Ora nem mais! De acordo!mansildv wrote: ↑September 18th, 2020, 11:22 pmSem problema, muitos filmes do Woody Allen são mal recebidos! É para ver sem qualquer receioJosé wrote: ↑September 18th, 2020, 9:36 pm Rui Pedro Tendinha está em San Sebastian, viu o novo de Woody Allen e não gostou. Enfim, aguardemos com alguma calma e esperança.
https://www.dn.pt/cultura/amp/woody-all ... 37153.html
Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
Moderators: mansildv, waltsouza
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
Caramba, ver um filme do Woody Allen é realmente como visitar um elemento da nossa família, alguém que sempre fez parte do nosso portfolio afectivo: é prazeroso reencontrá-lo, reconfortante estar na sua presença, retiramos sempre algo de frutuoso dessa interacção e ficamos satisfeitos connosco próprios por termos ido ao seu encontro.
Desta feita, a história passa-se em Espanha, em pleno festival de cinema de San Sebástian. Mort Rifkin, escritor e professor, acompanha a sua mulher Sue ao dito festival; ela é uma profissional da área das Relações Públicas, responsável pela gestão mediática de realizadores e actores que irão estar presentes no evento. Enquanto a esposa se encontra com uma agenda diária preenchidíssima (e isto envolve, em particular, a orientação de imprensa de um jovem e afamado realizador em ascensão), o escritor aproveita para se afastar de todo o rebuliço envolvente e vai descobrindo a beleza que aquela localidade tem para oferecer. Pelo meio, trava conhecimento com uma encantadora jovem médica cardiologista, que o vai fazer repensar toda a sua vida e as opções que ainda poderá ter em aberto.
O filme é divertidíssimo e acutilante na sua crítica aos filmes dos dias de hoje, bem como aos seus criadores, intermediários e respectivos circuitos de promoção. Dá para perceber perfeitamente que Woody Allen estará triste com o meio cinematográfico contemporâneo, mas ainda assim ele consegue retratar tudo com aquela típica dose de cinismo, acidez e de desconstrução. Sei que não preciso de referir a qualidade dos diálogos, mas permitam-me dizer que esta está aqui, novamente, em topo de forma. É nos momentos de introspecção da personagem principal ou na sua interacção com a jovem médica que estes se revelam maravilhosos, tornando o filme lindo e aconchegante: incidem sobre a vida, o tempo, o amor, a auto-estima e as expectativas em geral.
Rifkin está no meio do turbilhão de um festival de cinema, mas recria, na sua cabeça, o seu próprio festival, socorrendo-se de cenas icónicas de filmes emblemáticos que ele tanto admira. Adorei esta parte do filme: a hipótese das obras cinematográficas que tanto amamos poderem ser, para nós, apaixonados por Cinema, a bússola emocional para avaliarmos aquilo que já passámos, aquilo que estamos a vivenciar e perspectivar as hipóteses que ainda poderemos ter em aberto no nosso horizonte.
Wallace Shawn foi, para mim, uma revelação maravilhosa, eu que não tenho grande conhecimento sobre o trabalho dele. Sim, ele está a fazer as vezes de Woody Allen, mas está brilhante: não se refugia em maneirismos nem se socorre de uma atitude copista - é um verdadeiro trabalho de interpretação! Há já muito tempo que não via Gina Gershon tão bem, Elena Anaya está radiosa, vulnerável e encantadora e Louis Garrel (cuja personagem se chama Philippe, remetendo para o nome do seu pai, o lendário cineasta Philippe Garrel) é impecável na criação do realizador suavemente irritante e pretensioso que acredita piamente que a sua próxima produção cinematográfica poderá ser responsável pelo terminar do conflito israelo-árabe.
Já me alonguei demasiado, escrevi mais do que estava a pensar. Deixem-me só dizer, num Português não muito correcto e para terminar então, que o filme é bom, muita, muita bom!
