Desabafos... (Off-TopiC)

Discussão de filmes; a arte pela arte.

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Helder Fialho
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Helder Fialho »

rui sousa wrote: August 30th, 2019, 5:13 pm A minha única quezília é mesmo a experiência cinematográfica, que não tem necessidade de ser espezinhada da forma como está a ser.

Exacto. Há duas semanas revi o Cinema Paradiso em dois dias (um dia para a versão de 2 horas e no dia seguinte o Director's Cut) e, ao rever a cena que mostra na actualidade (à época) o cinema abandonado, semi-destruído e em vésperas de ser demolido para dar lugar a um parque de estacionamento, acho que dá para ter um vislumbre do futuro das salas de cinema, se a Netflix vencer. É curioso que, quando o filme estreou, a ameaça era a do VHS como, aliás, o próprio Ciccio diz ao Salvatore durante o funeral do Alfredo. A ameaça agora é outra. Em 88 tinha dois anos, fui "criado" nas cassetes de VHS, por isso não faço a mínima ideia, mas imagino que, provavelmente, haveria uma ideia de que o cinema poderia acabar e há uma ideia de urgência latente de recuperar, resgatar o passado nessa fase final do filme, uma ideia de fim também; uma antecâmara do fim de um tempo que foi cheio e que contrasta com um presente que é vazio. Isto manifesta com particular acutilância no Director's Cut com a procura frenética e quase desesperada do Salvatore pela nota que a Elena lhe deixou mais de 30 anos antes no meio dos invoices dos filmes na sala de projecção do Paradiso, no contexto da tentativa que ele faz de continuar a relação amorosa que marcou o passado e que foi a única que teve sentido.
nimzabo
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by nimzabo »

drakes
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by drakes »

Primeira vez que pedi para algo ser "banido", é parte desses tempos, bem em um curta tem a história um casal sequestra a filha do juiz “Sergio Mauro”, em troca da libertação do condenado “Luiz Jararaca da Silva”, seja que tendência política em um país que é normal receber telefonemas com a frase "pai\mãe fui sequestrada\o e a briga política já levou a facadas e mortes; beira a irresponsabilidade.

Acho que vou desistir de assistir curta... logo fica só anime.
nimzabo
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by nimzabo »

Para mim não é claro o 'Jararaca'.
Podes explicar? o que é que ele fez?
Penso que foi acusado de ter recebido um apartamento, certo?
Ele alguma vez falou disso?
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by drakes »

nimzabo wrote: September 5th, 2019, 10:31 am Para mim não é claro o 'Jararaca'.
Podes explicar? o que é que ele fez?
Penso que foi acusado de ter recebido um apartamento, certo?
Ele alguma vez falou disso?
As alusões:
Se quiseram matar a jararaca, não fizeram direito, pois não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva." frases do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva .
A tatuagem na testa me parece menos bastardos e inglórios e mais um caso com menor que ocorreu na periferia :
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Sérgio Mario é o Moro que foi o juiz de primeira instancia que tem filhos, quando a família conheceu o pelé, o garoto estava com a camisa da seleção.
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by technicolor »

Fica um desabafo genuíno.

Estas manhãs de sábado em que acordo cedo e depois de uma caminhada "física", faço outra pela memória (de cinéfilo) dão-me (as manhãs) para esta onda nostálgica, fenómeno que alguns tem aflorado aqui pontualmente e ao de leve mas que a mim me "bate forte".
Ao aproximar-me dos 500 posts (3 anos) neste forum começo a aperceber-me cada vez mais que o tempo passou, a vida mudou,o MEC já não tem o protagonismo de outrora, o Edson (Athayde) já perdeu o estatuto de "guru" ... e que começo a ficar um bocado "desfasado" do que está acontecer no tempo actual (basicamente só sei falar cinema "vintage" ...ou penso que sei :mrgreen: ) ...


