Street Fighter: Assassin's Fist (2014) - Joey Ansah

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Lorde X
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Street Fighter: Assassin's Fist (2014) - Joey Ansah

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TÍTULO: Street Fighter: Assassin's Fist

LINK DO IMDB: https://www.imdb.com/title/tt3069212/te ... tt_dt_spec

SINOPSE:

Baseado na popular série de videojogos "Street Fighter" da Capcom, conta a origem e os primeiros anos de formação de Ryu e Ken, icónicos personagens daqueles.

São ambos treinados pelo Mestre Gouken que os instrui num estilo de luta místico conhecido como Ansatsuken, o qual se baseia na manipulação do próprio Ki e na sua projecção para fora do corpo, com grande poder de impacto e, eventualmente, consequências fatais.

Enquanto aprendem os segredos desta arte sombria, vão descobrir o passado do seu mestre e o mistério que envolve o seu exilado irmão Gouki.

O MEU COMENTÁRIO:

Trata-se de uma série de TV lançada na web no canal do youtube de Machinima, em 23 de maio de 2014.

Foi realizada e co-escrita por Joey Ansah, o qual, além, de ser actor e coreógrafo de cenas de artes marciais, também é cinturão preto de Ninjutsu.

Composta por 13 episódios e com a duração, segundo o IMDB, de 152 m, foi editada em DVD e bluray, estando os episódios interligados de forma a se tornarem um filme contínuo de 100 m (julgo que a diferença de 52 minutos se deve ao corte dos genéricos iniciais e créditos finais dos episódios, bem como, eventualmente, a 10 minutos de 3 ou 4 cenas eliminadas que se encontram disponíveis, como extra, no blu-ray. Quanto a estas últimas tenho dúvidas, pois o ritmo e duração de cada um delas não me parece condizente com o formato de um episódio).

Antes de mais, deixem-me confessar que há muitos anos não ficava tão entusiasmado com um filme de artes marciais (e com esta designação pretendo referir-me a filmes de combate corpo a corpo, deixando de fora os que versam samurais e lutas com espadas), subgénero muito maltratado, sendo colocado o foco nas coreografias de lutas e pouco ou nenhuma atenção ao enredo, tendo sido muitas as decepções que tive... Tantas que me fui afastando e perdi a esperança de sentir novamente o entusiasmo que tive quando vi na minha juventude o Enter the Dragon - Dragão Ataca com o Bruce Lee ou a série televisiva os Jovens Herois de Shaolin.

O facto de estarmos perante uma adaptação de um videojogo também não auspiciava nada de bom... São muitas e sobejamente conhecidas as adaptações cinematografias de videojogos que fracassaram, não obstante, por vezes, ter havido grandes orçamentos e o recurso a actores bem conhecidos. Só para nomear alguns, veja-se os casos dos: Street Fighter (1994), Double Dragon (1994), Mortal Kombat (1995) e suas sequelas, Alone in the Dark (2005), Bloodrayne (2006), House of the Dead (2007), Far Cry (2008)...

Todavia, li algures que esta seria a melhor adaptação para filme de um videojogo e tal fez-me arriscar e comprar a edição espanhola em Bluray, legendada em espanhol. E ainda bem que o fiz!!! :biggrin:

Desde o primeiro momento fiquei agarrado pela beleza da fotografia e pela cativante banda sonora, que conseguiu adornar, com grande sensibilidade, certos momentos mais dramáticos, bem como incutir um tom épico ás cenas de acção.

Nunca em momento algum dos seus 100 minutos, me deparei com algum elemento da produção que evidenciasse nível televisivo ou baixo orçamento. Bem pelo contrário, a sua aparência, mesmo em termos dos efeitos especiais, foi sempre o de uma grande produção de cinema.

As cenas de luta estão impecavelmente filmadas e para isso deve ter contribuído a experiência do realizador como coreógrafo e praticante de artes marciais. Felizmente foram filmadas de forma a que se perceba os golpes e possamos desfrutar da sua coreografia bem como das exímias habilidades dos seus executantes. Nunca gostei de ver close ups nas cenas de artes marciais, expediente que infelizmente é muito usado e que, a meu ver serve apenas para camuflar e para, de uma forma artificial, imprimir maior intensidade à luta. Só que tal leva a que a sequência de golpes seja muito confusa e normalmente, quando vejo cenas filmadas dessa forma, além de não me entusiasmarem, acabo por me distrair e desligar da acção.

Ora, aqui não é isso que sucede e somos brindados com visão panorâmica dos combates, podendo nos deliciar com a sequência de golpes, os quais são executados com intensidade, bem como rigor técnico.

Aqui abro um pequeno parênteses, para referir que há muitos anos atrás, cheguei a praticar Karate-Do Shotokai e a, inclusivamente, abrir uma escola na qual eu era o professor. Apenas mantive a a escola durante um ano, devido à minha falta de tempo por estar a concluir um curso superior, bem como a dispersar-me por uma multiplicidade de actividades.

