The Favourite - Yorgos Lanthimos (2018)

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Samwise
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The Favourite - Yorgos Lanthimos (2018)

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drakes wrote: January 29th, 2019, 7:00 pm Filme bem dirigido, impecável figurino, show de três atrizes, e ainda conta com Nicholas Hoult. Yorgos Lanthimos consegue contar a história e adentrar como as ações levam as mudanças nelas, que também são físicas, é uma bela história de relações pessoais.
José wrote: January 9th, 2019, 6:46 pm Intriga de realeza a fazer lembrar o "Dangerous Liaisons" e o "Mean Girls" (como já li algures), com um design de produção fortíssimo, um guarda-roupa deslumbrante, um certo humor subversivo e de recorte negro e três composições excelentes por parte das actrizes (embora não perceba por que razão Colman está a ser considerada Actriz Principal nesta temporada de premiações). Algumas soluções visuais repetitivas fazem lembrar os trejeitos de Tom Hooper, isso deixou-me de pé atrás; aqueles planos tipo "olho de peixe/aquário" irritam-me profundamente, não há volta a dar. Entretém dentro do razoável, mas o argumento em si não achei muito sumarento; o filme não acrescenta nada de especial, nem tem um olhar particularmente original em relação à condição feminina daquela época, mesmo contando com três papéis femininos fortes naquela malha de intrigas palaciana.
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Re: The Favourite - Yorgos Lanthimos (2018)

Post by Samwise »

Dos filmes deste realizador apenas tinha visto o Canino, obra de que apreciei a audácia do argumento (com todas as questões sociológicas em experiência) e a estranheza de toda aquela encenação. O filme é eficaz nas múltiplas mensagens que transmite, sendo o modelo algo radical e bastante inovador.

A Favorita é um filme onde noto que houve uma evolução do cineasta enquanto realizador para um patamar de segurança bastante sólido - a ponto dos valores de produção e das variáveis envolvidas serem também mais volumosos. Noto também que não perdeu o gosto pela audácia na exposição das particularidades sociais, pela crítica acutilante às disposições nela estabelecidas, e pela exposição a nu - de forma visualmente desafiadora e arrojada - do confronto entre o ser individual e o meio comunitário mais próximo que o rodeia - sendo que neste caso o elemento catalisador, em jeito de panela-de-pressão, é o poder, e os meios para o atingir.

E se a narrativa do filme e mais as personagens que se mexem no xadrez de bastidores palaciano são bastante simples de resumir e de seguir, já a espessa e rigorosíssima camada de artificio empregue na formulação artística confere-lhe um factor de diferenciação e imprevisibilidade que não tem comparativos/concorrentes próximos - nem o sequer no mencionado Dangerous Liaisons. A mim o filme fez-me pensar como seria se o Wes Anderson pegasse numa história de intriga palaciana, a dotasse de um humor muito mais negro e decadente, e lhe enfiasse umas quantas camadas de conteúdo para adultos pelo meio (e não me estou a referir a sexo ou nudez). O estilo visual, a escolhas técnicas e a dinâmica narrativa pintada pelos movimentos de câmara que vemos no filme estariam certamente ajustados a esta ideia.

Mas adiante - de entre os muitos conteúdos e formulações artísticas sempre a raspar o ultrajante (deliberado), aquilo que mais apreciei no filme foi a delicadíssima gestão dos equilíbrios de poder, e as suaves oscilações que se vão sucedendo ao longo do filme entre as três personagens femininas principais. Uma delicadeza que contrasta fortemente com o sarcasmo e a ironia grotescas injectadas em doses paquidérmicas nos actos e nos diálogos de tais figuras. O estranho é que, num filme com tamanha densidade de frieza cerebral e premeditação, sobre espaço para sentirmos o impacto das acções sobre as emoções - talvez que a figura da rainha, vítima de um processo degenerativo físico e mental, a espaços com algumas zonas de lucidez, proporcione na medida certa de tragédia, e na certeza de uma perda irrecuperável, o reflexo da sociedade que (não) dirige.
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Ludovico
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Re: The Favourite - Yorgos Lanthimos (2018)

Post by Ludovico »

