O melhor filme de sempre? Jurassic Park!
Moderators: waltsouza, mansildv
O melhor filme de sempre? Jurassic Park!
Andava eu à procura de fóruns interessantes sobre cinema e eis que descubro uma preciosidade: o fórum de cinema do portal Clix. Descobri um tópico que perguntava, simplesmente, "qual o melhor filme de sempre". As respostas, se me permitem, são hilariantes: por entre erros ortográficos da rapaziada, não há filmes referenciados com mais de uma década e que não sejam absolutos "blockbusters".
Ou seja, para a juventude de hoje (presumindo que a maior parte são miúdos), o cinema existe só há meia dúzia de anos, tendo em conta as repostas a tão exigente pergunta. É impressionante a falta de conhecimentos históricos e estéticos de gente que fala de cinema a pensar que são grandes conhecedores...
Mas o melhor é mesmo ver: http://foruns.clix.pt/geral/showflat.ph ... &o=0&part=
PS - E vejam outros tópicos, são todos muuuito interessantes.
Ou seja, para a juventude de hoje (presumindo que a maior parte são miúdos), o cinema existe só há meia dúzia de anos, tendo em conta as repostas a tão exigente pergunta. É impressionante a falta de conhecimentos históricos e estéticos de gente que fala de cinema a pensar que são grandes conhecedores...

Mas o melhor é mesmo ver: http://foruns.clix.pt/geral/showflat.ph ... &o=0&part=
PS - E vejam outros tópicos, são todos muuuito interessantes.

-
- DVD Maníaco
- Posts: 3178
- Joined: August 11th, 2003, 9:00 pm
- Location: Portugal
-
- Iniciado
- Posts: 133
- Joined: December 15th, 2002, 1:14 pm
- Contact:
Obviamente que concordo com o que disseste...Isso é um bocado de presunção, não?
Temos de saber analisar as coisas nos seus devidos contextos.... se a maioria dos frequentadores do forum são como foi dito miudos é normal que só opinem sobre o que conheçem. E não se pode pedir que tenham gosto ou sequer curiosidade pelos filmes com mais de 15 20 anos.
Esta é toda uma geração que não sabe o que é a vida sem internet, sem videojogos, sem dvds (VHS que raio será isso), sem 50 canais na TV, sem centros comerciais, sem multiplex, etc, etc ,etc....
-
- Iniciado
- Posts: 133
- Joined: December 15th, 2002, 1:14 pm
- Contact:
Certamente que o "meu" melhor é diferente do vosso, mas isso não invalida que ambas a opiniões sejam validas, o que é grave é quando "pseudo-criticos-pró-intelectuais" se acham acima dos demais, e para o provarem promovem a "sumidades" filmes intragaveis, que só eles, e mais meia duzia de outros "compinchas" apelidam de "obras de arte".
É certo que no Universo cinematográfico dessas pessoas, provavelmente miúdos como dizes, se limitam a filmes mais recentes porque não tendo acesso a outro tipo de filmes não podem sequer mencioná-los. Num passado recente o canal 2 funcionava um pouco como uma Cinemateca onde eram mostrados filmes recentes e não tão recentes permitindo a quem se interessasse por Cinema a tomar conhecimento com filmes fora do circuito comercial.
Outros há para que filmes que não possuam DD 5.1/DTS, sejam a P/B ou que não sejam falados preferencialmente em inglês sejam normalmente filmes a evitar. Excepções recentes neste último ponto temos por exemplo o Amélie e o Tigre e o Dragão.
Todas as escolhas têm o seu valor, estando essas escolhas dependentes dos horizontes com que determinado espectador aborda o Cinema, sejam eles temporais, técnicos ou linguísticos e quanto mais restritivos forem...
Paulo Luz
Outros há para que filmes que não possuam DD 5.1/DTS, sejam a P/B ou que não sejam falados preferencialmente em inglês sejam normalmente filmes a evitar. Excepções recentes neste último ponto temos por exemplo o Amélie e o Tigre e o Dragão.
Todas as escolhas têm o seu valor, estando essas escolhas dependentes dos horizontes com que determinado espectador aborda o Cinema, sejam eles temporais, técnicos ou linguísticos e quanto mais restritivos forem...
Paulo Luz
(já esperava que fosse acusado de presunçosoruicarrico wrote:Isso é um bocado de presunção, não?É impressionante a falta de conhecimentos históricos e estéticos de gente que fala de cinema a pensar que são grandes conhecedores...

