Quando pegamos no jogo, depois de termos perdido umas horas na demo, começamos por ter a sensação que estamos a jogar Forza 3.5, apesar de apresentar gráficos estrondosos, efeitos de luz únicos e o detalhe de cada um dos mais de quinhentos carros presentes com mais de um milhão de polígonos cada. A tendência é saltar logo para a competição e começar a correr, desenvolver ra carreira e subir o mais rápido possível. Mas à medida que nos vamos embrenhando no jogo começamos a perceber que há alí algo mais, algo que pouco a pouco, detalhe a detalhe, faz deste um jogo completamente novo, aprimorado e com uma atenção ao detalhe que nunca tinha sido dada num jogo de condução. O Image Base Lighting (IML) tão badalado e publicitado pela Turn 10 não é ilusão, é um artefacto vital que torna os carros parte do ambiente que os rodeia, e que torna cada reflexo, cada sombra, cada detalhe, o mais perfeito alcançável num videojogo de automóveis.
O modo de carreira foi inteiramente redesenhado, e é aqui que começamos a perceber que a Turn 10 passou estes últimos anos a ouvir, atentamente, a comunidade. Este modo chamar-se agora World Tour. As provas vão-se desenrolando um pouco por todo o globo e vão variando de corridas: provas de um contra um no meio do tráfego, derrubes de pinos de bólingue na pista do Top Gear, eventos de Autocross, e de tudo um pouco para agradar a todos e nunca estarmos restringidos a uma única escolha. À medida que subimos de nível vamos tendo os habituais prémios, mas em vez de estarmos forçados a receber um determinado carro, temos uma panóplia de carros à escolha. É como se pudermos trocar aquelas meias que a nossa tia chata nos oferece no Natal, por algo que realmente apreciamos. Já vos contei que em vez de 50 agora temos 150 níveis para subir? Além disso a afinidade pelos carros foi trocada pela afinidade pelas marcas, ou seja, enquanto que em FM3 subíamos um carro até ao nível 5, aqui cada carro de determinada marca que usamos, vai aumentando o nível de afinidade com essa marca. E existem 50 níveis para desbravar, para cada uma das mais de 80 marcas diferentes disponíveis.
Não temos Porsche, todos já ouvimos a birra da EA, mas não irão faltar carros para todos os gostos. Desde um frágil Ford Ka ao um poderoso Bugatti EB 110, a variedade de carros é imensa. Não esperem encontrar dez versões do mesmo carro em que a diferença entre eles é uma única letra no fim do modelo, com o único propósito de aumentar a lista de carros. Vão encontrar mais de 500 carros, realmente únicos, detalhados e reproduzidos como nunca os viram.
Ao conduzirmos vamos percebendo que Forza Motorsport 4 foi reprogramado de raiz, e que o comportamento dos carros está a um nível de realismo acima de Forza 3, a bitola até agora. Os limites físicos e mecânicos do carro, dos pneus (a parceria com a Pirelli nota-se bastante), ou até mesmo dos travões vão manifestando-se, e requerem habituação. O comportamento de cada carro é único, e exige treino para dominar a sua condução exímia. No modo World Tour a inteligência artificial (IA) não pode ser mudada, e o jogo vai a adaptando-se à medida que vamos evoluindo, e se para os jogadores mais experientes as primeiras corridas pareceram demasiado fáceis, a certo ponto, da longa carreira, as coisas vão se tornado mais duras e os adversários mais difíceis. A IA foi repensada, e além de termos de nos envolver em lutas de dois ou mais carros que se digladiam por uma posição, as suas reações são mais realistas, e se se sentirem pressionados irão cometer mais erros, seja por nós ou por outro oponente. a IA deixa de ser uma mera espetadora e passa a ser um elemento real da corrida. Os pilotos vão defender as travagens, e depois de ultrapassados vão exigir que que essa linha seja defendida por nós e vão fazer tudo para ganhar de volta essa posição. Experimentem dar um toque para destabilizar o adversário e vão sentir na pele que o nosso carro também fica desequilibrado e danificado. O sistema de danos é também uma evolução de FM3, com riscos, amolgadelas e peças a cair mas com mais realismo, especialmente nas amolgadelas. Nas definições de dificuldade encontramos duas novidades, a pedido da comunidade, podermos ligar ou desligar a possibilidade de recuar uma corrida, e as ajudas na viragem, que tanto chateavam os drifters, podem ser desligadas.
Todo o método de recolha de pontos e experiência, todo o sistema de economia de Forza foi reconcebido do zero. Ao chegarmos a um nível de afinidade 10 de uma determinada marca, os upgrades passam a ser grátis, e depois vamos recebendo bónus em dinheiro. De que maneira isso irá afetar a evolução no jogo? Só o tempo o dirá. Mas em Forza 4 toda a experiência é levada como um bolo, tudo o que fazemos contribui para amealhar pontos e experiência, todos os modos de jogo concorrem para esse bolo, o que nos leva a experimentar todas a vertentes de Forza. Os bónus de carros também se esgotam no nível 50, mas depois teremos mais 50 degraus duros de subir até ao topo. Agora além do resultado na corrida tudo aquilo que fazemos durante a corrida concorre para o prémio final, e somos pontuados pela maneira como conduzimos, como ultrapassamos e até como aproveitamos o cone de aspiração do carro da frente. Os créditos acumulados servirão para aumentar a nossa coleção de carros mas também para os melhorarmos e personalizarmos ao nosso gosto. E desta vez até os híbridos e os eléctricos têm direito a opcionais dedicados.