E para explicar melhor o sentimento de "desfasamento" fica a transcrição na integra de um texto de Joana Amaral Cardoso que apesar já ter uma década "ilustra" bem como foi o meu tempo áureo de cinéfilo, jovem dos "arredores" da grande Lisboa, "deslocado" em serviço para estudar na capital do ex-império :lol:

Cinefilia anos 80 - modo de usar

Joana Amaral Cardoso in Público https://www.publico.pt/2010/06/03/cultu ... sar-258205


As estreias não tinham dia fixo, os filmes ficavam anos em exibição e certos autores tinham em cada sala o seu poiso - era uma década de fidelidades. Os autores, aliás, ainda eram o "mainstream".

Foram os anos da nossa alteridade e da transição cinéfila. "Eram os anos 80", diz o ciclo que dia 18 inaugura na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa: Coppola, Scorsese, Woody Allen, Cassavetes, Truffaut, Rohmer, Lynch, Jarmusch ("Stranger than Paradise", a abrir), Spike Lee, Moretti, Von Trier, Kurosawa, John Huston, Fassbinder, Wenders, Tarkovski ou Leone. Uma década que aqui, em Portugal, começa num misto de ressaca e estado ébrio pós-revolução, mas que abraça também a entrada na então CEE (e queriam desesperadamente ver Portugal na CEE). Queríamos ser outros, como o resto da Europa, e já éramos outros. O fim dos cineclubes - os primeiros multiplex. A cassete, primeiro de áudio, depois de vídeo - os videoclubes. O walkman, bolas, há 30 anos. O cinema, que até aí era etéreo, só saía à noite e se manifestava em salas, ia parar à TV ou ganhava corpo VHS.

Alteridade porque gostávamos de ter dado o salto antes, como os vizinhos espanhóis com a intensa Movida, que deu às artes Almodóvar. Eles, os outros, tinham caramelos, alcagoitas e Danone, marcas da Europa que íamos comprar nas férias. Queríamos a globalização e nem sabíamos que com ela os meios de comunicação colectivos passariam a "self-media".
Será que queríamos tudo isto?

Queríamos - esclarece João Pedro Rodrigues, cineasta e cinéfilo "um pouco obsessivo" -, como ele queria, "ver todos os filmes de cada realizador". E eles estavam por aí, nas salas únicas, na Cinemateca, na Gulbenkian, nos institutos, na RTP2.

Atenção: havia cinema, sessões cheias, clássicos na Cinemateca e novidades europeias e "matinées" nos cineclubes. Existiria, no final da década, uma febril produção cinematográfica em Portugal, novos e velhos realizadores ao leme, a mexer na moda, no design, na música - o que Inês de Medeiros, deputada, actriz, realizadora, chama "os anos Frágil", cujas noites começavam na Cinemateca e acabavam no "hub" de Manuel Reis. Mas neste mesmo Portugal, no início dos 80s, acontecia ainda muito pouco. Como frisa Inês de Medeiros, este é um olhar "nostálgico, mas sem saudosismo" sobre a década. E como diz Pedro Caldas: hoje não é bom, nem mau; é diferente.

O honroso bando de cinéfilos ouvidos pelo Ípsilon nasceu ali, fins da década de 1970, plenos anos 1980. Era uma dependência independente - dependiam dos ciclos, dos festivais, dos programadores para ver cinema e davam-lhes os novos independentes, os velhos clássicos. Fosse na Gulbenkian, nos famosos ciclos do cinema dos anos 1930 (1977), 1940 (1979) ou 1950 (1981), ou no Quarteto, Estúdio 444, Cinebloco, Apolo 70... Há sempre algo de agridoce ao visitar a geografia passada, sobretudo ao tentar fazer uma história oral da cinefilia 80s. A toponímia mostra a inevitabilidade da nostalgia - ah, o extinto Quarteto; suspiro pelo Império; lamento pela Sala Bebé. Esta foi a década em que, pela última vez, se construía a cinefilia numa sala de cinema. O "home video" e o "home cinema" ainda não existiam. "Home" é onde o futuro estaria.

Fim do cinema?

