Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

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rui sousa
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by rui sousa »

A frase mais popular e citada de «Soylent Green», vulgo "plot twist" da história distópica e social protagonizada por Charlton Heston, só é pronunciada nos momentos finais do filme. É uma das últimas coisas, aliás, que ouvimos da boca do seu personagem, um polícia do sistema político obscuro e complexo da Nova Iorque do ano da graça de 2022, e que nos chega de uma forma assustadora. Um dos mais bem conseguidos êxitos de bilheteira do género sci-fi dos anos 70 (a nível de intemporalidade) continua a criar um impacto desgastante no espectador, e infelizmente, o conteúdo não perdeu a sua atualidade - talvez até que, com o passar dos anos, ele tornou-se cada vez mais preciso e direto para a situação que o nosso planeta e nós, seus habitantes, temos de enfrentar. Se há quarenta anos, o mundo catástrofe, derivado de uma sociedade catastrófica, putrefacta e miserável, que nos é retratado em «Soylent Green» poderia ser considerado demasiado excessivo e fantasioso, é preciso olhar uma outra vez para a fita no nosso tempo, e percebermos que, afinal, a Humanidade nunca esteve tão perto de chegar a este estado como agora. Basta ver com atenção a montagem que abre o filme, com uma série de imagens reais que fazem uma espécie de "escalada" da ruína do ser humano, no meio da poluição, dos conflitos, e da perda injustificada, massiva e patética de vidas inocentes no quotidiano das grandes metrópoles, onde o lixo é rei e a destruição glorifica os grandes chefes. E é de notar que o próprio filme se subjuga a esse objetivo de imperfeição - quase todas as cenas mostram a mui extensa imperfeição deste mundo muito mais imperfeito que aquilo que possamos imaginar à partida.

Tem talvez a interpretação mais invulgar de Charlton Heston. Sim, porque nunca conseguiremos retirar da cabeça a imediata associação que fazemos entre o ator e os grandes épicos bíblicos que protagonizou, como «Ben-Hur» (o mais famoso e espetacular de todos), «Os Dez Mandamentos» e outros que tais, tal como filmes de grandes aventuras históricas. Vê-lo como este polícia que deseja descobrir a verdade e a resposta para os vários mistérios que rondam um bizarro homicídio (cuja vítima é interpretada pelo lendário Joseph Cotten) é revelador de um talento que tinha mais para dizer do que simplesmente aquilo que transmitiu nesses grandes papéis dramáticos e carregados de "respeitinho". «Soylent Green» tem ainda Edward G. Robinson na sua derradeira aparição no grande ecrã, e porventura é o melhor em termos de atuações no filme, ao lado de Heston. Não deixa de ser curioso, e até algo irónico, que a última personagem da sua carreira acabe por gerar um simbolismo humano acrescentado devido aos acontecimentos reais... mas não é essa a mística que interessa em «À Beira do Fim». É um filme corajoso, que se eleva por ter as falhas que muitos filmes igualmente possuem, mas não falha onde muitos outros falharam - isto é, na originalidade, na maneira subversiva e filosófica como se conta uma história fortemente política e historicamente precisa, relato mundano de uma triste realidade que se tornou mais real hoje do que em 1973. Como retrato de um suposto futuro ficcional, os pontos de contacto entre «Soylent Green» e o que verdadeiramente aconteceu ao mundo nas últimas décadas não conseguem deixar de alarmar o espectador: se calhar até precisamos de ter ainda mais cuidado com aquilo que comemos... nunca se sabe!

