Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

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Helder Fialho
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Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by Helder Fialho »

Parece que a boa tradição russa do realismo histórico soviético não morreu. Ontem descobri algo incrível. Está a ser preparado há 12 anos e no maior dos segredos (parece que só recentemente se começou a saber mais algumas coisas) um filme russo que vai ser muito mais do que um filme. É considerado um dos maiores, mais ambiciosos e controversos filmes russos e é provável que venha a ser um dos maiores e mais grandiosos filmes deste século e de sempre. Trata-se de um mega projecto que vai estrear no próximo ano e cujo resultado vai ser constituído por 13 filmes, várias séries de TV, documentários específicos sobre aspectos científicos abordados no filme e também de Arte e outras tantas extensões multimédia online. Só um dos filmes terá, pensa-se, 5 horas e meia de duração. Os filmes/filme/série, enfim, tudo o que isto for, irá chamar-se Dau (o título é estilizado como DAU). Do que se sabe, o filme é uma biopic do físico soviético Lev Landau (o título Dau deve vir daí) que recebeu o Prémio Nobel da Física em 1962 por ter desenvolvido uma teoria matemática da superfluidez relacionada com as propriedades do hélio líquido. Foi um dos pais da bomba nuclear russa. Apesar de ter sido casado, teve imensos casos com outras mulheres e uma vida sexual muitíssimo activa e aberta a todos os tipos de experiências. Foi internado seis vezes em hospitais psiquiátricos e faleceu seis anos após ter sofrido um grave acidente de automóvel.



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Foto de Lev Landau



Para o filme, o realizador Ilya Khrzhanovsky mandou construir no nordeste da Ucrânia um cenário de 12.000 metros quadrados. Este cenário é uma reconstituição meticulosa e fiel ao máximo detalhe de uma cidade russa nos anos 50 em plena União Soviética, mais concretamente em 1952. Com tudo: praças, monumentos, apartamentos, um estádio e um instituto científico soviético. Uma cidade completa. Não é só um cenário que representa uma cidade, ele construiu uma cidade verdadeira. O café é um café real, a barbearia é uma barbearia real. Ele baptizou o cenário com o nome The Institute e é o maior cenário para um filme alguma vez construído até agora na Europa. É, quer dizer, foi, porque o cenário já não existe. As filmagens terminaram em Novembro de 2011 e, nessa altura, o realizador contratou um grupo de neo-nazis para destruirem o cenário, sendo que a destruição do cenário faz parte da própria história do filme. Este aspecto não é claro. Noutro artigo diz-se que o realizador mandou os próprios actores queimar e destruir o cenário para finalizar as filmagens. A fronteira entre ficção e realidade esbateu-se e ela dissolve-se frequentemente noutros aspectos.