O programador do ciclo "Cinema Anos 80", António Rodrigues, postula: os anos 80 foram "o período em que o cinema propriamente dito começou a deixar de existir", culpando o vídeo doméstico pelo encerramento de metade das salas europeias.
Há mágoa ao pensar na "religiosidade" (Caldas), na "cerimónia"
(Medeiros), na "hipnose mágica" (Fellini) da sala de cinema como "sala de espectáculos" (António Roma Torres, psiquiatra, cineclubista e crítico de cinema). As últimas temporadas de "reprises" (os verões do Império, Condes, Monumental). Os cinemas eram de bairro e estavam ao lado dos espectadores.

"Morávamos no Lumiar. Em 1980, eu tinha 14 anos e os meus pais iam deixar-me ao cinema à tarde. O meu eixo era o Caleidoscópio, o Apolo 70, o Alvalade e o antigo Monumental", recorda João Pedro Rodrigues. "Um dos primeiros filmes que vi foi 'O Meu Tio', do [Jacques] Tati, no Apolo 70. Mais crescidinho foi o Quarteto e lembro-me do ano em que se estreou 'Paixão', do Godard, e 'Querelle' [de Fassbinder]".
Pedro Caldas, cujo "Guerra Civil", sobre um amor jovem nos anos 1980, venceu o IndieLisboa, era mais Avenidas - São Jorge, Império e "'Apocalipse Now' numa sala com 4 ou 5 pessoas no Monumental, naquele ecrã monumental".

"Nos anos 1980, estava a meio de um percurso que começou nos anos 1970, com enormes temporadas nos três ciclos da Gulbenkian que me tornaram cinéfilo. Antes disso, ia ao Palácio Foz [extensão da Cinemateca]". E depois a Cinemateca reabriu e passou a ser a sua sala nos anos 1980. Inês de Medeiros de 16 anos, quando começou a ir à Cinemateca, atalha, lembrando-se de Claudette Colbert na Barata Salgueiro. "A Cinemateca era um sítio a que se ia descobrir cinema, mas também onde o cinema era encarnado por pessoas".

Falemos de João Bénard da Costa, e dos ciclos na Gulbenkian originavam filas madrugadoras nas bilheteiras de cineastas em flor e cinéfilos convictos. "As folhas [de sala] do Bénard da Costa foram importantes. Ele falava de outros filmes daquele realizador, de outros realizadores e fazia uma espécie de montagem de outros filmes. E isso dava-me a vontade de ver mais. Guiava-me muito pelo gosto dele", diz-nos João Pedro Rodrigues.

Tão valorizado quanto Bénard é um cinema na tradição das salas de arte e ensaio. Pedro Bandeira Freire criou no Quarteto o mais invulgar dos multiplexes. Anabela Duarte, cantora, ex-Mler Ife Dada: "um sítio de culto"; Vera Mantero, coreógrafa: "uma coisa bastante extraordinária"; Inês de Medeiros: "um pólo de cinefilia" onde viu o seu primeiro Bergman; Pedro Caldas: "havia coisas que estavam só no Quarteto".
Nas imediações, outras salas. Pedro Caldas lembra que o Londres era a casa de Bergman e Woody Allen - estreavam-se sempre ali. "Íamos ao Londres ver um tipo de cinema, e íamos ao Quarteto ver outro." Era uma década de fidelidades e de circuitos delineados. Alvalade, Avis, Éden, Odeón, Politeama ou Roma passavam cinema europeu, de terror ou popular; Castil, Condes, Império, Monumental, São Jorge, Star (hoje a Zara na Guerra Junqueiro), Terminal, Tivoli, Vox tinham cinema popular ou de prestígio; Apolo 70, Cinebloco, Estúdio, Estúdio 444, Londres, Nimas, Quarteto, Satélite eram arte e ensaio.