Não se trata de presunção. Muito menos de "síndroma-do-intelectual-cinéfilo-que-só-gosta-de-filmes-que-ninguém-gosta-nem-conhece". ou agora sempre que se critica uma dada opinião sobre determinado assunto é-se logo acusado de "intelectual presunçoso"?

Trata-se da simples constatação de uma realidade que me preocupa: a falta de formação cultural da nossa juventude, que é manifestamente deficitária e irrisória. Os miúdos querem é cinema de pipoca (em sentido literal e metafórico), com muitos efeitos especiais, não querem "pensar", acham que Hitchcock é pré-história do cinema e que os filmes a preto e branco não prestam.
Sou professor e sou pai. E sei quão difícil é rumar contra a maré desta impiedosa e insidiosa cultura massificada. E sou programador de eventos culturais, nomeadamente na área da música/concertos e cinema. Lido com muitos jovens e não estou a falar de cor. Claro que me dirão que há excepções, mas são meramente excepções.
Há uns tempos fiquei chocado quando fui ver ao cinema uma raríssima exibição em sala escura do "Couraçado Potemkine" do Eisenstein e me deparei com uma turma ou duas do ensino superior (do curso de comunicação social!) e que durante o filme todo só faziam comentários do tipo: "um filme a preto e branco?! Que seca..."; "Russo e mudo ainda por cima?"; Etc.
Há umas semanas fui ver o "The Village" e quase fui forçado a sair da sala deveras incomodado, tal era o mau comportamento dos jovens que estavam a assistir: sempre a mandar bocas, a comer pipcas de forma alarve, a rirem-se por tudo e por nada...

É claro que há múltiplos factores para que as novas gerações sejam insensíveis à cultura, nomeadamente, para a cultura audiovisual. Desde logo, a formação dos pais, a escola, o meio ambiente, a própria sociedade do espectáculo virada unicamente para o consumo imediato, para a rentabilização económica, o efeito embrutecedor da televisão de massas, etc.
Depois acusam-me de presunçoso? Prefiro ser presunçoso e manter espírito crítico do que fazer comentários passivos e anódinos do tipo: "deixa lá, são apenas miúdos, é preciso contextualizar a situação, gostos são gostos...".
Não, os gostos não são apenas gostos: os gostos educam-se. E a educação do gosto deve começar por um providencial critério: criar o gosto por "gostar". E os professores têm um papel preponderante neste trabalho, desde a mais tenra idade: não em incutir um gosto pré-definido em conformidade com o gosto da maioria (seria uma medida fasciszante) mas abrir portas de conhecimento para o desenvolvimento de uma sensibilidade cultural e educativa livre, aberta a novas experiências, a novas e estimulantes descobertas de índole artística. No fundo, criar bases para uma educação estética, que é uma enorme falha no sistema educativo português.
É que os miúdos que consideram o "Jurassic Park" (e filmes afins) como o "melhor filme de sempre", são os mesmos que acham a Margarida Rebelo Pinto o expoente máximo da literatura portuguesa, que compram o último modelo de telemóvel como manifestação de um estatuto social, que consomem todo o lixo musical mainstream norte-americano, que se alienam na internet à procura de namoradas virtuais e que passam horas a jogar Playstation, que não perdem um episódio da telenovela "Morangos com Açucar", que não fazem ideia do que foi essa coisa do 25 de Abril, que consideram que os filmes franceses são uma valente seca, etc.
É esta a juventude que queremos não é? Ok, fiquemos sentados e continuemos a dizer que "gostos são gostos"...