Mas embora tenha deixado a prática do Karate-Do, a minha atracção pelas artes marciais não morreu, à qual se juntou, um gosto pela música do género New Age / World Fusion, principalmente da que carrega influências orientais.

Ora este filme para mim, por diversas razões, significou um regresso às minhas origens. Tem a presença de um mestre que me fez lembrar, não apenas fisicamente mas também na postura, o meu antigo mestre. Além de que também invocou a figura dos mestres da série Jovens Heróis de Shaolin, os quais, não obstante o ar ancião, demonstravam grandes habilidades acrobáticas.

Por outro lado, fui ouvindo várias vezes expressões japonesas que eram comuns nas aulas de Karate-Do que tive: Hajime! Kata!, etc...

Perdoem-me este parêntese que foi mais longo do que eu pretendia...

Voltando ao filme e centrando-me agora no principal, o enredo, este flui de uma forma contínua, nunca se notando algum corte devido à original edição em episódios.

A história segue com calma, não caindo na tentação de nos encher os olhos com combates. Estes sucedem naturalmente quando a história os exige. É dado grande enfoque à caracterização e ao background dos personagens, sendo nos dado a conhecer, através de frequentes flashbacks, o seu passado. Aliás, em alternância vamos presenciando os acontecimentos de duas e por vezes três linhas temporais distintas, mas nunca tal se torna confuso ou monótono, já que as revelações são tempestivas e oportunas.

Bem, acho melhor parar por aqui pois esta publicação já vai bem longa (e a hora da noite bem adiantada!) :mrgreen: .

Dou-lhe 9/10 (muito bom). Gostei de tudo e não mudaria nada (nem mesmo os visuais algo cartoonescos de alguns personagens os quais visam decalcar os do videojogo). Só desgostei mesmo foi de ter chegado ao fim, pois gostaria de continuar a acompanhar a história dos personagens.

Por curiosidade, relacionados com esta série Web, convertida em filme, temos:

- Street Fighter Legacy (2010) (https://www.imdb.com/title/tt1696187/?ref_=nv_sr_1) a qual é uma curta metragem de 4 minutos que se destinou a preparar o caminho para a série. Com os mesmos actores do filme, basicamente se reduz a uma luta entre ambos, mas sendo filmada com uma aparência algo amadora.

- Street Fighter Ressurrection (2016) (https://www.imdb.com/title/tt5302168/?ref_=nv_sr_1) - web série sequela, sobre acontecimentos passados 10 anos depois. Apesar de realizada pelo mesmo realizador e com os mesmos actores, não estará, pelo que li, ao nível da que a antecede. É composta apenas por 4 episódios de 8 minutos cada, totalizando uns meros 32 minutos. Não há edição em Blu-ray ou DVD nem notícias sobre a sua continuação ou sequela.

TRAILER:



CAPTURAS DE ECRÃ:

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Last edited by Lorde X on December 6th, 2018, 12:54 pm, edited 2 times in total.
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Re: Street Fighter: Assassin's Fist (2014) - Joey Ansah

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Viva, Lorde X.

Fiquei entusiasmado com a tua review - e com o facto de fazeres uma distinção clara, dentro de um mesmo segmento de mercado/género, entre fitas da treta e fitas com valor artístico e com o respeito pelo material "core" (que será aqui a encenação mais límpida, sem close ups e artifícios de camuflagem de debilidades, das artes marciais e dos combates).

Eu também partilho dos teus queixumes quanto à imensidão de abordagens que nos deixa desiludidos e a gritar por encenações decentes.

Não estando bem dentro do mesmo segmento (porque a ambição nesses casos era outra), as últimas produções de que realmente gostei já são de tempos longínquos: o Crouching Tiger Hiddem Dragon e o Hero. Aliás, esses dois, não só mas também pelo modo como encenam as cenas de combate (perfeitamente enquadradas no contexto narrativo e filosófico da história e das personagens), são filmes que pertencem à minha galeria de muito estimados.
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Re: Street Fighter: Assassin's Fist (2014) - Joey Ansah

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Boas Samwise! :-)
Samwise wrote: December 6th, 2018, 11:10 am Eu também partilho dos teus queixumes quanto à imensidão de abordagens que nos deixa desiludidos e a gritar por encenações decentes.
E e nem referi a que mais me dececionou! Tanto o Max Payne 1 como o 2 foram os videojogos que mais me marcaram. Contém tantas características que podiam (e deviam) ter sido transpostas, sem alteração, para o cinema, entre as quais a belíssima banda sonora, a voz off, os visuais noir, o enredo que envolvia o submundo mafioso, que não compreendo como é que foi possível, alguém de perfeito juízo, por mais intuito comercial que tivesse, descartar tudo o que tinha resultado e permitido a formação de um séquito fiel de fãs...
Samwise wrote: December 6th, 2018, 11:10 am Não estando bem dentro do mesmo segmento (porque a ambição nesses casos era outra), as últimas produções de que realmente gostei já são de tempos longínquos: o Crouching Tiger Hiddem Dragon e o Hero. Aliás, esses dois, não só mas também pelo modo como encenam as cenas de combate (perfeitamente enquadradas no contexto narrativo e filosófico da história e das personagens), são filmes que pertencem à minha galeria de muito estimados.
Esses 2 filmes também fazem parte dos meus preferidos, estando, inclusivamente, no meu TOP10... juntamente com mais umas dezenas... :mrgreen:

Só não os mencionei aqui pois, eventualmente de forma errada, mas que para mim faz sentido, destrinço os filmes de lutas de espadas (que integro na categoria dos filmes de samurais e afins) dos filmes de combate corpo a corpo, embora na prateleira estejam todos juntos na secção de "Acção e Aventura".