Mais real ainda é o eterno conflito entre classes, aumentado pela podridão desta distopia e pela miséria social dominada pelo poder do Soylent Green, e seus quejandos, na vida da população submissa. O dinheiro nunca deixa de ser aquilo que regula e condiciona as relações humanas... mas para percebermos isso não precisamos de uma história futurista, tal como o poder das influências e dos grandes grupos económicos e políticos, que sabem sempre manipular bem todas as peças do jogo a seu favor. Com ideias que ficaram para a História da cultura pop e para muitas imitações posteriores (que nunca ultrapassaram o poder do original, felizmente), há aqui toda uma fortíssima mensagem social e política que nos perturba e emociona, em doses iguais. E acaba da forma mais aberta, atenta, e paranóica que se poderia alguma fez imaginar. Mas alerta-nos para a atualidade, para o valor de tudo o que achávamos até então inútil no funcionamento do sistema social, e que regula as nossas vidas tão pacatas. «Soylent Green» tem cenas de inegável genialidade e intemporalidade, que se sobressaem apesar do lado aparentemente datado e "seventies" que Richard Fleischer (realizador clássico de filmes mais soft e de grandes aventuras como o notável, e algo esquecido, «20 000 Léguas Submarinas») impôs na sua realização. Talvez fosse propositado: serviria para alertar o espectador que o ano 2022 não seria mais do que uma metáfora para aqueles tempos...

* * * * 1/2
JoséMiguel
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by JoséMiguel »

Grande Rui,

Esta tua crítica foi a melhor que já li até agora. Pelo menos foi a que mais gostei pessoalmente.

Obviamente eu sou suspeito porque gosto muito deste filme, mas sinceramente adorei imenso ler o teu texto muito inteligente e muito bem escrito. yes-) salut-)

Qualquer dia és contratado para escrever/falar sobre cinema pela SIC, TVI ou RTP e ganhas um ordenado chorudo. :-))) yes-)
rui sousa
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by rui sousa »

JoséMiguel wrote:Grande Rui,

Esta tua crítica foi a melhor que já li até agora. Pelo menos foi a que mais gostei pessoalmente.

Obviamente eu sou suspeito porque gosto muito deste filme, mas sinceramente adorei imenso ler o teu texto muito inteligente e muito bem escrito. yes-) salut-)

Qualquer dia és contratado para escrever/falar sobre cinema pela SIC, TVI ou RTP e ganhas um ordenado chorudo. :-))) yes-)
salut-) salut-) salut-)

Muito obrigado pela apreciação, Mestre Zé!
Lorde X
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by Lorde X »

Aqui está a Bebida Soylent, cujo nome o seu criador foi buscar a este filme:
A alimentação sempre foi, e sempre será, motivo para debates infinitos. Isso porque a função número zero de qualquer alimento é fornecer a energia que o nosso corpo necessita para funcionar adequadamente. Mas, a relação que uma grande e significativa parcela da humanidade tem com ela é um tanto confusa – o que pode acabar distorcendo seu papel. Alguns comem de mais e levam a obesidade ao extremo. Enquanto outros parecem querer viver de luz.

E para o empresário Rob Rhinehart, o homem que vive sem comida, essas são algumas das provas sólidas de que os alimentos que temos a nossa disposição hoje não funcionam. Seja por serem caros demais e exigirem um tempo de preparo que muitas vezes apenas não existe, ou por conta de casos de obesidade e anorexia. Sem contar a parcela da população que não tem acesso algum a qualquer tipo de alimento.

Na tentativa de resolver esse problema, Rhinehart desenvolveu em 2012 um novo produto que ele mesmo considera “uma forma eficiente de alimentar a humanidade, pela primeira vez na história”.

Trata-se do “shake” chamado Soylent.

O Soylent é perfeito para pessoas que, infelizmente, estão ocupadas demais para perder tempo se preocupando com o cardápio do dia, e também já estão cansadas de gastar dinheiro com fast food e outros alimentos prontos que não fazem nada bem ao nosso organismo. Feito a partir de uma mistura de carboidratos, aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, o shake de Rhinehart tem como objetivo ser uma forma mais pura de nutrição do que a própria comida.
Porque “Soylent”?

O nome do produto remete ao filme de ficção científica de 1973 cujo título é “Soylent Green”. Ele veio para o Brasil como “No Mundo de 2020”.