Segundo os dados que estão disponíveis, o filme abrange três décadas. Começa em 1938 e acaba em 1968 (o ano em que Lev Landau morreu). Só um dos actores é profissional, a actriz que desempenha o papel da mulher do físico Lev Landau. Todos os outros actores são amadores. O realizador queria atingir a maior naturalidade e realismo possíveis, quer no desempenho dos actores, quer nos cenários. São centenas de pessoas entre actores principais, actores secundários e figurantes. O guarda-roupa é igualmente em números exorbitantes e todos os fatos são extremamente realistas e adequados ao período histórico em causa, bem como os adereços. Até os cigarros são cigarros soviéticos. Todos os actores receberam instruções do realizador para viverem, vestirem-se e comportarem-se como se estivessem a viver no regime soviético e os actores aceitaram viver na cidade construída para o filme durante três anos, entre 2009 e 2011, o tempo que o realizador determinou para filmar. O realizador quis neste filme atingir o máximo realismo em tudo. Que se saiba, não houve câmaras de filmar tradicionais. As câmaras estavam escondidas. Ele instalou câmaras como as de vigilância em todos os espaços da cidade e que gravaram constantemente 24 horas por dia, tipo Big Brother. Havia câmaras escondidas em todo o lado. Ele pôde filmar através de buracos nas paredes ou nos tectos. Ele instalou microfones em estruturas de iluminação tal como havia no tempo do Estaline. O objectivo dele era sempre o de atingir o realismo total no filme para criar uma sociedade totalitária sob vigilância constante. Sempre com o realismo total em mente, o realizador procurou atingi-lo a todo o custo. Como todas estas pessoas teriam de viver juntas durante três anos, seria normal que, nas alturas em que não estivessem a filmar, pudessem distrair-se, ir à net. O realizador, sempre com a criação da obra em mente, recusou qualquer desvio, qualquer tentativa de intromissão do mundo contemporâneo na filmagem. Ele estabeleceu multas para os actores se tentassem com que fossem introduzidos telemóveis no local ou que tentassem aceder às redes sociais. Até se se atrasassem. Os agentes da Polícia que aparecem no filme são agentes da polícia verdadeiros e eles cobravam essas multas, cujo dinheiro os actores tiravam do seu salário. Até se pronunciassem palavras actuais eram multados. Teriam de falar russo dos anos 50 24 sobre 24 horas durante três anos. Tudo pelo máximo realismo e autenticidade. A ficção a penetrar na realidade. Eles teriam de conversar, pensar e agir sempre tendo em mente que estavam viver nos anos 50 na União Soviética. Não só aceitaram isso como abraçaram a causa, o que gerou até umas situações caricatas com o jornalista que esteve lá três dias. Com o objectivo de mostrar de forma 100% realista a vida na Rússia soviética nos anos 50, Khrzhanovsky criou um regime totalitário real no próprio cenário da cidade onde filmou o filme. Poder-se-á dizer que o realizador era um ditador mas não foi por maldade ou sadismo. Estava tudo previsto. Ao mesmo tempo que quis mostrar da forma mais historicamente realista possível a Rússia soviética dos anos 50, fez também uma experiência sociológica interessante e que mostra, segundo o próprio jornalista, o quão facilmente se aceita uma sociedade totalitária. Vou citar uma parte do relato dele:


"Those policemen on the set were real prison guards and one of their functions was to listen in on conversations and fine actors sizable fines that they actually took out of salaries for using modern conveniences or for uttering modern words. As befits Stalin's Russia, everyone - including the cafeteria workers and the barbershop workers - moonlighted as a snitch. So, you know, if you used modern words, within minutes the guards would arrive and fine you for this. This happened to me several times and then you looked around the room trying to figure out who the snitch was and the answer is, as usual, everyone.

The goal was clearly to create an absurd world with absurd rules, but then actually force people to follow these rules and see how fast these rules become normal. And this is something I've experienced myself. I am a Soviet child and it's amazing how easily we accept these totalitarian societies"


Com as filmagens terminadas em Novembro de 2011, o filme continha no total nada mais nada menos do que 700 horas de filme. Os filmes (ou partes do filme, melhor dizendo) serão 13 mais as séries é imensa coisa.
Uma super produção desta envergadura precisa de muito, muito dinheiro. Não se sabe qual o montante envolvido. Sabe-se apenas que o financiamento veio da Rússia e de vários países europeus.

Até ao final do ano e no início do próximo ano terão lugar eventos específicos gigantes em Berlim, Paris e Londres com o objectivo não só mas também de projectar o filme ,tipo ante-estreia mundial. O de Berlim parece que foi cancelado. Teria começado dia 12 e só terminaria dia 9 de Novembro. Berlim seria o DAU-Freedom, Paris o DAU-Equality e Londres o DAU-Fraternity, cada um subordinado a um dos valores e máximas da Revolução Francesa.
O filme estreia para o ano na Rússia, embora ainda não se saiba a data em concreto.