No Porto, lembra António Roma Torres, eram os tempos do Nun'Álvares, agora reabertos, da Sala Bebé, do Cinema Charlot, do Passos Manuel, Foco, Pedro Cem e dos Cinemas Lumiére, "com uma programação muito cuidada do Mário Pimentel". E o Fantas, claro.
Esta foi também uma década de finais. As últimas temporadas de "reprises" de clássicos nos grandes ecrãs; o fim do Monumental, demolido, ou de pequenas salas como o Jardim Cinema, o Vox ou o Pathé, convertidos em discotecas (o primeiro foi o Loucuras, depois Zona Mais, o segundo tornou-se na Voxmania em 1985 antes de voltar a ser King, e o último foi a discoteca Metropolis em 1985 antes de ficar devoluto).

Com o aproximar do final da década, os circuitos também se iam desagregando. Surgiriam novos espaços - os Alfa em 1981, as Amoreiras em 1985 - e o efeito Pingo Doce ocuparia os cinemas de bairro. O Cinema Royal (Graça) ficou supermercado Inô e depois Pingo Doce. O mesmo no Roxy, no Intendente. São as leis da atracção - espaços amplos pouco frequentados geram espaços amplos frutados.

Podemos argumentar que seguiram o mesmo fim dos cineclubes, empurrados pelo advento do VHS e dos multiplexes. Mas nem tudo nisso era mau - argumentamos. Tarantino é apenas o exemplo mais conhecido dessa geração videoclube, as cassettes com gravações de filmes guardadas por João Pedro Rodrigues são testemunho da importância de certa TV e Pedro Caldas ia aos "Alfa, às Amoreiras porque havia filmes para ver - a programação não era tão homogénea".

Falar em programação nesta década é também falar de festivais, como o da Figueira da Foz, ou de ciclos como os do Instituto Alemão, com os contemporâneos Schroeter, Fassbinder, Wenders, lembra Pedro Caldas, ou o Franco-Português, com "muitos filmes recentes, sobre os quais lia nos 'Cahiers...'", recorda João Pedro. Mas é também falar de televisão. RTP2, mais precisamente, Fernando Lopes, evidentemente. O sr. "Belarmino" chega à Dois em 1978 e programa ciclos.

"Descobri o cinema na RTP2. O que mais me marcou foi o ciclo Dreyer.
Lembro-me de ver pela primeira vez 'A Palavra' na televisão", rememora Inês de Medeiros. "A programação de cinema do segundo canal foi feita com o tipo de exigência dos cineclubes. Sabíamos que havia um público cinéfilo e não os deixámos sem filmes para verem", conta-nos Fernando Lopes. Guarda a memória do "mestre" Dreyer, mas também prova física:
"Foi duro conseguir encontrar uma cópia. Teve de ser feita uma de propósito para Portugal. Ainda hoje guardo com carinho o primeiro poster do filme 'A Palavra', enviado pelo Instituto Dinamarquês de Cinema, que ficou surpreendido com o nosso pedido".

Marcados na memória tem ainda o ciclo Glauber Rocha e os "filmes populares em 31 tardes - Dick Tracy, Flash Gordon, Homem-Aranha", a titilar vários públicos. Outro programador, Alberto Seixas Santos, daria também fôlego à televisão cinéfila. Era o tipo de momento que Vera Mantero apreciaria. Ainda hoje, 30 anos depois de, com o colega bailarino Francisco Camacho, andar pelas salas de cinema de Lisboa, prefere ver o que está a dar na TV do que um DVD. Porque é "algo que mais pessoas estão a ver".

Em plena era dos média pessoais, há quem ainda precise de organizar o caos. Seja via programação de festival (Indie ou Doc Lisboa), seja via qualquer coisa que dê a sensação do colectivo como os "scares. "Continuo a ir ver filmes às salas. Porque é aí que acontece o cinema", explica Vera Mantero. Continua a encontrar salas em que confia, como uma especial em Angers, França, onde viu um documentário que a inspirou para a peça que levou ao Festival Alkantara. Todos referem King e Monumental como herdeiros das salas de confiança da década de 1980 em Lisboa, da mesma maneira que António Roma Torres reporta que cabe aos cinemas Cidade do Porto, da mesma Medeia Filmes de Paulo Branco, a honra de serem as quatro salas "onde ainda há filmes sem intervalo, sem pipocas e como eram os Lumière".