Um bom drama histórico, no geral mas é pouco para o potencial que tinha.Lanthimos é um cineasta intrigante, na minha ótica.Não vi ainda “Canino” mas foi capaz do mau com “A Lagosta”, do bom quase excelente em “O Sacrificio de um Cervo Sagrado” e agora em “A Favorita” faz o que um realizador normal faria,isto é um filme que tem alguns momentos bons mas no seu miolo narrativo roça a banalidade.Não é banal porque os desempenhos e o guarda- roupa mais a fotografia impedem de ser mais banal ainda.”A Favorita” é um drama histórico muito usual do qual já vimos a história contada muitas vezes de uma forma habitual.Tem personagens com falta de densidade interior.O trio protagonista é aceitável e tem química mas o guião e a realização não conseguem extrair o que de melhor tem as atuações.É filme verdadeiramente académico, ou quase.Só há esmero na componente técnica,na reconstituição histórica do Guarda Roupa e Fotografia.No resto, as debilidades (como a construção e desenvolvimento da história que quer contar) são grandes.É excessivamente cómico quando devia ser mais irreverente e sensato na maioria do tempo.”A Favorita” é um filme em que a forma, estranhamente, toma conta e guia a narrativa quando devia acontecer o contrário ou, então, quando o ideal devia ser as duas coisas combinadas e fundidas.Lanthimos mostra-se em “A Favorita” um realizador tarefeiro, competente, convencional e que não arriscou nada, desta vez, quando devia e poderia ir mais além como autor novo e aparentemente transgressor no seu intuito nos filmes anteriores a este fazia prever.Desta vez, foi o cineasta grego optou por ser maçio,conservador e certinho quando devia fazer um caminho muito mais desafiante e acutilante.Quis fazer o Barry Lyndon dele mas não teve unhas e estaleca para o fazer.Pena que Colman,Weisz e Stone só brilhem elas unicamente e não todo o enredo que era isso que devia ter acontecido,na minha opinião.Tem um trio feminino que está bem e tem química mas que só se limita a atuar sem ser dirigido com força e garra que Lanthimos devia ter feito com ousadia e afinco.Colman ganhou o Óscar e acho que no filme está bem mas não vi os outros nomeadas para dizer se mereceu ou não mas neste caso posso dizer que é um desempenho esforçado,pelo menos isso vê-se bem.No geral,falta muito para este ser um grande filme,é pena.Merecia muito mais.
Nota:6 em 10
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Re: The Favourite - Yorgos Lanthimos (2018)

Post by mansildv »

PanterA wrote: February 24th, 2019, 9:48 pm The Favourite [/B]- 7.5/10

Não é certamente aquilo que o Yorgos Lanthimos nos tinha habituado nem lá perto, e vai aqui para algo que mesmo não ser a sua melhor praia mostra que tem kit de unhas para dar e vender. Nota-se que tem ali a grandeza estética, tentaram criar algo grande com pormenores dentro dos pormenores quer sejam eles no guarda-roupa, nos cenários e ser tudo um pouco megalómano no bom sentido. Juntam um bom trio de personagens bem desenvolvidas, com motivações e dava gosto seguir cada passo de cada uma delas ainda que a da Emma Stone foi aquela que me pareceu estar um pouco ausente. Contudo, a história em si não há muito para espremer. É aquilo e aquilo mesmo e vindo de quem vem sabe sempre a pouco.
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Re: The Favourite - Yorgos Lanthimos (2018)

Post by mansildv »

nimzabo wrote: February 15th, 2019, 8:49 pm Vi dois hoje: 'The Favourite' e o 'One Cut of the Dead'.
- O The Favorite tem uma realização muito boa, a rainha está excelente bem como a musica. Para mim são os pontos fortes do filme.
O argumento é uma história de manipulação entre mulheres que não achei interessante por aí além.
A Emma Stone achei um erro de casting (mais do que achar que actuou mal).
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Re: The Favourite - Yorgos Lanthimos (2018)

Post by mansildv »

Vi o filme há uns dias e revi agora, também numa sessão em grupo (tal como o The Howling), e achei-o excelente!
Está feito com muita elegância e tem grandes desempenhos, em particular da Olivia Colman.
Sei que tem algumas liberdades criativas mas é suficientemente bom para pôr isso de parte :-)))

9/10
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