Desta feita, a história passa-se em Espanha, em pleno festival de cinema de San Sebástian. Mort Rifkin, escritor e professor, acompanha a sua mulher Sue ao dito festival; ela é uma profissional da área das Relações Públicas, responsável pela gestão mediática de realizadores e actores que irão estar presentes no evento. Enquanto a esposa se encontra com uma agenda diária preenchidíssima (e isto envolve, em particular, a orientação de imprensa de um jovem e afamado realizador em ascensão), o escritor aproveita para se afastar de todo o rebuliço envolvente e vai descobrindo a beleza que aquela localidade tem para oferecer. Pelo meio, trava conhecimento com uma encantadora jovem médica cardiologista, que o vai fazer repensar toda a sua vida e as opções que ainda poderá ter em aberto.
O filme é divertidíssimo e acutilante na sua crítica aos filmes dos dias de hoje, bem como aos seus criadores, intermediários e respectivos circuitos de promoção. Dá para perceber perfeitamente que Woody Allen estará triste com o meio cinematográfico contemporâneo, mas ainda assim ele consegue retratar tudo com aquela típica dose de cinismo, acidez e de desconstrução. Sei que não preciso de referir a qualidade dos diálogos, mas permitam-me dizer que esta está aqui, novamente, em topo de forma. É nos momentos de introspecção da personagem principal ou na sua interacção com a jovem médica que estes se revelam maravilhosos, tornando o filme lindo e aconchegante: incidem sobre a vida, o tempo, o amor, a auto-estima e as expectativas em geral.
Rifkin está no meio do turbilhão de um festival de cinema, mas recria, na sua cabeça, o seu próprio festival, socorrendo-se de cenas icónicas de filmes emblemáticos que ele tanto admira. Adorei esta parte do filme: a hipótese das obras cinematográficas que tanto amamos poderem ser, para nós, apaixonados por Cinema, a bússola emocional para avaliarmos aquilo que já passámos, aquilo que estamos a vivenciar e perspectivar as hipóteses que ainda poderemos ter em aberto no nosso horizonte.
Wallace Shawn foi, para mim, uma revelação maravilhosa, eu que não tenho grande conhecimento sobre o trabalho dele. Sim, ele está a fazer as vezes de Woody Allen, mas está brilhante: não se refugia em maneirismos nem se socorre de uma atitude copista - é um verdadeiro trabalho de interpretação! Há já muito tempo que não via Gina Gershon tão bem, Elena Anaya está radiosa, vulnerável e encantadora e Louis Garrel (cuja personagem se chama Philippe, remetendo para o nome do seu pai, o lendário cineasta Philippe Garrel) é impecável na criação do realizador suavemente irritante e pretensioso que acredita piamente que a sua próxima produção cinematográfica poderá ser responsável pelo terminar do conflito israelo-árabe.
Já me alonguei demasiado, escrevi mais do que estava a pensar. Deixem-me só dizer, num Português não muito correcto e para terminar então, que o filme é bom, muita, muita bom!
Last edited by José on October 22nd, 2020, 12:52 pm, edited 1 time in total.
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
Ena, obrigado pelo que escreveste! Soube bem ler!
Cabeças
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
Boa!
Ainda não vi o anterior... (ando a falhar à grande! )
Ainda não vi o anterior... (ando a falhar à grande! )
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71 in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
Parece que o filme já está disponível em Espanha e por cá nada
https://www.fnac.es/a8068858/Rifkin-s-F ... earchpos=1
https://www.fnac.es/a8068858/Rifkin-s-F ... earchpos=1
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
mansildv wrote: ↑March 28th, 2021, 8:41 pm Parece que o filme já está disponível em Espanha e por cá nada
https://www.fnac.es/a8068858/Rifkin-s-F ... earchpos=1
Podia ter sido tão bom, se a edição espanhola tivesse legendas em português... Mas infelizmente só em espanhol e catalão, pelo menos fazendo fé na imagem...
Quanto ao mercado nacional... é mau demais para comentar sequer. Deve ser gerido por imbecis. Um dos pontos fortes da Fnac sempre foi o Cinema, algum génio resolveu acabar com quase tudo. Ainda hei-de ver a fnac a vender fruta e sardinhas.
Cabeças
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
É suposto estrear cá a 27 de Maio, de acordo com o Filmspot.
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
Estreia em Portugal a 26 de Agosto. A ver vamos.
Re: Rifkin's Festival (2020) - Woody Allen
A minha prateleira do Woody e do Bergman já não está disponível nem mais um mm!
Acho que vou começar a pôr os filmes no chão
Cabeças