Trailer:






Fotogramas do filme e imagens da produção que têm vindo a ser divulgadas:


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Um dos actores/figurantes a ser vestido com roupa da época:

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Actriz/figurante cujo papel é de empregada de café em fotos de produção. Na primeira foto ela está com a roupa dela normal. Depois, da esquerda para a direita, em sequência tipo banda-desenhada, cada peça de roupa que ela tem de vestir e toda a transformação radical que ela passa caté chegar à roupa de empregada de café.

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Outra sequência para um dos actores/figurantes:

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Ajustes finais no guarda-roupa antes da entrada para filmar:

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Este será o cartaz/poster do filme. Provisório, talvez:

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Site oficial: https://www.dau.xxx/




Links onde podem saber mais informação sobre o filme e os eventos planeados:

Artigo do único jornalista autorizado a ver as filmagens e a entrar na cidade do filme: https://www.gq.com/story/movie-set-that ... rzhanovsky

https://www.npr.org/2014/12/12/37033181 ... 0750710916

https://www.telegraph.co.uk/films/0/mys ... ay-hidden/

https://www.thelocal.de/20180829/intera ... ity-centre
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Samwise
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Re: Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by Samwise »

Muito interessante, Hélder. Gostei de saber do caso e de ler o teu texto detalhado. Sem dúvida que é um projecto a seguir com atenção (pelo menos com a atenção permitida) durante os próximos tempos, e esperar que chegue a Portugal e/ou fique disponibilizado de alguma forma na net.
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No Angel
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Re: Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by No Angel »

" Ele estabeleceu multas para os actores se tentassem com que fossem introduzidos telemóveis no local ou que tentassem aceder às redes sociais. Até se se atrasassem. Os agentes da Polícia que aparecem no filme são agentes da polícia verdadeiros e eles cobravam essas multas, cujo dinheiro os actores tiravam do seu salário. Até se pronunciassem palavras actuais eram multados."

Isto só na Rússia, valha-me deus... tudo bem que querem ser realistas, mas não há limites? grr-)
Helder Fialho
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Re: Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by Helder Fialho »

No Angel wrote: October 30th, 2018, 4:48 pm Isto só na Rússia, valha-me deus... tudo bem que querem ser realistas, mas não há limites? grr-)

Pois... eu não quis falar sobre isso na minha post mas parece-me que o realizador teve atitudes em que talvez possamos dizer que a fronteira entre a genialidade e a loucura tenha sido ultrapassada. Mal comparado (ou talvez não), é como a personagem do professor de bateria do Whiplash. Claramente ele deve ter pensado que, para atingir o realismo total ao mostrar uma sociedade totalitária e as reacções das pessoas a ela, teria de ter ele próprio atitudes duras e inflexíveis com os actores para obter deles uma submissão total e, uma vez submetidos, isso fosse imediatamente transmitido para as câmaras. Assim, o espectador sentirá que não está a ver um filme sobre a realidade mas sim a realidade.
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No Angel
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Re: Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by No Angel »

Helder Fialho wrote: October 30th, 2018, 8:37 pm
No Angel wrote: October 30th, 2018, 4:48 pm Isto só na Rússia, valha-me deus... tudo bem que querem ser realistas, mas não há limites? grr-)

Pois... eu não quis falar sobre isso na minha post mas parece-me que o realizador teve atitudes em que talvez possamos dizer que a fronteira entre a genialidade e a loucura tenha sido ultrapassada. Claramente ele deve ter pensado que, para atingir o realismo total ao mostrar uma sociedade totalitária e as reacções das pessoas a ela, teria de ter ele próprio atitudes duras e inflexíveis com os actores para obter deles uma maior (total) submissão em sintonia com as personagens e o facto de viverem sob a ditadura soviética.
Eu acho surreal sinceramente, nem acho digno esse tratamento a que ele submeteu os atores... e nem acho que o filme vá ganhar mais realismo por isso, o que não falta são filmes realistas e os realizadores não andaram a fazer essas bizarrices. Mas enfim, Rússia... palavras para quê? Hoje em dia lá existe censura, é um país totalmente fora dos valores europeus.
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Re: Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by Helder Fialho »