Tal como os anteriores títulos Forza os DLC's vão representar uma parte importante no evoluir do jogo, e já estão prometidos dez carros por mês que poderão ser adquiridos desta vez com um Season Pass que custará 2400 MP's, que estará à venda a partir de dia 11 no LIVE, ou através das lojas de venda a retalho. O jogo inaugura na franquia algumas pistas interessantes, como a Infineon Raceway (com três circuitos e uma pista de drag com ¼ de milha), Hockenheimring (com três variantes e uma pista de drag semelhante), Indianapolis Motor Speedway (com a mítica oval e o circuito de GP), e a já famosa localização fictícia dos Alpes (com seis circuitos). Sendo que, como habitual, estas variantes poderão ser todas disfrutadas em ambos os sentidos. A estas somamos as pistas já conhecidades de Forza, agora disfrutadas em diversas fases do dia e com a temperatura a influenciar diretamente o comportamento do carro. Senti falta da pista de Nova Iorque que me acompanhava desde o original, mas sei que não era das mais apreciadas pela comunidade. Veremos o que futuros DLC´s nos trarão em termos de pistas que se centram em três territórios: E.U.A., Europa e Japão. Aponto ainda para o facto de não existir nenhuma no hemisfério sul.
Forza não é realmente Forza sem a componente online, e também aqui a Turn 10 foi mais longe. Para lá dos vários modos arcade incluídos, as corridas agora suportam até 16 carros em simultâneo, com uma fluidez notável. Foram adicionados os clubes, onde podemos agrupar amigos e partilhar carros, afinações, pinturas, entre muitas outros coisas. A comunidade ganha assim cada vez mais importância. Mas a grande novidade é o modo Rivals, que mereceria uma análise por si só. Este parece um jogo dentro de outro e, não querendo fazer futurologia, este vai ser o grande modo de Forza 4. Este modo está para Forza 4, como o modo Horde esteve para Gears 2. A demo levantou o véu sobre este modo, mas só na versão final podemos aprofundar a sério este modo, e perceber o vício que é podermos a qualquer altura desafiar um qualquer jogador em qualquer ponto do mundo numa imensidão de provas. De volta está também a Storefront, onde podemos comprar e vender de tudo, desde afinações a pinturas e aceder a criações de verdadeiros artistas, mas agora tudo muito mais arrumadinho.
Outro ponto forte da franquia tem sido sem dúvida a sonoplastia, mais uma vez a Turna 10 Studios apostou forte na recolha de dados sonoros, fazendo orugir dos carros estar melhor que nunca Experimentem baixar o som da música e dedicarem-se a ouvir a fundo as subtilezas de cada motor, e a sua unvocidade. De seguida levantem o som de maneira a esquecerem tudo em redor e deixem o ruído fluir. É o mais próximo que temos de estar dentro de um carro a sério a debitar RPM e a ritombar como os tambores do inferno.
O síndroma “Forza Kinect”, tem sido causador de muitas ansiedades e de temores sobre a orientação arcade do jogo. Mas esses temores são dissipados no ecrã inicial do jogo, onde podemos selecionar se queremos enveredar pela jogabilidade tradicional ou pela jogabilidade Kinect, com modos próprios para um ou dois jogadores em ecrã dividido. Inclusivamente, o Autovista pode ser abordado tanto com o Kinect como com o comando tradicional e assim, aceder a mais de dez horas de conteúdos comentados por Jeremy Clarkson, sem qualquer tipo de censura, onde usando o seu estilo distinto, ele opina sobre os 25 carros disponíveis , para já, no Autovista e que nem sempre a opinião é a mais abonatória. Só o HeadTracking e os comandos de voz podem ser acedidos nos modos “tradicionais”. O Headtracking, depois de acionado e afinado, é uma real adição de pormenor à jogabilidade de Forza Motorsport 4, permitindo uma mudança subtil do ângulo da câmera, e funciona em qualquer das vistas do carro, de maneira a termos a melhor visibilidade sobre a pista à nossa frente.
Sejam novatos ou veteranos de Forza, este jogo tem algo para todos, além de enriquecer a jogabilidade, Forza 4 alargou o elenco de potenciais jogadores. O jogo não tem para já Porsches, no entanto não faltam carros para todos os gostos. Corridas de noite? Quantas corridas reais são feitas de noite? Estes pequenos reparos que têm sido apontados não beliscam em nada o grau de perfeição que a Microsoft Studios atingiu com Forza Motorsports 4, que é uma refinação do pedigree iniciado em 2005 com o jogo original. Forza Motorsport 4 é como aquele borracho da secundária que agora descobrimos numa passerelle da Moda Lisboa, é a mesma, as feições, os olhos, o sorriso é o mesmo, mas agora está tudo mais maduro e tudo muito melhor, o jogo tem os genes de Forza 3 mas tem muito mais maturidade, corpo e andamento.
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