O longa de ficção científica, dirigido por Richard Fleischer, mostra um futuro superpovoado e poluído, onde os recursos naturais se esgotaram e a alimentação da população é fornecida pelas indústrias Soylent, consistindo de umas bolachas misteriosas. No desenrolar da trama, descobrimos que essas bolachas são na verdade feitas de carne humana.
E funciona mesmo?

Rhinehart fez o teste. Ao longo do último um ano e meio, 90% de suas refeições são Soylent.

Por mais que ele se sinta muito bem com esse novo estilo de vida, ele alega que seu objetivo não é substituir todas as refeições, e sim evitar refeições mal feitas que eram comuns em seu dia a dia – e ainda são na rotina de muitos de nós.

No futuro, segundo entrevista ao jornal americano The New Yorker, ele acredita que “vamos ver uma separação entre as nossas refeições burocráticas para o funcionamento do corpo, e as refeições para a nossa experiência e socialização” – o que faz muito sentido.

E é justamente esse aspecto do produto que tem sido o grande responsável pelo seu sucesso.

Quando Rhinehart terminou de postar sua campanha de arrecadação coletiva de fundos para levantar o capital necessário para produzir Soylent em grande escala, ele esperava receber algo em torno de 100 mil dólares dentro de um mês. Em alucinantes duas horas já tinha alcançado essa meta, com milhares de pessoas comprando Soylent pela bagatela de 65 dólares (mais de R$ 130).

Este mês, as primeiras 30.000 unidades de Soylent feitas para serem comercializadas já foram enviadas para clientes em todos os Estados Unidos, e a empresa já conta com mais de 10.000 dólares de novos pedidos todos os dias.

Os médicos entrevistados a respeito deste novo alimento parecem otimistas com relação ao que ele representa, mas também tendem a concordar que é no mínimo presunçoso acreditar que precisamos só dele para sobreviver.

Apesar de o Soylent parecer um tanto eficiente, não quer dizer que elimine a alimentação por prazer e “socialização”, como o próprio Rhinehart ressaltou. O que o shake oferece é um opção para não se contaminar com porcarias nos momentos em que você não pode se dedicar a procurar um alimento saudável – sem contar os incríveis benefícios que pode trazer ao meio ambiente e as possibilidades que representa para acabar com a fome no mundo.

O criador da mistura crê que o pó (que deve simplesmente ser adicionado à água para ficar pronto para consumo) é mais barato, mais saudável e mais conveniente do que comer três vezes ao dia. Aliás, não só ele. Alguns meios de comunicação já chegaram até a dizer que o Soylent marcará o “fim da comida”. Será?

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hsintra
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by hsintra »

Um filme que poderá ser perfeitamente a realidade, pelo menos de alguns países, dentro de poucas décadas.
O filme, apesar de ter gostado dela, marcou-me mais pela sua visão futurista pessimista, mas não tão longe de uma eventual realidade.

Provavelmente o futuro produto Soylent Green seja feito de outra coisa qualquer (apesar de já se terem "descosido" aqui, não vou revelar a famosa frase, que só é dito no final do filme...ou que até aparece meia dúzia de vezes nos Simpsons), mas vai existir.

A ver vamos...

Ah, já agora, a edição UK do dvd tem legendas PT-PT :-)
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by elfaria »

Vi este Soylent Green talvez em 1974 se não me falha a memória no Cinearte em Lisboa e tenho-o em DVD e acho-o um filme interessante mas nada mais do que isso. Os cenários são pouco convincentes, o protagonista nunca foi um dos meus atores favoritos (é como o John Wayne sempre o mesmo independentemente do tipo de filme) e o realizador R. Fleischer apenas um artesão competente mas ao qual falta algo... Mesmo tendo em consideração tratar-se de um filme de 1973 (um ano em que foram feitos filmes como: The Exorcist, The Sting, American Graffiti, Papillon, The Way We Were, Magnum Force, Walking Tall ou Serpico) pareceu-me ser apenas isso mesmo: um filme série B com um bom orçamento e algum "sumo" do qual eu espero que um dia seja feito um bom remake com recurso ao CGI mas sem abusos por algum jovem realizador talentoso. Não esquecer que no ano anterior Kubrick tinha feito o impecável A Clockwork Orange e talvez daí eu não participar desta eufórica redescoberta 40 anos depois de À Beira do Fim até porque gostei mais de Silent Running de Douglas Trumbull também do ano anterior. Mas não fiquem espantados pois eu sou o tal que acha a Guerra dos Mundos do Spielberg uma trampa eh-) Espero com este pequeno apontamento não ser muito polémico até porque como dizia o filósofo: Se não tens nada de bom a dizer então é melhor estares calado. Desculpem qualquer coisinha :mrgreen:
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by JoséMiguel »