No Angel wrote: October 30th, 2018, 8:43 pm Eu acho surreal sinceramente, nem acho digno esse tratamento a que ele submeteu os atores... e nem acho que o filme vá ganhar mais realismo por isso, o que não falta são filmes realistas e os realizadores não andaram a fazer essas bizarrices. Mas enfim, Rússia... palavras para quê? Hoje em dia lá existe censura, é um país totalmente fora dos valores europeus.
Não é digno, de facto. Acho que houve pelo menos uma actriz que não aguentou mais e "bateu com a porta". Depois o realizador abriu outro casting para encontrar a substituta. É verdade que nenhum dos actores foi obrigado e acho que no anúncio do casting estava escrito de forma explícita que eles teriam de deixar as suas casas e as suas famílias durante dois anos (quase três) para irem, no fundo, para além de desempenhar as suas personagens, viver na cidade construída para o cenário do filme. Viver, comer e dormir lá 24 horas por dia sem poderem de lá sair. Sem falar de que nunca poderiam "sair" da personagem em nenhuma circunstância. E eles fizeram-no. Imagino que o salário fosse muito apetecível mas acho que é preciso ter-se muita coragem e muito estômago para tomar uma decisão destas. Para além de, claro, acreditar na visão do realizador, no projecto dele, e ajudá-lo a materializar essa visão. Um realizador não é nada sem os actores e sem os técnicos. É um trabalho de equipa.

Não é só hoje, a censura sempre existiu na Rússia. Como disseste e bem, a Rússia está totalmente fora de tudo o que tenha a ver com a Europa. Tudo mesmo. A Rússia, tal como a China, é um País que, em todos os seus séculos de história e de vida colectiva enquanto nação, nunca teve e continua a não ter nem liberdade nem democracia. Primeiro tiveram Monarquias. Depois tiveram regimes comunistas (que se mantém na China) que, no fundo, são outra forma de Monarquias. No pós-União Soviética, o Boris Yeltsin foi um tiranete e o Putin (que, aliás, foi designado pelo Yeltsin como seu sucessor, how's that for a democracy?) é muitíssimo pior do que ele e quer reconstruir a União Soviética,utilizando a boa velha conquista armada nuns sítios e manobras políticas mais sintonizadas com o século XXI noutros e lidera um regime de punho de ferro em que as eleições são uma fachada e não há direitos para ninguém. Nada mudou. A União Soviética na verdade nunca acabou, sofreu apenas um face lifting, um rebranding, em parte porque as únicas duas pessoas que governaram a Rússia desde 89 vieram precisamente da URSS, estiveram profundamente ligadas ao regime. O Putin foi agente do KGB.
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Re: Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by JoséMiguel »

Um post genial pelo Helder Fialho, que me deixou de boca aberta. Eu vejo o actual cinema russo como um fantasma triste e puritano (com censura moral-religiosa da treta) do que foi o grande cinema soviético.

Tantos meios para um filme sobre um cientista? Mas quem é que pagou isto? Irei seguir atentamente o tema.

Bom trabalho, Hélder! salut-) yes-)
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Re: Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by Helder Fialho »

JoséMiguel wrote: November 12th, 2018, 2:50 am Tantos meios para um filme sobre um cientista? Mas quem é que pagou isto? Irei seguir atentamente o tema.

