O filme é realmente uma delícia em especial para a geração "view-master", mas também para quem tenha bem vivas as referências que permitam valorizar a história contada; as séries de televisão, os esquecidos serie B como o "CC and Company" (com o canastrão do Joe Namath e que por acaso até só se estrearia em Outubro de 1970) que está passar no ecran do cinema onde Sharon Tate/Margot Robbie vai assistir ao filme com Dean Martin no qual (filme) ela tem um papel, as músicas da época (por exemplo Los Bravos uma banda pop espanhola com um êxito global: Black is Black ou mesmo a versão do José Feliciano do California Dreamin), as roupas, os carros, o inicio do fenómeno Bruce Lee... e obviamente o tenebroso caso Charles Mason.
É um trabalho tecnicamente impecável com um excelente naipe de actores e com um pendor muito, muito revivalista (e não nego que a mim isso me agrada imenso) feito com paixão e nota-se. Dá para perceber também que terá havido uma grande cumplicidade entre todos os que nele participaram. O final insano e surpreendente totalmente diferente do esperado, mas Tarantino está-se nas tintas e reinventa a história oficial. Genial. Metade da plateia quase só reage na cena/paródia do Bruce Lee Vs Cliff Booth, e no final de ficar como já disse de queixo caído (fukc man
). A a piada muito bem esgalhada do "
Tank you for bring Pussy home, we all love Pussy! Sure we do passa quase despercebida... (devo ter sido o único que se riu a "solo" naquela sala, se calhar caiu mal a alguns mas o EB bem avisou na critica dele)
Enfim estamos a viver um período de loucura "vintage" mesmo por parte de camadas mais jovens e acredito que isso salve o filme do possível desempenho financeiro menos bom que se antevê perante as tendências actuais de consumo de conteúdos "audiovisuais" mainstream, ...acho que é "o filme da vida" do Tarantino, o seu projecto de sonho em que "põe ao lume" tudo aquilo que o fez como artista e acredito ele ama profundamente; o lucro há-de chegar, a médio/longo prazo e ele ..." is positively shitting for monstrous profits" digo eu; Será, salvaguardadas as evidentes diferenças, algo semelhante ao Once Upon a Time in America do Leone (um sonho pelo qual teve que esperar dez anos) só que tendo como cenário principal a Hollywood de final dos 60's visto em tom misto de admiração e paródia.
Para um tipo com eu, cuja colecção de DVDs e Blu-Rays é composta em quase 50% por filmes dos anos 60 e 70, não só americanos, muita coisa da Europa também e não só, é definitivamente um "must", sobretudo para rever e esmiuçar os pormenores. Como dizem os nossos irmãos brasileiros "Amei" . Mister Tarantino my friend tiro-te o meu chapéu pois há bastante tempo que não me divertia tanto num cinema. 8.9/10