-
- Iniciado
- Posts: 100
- Joined: October 7th, 2004, 11:21 pm
- Location: Aveiro
Quem gosta de filmes "à la Oliveeirrá" que os veja, mas que não os tente impingir aos outros... Eu cá só gosto de filmes de massas. Claro que há filmes de que gosto e outros de que não gosto. Nunca ligo a críticos pois não me interessa o que escrevem. Um crítico não passa de um indivíduo que tenta arranjar uma justificação para ter gostado ou não de um filme.
Quanto a não se poder ver cinema nas salas de cinema, isso já acontece há muitos anos. Para ver cinema há o DVD, e pronto.
Quanto a não se poder ver cinema nas salas de cinema, isso já acontece há muitos anos. Para ver cinema há o DVD, e pronto.
"Não, os gostos não são apenas gostos: os gostos educam-se. "
Acho isto muito redutor.
Se a um determinado tipo lhe dá prazer ver o Jurassic Park e não suporta filmes como o Lost in Translations, porque raio é que se há-de educar o tipo?
Aconteceu-me uma coisa semelhante com música clássica. É um género de que não gosto (tirando uma ou outra composição), mas resolví tentar educar-me quando saiu uma excelente colecção da Deutshe Gramophon (provavelmente não é assim que se escreve, mas o meu alemão resume-se a marcas de carros e pouco mais
) que trazia um CD e um livro a explicar a obra que estava no CD. E resolví-me a isso muito por culpa de alguns amigos que tenho que não percebem porque raio gosto tanto de música, Jazz principalmente, e não suporto música clássica.
A verdade é que perdí umas valentes horas até resolver que tinha mais que fazer do que estar a perder tempo a tentar compreender uma porcaria que me chateava profundamente.
Tudo isto para dizer que para se educarem os gostos é preciso que a pessoa queira educá-los. Nem todos têm a sorte de terem pais como nós
, que os tentam educar de putos. Se um tipo gosta é de pancadaria e dinossauros e não sei quê, porque se há-de descriminar esse tipo com frases do género desta:
"para a juventude de hoje (presumindo que a maior parte são miúdos), o cinema existe só há meia dúzia de anos, tendo em conta as repostas a tão exigente pergunta. É impressionante a falta de conhecimentos históricos e estéticos de gente que fala de cinema a pensar que são grandes conhecedores..."
"É que os miúdos que consideram o "Jurassic Park" (e filmes afins) como o "melhor filme de sempre", são os mesmos que acham a Margarida Rebelo Pinto o expoente máximo da literatura portuguesa, que compram o último modelo de telemóvel como manifestação de um estatuto social, que consomem todo o lixo musical mainstream norte-americano, que se alienam na internet à procura de namoradas virtuais e que passam horas a jogar Playstation, que não perdem um episódio da telenovela "Morangos com Açucar", que não fazem ideia do que foi essa coisa do 25 de Abril, que consideram que os filmes franceses são uma valente seca, etc. "
E diga-se de passagem que a televisão é a principal culpada da falta de cultura cinéfila dos jovens. Em miúdo fartei-me de ver clássicos do cinema na RTP2 e ninguém me andava a empurrar para os ver. Agora a programação não contempla nada de interesse pelo menos neste campo. Essa é que é essa.
Acho isto muito redutor.
Se a um determinado tipo lhe dá prazer ver o Jurassic Park e não suporta filmes como o Lost in Translations, porque raio é que se há-de educar o tipo?
Aconteceu-me uma coisa semelhante com música clássica. É um género de que não gosto (tirando uma ou outra composição), mas resolví tentar educar-me quando saiu uma excelente colecção da Deutshe Gramophon (provavelmente não é assim que se escreve, mas o meu alemão resume-se a marcas de carros e pouco mais

A verdade é que perdí umas valentes horas até resolver que tinha mais que fazer do que estar a perder tempo a tentar compreender uma porcaria que me chateava profundamente.
Tudo isto para dizer que para se educarem os gostos é preciso que a pessoa queira educá-los. Nem todos têm a sorte de terem pais como nós