Hoje temos ecrãs para 3D, som "surround", salas em carreirinha.
Contam-se pelos dedos as salas solitárias nas cidades. Aliás, há cidades, como o Porto, diz-nos Roma Torres, que não têm verdadeiros cinemas no centro. Está tudo nos "shoppings", fora. "O cinema não é só o filme que foi registado", relembra. À coreógrafa Vera Mantero faltam as conversas pós-filmes. Agora é só "consumir os objectos a sós e pronto".

Nova cinefilia

Com as "technicalities" das últimas três décadas, não acabaram os cinéfilos. "O que muda é o sentido da cinefilia", observa Fernando Lopes. Há menos gente nas salas e "algo mudou, a percepção das imagens é diferente, as novas tecnologias mudam-nos a cabeça e o olhar. Não quero fazer um juízo, é apenas diferente", diz Pedro Caldas.

"Deixou de haver convívio cinéfilo para ir ver filmes", constata Fernando Lopes. "Há uma possibilidade de escolha enorme, as novas tecnologias não trazem só desgraças. Perde-se é o contacto social. E isso é tão visível no cinema português - antigamente convivíamos e agora está cada um para seu lado". Ficamos por casa à descoberta de histórias alternativas do cinema, mas no DVD, atenta Roma Torres. "Os anos 80 foram o começo do declínio dos cinemas como salas de espectáculo".

O cinema é espectáculo, como frisa Inês de Medeiros, e a comunhão que faz falta vê-se no sucesso do Indie ou do DocLisboa. João Pedro Rodrigues é mais cauteloso. Acredita que as pessoas "vão ao Indie e não ver um certo filme", só querem "acontecimentos". "Às vezes os mesmos filmes passam na Cinemateca e não está ninguém."
Tal como Anabela Duarte, o autor de "Odete" está-se "nas tintas para a pirataria" e usufrui da Internet quando tem de ser. "Mas antes eu esperava aquele momento em que ia ver aquele filme sobre o qual tinha lido, naquele dia, àquelas horas. Era uma emoção. Isso deixou de existir. A não ser ir a Cannes" - e anseia ver o Palma de Ouro deste ano, "Uncle Boonmee...", de Apichatpong Weerasethakul.

Perdeu-se a "aura". "É uma sensaboria, não há o sabor da descoberta", diz Anabela Duarte. Restam os festivais para ver o que se faz no mundo, para olhar para outras cinematografias, comenta Pedro Caldas.
Estas conversas reavivaram memórias. "Encontramo-nos no Condes ou no Éden", mimetiza Fernando Lopes. O destino inicial de João Pedro Rodrigues: ornitólogo ("Também observava obsessivamente pássaros"). Pedro Caldas, voraz na enumeração ("Estou a ser um bocadinho cinéfilo, acho eu"). As sessões de "A Mosca", "Nevoeiro" ou "Alphaville", os filmes "mais rock'n'roll" de Anabela Duarte. O cinema e a cinefilia são assim, como pré-tertúlias.

Fernando Lopes: "Íamos ao cinema como qualquer coisa de exaltante, de estimulante, de convívio e depois ia-se para a cidade para outras vidas. Íamos viver os filmes no meio da cidade".
...e pronto, foi este o meu post 499 como?-)
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by rui sousa »

Óptimo texto! Das coisas que tenho mais pena é de não ter presenciado essa época. Ainda apanhei o Quarteto aberto (é ao lado de minha casa), já muito decadente. Tinha menos de 10 anos e algum medo de la entrar, confesso. Só fui lá ver um filme com a minha irmã, o Bambi 2, e lembro-me do som ser mau e de não estar mais ninguém na sala. Mas gostava de lá passar sempre que vinha da escola.