Resposta ao elfaria:

O "Silent Running" foi uma descoberta arqueológica interessantíssima para mim, há poucos anos atrás. Está na minha (longa) lista de críticas a fazer aqui no fórum. :-D

A "guerra dos mundos" do Spielberg também acho "trampa" como referiste, embora eu preferisse antes usar uma expressão à Zé, para o classificar. Por exemplo filme cliché, com fórmula previsível, da "Idade das Trevas" do Cinema norte-americano, concebido para maximizar lucros e insultar a inteligência a muitos espectadores. :lol: :-?

Mas a mensagem que gostaria realmente de frisar, é que este "Soylent Green" pode bem ter sido apenas um filme simples em 1973 (mas não é serie B, "no fucking way"), no entanto perante a porcaria que foram a maioria dos filmes nos 40 anos que lhe seguiram, ele até brilha pela originalidade e qualidade, e merece a pena ser visto por quem não o conhece. yes-)
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by elfaria »

JoséMiguel wrote:Mas a mensagem que gostaria realmente de frisar, é que este "Soylent Green" pode bem ter sido apenas um filme simples em 1973 (mas não é serie B, "no fucking way"), no entanto perante a porcaria que foram a maioria dos filmes nos 40 anos que lhe seguiram, ele até brilha pela originalidade e qualidade, e merece a pena ser visto por quem não o conhece. yes-)
Caro José Miguel; Porcaria fez-se e continua a fazer-se actualmente independentemente do avanço tecnológico que o cinema "sofreu" Basta ver o actual Godzilla o qual é na minha opinião bem inferior ao Soylent Green apesar dos meios que foram utilizados. Mas nos anos 70 e 80 também se fizeram coisas bem interessantes senão vejamos: Em 1974 Dark Star de John Carpenter em 75 Black Moon de Louis Malle e A Boy and his Dog de L.Q. Jones ou ainda Rollerball de Norman Jewison (+/-), em 76 Logan's Run de Michael Anderson e The Man Who Fell to Earth de Nicolas Roeg, em 77 Spielberg e George Lucas no apogeu da sua criatividade e talento surpreendem-nos com Close Encounters of the Third Kind e Star Wars respectivamente, em 78 apareceu o curioso e bem elaborado Capricorn One do Peter Hyams que mais tarde faria um razoável 2010, em 79 uma jóia: Alien de Ridley Scott recem chegado ao grande ecrân vindo do mundo da publicidade mas que antes tinha dado nas vista com um pequeno mas belissimo filme " The Duellists" e é também o ano do 1º Mad Max. Bom nos anos 80 a colheita também não foi má: The Empire Strikes Back de Irvin Kershner, Mad Max 2 de George Miller, Outland de Peter Hyams, Scanners de David Cronenberg, Blade Runner de Ridley Scott, E.T. the Extra-Terrestrial de Steven Spielberg, The Thing do John Carpenter, Brainstorm de Douglas Trumbull (um dos meus favoritos), Return of the Jedi de Richard Marquand, Videodrome de David Cronenberg, The Terminator do James Cameron, Back to the Future de Robert Zemeckis, o magnífico Brazil do genial Terry Gilliam, Mad Max Beyond Thunderdome, Predator etc só para citar alguns. Mas penso que não será comparar Soylent Green com filmes piores que fará dele um grande filme e quem afirma isto é um gajo que "adora" o esquecido "Robinson Crusoe on Mars" :lol: :lol: :lol:
P.S.: E não, não me esqueci do Solaris de 1972, apenas acho que esse merece um debate sério e exclusivo salut-)
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by THX »

