PanterA wrote: ↑April 4th, 2020, 12:58 am
Já vi o filme há uns dias.
A ideia e a execução está sublime. Minimalista no seu todo mas perfeita na mensagem. E depois acaba por ser impossivel dissociar ao nosso presente e vermos como algo distopico consegue ser tão actual, e actuar de forma intransigente naquilo que está a ser a nossa sociedade consumista/capitalista. Pode ser que seja um abra olhos para alguns.
PanterA, pegando no que escreveste e bem, irei dar a minha opinião pessoal e análise ética-moral-lógica deste filme, não esquecendo que já o Herman José dizia que "As opiniões são como as vaginas. Cada mulher tem uma e dá-a quando quer."
Neste ensaio distópico, o protagonista é aquele locutor muito inteligente e de bom coração que se vira para as massas e diz algo assim:
Se todos os meses nos mudam de piso, e quem fica num piso mais abaixo irá morrer de fome, não seria lógico os que neste mês estão acima, racionarem a comida, para que todos vivam? Tu hoje estás em cima e cospes, mijas e cagas em cima da comida que vai para baixo, mas no mês que vem poderás ser tu o que come a comida com cocó, chichi e cuspo, dos que estão acima... se tiveres sorte e ainda tiveres a possibilidade de comer comida com cocó, pois quem tiver num piso muito abaixo já nem comida tem e morre de fome.
Se todos nós prisioneiros pensarmos bem, não seria mais lógico racionarmos a comida todos os meses, para que todos os prisioneiros sobrevivam sempre? Pois amanhã poderás ser tu quem morre à fome!
Esta estupidez do "povo" não é espelho de nenhum regime ou sistema político que eu conheça, pois os ricos de agora sabem que daqui a um mês não irão trocar de lugar com um pobre, digo isto a nível geral de sistema político. Mas conheço um caso concreto em que o cenário deste filme ocorreu em Portugal, a nível nacional, durante o séc. XXI, que indicarei em seguida:
No campeonato de futebol "Euro 2004", saiu do meu próprio bolso dinheiro em impostos para construir estádios, por decreto do então governo português que alocou dinheiros públicos para uma actividade de entretenimento. Em 2004 eu refilei e disse que esse dinheiro faria mais falta para hospitais do SNS, aumentar reformas dos velhotes, ou subsídio de desemprego, etc. enfim.. algo de útil!
Mas essa foi uma medida de governo populista inspirada na ditadura romana e no conceito de controle de massas "Circo e Migalhas". Neste caso o povo português é tão estúpido e imbecil que ficou todo contente com o gasto nos estádios de futebol, e não aprendeu nada nos 2000 anos desde os circos romanos.
Depois veio a crise de 2009-2011 com cortes nos hospitais e nos subsídios sociais, mas eu não vi nenhum fã da bola lamentar-se do dinheiro gasto nos estádios do Euro 2004...
Uma analogia que vejo neste excelente filme, é a estupidez dos adeptos portugueses de futebol, especificamente dos adeptos portugueses, que acharam bem a idiotice do Estado Português gastar à grande em novos estádios da bola, em 2004, sem pensarem que esse dinheiro público faria falta para hospitais e outros apoios de coisas sérias. Já o Mao Tse Tung, líder comunista revolucionário da China, dizia que "a religião é o ópio do povo", algo que terá feito sentido na época e no país dele, mas "graças a deus" que o povo português se está cagando para a religião, ou dito de outra forma, todos nos respeitamos uns aos outros e somos um dos melhores exemplos para o mundo, de tolerância, respeito e liberdade religiosa. Infelizmente em Portugal, o futebol é o ópio do povo e há malta que parte o televisor ao pontapé, quando o Benfica perde.
E concluindo, a analogia que me ocorre com este filme espanhol, é a do caso da massa do povo português que apoiou a alocação de dinheiro público para o Euro 2004 (uma actividade lúdica e inútil para a Humanidade), num Portugal onde esse dinheiro faria mais falta para hospitais e futuros desempregados.