Está encontrado um dos melhores filmes americanos do século XXI .
Fiquei tão siderado com o que vi que não tenho adjetivos para o caracterizar como deve ser.
Está ainda a martelar e de uma forma muitissimo profunda na minha mente cinéfila .
Mais de que um filme é verdadeira aula cinematográfica em todos os aspetos possívei s.
Tinha em ideia ver mais filmes mas depois deste filme,deste calibre não faz qualquer sentido ver mais filmes nos próximos meses.Agora só na Páscoa.
Nota:10 em 10.Daqui a uns tempos se conseguir arranjar adjetivos poderei vir aqui caracterizá-lo melhor.
Excelente este Phantom Thread, mais uma autêntica masterclass por parte de Thomas Anderson. É de um classicismo depurado, com interpretações hiper-complexas e uma banda sonora com tanto de bela como de perturbadora. Estranha sensação, não parece ser um filme deste nosso tempo, é um autêntico OVNI... Lá mais para o final, chega a assumir contornos de thriller psicológico, tal é a densidade dramática da relação entre aqueles dois. É um filme sobre o confronto masculino vs. feminino, expectativa vs. realidade, sobre querermos moldar o outro à imagem que idealizamos, a ilusão da perfeição e os labirintos insondáveis da obsessão. Brilhante, acho que será dos casos em que irei retirar mais interpretações consoante o for visionando.
Vindo do genial PTA era quase impossivel não estar à espera de mais, muito mais. Ainda por cima quando o seu anterior também já não me tinha entrado muito bem. Quanto a este, a qualidade técnica está lá. Só a maneira como a câmara desfilava pela casa, melhor ainda, quando subia e descia aqueles escadas em movimentos milimetricamente calculados e com eles levarem-nos sempre para onde a acção estava a decorrer era de arrepiar. Tal como o acting do Daniel que continua um dos melhores "method actors" de sempre e ele aqui demonstrou precisamente isso. Se a nossa atenção se focasse um pouco mais na maneira como ele falava a gesticulava não dá mesmo para ficar indiferente. Eu diria mesmo que este filme sem o Daniel, não sei se sequer funcionava.
Falando na história em si, nunca senti uma grande ligação para com ela. Faltaram ali umas outras pinceladas mais fortes na narrativa para a tornarem mais forte e crescida. Mas no fundo até tem a sua piada, queria algo mais mas se olharmos para trás sente-se que estava ali algo realmente bem escrito e feito com cabeça. Mesmo não gostando muito, acaba-se sempre por gostar. É o tal síndrome de PTA.
E de vez em quando surge um filme assim, que ultrapassa a fina barreira que separa o muito bom do excepcional, onde o todo e a soma das partes têm apenas um e o mesmo valor.
Londres, anos 50.
Reynolds Woodcock é um costureiro de renome, habituado a vestir a nata da alta sociedade, um homem exigente e perfeccionista, independente e inacessível, temperamento volátil e zero paciência.
A sua força aparente esconde um homem incompleto e infeliz, incapaz de se comprometer numa relação com as mulheres que atravessam a sua vida, atraídas pelo seu charme e sedução.
Um dia, conhece Alma, uma mulher decidida e determinada a abalar a sua tranquilidade e a procurar e explorar a sua vulnerabilidade.
Daniel Day-Lewis e Vicky Krieps são ambos tremendos nas respectivas interpretações, o que é totalmente expectável do primeiro (o maior actor vivo), mas uma excelente surpresa no caso da actriz Luxemburguesa.
Paul Thomas Anderson sabe aproveitar o talento dos seus actores e assina uma realização mais objectiva do que é habitual, sem a dispersão presunçosa que marcou alguns dos seus outros trabalhos, em particular o seu outro filme com Day-Lewis, e um dos meus ódios de estimação, "There Will Be Blood".
"Phantom Thread" é talvez o melhor filme que vi nos últimos meses, puro mel cinematográfico, a sua hermética perfeição estabelece uma sintonia absoluta com o espectador.
Do primeiro ao último minuto.
Filme que vale pela forte interpretação de Daniel Day-Lewis e Vicky Krieps, roteiro bem feito, que realça essa dinâmica da dupla, com silêncios, pequenos gestos, roupas, tudo para moldar uma história bem contada. Não é meu filme favorito do ano, mas é um filme que vale a pena assistir.
Outro filme que vou andar durante uns tempos a digerir...
À primeira passagem parece-me um possível reverso da medalha para o There Will Be Blood, servindo-lhe quer de complemento espiritual, quer de imagem invertida (o negro e a sujidade viscosa do petróleo contra o branco imaculado dos tecidos, os grandes planos das planícies inóspitas do oeste contra os planos fechados de ambientes caseiros acolhedores, a incerteza do sorte e do acaso contra a certeza das medidas e do domínio estético), e tendo por factor comum agregador a personagem grotescamente egomaníaca interpretada por D. Day Lewis, com o brilhantismo que se conhece. Nos dois filmes há um retrato gélido e obsessivo de alguém que é sub-humano na forma como se relaciona com os demais. Só que, neste "segundo capítulo", há pontos de escape que o primeiro, impenetrável e implacável, não concedia: humor, há humor deliberadamente plantado neste filme, e há também, dentro da narrativa, um reconhecimento por parte de tal personagem de que "sozinho não vai lá", e daí que, mesmo pelas vias mais retorcidas e surreais, se permita a partilhar a sua existência com outrém.
É Paul Thomas Anderson completamente à vontade no seu jogo, dentro de um universo autoral já maduro e plenamente definido.
9/10
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death