"para a juventude de hoje (presumindo que a maior parte são miúdos), o cinema existe só há meia dúzia de anos, tendo em conta as repostas a tão exigente pergunta. É impressionante a falta de conhecimentos históricos e estéticos de gente que fala de cinema a pensar que são grandes conhecedores..."
"É que os miúdos que consideram o "Jurassic Park" (e filmes afins) como o "melhor filme de sempre", são os mesmos que acham a Margarida Rebelo Pinto o expoente máximo da literatura portuguesa, que compram o último modelo de telemóvel como manifestação de um estatuto social, que consomem todo o lixo musical mainstream norte-americano, que se alienam na internet à procura de namoradas virtuais e que passam horas a jogar Playstation, que não perdem um episódio da telenovela "Morangos com Açucar", que não fazem ideia do que foi essa coisa do 25 de Abril, que consideram que os filmes franceses são uma valente seca, etc. "
E diga-se de passagem que a televisão é a principal culpada da falta de cultura cinéfila dos jovens. Em miúdo fartei-me de ver clássicos do cinema na RTP2 e ninguém me andava a empurrar para os ver. Agora a programação não contempla nada de interesse pelo menos neste campo. Essa é que é essa.
Mad Dog: Eu tenho essa colecção de música clássica (sou professor de música
) e é, realmente, uma excelente forma de começar a gostar deste género musical, não só pela qualidade e diversidade das obras musicais, como pelo guia de audição e pelas informações que são preciosas para quem quer iniciar-se na música clássica.
Quanto ao cinema... Estou a ver que fui mal entendido. Só quero dizer que as pessoas não deve´m estar à espera que os meios de comunicação, as escolas e os pais lhe ensinem tudo. Se a televisão só passa telelixo, a pessoa só tem que ter espírito de descoberta e tentar procurar informação noutros meios alternativos. Não vamos esperar que essa ideia peregrina do "serviço público" resolva o rpoblema da educação e da cultura em Portugal. Há que saber investigar, procurar conhecer coisas novas, e não esperar que a "sociedade" nos diga aquilo que devemos consumir (seja cinema, música, etc).
Digo isto porque eu vivi - e vivo - numa cidade do interior, que na altura da minha juventude nem cinema tinha, não tinha acesso a quase nada em termos de cultura. Mas desde cedo me foi incutido o espírito da "curiosidade intelectual", de procurar saber mais pela descoberta de outros meios. Como é que o fiz? Começei a encomendar filmes e música do estrangeiro, trocava informações e experiências com imensa gente de todo o país que tinha os mesmos interesses do que eu, lia muito, escrevia muito, procurava, procurava... Agora, paradoxalmente, os jovens têm mais canais de conhecimentos à disposição (as novas tecnologias da informação e da comunicação) e constata-se que os jovens estão menos informados (ou mal informados), e limitam-se a ingerir aquilo que a rádio passa, o que o cinema americano impige a todo o mundo, a ler os best sellers da moda, etc.

Quanto ao cinema... Estou a ver que fui mal entendido. Só quero dizer que as pessoas não deve´m estar à espera que os meios de comunicação, as escolas e os pais lhe ensinem tudo. Se a televisão só passa telelixo, a pessoa só tem que ter espírito de descoberta e tentar procurar informação noutros meios alternativos. Não vamos esperar que essa ideia peregrina do "serviço público" resolva o rpoblema da educação e da cultura em Portugal. Há que saber investigar, procurar conhecer coisas novas, e não esperar que a "sociedade" nos diga aquilo que devemos consumir (seja cinema, música, etc).
Digo isto porque eu vivi - e vivo - numa cidade do interior, que na altura da minha juventude nem cinema tinha, não tinha acesso a quase nada em termos de cultura. Mas desde cedo me foi incutido o espírito da "curiosidade intelectual", de procurar saber mais pela descoberta de outros meios. Como é que o fiz? Começei a encomendar filmes e música do estrangeiro, trocava informações e experiências com imensa gente de todo o país que tinha os mesmos interesses do que eu, lia muito, escrevia muito, procurava, procurava... Agora, paradoxalmente, os jovens têm mais canais de conhecimentos à disposição (as novas tecnologias da informação e da comunicação) e constata-se que os jovens estão menos informados (ou mal informados), e limitam-se a ingerir aquilo que a rádio passa, o que o cinema americano impige a todo o mundo, a ler os best sellers da moda, etc.
Se só gostas de filmes de massas, é lá contigo. O mesmo se não lês os críticos. Agora que "para ver cinema há o DVD", é que já não me entra. Não queiras comprar as sensações de ver um filme num rectângulozinho da TV lá de cada ou numa SALA ESCURA NUM ECRÃ GIGANTE. Digo eu.Horrendus wrote:Quem gosta de filmes "à la Oliveeirrá" que os veja, mas que não os tente impingir aos outros... Eu cá só gosto de filmes de massas. Claro que há filmes de que gosto e outros de que não gosto. Nunca ligo a críticos pois não me interessa o que escrevem. Um crítico não passa de um indivíduo que tenta arranjar uma justificação para ter gostado ou não de um filme.
Quanto a não se poder ver cinema nas salas de cinema, isso já acontece há muitos anos. Para ver cinema há o DVD, e pronto.