O King era um óptimo cinema e fico triste de lá passar nas minhas caminhadas (mas nocturnas) e ver aquele destroço esquecido.
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by technicolor »

rui sousa wrote: October 6th, 2019, 12:52 pm Óptimo texto! Das coisas que tenho mais pena é de não ter presenciado essa época. Ainda apanhei o Quarteto aberto (é ao lado de minha casa), já muito decadente. Tinha menos de 10 anos e algum medo de la entrar, confesso. Só fui lá ver um filme com a minha irmã, o Bambi 2, e lembro-me do som ser mau e de não estar mais ninguém na sala. Mas gostava de lá passar sempre que vinha da escola.

O King era um óptimo cinema e fico triste de lá passar nas minhas caminhadas (mas nocturnas) e ver aquele destroço esquecido.
Eu era um jovem e foi uma época que me deixou saudades :-(
O Quarteto tinha uma programação muito cuidada ( O PBF tinha orgulho no seu multiplex pioneiro) mas as salas (salinhas melhor dizendo) eram horríveis; eram todas forradas a preto (alcatifa?) com umas escadas traiçoeiras, espaços claustrofóbicos frios ou gelados, e o som era como dizes: mau. Mas passava filmes alternativos que não eram exibidos noutras salas.
O King, (sou tão "velho" :mrgreen: que) ainda o conheci como VOX.
Uma curiosidade que se calhar não conheces pois ainda não serias nascido: O Hotel Roma teve uma micro sala (com cadeiras de café :lol:) onde exibia filmes, comercialmente, e foi lá que vi pela primeira vez o Dirty Harry (em reposição)
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by rui sousa »

Essa do Hotel Roma não conhecia de todo!

O King eu apanhei ainda a fase do Vox... Quer dizer, não o apanhei, mas um dia saio da escola e está lá uma equipa de filmagens, que voltou a dar-lhe esse nome e colocou uns cartazes antigos... Eram filmagens DO Conta-me Como Foi! Lembro-me dos cartazes estarem muito mal feitos, e um deles era da capa do DVD do Love Story (tanto que em baixo lia-se bem a menção a DVD, e passou na televisão assim!).
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by Rui Santos »

Estou no meio de reuniões e vejo está vossa discussão aqui, logo eu quase a fazer 50 e que estudei no Filipa de Lencastre.

Ja ca venho dar as minha visão desses tempos :)
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by technicolor »

Rui Santos wrote: October 10th, 2019, 10:10 am Estou no meio de reuniões e vejo está vossa discussão aqui, logo eu quase a fazer 50 e que estudei no Filipa de Lencastre.

Ja ca venho dar as minha visão desses tempos :)
Sim seria interessante de conhecer essa visão até porque... corriam "boatos" (pelos cafés da zona) de que os alunos da Filipa faziam frequentes "visitas de estudo" às matinées do Roma, do Alvalade ou até mesmo do Império. Eu ouvi contar essas infâmias porque... fui aluno da António Arroio ( na Coronel Ferreira do Amaral) por detrás da Fonte Luminosa e nós lá nunca fizemos nada disso, nunca mau-) , nunca mesmo a minha turma foi toda ao Império (ou ao Pathé) ver filmes e fazer barulho e comentários parvos durante a projecção eh-) -bullshit- só não juro porque estou proibido pelo meu guia espiritual :lol:

E cá ficamos pois à espera que o Rui Santos venha finalmente repor a verdade dos factos desmentindo cabalmente essas "calúnias" saint-)
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by nimzabo »

Já há vários dias que venho ao forum, e venho várias vezes por dia, e está sempre o raio do Soylent Green à frente.
Falem lá de outros filmes!
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by mansildv »

nimzabo wrote: October 13th, 2019, 4:41 pm Já há vários dias que venho ao forum, e venho várias vezes por dia, e está sempre o raio do Soylent Green à frente.
Falem lá de outros filmes!
:lol:

É bom sinal ver o tópico do Soylent Green com alguma actividade, a maioria fica sem resposta :wink:
Já viste o filme? :-)))
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by nimzabo »

Já mas não me lembro de nada
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Re: Desabafos... (Off-TopiC)

Post by nimzabo »

Mudou o filme mas a cor continua a mesma
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