Botelho n'Os Culturistas para quem eventualmente se interessar e não tenha visto.

http://videos.sapo.pt/y0kHhqMEP3MJnzZ7pme0

https://www.sapo.pt/video/GiDtoB5hzU4PvE0DGZTO


Vale muito a pena ver. Esteve no youtube durante anos mas já não está. Agora só se encontra mesmo no sapo vídeos. Não é muito fácil perceber onde começa porque nos títulos não está 1ª parte, 2ª parte, etc.

Começa aqui: https://www.sapo.pt/video/y0kHhqMEP3MJnzZ7pme0

Continua aqui: http://videos.sapo.pt/LQA7kldcvImCKVqgeqja

Última parte: https://www.sapo.pt/video/GiDtoB5hzU4PvE0DGZTO
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Helder Fialho »

O John Boorman escreveu hoje um artigo no Guardian onde argumenta que os filmes feitos de forma digital não são filmes e que só os filmes feitos no celulóide é que podem - ou devem - ser chamados de filmes. Não concordo mas compreendo o lamento dele. Há argumentos interessantes a favor e contra.

Pormenor interessante que não sabia e que o John Boorman revela: de todos os filmes nomeados este ano para o Óscar de Melhor Filme, o The Fabelmans do Spielberg é o único que foi rodado em película.

https://www.theguardian.com/commentisfr ... -them-that
nimzabo
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by nimzabo »

A feira do livro regressa este ano a Maio
https://feiradolivrodelisboa.pt/
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Luis.Manuel »

:shock:
Experiência com o "badalado" ChatGPT...

Análise crítica do último filme dirigido por Pedro Pablo Celedón como?-)

Image[/url] [/img]
Avatar: O Caminho da Água é um filme ambientalmente consciente e emocionante que explora a luta do povo Navajo para proteger seus recursos naturais e sua cultura ancestral. Dirigido por Pedro Pablo Celedón, o filme faz um excelente trabalho em destacar a importância da água e do meio ambiente para todos nós, independentemente da nossa origem ou cultura.

A narrativa segue a história do jovem Jake, que mora na cidade, mas tem raízes Navajo. Depois de visitar a casa de sua avó em Navajo Nation e aprender sobre a situação precária da água na comunidade, ele decide lutar para ajudá-los. O filme apresenta uma série de entrevistas com líderes Navajo e especialistas em meio ambiente, que destacam a grave crise de água que enfrenta essa comunidade e o impacto negativo da mineração na região.

Além de apresentar uma importante questão ambiental, Avatar: O Caminho da Água é uma declaração poderosa sobre a luta dos povos indígenas pela proteção de suas terras e cultura. O filme mostra a importância da união e da solidariedade nessa luta contra as empresas de mineração que ameaçam a vida da população.

No entanto, Avatar: O Caminho da Água perde um pouco de sua força ao tentar encaixar a história de Jake na narrativa geral. A história de um jovem idealista em busca de sua identidade é um clichê já visto em muitos filmes, e acaba se tornando um pano de fundo para a história principal do filme.

Apesar disso, Avatar: O Caminho da Água é um filme importante e bem produzido, que traz à tona uma questão ambiental crítica e apresenta uma mensagem de união e luta pelos direitos dos povos indígenas. Vale a pena assistir e refletir sobre o impacto que nossas escolhas têm sobre o meio ambiente e as comunidades que dependem dele para sobreviver.
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