Não apreciei por aí além este filme. Está bem realizado (boa gestão dos tempos narrativos) e bem interpretado (sobretudo bem interpretado - é necessário um grande actor para nos fazer esquecer que está a ali um actor), mas o tipo de manipulação calculista a que sujeita o expectador raia o insuportável (para mim, claro). Não só detectei o
twist principal a milhas de distância, como também imaginei de antemão que a determinada altura as histórias de ambas as personagens se iriam juntar de modo a solucionar um nó narrativo daqueles bicudos. Toda a intriga principal é bastante básica e está tratada de forma sensacionalista, de modo a ir impulsionado a história para a frente, sempre com base em desentendimentos, coincidências e assunções em que eu basicamente não acredito. E nós, espectadores, sedentos de ver a conclusão emocional dos puzzles, lá vamos avidamente sorvendo cada momento de tensão crescente que nos vão atirando a conta-gotas. É um hábil exercício de suspense, e de "não-posso-perder-o-que-se-vai-passar-a-seguir", é certo, mas usa todos os truques sujos do manual para o manter de a rolar.
5/10
«The most interesting characters are the ones who lie to themselves.» - Paul Schrader, acerca de Travis Bickle.
«One is starved for Technicolor up there.» - Conductor 71
in A Matter of Life and Death
Câmara Subjectiva
