Introdução
Na minha opinião, a
Entrevista com o Vampiro é um marco muito importante da 7ª Arte, é uma produção independente privada, fora do circuito dos estúdios de Hollywood (os estúdios só são envolvidos enquanto vendedores/distribuidores e não têm qualquer poder de adulterar esta obra de arte, que é adaptação literária muito fiel ao livro com grandes meios financeiros privados, e com grandes meios técnicos, artísticos e cinematográficos.
Quem paga o filme é que dá ordens para fazer uma adaptação de alta qualidade, e não é tolerado que nenhum produtor executivo de Hollywood possa dar palpites sobre o argumento, conforme a tragédia que aconteceu quando a Warner Bros produziu a sequela "A Raínha dos Malditos":
The Queen of the Damned. The film was negatively received by critics, and Rice dismissed it completely as she felt the filmmakers had "mutilated" her work. During pre-production, Rice had pleaded with the studio not to produce a film of the book just yet as she believed her readers wanted a film based on the second book in the series, The Vampire Lestat. Rice was refused the cooperation of the studio. (Wikipedia)
Este estúdio Warner Bros é como as varinas de Lisboa, dos anos 1950. As peixeiras que andavam descalças por Lisboa a vender peixe, muitas delas peixeiras vigaristas, que furavam o peixe num certo sítio e assopravam, para insuflar o peixe, depois as donas de casa lisboetas quando iam amanhar o peixe, aquilo era só ar e espinhas.
A Warner Bros é uma entidade vigarista que não presta, e que só serve para vender "peixe podre", com os milhões que gastam em trailers. Mas neste caso o filme não foi feito nem pago por eles, e a Warner apenas foi usada como vendedora/distribuidora. Por sorte desta vez estavam a vender bom peixe doutras pessoas, que não foi feito nem pago por eles.
Quem pagou este filme foi o bilionário excêntrico David Geffen, um dos homens mais ricos das Indústrias americanas do Cinema e da Música, que faz doações de 200 milhões de dólares à Faculdade de Medicina de Los Angeles. Eu li que o homem foi diagnosticado erradamente, com cancro terminal dos anos 70 e ele julgava que iria morrer, não sei se foi por isso que ele doou tanto dinheiro a uma Faculdade de Medicina. Dar dinheiro a uma Faculdade de Medicina Europeia é uma ofensa para os ideais europeus e para os cidadão europeus, a Saúde é um direito do povo europeu, obrigação do estado e financiado pelos impostos. Mas como os cidadãos americanos estão pior do que os africanos do 3º mundo, no direito a Hospitais, a doação do produtor deste filme talvez tenha algum interesse para o povo americano, não sei bem.
Um homem que oferece 200 milhões de dólares, assim de rajada, não será um produtor que aceite que mutilem o argumento do livro "Entrevista com o Vampiro", que ele está a pagar. A mim me parece.
Talvez a minha análise especulativa esteja correcta, ou talvez não esteja! O resultado está à vista nesta excelente preciosidade de filme.
Eu li o livro da Anne Rice, que foi distribuído em Portugal, apenas por causa do sucesso do filme. É que o livro é de 1976, e acho que não era vendido em Portugal, antes da re-edição perante o lançamento do filme de 1994. Eu comprei o livro como prenda de anos para a minha irmã, que era uma mulher fanática por livros de terror e que a partir de 1982, comprou a colecção inteira "Pêndulo - Terror à meia-noite" da Europa-América, a famosa colecção que continha os originais do Dracula e Frankenstein. Esse livro português já tinha o actor Tom Cruise na capa, não era nenhuma versão de 1976.
O filme é 99% fiel ao livro de modo geral, reparei que havia uma pequena nuance no final (últimos 30 segundos).
A segunda parte da acção decorre em Paris, por volta do ano 1800, a imagem acima ilustra uma cena erótica/sexual do livro, passada no teatro parisiense, onde o filme é perfeitamente fiel. Mas por ser um livro escrito por uma mulher, a narração no livro está saturada dos pensamentos e emoções da vítima, quando ela é despida e abusada pelos vampiros, no feminino. No filme vemos o acontecimento de fora, sem termos acesso aos pensamentos da vítima.
Eu lembro-me de quando li o livro em 1995 (menos de um ano após a estreia do filme), julgar que o filme tinha omitido esta cena, mas depois aluguei a cassete VHS e a cena estava lá. A diferença entre o filme e o livro, é que no filme a acção fiel ocorre muito depressa em tempo real, ao passo que o livro abre um parêntisis, para descrever com calma o que vai na alma da vítima.
O enredo é fascinante e tem uma escala épica, ao começar em Nova Orleães, no tempo da Revolução Americana, e depois ser transferida para Paris, no Século das Luzes.
Temos uma menina vampira de 10 anos de idade, que é imortal, não pode crescer e não pode amadurecer intelectualmente, mas é uma assassina que mata sem escrúpulos.
Este filme tem quatro vedetas excitantes para as raparigas dos anos 90, o Brad Pitt, o Tom Cruise, o Christian Slater e o António Banderas, no entanto este não é um filme da treta para gajas adolescentes e na minha opinião todos esses quatro meninos-bonitos de Hollywood, fazem um bom papel. Na imagem abaixo podem ver o Tom Cruise ao centro, de cabeleira loira, com o Brad Pitt à sua direita de cabelo comprido:
Já na Imagem seguinte podemos ver o jornalista do século XX, interpretado pelo Christian Slater:
E por último, o António Banderas ao lado do Brad Pitt:
Alguma leitora feminina do DVD Mania, que tropece neste tópico, ficará toda contente.
Mas não se preocupem, porque este não é nem um filme de gaja, nem um filme para adolescentes. Isto é um filme sério, equiparado a uma super co-produção histórica europeia dos anos 80, daquelas que ganharam um Oscar pelo guarda-roupa e Fotografia.
Para quem goste deste filme, recomendo os outros dois filmes companheiros, com a mesmíssima qualidade e maturidade, o Dracula de 1991 e o Frankenstein de 1994, ambos pagos pelo Francis Ford Coppola, que não aceitou falta de respeito aos livros com mais de 100 anos. São essas as únicas versões sérias, fiéis e de qualidade dos livros clássicos, tudo o resto são infantilidades deturpadas dos livros, para crianças atrasadas mentais.
A minha classificação:
10/10.