Também gostei do House of the Flying Daggers, 13 assassins, Bichunmo, a Espada sem Sombra, Inimigos do Império e a Maldição da Flor Dourada. Sem falar, claro, dos 3 clássicos do Kurosawa: 7 Samurais, Yokimbo e Sanjuro.

Já quanto aos filmes de combate corpo a corpo, esqueci-me de mencionar que gosto muito do primeiro filme da trilogia 36ª Câmara de Shaolin. Na juventude marcaram-me também o Bloodsport com o Van Damme e o Karate Kid, mas desconheço como é que envelheceram... Quanto a este último irei tirar brevemente a prova dos 9 pois pretendo revê-lo com a minha filha!

Vi na minha juventude os outros filmes que o Bruce Lee fez além do Enter the Dragon, mas achei-os muito fracos apenas valendo por algumas cenas de combates que já entraram na história (Bruce Lee vs Chuck Norris, Bruce Lee vs Kareem Abdul Jabbar...).

Não gostei de nenhum dos filmes do Jackie Chan (nem mesmo dos renomados, como o Drunken Master) e do Jet Li (vi um ou dois da série Once upon a Time in China e alguns outros).

Um amigo meu recomendou-me o IP Man (2008), mas ainda não o vi.
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Re: Street Fighter: Assassin's Fist (2014) - Joey Ansah

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Lorde X wrote: December 6th, 2018, 1:13 pm Na juventude marcaram-me também o Bloodsport com o Van Damme e o Karate Kid, mas desconheço como é que envelheceram... Quanto a este último irei tirar brevemente a prova dos 9 pois pretendo revê-lo com a minha filha!
Eu fiz isso com a minha filha há cerca de um ano -na altura ela tinha 13 anos. Gostou bastante mais da versão moderna, com o Jackie Chan, mas conseguiu assistir com algum interesse à versão antiga. Eu vi os dois com ela - a dos anos 80 continua a ter uma nostalgia muito própria desse tempo, e para mim a personagem Miyagi permite uma dimensão filosófica "interior" muito mais interessante do que a do Chan. Parece-me é que as gerações de agora não "estão para aturar esses disparates", e querem é andar para a frente com a história. :-?
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Re: Street Fighter: Assassin's Fist (2014) - Joey Ansah

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Samwise wrote: December 6th, 2018, 5:53 pm Eu fiz isso com a minha filha há cerca de um ano -na altura ela tinha 13 anos. Gostou bastante mais da versão moderna, com o Jackie Chan, mas conseguiu assistir com algum interesse à versão antiga. Eu vi os dois com ela - a dos anos 80 continua a ter uma nostalgia muito própria desse tempo, e para mim a personagem Miyagi permite uma dimensão filosófica "interior" muito mais interessante do que a do Chan. Parece-me é que as gerações de agora não "estão para aturar esses disparates", e querem é andar para a frente com a história. :-?
Estou muito curioso acerca da reacção que a minha filha terá ao ver o filme Karate Kid... Até porque ela na escola, como actividade extracurricular, tem Karate-Dô Shotokai. Começou no ano passado, quando andava no 3º ano. Este ano continua (na mesma 1x/semana) e ela gosta bastante. :-)

Quanto ao cinema ainda não notei nela essa impaciência das novas gerações, mas quanto à música é outra história... Eu até me esforço para a dotar de uma formação musical ecléctica. Nos últimos 4 meses levei-a a ver concertos de fado de Coimbra (solista: André Castro), gospel (Harlem Gospel Choir), música clássica (Mozart / Dvorak), pop/rock português (GNR, Xutos e Pontapés, José Cid), world music (Intichaski)... mas quando no autoradio do meu carro coloco música mais calma, ela reclama sempre... :-(

Por acaso não vi o remake com o Jackie Chan. É uma boa altura de o ver! Qual viste primeiro com a tua filha, o original ou o remake?
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Re: Street Fighter: Assassin's Fist (2014) - Joey Ansah

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Lorde X wrote: December 8th, 2018, 1:15 am Por acaso não vi o remake com o Jackie Chan. É uma boa altura de o ver! Qual viste primeiro com a tua filha, o original ou o remake?
Vi primeiro o do Jackie Chan - foi a pedido dela, aliás, que vimos o filme. Eu depois fiz um "forcing" para vermos o mais antigo. :-)))
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