Bom trabalho, Hélder! salut-) yes-)

Parece que a história do Lev Landau não vai ser o aspecto principal do filme, mas sim a base a partir da qual o realizador parte para depois explorar a vida na União Soviética através, sobretudo, das interacções entre os actores. Acho que esse aspecto é completamente natural, no sentido em que só a parte relativa à história do cientista é que está no guião e tudo o resto, as interacções entre os actores são completamente naturais. Na verdade, não se sabe se todos são actores. Ainda há muita coisa que não se sabe. Aparentemente, ele não terá escrito o guião para as falas da maior parte dos actores, o que é, penso eu, uma abordagem completamente nova e revolucionária no cinema, na qual há actores que arriscam entrar num filme em que não lhes é fornecida a maior parte do guião e em que lhes são das instruções para pensarem, agirem e comportarem-se conforme a circunstância X durante X tempo e durante a filmagem que decorre, aqui, quase continuamente, e em que a fronteira entre a ficção e a realidade (ou naturalidade) esbate-se. Há uma tendência actualmente de vários filmes que são muito influenciados pelo documentário mas isto parece ser outra coisa ainda e que, provavelmente, nunca antes foi feito. Poderemos talvez estar perante um caso de fusão entre o cinema e o reality show, no qual o realizador concebe um reality show de tema soviético (por muito estranho que isto pareça), recria todas as condições para tal e que é filmado em circuito fechado mas não transmitido para a televisão ou, pelo menos, de uma profunda influência do reality show no cinema, com a diferença de que não há confessionários nem galas nem expulsões.


"Veteran cinematographer Jürgen Jürges, who spent three years on the set, said the aim was to shoot their unscripted interactions [sublinhado meu] "everywhere, anytime... They lived, and we filmed them." [sublinhado meu]


"They fell in love, betrayed friends, cheated on their partners, conducted experiments, were arrested, gave birth to children, grew older," says the event's press release.



O financiamento para o filme veio do Ministério da Cultura da Rússia e, segundo a Wikipedia, o filme é a maior co-produção de sempre entre a Rússia e a Europa. Do lado europeu, o financiamento veio do Eurimages que é o Fundo de apoio da União Europeia ao Cinema Europeu, o Medienboard Berlin-Brandenburg da Alemanha, o Mitteldeutsche Medienforderung da Alemanha, o Swedish Film Institute da Suécia e o Hubert Bals Fund da Holanda. O filme é produzido pela Phenomen Films da Rússia, ARTE France Cinéma do canal francês ARTE, Societé Parisienne de Production de França, WDR Arte da Alemanha, Essential Filmproduktion da Alemanha, Film I Vast da Suécia, Plattform Production da Suécia, AG Interfilm B.V. da Holanda e muitos outros que não são referidos.
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Re: Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by Helder Fialho »

O Dau vai estrear a partir de dia 24 deste mês em Paris na instalação artística gigante criada para esse propósito. :-D

From 24 January to 17 February 2019, Paris hosts the world premiere of DAU. Three major partners - two municipal theaters, The Théâtre du Chatelet and the Théâtre de la Ville as well as the Centre Pompidou - come together to offer audiences an unprecedented experience: the discovery of a complex world where one gets lost and found for a duration of six hours to an unlimited period of time. From dusk to dawn, the three sites are linked in the sky by the Red Triangle, a light sculpture inspired by the Russian avant-garde of the early 20th century. DAU is cinematic, theatrical, scientific, psychological, architectural, visual and performative. DAU has to be experienced, lived, played, felt, constructed and deconstructed. It is a metamorphosis that is today proposed in Paris, in the intermediary spaces of the city’s twin theatres. Both theatres have been undergoing renovation and are exceptionally opening their doors to the public, 24 hours a day and 7 days a week, for the duration of the event. At the Centre Pompidou, the world premiere of an immersive installation will be presented during the museum’s opening hours. DAU, initially conceived as a biopic on a Soviet physicist, was initiated by the Russian filmmaker Ilya Khrzhanovsky, who brings together a pluridisciplinary international artistic team. Many of the artists involved in the project now act as its ambassadors: artists Marina Abramović, Carsten Höller, Boris Mikhailov and Philippe Parreno; theatre directors Peter Sellars, Romeo Castellucci, Anatoly Vassiliev; designer Rei Kawakubo; musicians Robert Del Naja from Massive Attack and Brian Eno; actors Gérard Depardieu, Willem Dafoe, Lars Eidinger, and actresses Isabelle Adjani, Fanny Ardant, Isabelle Huppert, Iris Berben, Hannah Schygulla, Barbara Sukowa...