elfaria,

O que tu escreveste é muito bom e gostei de ler as tuas notas, nota-se que percebes de cinema.
E já agora posso-te dizer que tens aqui mais um gajo que também adorou o inesquecível "Robinson Crusoe on Mars" salut-).
Mal li o titulo do filme apontado por ti fui à Wikipedia e ao IMDb só para confirmar se era um filme sobre um astronauta que se vai refugiar numa gruta em Marte, e que quase morre asfixiado pela falta de oxigénio, até que percebe que existem na superfície umas pedras (ou umas algas ou plantas, já não me recorda...) e que através de um processo qualquer (queimando-as!?) estas libertavam oxigénio e ele consegue sobreviver inventando um mecanismo de forma a produzir o seu próprio O2 diariamente. Não me recorda muito mais do enredo pois vi-o numa das RTP a "long, long time ago" mas é engraçado que nunca mais me esqueci dele.

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É um típico B movie de sci-fi com um conceito muito interessante sobre sobrevivência, e apesar de a parte técnica e os actores serem fracos o filme demonstra bem que com apenas alguns fx "primitivos" se faziam boas histórias nessa altura.
Acho que o José Miguel devia ver o ""Robinson Crusoe on Mars" pois acho que ele vai gostar.
O filme pode ser visto no Youtube.

Quanto ao filme "Soylent Green", apesar de ainda não o ter visto também acho que este filme deve muito à sua originalidade como diz o José Miguel. Quanto ao post do Lorde X posso dizer é que já a alguns anos que existem por aí uns batidos da "Herbalife" que saciam completamente uma pessoa de modo a passar refeições. Não são só para quem quer emagrecer, mas também para quem quer fazer uma "refeição" ultra-rápida. Esses batidos contem todos os nutrientes que o nosso organismo precisa, mas não deixam de ser produtos processados e por isso não sei se a longo prazo o nosso organismo não se vá ressentir.
Muitos atletas e desportistas também os consomem pois são uma boa fonte de proteínas que ajudam a recuperar e a aumentar a sua massa muscular.

O que me está a agradar mais é a mensagem do filme que parece ser uma interessante projecção de uma realidade futurista, sim porque eu acho que vamos chegar a um ponto em que os alimentos irão escassear. Vamos poder ver isso mesmo em "Interstellar".
Last edited by THX on May 29th, 2014, 11:58 am, edited 2 times in total.
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by Argaroth01 »

JoséMiguel wrote:Mas a mensagem que gostaria realmente de frisar, é que este "Soylent Green" pode bem ter sido apenas um filme simples em 1973 (mas não é serie B, "no fucking way"), no entanto perante a porcaria que foram a maioria dos filmes nos 40 anos que lhe seguiram, ele até brilha pela originalidade e qualidade, e merece a pena ser visto por quem não o conhece. yes-)
A maioria do cinema posterior a 1973 é porcaria ? E anteriormente, também não se fazia lixo ? Eu sei que é fácil cair neste tipo de revisionismo saudosista pelo passado mas a verdade é que isso é mais circunstância das memórias que cada um guarda do seu passado ou do seu descontentamento com o presente, do que propriamente com a existência outrora duma espécie de Era Dourada (é como dizer que agora os políticos portugueses são todos uma cambada de corruptos, esquecendo que os membros da União Nacional também o eram - tinham era mais meios para encobrir os podres). Actualmente há um maior número de filmes a estrear do que antigamente e praticamente todas as possibilidades de história já estão esgotadas que possam constituir novidade (mas esse é uma questão anterior à própria existência do cinema).

