CAPITÃO AMÉRICA J.M. DEMATTEIS
J.M. DeMatteis: 1981-1984
Números: 261-300 (algumas paragens pelo meio)
JM Dematteis não é considerado um daqueles escritores Superstar, mas a verdade é que o seu trabalho consistente dá provas do seu talento em todos os livros pelos quais já passou e Capitão América comprova este facto.
O autor escreveu uma fase de quase 4 anos em que se dedicou a explorar o Steve Rogers como pessoa e desenvolvendo um grupo de amigos que influenciava a vida do herói quer na sua vida pessoal como profissional. Nómade, Falcão, Bernie, Arnie e outros faziam parte integrante da revista que alternava o confronto do herói contra vilões tão diferentes como Rattus ou Caveira Vermelha com o dia a dia com esses mesmos amigos como ajudando o Nómade a adaptar-se à vida moderna ou o Falcão a candidatar-se a um lugar governamental.
A origem do Capitão, Nómade e Caveira Vermelha (e sua filha) foram bem exploradas nesta fase em diversas edições e sempre com histórias de qualidade apoiadas numa arte que também não desiludia muito. Mike Zeck (com algumas capas fenomenais) e Paul Neary foram os artistas mais marcantes numa altura que até a revista mudou de logo enquanto o autor escrevia, passou das letras em arco com as cores da bandeira Americana para algo mais "clássico" em bold quase.
Existiram arcos bastantes interessantes como um utilizando uma personagem pouco ortodoxa chamada Deathlock em confronto com o Capitão ou então quando Bernie descobriu a identidade secreta do herói ou a que introduziu o Índio Nativo Americano Black Crow para o qual tinha grandes planos no final da saga com a qual terminou a sua passagem pelo paladino da Liberdade, o mítico confronto com o Caveira Vermelha na edição #300.
Porque caso muitos não saibam, Dematteis foi o 1º a querer matar o Capitão e substituir o mesmo por outro, neste caso pelo índio já que segundo o autor "quem melhor que um nativo para assumir o papel de defensor do país?". O seu editor Gruenwald concordou com isto mas no final o editor chefe da Marvel, Jim Shooter, cortou a história achando que ia abalar demasiado o status quo de tudo e segundo o autor até deve ter reescrito parte da sua história final o que fez com que Dematteis assinasse algumas das suas últimas histórias com um pseudónimo e saísse de seguida da revista em conflito com Shooter.
Foi uma pena já que seria um final perfeito para aquela que, para mim, é uma das sagas mais brilhantes do Capitão. A história toda envolvendo o Caveira Vermelha à beira da morte devido a estar super envelhecido, a sua filha Madre Superiora e o Barão Zemo num plano para envelhecer o herói de modo a este ficar enfraquecido e assim se defrontarem até à morte é cheia de momentos emocionantes.
A utilização de elementos da vida do herói como o Nómade colocar o produto que iria envelhecer o Capitão, o abuso físico e emocional de pessoas inofensivas e amigas do Steve e por fim o aprisionamento de todos, incluindo também Bernie e Falcão para não interromperem esta última luta é tudo muito bem explorado e deixando-nos completamente envolvidos na história.
Adoro a história que mostra o Caveira relembrando como foi o dia em que conheceu e desposou a mulher que depois lhe iria dar uma filha e toda a sua reacção naquela noite chuvosa. Para mim continua a ser uma das melhores fases do herói e aquela que foi a primeira que me foi dada a conhecer e ler numa altura que já conseguia entender melhor as histórias que me eram apresentadas.