The world premiere of DAU in Paris is the latest step in an ongoing experiment which started twelve years ago in the project’s secret Institute in Kharkov, Ukraine. Starting in 2009 for nearly three years, hundreds of people left their everyday lives to immerse themselves in a sealed-off location and a parallel universe, part experimental scientific research facility, part film set and part meticulous reconstitution of 1938 to 1968 USSR. Their lives and daily routines followed a protocol of strict rules, and were filmed intermittently. 700 hours of 35mm footage document this experiment. Nobel prize-winning scientists, world-renowned artists, street sweepers, bartenders, cooks, administrators or secret police agents: all backgrounds and profiles were represented among the participants. The objective of the DAU Institute, like that of the real institutes which served as its models, was research and experimentation on quantum physics, string theory and loop quantum gravity, as well as on less canonical fields such as orgone energy, thought transference and teleportation; and traditional and non-traditional religious practices and rituals. Once the initial experiment was over and the Institute destroyed, DAU continued in other contexts. The project - a constantly-moving, sociological as much as artistic experiment - involves hundreds of participants: directors, film editors, actors who lend their voices to the feature films. This active role is also what is expected of the audience. Dau is a world which one enters, a mutable, infinite field, a primary material which each visitor shapes with their own hands. The images filmed in the Institute will be revealed in Paris for the first time, and they will continue to exist far beyond this, with DAU Digital, an unlimited digital platform which is available online.

To enter DAU, visitors need a visa instead of a ticket: for 6 hours, 24 hours or an unlimited duration. In the latter two cases, their journey is personalised according to a psychometric questionnaire which they are asked to fill in when they register. These administrative steps are needed in order to facilitate immersion in the DAU universe, and to make each visit the unique experience it should be. 24-hour and unlimited visa holders will be allowed to exit and re-enter within the chosen time frame, and with each new visit, DAU will have changed. For the duration of this exceptional event, the two theatres open their doors to the public again. Audiences walk into an intermediary space, halfway between ruins and a theatre set that is both contemporary and Soviet. As well as the world premiere of the DAU feature films, the range of experiences on offer can be psychological and intellectual, physiological and spiritual. All three types of visa, which include the screening of at least one film, are reserved to 18+ adults. All visas requests are to be made online. The DAU experiment continues at the Centre Pompidou, which thus pursues its reflection on early 20th-century Russian art. An original Institute apartment and laboratory is recreated in the museum rooms, where some of the scientists from the Institute take up residency for the duration of the installation. Immersed, just as the participants were in the original Institute, in a space that is both artificial and anchored in history, the physicists live and work before the eyes of the museum’s visitors. Within this small-scale replica of the Institute, time moves from 1938 to 1968: each day, the decor will be different. The installation is signalled in the Paris skies by the Red Triangle, a light sculpture inspired by the Russian avant-garde, linking the three DAU sites.
Helder Fialho
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Re: Dau (2019) - Ilya Khrzhanovsky

Post by Helder Fialho »

Foram divulgadas as primeiras imagens do filme!
Coloco também uma reportagem da France 24 sobre a apresentação do filme em Paris que tem muito de teatro imersivo.

"After Paris, the filmmakers plan to take the Dau experience to London in April, and then Berlin, with new voiceovers for each. However no details are yet confirmed. When plans for the event’s original launch in Berlin last September reached the press, the Berlin city authorities vetoed the project due to concerns over the project’s reported desire to rebuild large portions of the Berlin Wall.

No plans are in place yet for screening or staging Dau in Russia. However, the 700 hours of Dau material has been digitised and will eventually be available through online platform, Dau Digital. The producers also said a “couple of [TV] series” have also been edited from the material"


Fonte: https://www.screendaily.com/news/contro ... 22.article











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