E a propósito de "Soylent Green", é baseado num livro de ficção-científica da autoria de Harry Harrison (que até está traduzido em português na antiga colecção de FC da Caminho com o título "À Beira do Fim").
hsintra wrote:Provavelmente o futuro produto Soylent Green seja feito de outra coisa qualquer (apesar de já se terem "descosido" aqui, não vou revelar a famosa frase, que só é dito no final do filme...ou que até aparece meia dúzia de vezes nos Simpsons), mas vai existir.
Já lá chegámos. Ao menos uma pessoa sabe o que é Soylent Green. Nem isso se pode dizer da maioria das coisas que passam por comida hoje em dia.
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by elfaria »

A originalidade de Soylent Green não me parece tão "original" assim, passe a redundância pois...
nos anos 60 do século passado coincidiam o canibalismo ainda praticado por algumas tribos isoladas da Nova Guiné com a comida leofilzada desenvolvida pela NASA para as missões espaciais Apolo o que no fundo não será a combinação que dá origem ao famoso "concentrado verde"?
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by THX »

Um filme que poderá ser perfeitamente a realidade, pelo menos de alguns países, dentro de poucas décadas
O que estamos a assistir agora na França e Espanha sobre a emigração e os crescentes partidos de extrema direita na europa é uma realidade assustadora e desde que vi o "Children of Men" do Cuáron não tive dúvida que o futuro do planeta iria passar por aquilo.
Pois já se está a ver agora os primeiros sinais disso mesmo e não vai tardar nada a vermos nos telejornais cenas iguais aquela dos emigrantes arabes e indianos em Londres, presos como gado para serem novamente recambiados para os seus países.

O excesso de população da nossa raça vai dar cabo desta _erda toda.
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by elfaria »

THX wrote:O excesso de população da nossa raça vai dar cabo desta _erda toda.
Não há nem haverá excesso de população (ainda existem áreas do planeta com baixissima densidade populacional) o que existe é uma má distribuição de população que tem tendência a concentrar-se em determinadas zonas onde a vida é supostamente mais fácil. Até no nosso país há vastas áreas com poucos habitantes. Na China onde a elevada densidade demográfica poderia causar problemas a situação está ser controlada por leis impostas pelo governo sobre o nº de filhos por casal.
Depois do fastasma do holocausto nuclear muito em moda nos anos 60/70/80 (The Day After 1983) paira agora a sombra da escassez de recursos alimentares para toda a população com hordas de famintos a vaguear pelas ruas das grandes metrópoles? Nada de novo pois isso aconteceu no passado e acontece em parte actualmente (Coreia do Norte e Somália). Bastaria que abandonasse-mos a sociedade de consumo em que vivemos e que desperdiça milhões de toneladas de bens alimentares perfeitamente bons para consumir por falta de compradores para os mesmos, para que essa situação desaparecesse. Soylent Green choca mais pela "reciclagem" que é apresentada e que é tabú para a civilização humana actual mas que existe em alguma espécies animais na natureza selvagem onde a genética dita as leis (e não a religião ou a política) eh-)
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by mansildv »

Gostei imenso deste filme, foi uma excelente surpresa.
Pensei que era apenas mais um filme banal dentro do género, mas é bem mais inteligente e interessante do que pensei inicialmente.
Excelente desempenho do Edward G. Robinson e tem uma ou outra cena memorável.

8/10
Lorde X
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Re: Soylent Green (1973) - Richard Fleischer

Post by Lorde X »

mansildv wrote: October 7th, 2019, 1:48 pm Gostei imenso deste filme, foi uma excelente surpresa.
Pensei que era apenas mais um filme banal dentro do género, mas é bem mais inteligente e interessante do que pensei inicialmente.
Excelente desempenho do Edward G. Robinson e tem uma ou outra cena memorável.

8/10
já sabias qual era o twist final antes de o ver? Quando o vi pela primeira vez na minha juventude, desconhecia e marcou-me bastante! Há uns 15 anos atrás revi o filme e continuei a gostar dele, embora tenha achado que o twist era muito previsível.
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