Boas.
Esses erros de ortografia são incompreensíveis - ou melhor, são compreensíveis à luz de quem não fez o trabalho de forma competente. São erros que não são apanhados no corrector ortográfico automático (porque as palavras existem), mas que nunca passariam por um revisor humano que lesse o texto com a atenção que o trabalho requer.
---
Deixo aqui uma primeira ferroada nas traduções de obras do King para português. Apenas para ficarem com a noção de que a "voz de autor" se perde completamente, embora a história e as orientações narrativas permaneçam as mesmas.
Isto é o início do The Shining, nas versões original e mais as duas traduções que fizerem para português:
Stephen King - The Shining
1- JOB INTERVIEW
Jack Torrance thought: Officious little prick.
Ullman stood five-five, and when he moved, it was with the
prissy speed that seems to be the exclusive domain of all small
plump men. The part in his hair was exact, and his dark suit was
sober but comforting. I am a man you can bring your problems to,
that suit said to the paying customer. To the hired help it spoke
more curtly: This had better be good, you. There was a red
carnation in the lapel, perhaps so that no one on the street would
mistake Stuart Ullman for the local undertaker.
As he listened to Ullman speak, Jack admitted to himself that
he probably could not have liked any man on that side of the desk--
under the circumstances.
Ullman had asked a question he hadn't caught. That was bad;
Ullman was the type of man who would file such lapses away in a
mental Rolodex for later consideration.
"I'm sorry?"
"I asked if your wife fully understood what you would be
taking on here. And there's your son, of course." He glanced down
at the application in front of him. "Daniel. Your wife isn't a bit
intimidated by the idea?"
"Wendy is an extraordinary woman."
"And your son is also extraordinary?"
Jack smiled, a big wide PR smile. "We like to think so, I
suppose. He's quite self-reliant for a five-year-old."
No returning smile from Ullman. He slipped Jack's application
back into the file. The file went into a drawer. The desk top was
now completely bare except for a blotter, a telephone, a Tensor
lamp, and an in/out basket. Both sides of the in/out were empty,
too.
-----
1 - A Entrevista
Jack Torrance pensou: «Que homenzinho servil e desprezível.»
Ullman não tinha sequer um metro e sessenta de altura, e quando se mexia era com aquela rapidez afectada que parece ser apanágio exclusivo dos homens pequenos e roliços. O risco no cabelo era impecável e o fato de cor escura era sóbrio mas confortável. Sou uma pessoa a quem podem expor os vossos problemas, dizia aquele fato aos clientes que largavam o seu dinheiro. Para com os colaboradores assalariados o tom era mais rude: Vocês aí, o melhor é portarem-se bem. Usava um cravo vermelho na lapela, talvez para que ninguém que encontrasse Stuart Ullman na rua o confundisse com o cangalheiro da terra.
Enquanto ouvia Ullman falar, Jack admitiu que provavelmente não teria gostado de ninguém que estivesse sentado do outro lado da secretária... nas actuais circunstâncias.
Ullman fizera-lhe uma pergunta que ele não percebera. Isso era mau sinal; Ullman era o tipo de pessoa que reteria na memória lapsos semelhantes para mais tarde voltar a pensar neles.
- Como disse?
- Perguntei se a sua mulher compreendeu inteiramente o que você iria fazer para aqui. E há também o seu filho, é claro.
Ullman olhou para o formulário que tinha na frente.
- Daniel. A sua mulher não se sente um pouco assustada com a ideia?
- Wendy é uma mulher extraordinária.
- E o seu filho também é extraordinário?
Jack sorriu, um grande e largo sorriso de relações públicas-
- Pelo menos agrada-nos pensar que assim é. Para uma criança de cinco anos, tem bastante confiança em si própria.
Ullman não retribuiu o sorriso. Fez deslizar a ficha de Jack para o interior de uma pasta, que por sua vez enfiou numa gaveta. Em cima da secretária havia apenas um mata-borrão, um telefone, um candeeiro e um cesto para correspondência, que também estava vazio.
----
1 - ENTREVISTA DE EMPREGO
«Estuporzinho abelhudo», pensou Jack Torrance.
Ullman mantivera-se semi-reclinado na cadeira. Ao mexer-se, fê-lo com a rapidez afectada que parece ser uma característica exclusiva dos homens pequenos rechonchudos. De risca impecavelmente direita no cabelo e fato escuro, sóbrio mas de bom corte. «Eis aqui um homem a quem pode expor os seus problemas», dizia aquele fato ao cliente que largava as notas. Quanto ao pessoal contratado, diria mais concisamente: «Tu aí, só ganhas em te portar bem.» Na lapela, ostentava um cravo vermelho, possivelmente para que ninguém na rua confundisse Stuart Ullman com o vigilante do edifício.
Enquanto ouvia Ullman falar, Jack teve de reconhecer que provavelmente ser-lhe-ia impossível gostar de qualquer homem que estivesse por detrás daquela secretária, atendendo às circunstâncias.
Ullman fizera-lhe qualquer pergunta que lhe escapou. Isso era mau; Ullman era o tipo de pessoa que arquivaria tais falhas num Rolodex mental para consideração ulterior.
- Desculpe?
- Perguntei-lhe se a sua mulher compreendeu inteiramente o que os iria esperar aqui. E há o seu filho, evidentemente - baixou os olhos de soslaio para o formulário diante de si - Daniel. A sua mulher não se sente um bocadinho intimidada com a ideia?
- Wendy é uma mulher extraordinária.
- E o seu filho, também é extraordinário?
Jack sorriu, um sorriso amplo de RP*.
- Gostamos de o considerar como tal, suponho. Para cinco anos de idade, é bastante autoconfiante.
Ullman não correspondeu ao sorriso. Repôs o formulário de Jack dentro de uma pasta. Reintroduziu esta numa gaveta. O tampo da secretária ficara agora completamente vazio, à excepção de um mata-borrão, um telefone, um candeeiro extensível de secretária e um cesto de entrada-saída de correspondência. Tanto um como outro tabuleiros deste estavam, igualmente, vazios.
* - Relações Públicas (N. da T.)